Biden se aproxima do fim da corrida eleitoral com vantagem nas pesquisas

A liderança nacional de Biden sobre o presidente republicano permaneceu relativamente estável nos últimos meses

Do Jornal do Brasil

Faltando um dia para a eleição, o democrata Joe Biden detém vantagem nacional expressiva sobre o presidente Donald Trump em meio a profundas preocupações dos eleitores sobre a pandemia do coronavírus, mas Trump mantém vivas suas esperanças de ao menos permanecer competitivo nos Estados que podem ser cruciais na disputa pela Casa Branca.

A liderança nacional de Biden sobre o presidente republicano permaneceu relativamente estável nos últimos meses, enquanto persiste a crise de saúde pública. Ele está à frente com 51% das intenções de voto contra 43% para Trump na última pesquisa Reuters/Ipsos realizada entre os dias 27 e 29 de outubro.

Mas Trump ainda está perto de Biden em Estados vitais, os chamados “swing states”, que seriam suficientes para conferir-lhe os 270 votos do Colégio Eleitoral estadual necessários para alcançar o segundo mandato. As pesquisas Reuters/Ipsos mostram que a corrida continua acirrada em Flórida, Carolina do Norte e Arizona.

Trump também perde por cinco pontos na Pensilvânia e nove pontos em Michigan e Wisconsin, três outros Estados vitais que o ajudaram a conquistar a vitória via Colégio Eleitoral em 2016 sobre a democrata Hillary Clinton, que ganhara no voto popular.

Mesmo sem Michigan e Wisconsin, Trump pode vencer novamente se repetir o êxito em todos os outros Estados onde foi vitorioso em 2016.

O déficit de Trump nas pesquisas foi impulsionado em parte pela implosão no apoio de dois grandes grupos fundamentais na vitória de 2016, brancos sem diploma universitário e norte-americanos mais velhos, e pela reprovação pública à maneira como ele lidou com a pandemia, que se tornou fato importante na corrida eleitoral.

Biden e Trump adotaram abordagens totalmente diferentes quanto à Covid-19, que já matou mais de 227.000 pessoas nos Estados Unidos e deixou outros milhões desempregados. Trump menosprezou repetidas vezes a ameaça do vírus prometendo que a pandemia acabaria em breve, enquanto Biden prometeu direcionar esforços mais rigorosos para contê-la.(com agência Reuters)

Redação

2 Comentários

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  1. O resultado desta eleição será uma “vitória desonrosa” para Biden ou Trump. Aquele que gritar primeiro “Eu fui roubado. O outro candidato cometeu fraudes eleitorais.” ganhará a presidência dos EUA. Qualquer que seja o resultado a democracia norte-americana sairá da disputa fodida. Não há nenhuma possibilidade real de curar as feridas que foram abertas ou aumentadas em razão desta campanha eleitoral.

  2. Otimismo cauteloso, descambando para o pessimismo desvairado

    O artigo abaixo, publicado ontem na Folha, e o livro que acabei de ler agora há pouco, “Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições”, Vestígio.2019, do ítalo-francês Giuliano Da Empoli, provocam muito mais apreensões do que otimismo, em que pesem todos os cenários apontarem para uma fragorosa derrota do trumpismo. O livro é apavorante, e o artigo abaixo vai na mesma linha.

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    QAnon pode ajudar Trump a vencer, por Ronaldo Lemos

    Grupo, na prática, é uma rede articulada cuja estratégia é uma das mais sofisticadas evoluções dos métodos de propaganda

    1º.nov.2020 às 23h15 – Folha de São Paulo

    O QAnon é uma das mais bizarras estratégias políticas já colocadas em prática. Sua origem são os subterrâneos profundos da internet. Já suas raízes estão fincadas na linguagem dos videogames, do situacionismo e de como o espaço público da rede pode ser instrumentalizado com relativa facilidade por grupos coordenados e bem financiados.
    A palavra QAnon é, na superfície, só uma teoria da conspiração. Mas só na superfície. O personagem “Q” seria um agente federal nos EUA que possui o mais elevado acesso a informações confidenciais, o nível Q. Esse agente teria se rebelado e decidido contar a “verdade” publicamente. Essa verdade é que o mundo seria governado por uma cabala de pedófilos satanistas, que teriam como atividade principal gerir uma rede global de tráfico de crianças.
    A única força que ameaça o poder do grupo seria Donald Trump.
    Para quem lê essas palavras pela primeira vez, a conclusão é de insanidade. Apesar disso, essa tática tornou-se uma corrente forte no ciclo eleitoral. Há pelo menos 44 candidatos ao Congresso nos EUA que que assumem sua filiação ao “Q”. Nos eventos públicos de campanha há grupos de pessoas usando camisetas com a letra “Q”.
    O próprio Trump já usou linguagem originada da teoria.
    Na prática o QAnon é uma rede articulada de produção de propaganda. Em termos técnicos, é uma rede de Datti (Desinformação Adversarial, Táticas e Técnicas de Influência). Sua estratégia é uma das mais sofisticadas evoluções dos métodos de propaganda. Seu funcionamento ocorre por meio de um tripé de estratégias:
    Primeiro, a coordenação entre pessoas anônimas pela rede, tática tornada famosa pelo grupo Anonymous (que o QAnon homenageia em seu nome).
    Segundo, a exploração de técnicas psicológicas como a chamada fixação funcional, muito comum em videogames.
    Terceiro, os métodos desenvolvidos pelos chamados jogos de realidade alternativa (Alternative Reality Games), iniciados nos anos 2000 e aplicados à vida real com o auxílio da internet.
    Em resumo, o QAnon influencia porque incentiva as pessoas a se tornarem “detetives” na internet, em busca da “verdade”. Para isso, os mantenedores da estratégia espalham pistas muito bem escondidas pela rede. Um vídeo ali, uma informação em um site aqui, uma frase de um discurso político acolá.
    Ao não entregar a informação pronta, o QAnon dá às pessoas uma sensação de inteligência e satisfação ao permitir que descubram “por si mesmas” essa verdade oculta, cuidadosamente espalhada.
    É a mesma sensação que vários videogames provocam nos seus jogadores ao criar quebra-cabeças que dependem de descobrir e juntar vários elementos separados dentro da estrutura do game para subverter sua fixação funcional. Quem quiser experimentar o prazer que esse tipo de estrutura provoca pode jogar o brilhante game Dandara, desenvolvido pela empresa de Belo Horizonte Longhat Studios, adquirido pela Nintendo.
    Para replicar essa estratégia, o QAnon conta com grupos que investem tempo e dinheiro para manter essa tática tão sofisticada.
    Várias redes sociais baniram nos últimos meses informações relacionadas ao QAnon. No entanto, devido a sua estrutura rizomática, esse banimento tem eficácia apenas parcial. É como se a extrema direita tivesse lido Guy Debord e Deleuze e entendido todas suas implicações para a internet.

    Ronaldo Lemos
    Advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

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