Bolsonaro já manifestava insatisfação com Wizard, mesmo sem ter assumido

Bolsonaro pediu ao seu sistema de informação particular um dossiê sobre a vida e a relação de Wizard com João Doria

Carlos Wizard e Jair Bolsonaro. | Foto: Reprodução/Instagram

Jornal GGN – A nomeação oficial de Carlos Wizard para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde estava próxima, quando o empresário decidiu abrir mão do cargo no domingo, 7 de junho. Wizard afirmou que o motivo da recusa é o desejo de priorizar seus negócios, mas reportagem do jornal Estado de S. Paulo indica que Jair Bolsonaro (sem partido) já se mostrava insatisfeito com as atitudes e afinidades do empresário.

Segundo reportagem, Bolsonaro pediu ao seu sistema de informação particular – que conta com policiais, agentes dos serviços de inteligência e aliados – um dossiê sobre a vida e a relação de Wizard com o governador de São Paulo João Doria (PSDB) – seu adversário político.

“O chefe do Executivo não chegou a vetar a nomeação do empresário, mas ficou irritado com a sequência de entrevistas de Wizard à imprensa e  principalmente com a suposta ligação do empresário com o governador de São Paulo”, destacou a matéria.

Amigo de Doria, Wizard não poupou elogios sobre a gestão de São Paulo frente a pandemia do novo coronavírus. Segundo o jornal, o empresário chegou se filiar ao PSDB a pedido de Doria, mas logo deixou a sigla.

Entretanto, a sequência de entrevistas de Wizard à imprensa antes mesmo de assumir oficialmente a Secretária também o colocou na “berlinda”. Suas afirmações dadas ao jornal “O Globo”, na sexta-feira, 5 de junho, comprometeu a imagem do governo de Bolsonaro na pandemia.

Wizard anunciou que o governo faria uma recontagem sobre os registros de números de mortos por covid-19. Segundo ele, os dados repassados pelas secretarias estaduais são “fantasiosos” e “manipulados”.

As declarações geraram crise e o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) se manifestou contra a omissão do governo federal sobre dados de atingidos pela pandemia.

De acordo com o Estadão, nesta situação “o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, teve de atuar como bombeiro. Ele telefonou no domingo, 7, para representantes do Conass para amenizar o estrago causado pelo empresário”.

Ainda no domingo, Wizard anunciou que não assumiria a Secretária. “Informo que hoje (7/junho) deixou de atuar como Conselheiro do Ministério da Saúde, na condição pro bono”, disse em nota.

O empresário ainda se desculpou pelas declarações dadas anteriormente. “Peço desculpas por qualquer ato ou declaração de minha autoria que tenha sido interpretada como desrespeito aos familiares das vítimas da covid-19”, afirmou.

Redação

2 Comentários

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  1. O problema não são os escolhidos. O problema é quem escolhe e,nesse sentido, se o sujeito não sabe nem o que vai fazer, como escolher alguém, ainda que ruim,para exercer qualquer atividade?

  2. Ele é empresário. Já é o poder, ao modo dele.
    Sejamos frios como o capital: acha que ele vai perder tempo em queimar a si e a seus negócios por causa de um governo completamente desequilibrado? Ele não é baixo clero, não é lambe-botas, nem puxa-saco, e a troco de que seria? No máximo, foi chamado pois foi (ou é?) da Igreja de Jesus Cristo dos Últimos Dias.
    Bolsonaro cumpre a sua sina: de partido com maus quadros, agora governa sem quadros.

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