Bolsonaro quer decidir sobre Venezuela sozinho, mas já mostrou que não consegue sem militares

O dia em que Guaidó antecipou o ataque ao governo Maduro mostrou que o chanceler Ernesto Araújo abasteceu Bolsonaro com informações que se provaram erradas ao longo do dia

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Quando Jair Bolsonaro escreveu nas redes sociais que qualquer intervenção na Venezuela será decisão “exclusivamente” dele, não estava tentando afrontar o Congresso – que precisa dar autorização para guerra. A ideia, segundo aliados do presidente, era mandar um recado para os militares que auxiliam o governo. A informação foi apurada pela coluna Painel, segundo publicação desta quinta (2).

“A fala de Bolsonaro seria, então, um lembrete de que a decisão sobre a posição oficial do governo, em última instância, é dele.”

O problema é que a deflagração da tentativa de golpe por parte de Juan Guaidó e aliados mostrou ao Brasil que, sem a opinião dos ministros-militares, Bolsonaro teria decidido com base em informações erradas, e provavelmente tomaria atitudes que levariam a resultados muito diferentes do esperado.

Isto porque o chanceler Ernesto Araújo atestou que é fortemente influenciado pelos Estados Unidos, ao passo em que não mantém canal de comunicação aberto com todas as fontes da Venezuela necessárias para entender as movimentações em tempos conturbados.

O jornalista Tales Faria foi quem informou que, na reunião do governo Bolsonaro para tratar da tentativa de golpe de Guaidó (no dia 30/4), Araújo levou apenas “informações do governo norte-americano e de aliados do autoproclamado presidente da Venezuela, Juán Guiadó, que se mostraram erradas”.

Araújo comprou a versão de que Guaidó realmente tinha apoio majoritário da cúpula militar, o que se revelou uma mentira ao longo dia.

Foram os ministros-generais Fernando Azevedo (Defesa) e Augusto Heleno (Gabinete), assim como o vice Hamilton Mourão, que pediram cautela a Bolsonaro, porque desconfiaram das informações. Mourão trabalhou na Venezuela e até hoje cultiva boa relação com os militares de lá. Apurou que a situação não era favorável a Guaidó, como este último dizia. Ao lado dos ministros-generais, fincou o pé na dúvida a respeito da aposta de Araújo.

No final do dia, os ministros-generais provaram que estavam certos sobre ter sobriedade. Resumo da ópera: a balança pendeu para os lado deles, o que fez Mourão esvaziar as ações de Guaidó em declarações à imprensa. O recado de Bolsonaro, tentando afastar a tutela militar, veio naquela mesma noite.

Ainda segundo o Painel, “o fato de o presidente não descartar definitivamente uma ofensiva armada contra o ditador Nicolás Maduro faz com que governadores se fiem na resistência dos militares a qualquer ato desse tipo para apostar no distanciamento do Brasil de um eventual conflito. Políticos de estados importantes acionaram generais para medir a temperatura em Brasília.”

Redação

12 Comentários

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  1. O Brasil está ótimo, claro não é?
    O Bolsonaro tem sobra de tempo para brincar de cabo de guerra.
    E o foco dele é o combate do fantasma do comunismo.

  2. O que dispõe a Constituição?

    “Art. 21. Compete à União:
    I – (…);
    II – declarar a guerra e celebrar a paz”

    “Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
    I – (…);
    II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar”.

    O Bolsonaro decide sozinho desde que autorizado pelo Congresso Nacional. A menos que declarem inconstitucionais os incisos acima transcritos, tal como fizeram com a presunção de inocência.

  3. Aquela velha história do burro com iniciativa; sempre dá ruim.
    Agora, imagine um monte de burros com algum poder e tuites liberados: É cabeçada em cima de cabeçada.

  4. Quanto mais eleições livres (de acordo, inclusive, com observadores internacionais) acontecem na Venezuela, mais a mérdia brasileira e esses bolsoloucos da vida chamam o Maduro de ditador. E aqui, hein, que as eleições de 2018 foram fraudadas por dúzia e meia de “empreendedores” através de notícias falsas e falsas acusações midiáticas contra o PT, seria a democracia dos “sonhos”? Haja saco.
    Agora, vindo de milicianos, acostumados com a vida criminosa que grassa em seus gabinetes – ditos legislativos, obviamente que sair dando tiros por aí seria o suprassumo dessa cambada. E dizer que o povão-agro-pastoril-evangélico-e-outros-oportunistas de sempre aplaudem e pedem bis.

  5. “Ditador” (Falha de SP)? O presidente da Venezuela foi reeleito em eleições diretas em Maio de 2018, como é de conhecimento público e notório no Brasil e no mundo, sem que estas eleições tenham sido constestadas pela oposição ao presidente Nicolás Maduro.

  6. Taí o melhor motivo para uma greve geral pela segurança dos brasileiros…
    GUERRA NÃO

    mesmo que não atue diretamente, estados unidos já estão contando com um louco que poderá autorizar o uso do seu país como base para atacar a Venezuela

    1. em tempo…
      …mesmo que o Brasil não atue diretamente…

      que dá no mesmo quando se é governado por uma família que, pelo que alguns já demonstraram, adora o uso técnicas letais contra inimigos imaginários, frutos da propaganda americana altamente destrutiva

  7. O mais bizarro de tudo é que a culpa da falta de informações é devida exclusivamente a Bolsonaro, pois seu fantástico e maravilhoso chanceler Ernesto Araújo rompeu o acordo militar que havia entre o Brasil e a Venezuela, fazendo com que os militares brasileiros tivessem que sair da Venezuela, pois perderam o status diplomático, e não podem mais conversar com as forças armadas Bolivarianas de forma oficial e com cobertura.
    Ou seja, o “brilhante” e “maravilhoso” Ernesto Araújo perdeu toda a possibilidade de fazer “espionagem” encoberta por acordo militar (espiões com passaporte diplomático com acesso legal e institucional aos militares venezuelanos).
    Burrice é pouco.

    1. ou muito me engano…
      ou Bolsonaro não precisa do OK das forças armadas para liberar o uso do solo brasileiro

      o que não tem nada a ver com participação direta, mas que dá motivos para retaliações

      1. As forças armadas brasileiras, principalmente o exército, gasta quase todo o seu dinheiro em soldos e inativos e seus descendentes, logo o exército brasileiro não tem munição, equipamentos (por exemplo, o único sistema de defesa antiaérea). No Brasil não há um único sistema de defesa antiaérea de médio e curto alcance, e os sistemas de curto alcance, um é um sueco com mais de 20 anos do seu projeto inicial e o outro o mais moderno, é um RUSSO, que provavelmente tanto os helicópteros como os aviões russos da Venezuela sabem se defender.
        Caso se queira entrar em guerra com a Venezuela, os milicos brasileiros terão que receber sistemas de defesas norte-americanos, como o Patriot, que provavelmente os norte-americanos mandarão uma versão mais desatualizada.
        Por outro lado, os Venezuelanos tem o sistema S300 russo, que não é o top de linha, mas para os aviões colombianos e brasileiros dá para o gasto.
        Guerra improvisada dá o que deu na Argentina nas Malvinas, cai o governo.

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