Bolsonaro se alia a Trump, que não tem compromisso com o Brasil, afirma Haddad

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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“A democracia está sendo corroída por dentro das instituições”, afirmou ex-prefeito de São Paulo (REPRODUÇÃO)

Haddad em Nova York

da Rede Brasil Atual

Bolsonaro se alia a Trump, que não tem compromisso com o Brasil, afirma Haddad

Em Nova York para lançamento de frente internacional progressista, petista voltou a criticar a relação entre Bolsonaro e Trump: ‘Eu não ouvi, até agora, nenhum compromisso do Trump com o Brasil’

por Redação RBA

São Paulo – A relação entre o governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, até agora tem se mostrado como claramente prejudicial ao Brasil, defende o ex-candidato do PT nas eleições presidenciais de 2018 e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

Ele afirma que “não faz sentido o Brasil, com toda sua tradição diplomática, ajudar a empurrar o mundo para uma situação bipolar, tendo tantas vantagens em adotar uma perspectiva multipolar que sempre foi a prática da diplomacia brasileira.”

No Brasil, ocorre um alinhamento “cego” de Bolsonaro com a administração Trump “em todos os temas”, seja em relação à questão ambiental, à questão indígena ou à mudança da embaixada (brasileira) de Tel Aviv para Jerusalém. “Eu fico me perguntando se houve algum encontro desconhecido dos brasileiros entre o Trump e o Bolsonaro para combinar o jogo. Porque até o presente momento só o Bolsonaro diz o que vai fazer a favor dos Estados Unidos. Eu não ouvi, até agora, nenhum compromisso do Trump com o Brasil.”

Em debate intitulado “What went wrong when Brazil went right?” (“O que deu errado quando o Brasil foi para a direita”), realizado no The People’s Forum, em Nova York, Haddad falou nesta sexta-feira (30) sobre a onda conservadora que varre o mundo e que afetou o Brasil nas últimas eleições.

Ele está nos Estados Unidos para o lançamento de uma coalizão internacional progressista idealizada pelo senador americano Bernie Sanders e pelo ex-ministro das Finanças da Grécia Yanis Varoufakis, no próximo sábado (1º), também em Nova York.  

“Desde 2013 – quando começa a movimentação de rua bastante incomum no Brasil e toma uma feição bastante conservadora, e depois da eleição de 2014, a partir do que aconteceu com a Dilma em 2016, um impeachment fora dos padrões usuais previstos na Constituição Federal – tínhamos a segurança de que cresce no Brasil, como cresce no mundo, uma onda conservadora que se manifesta de maneiras diferentes em diversos países”, disse.

Segundo ele, as crises que atravessam os países têm em comum a própria crise do neoliberalismo a partir dos anos 80, que amadureceu nos anos 90 e 2000 e “ensejou uma crise em escala global com consequências políticas até hoje”.

Sobre o juiz Sérgio Moro, futuro “superministro” da Justiça, disse estranhar alguém deixar de ser magistrado para entrar “num governo que ajudou a construir.” “Mas isso não causa comoção no Brasil de hoje.”

Crise mundial

Para Haddad, o projeto neoliberal de desregulamentação dos mercados deu errado, mas acabou permitindo movimentos “altamente especulativos”, bolhas nos mercados acionários, imobiliário e de commodities, “que inflaram o preço dos artigos, chegando a um limite quando a especulação se transformou numa crise financeira internacional para a qual se deu um remédio contestado: o que se fez na Europa e EUA a partir de 2008 foi socializar o prejuízo que o mercado financeiro causou. O mundo se tornou mais pobre para que alguns poucos se tornassem mais ricos”.

De acordo com sua análise, além da crise do sistema, houve outro problema. “Enquanto nos EUA teve a crise do subprime e na Europa a depreciação dos ativos, no Brasil houve a queda dos preços das commodities. Quando esses preços caem, nosso poder no cenário internacional cai também”, disse. “O que está acontecendo no mundo tem algo por trás que não conhecemos inteiramente, mas que, podemos imaginar, está alterando a face do planeta numa direção perigosa, contra direitos que foram, com tropeços, idas e vindas, de uma história de 200 anos de ampliação dos horizontes”, disse.

Ele criticou ainda as cobranças para que o PT faça autocrítica. “É engraçado, porque às vezes a imprensa insiste muito nessa questão da autocrítica. Nunca cobraram autocrítica nem da ditadura militar, nem dos governos anteriores, só do governo do PT”, disse.

Porém, ressalvou: “Mas isso não é motivo para que nós não apontemos as nossas falhas. E eu tenho feito isso em todas as oportunidades, mas sem demonizar a esquerda como a direita gostaria que nós fizéssemos”.

 
 

 

Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. bbb

    Quê país podia o boçalnaro ver enquanto lustrava coturnos na caserna?

    Quê país viu desde os ambiemtes acarperados de futricos e locupletações em 28 anos inúteis na Câmara?

    Esse infeliz é inimputável por ser narrowminded e vítima de uma vida lhe foi cruel, de alienado incurável..

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