Brasil em Transe: as portas do inferno

nos aproximamos velozmente de um terrível e imediato futuro. ainda é possível evitá-lo?

após as Eleições de 2018, o Golpe de 2016 será legitimado. como nunca antes neste país está exposta a farsa eleitoral, urdida no conchavo dos gabinetes e tramada no acordo com a elite.

mais uma vez rifada como massa de manobra e usada como curral eleitoral, a frustração da população crescerá à Esquerda e à Direita.

eleitores de Haddad traídos por um novo estelionato eleitoral.

eleitores de Bolsonaro não apenas pela derrota nas urnas, mas em especial pela súbita retirada de apoio tanto do grande empresariado quanto de setores da alta oficialidade das FFAA.

como Haddad tem verdadeiro horror de pronunciar aquela palavra que considera “um pouco dura”, quanto ao Golpe de 2016 pretende simplesmente virar a página.

o mesmo já ocorrido em relação a privataria tucana levada a cabo por FHC – este sempre muito combatido verbalmente pelo Lulismo, sem nunca nada de concreto contra ele ser encaminhado.

Haddad é Lula. e Lula é o Lulismo. sem qualquer diferença de si mesmos, muito embora o Brasil e o mundo estejam muito diferentes de 2003.

Haddad sonha ser um novo Lula, reeditando um acerto com o “mercado”, agora sob a dramática denominação de “pacto civilizatório”: a união contra a barbárie de Bolsonaro.

como se Bolsonaro representasse a si mesmo. como se Bolsonaro fosse uma exceção ou uma novidade.

mas a barbárie é desde sempre a experiência cotidiana para o povo pobre e negro, para as mulheres, indígenas, LGBT, num crônico massacre da população e da natureza.

como se a barbárie não tivesse nome e sobrenome, associados a inúmeros e enredados CNPJ.

a barbárie Bolsonaro é o tardio e necessário desmascaramento do grande empresariado brasileiro.

e é com este grande empresariado que Haddad pretende mais uma vez firmar um acordo.

será devorado. e junto com ele, todos nós.

Lula tentou até o último segundo um “pacto civilizatório” com os necrófilos. e a lumpenburguesia brasileira o enjaulou.

Dilma foi chutada para fora do Planalto. e ainda engoliu em seco e de cabeça baixa Bolsonaro dedicar seu voto ao Coronel Ustra.

então, Lula não conseguiu ir além de sussurrar entre lágrimas um patético: “chore, Dilma, chore!”.

mas arrancar a máscara de Haddad não é tão difícil, basta dele cobrar qual sua posição frente a Contra-Reforma da Previdência.

sem aplicar as “medidas populares” e fazer o grande capital pagar o pato, a economia não vai se recuperar. como não se recuperou com o Pacote Levy, na reeleição de Dilma em 2014.

mergulharemos ainda mais fundo no caos: miséria, fome, saques, arrastões, falências, depressão, assassinatos, suicídios. haverá intensos distúrbios sociais e muita repressão.

nas ruas e nas redes, o povo unido clamará: “Bolsonaro! Bolsonaro!”. como em 2015 clamou pelo impeachment de Dilma.

e desta vez com algo inédito e perigoso: quebra de hierarquia nas FFAA. de Capitão para baixo, Bolsonaro é mito em meio a tropa.

quando a chapa estiver fervendo, o picolé de chuchu tingido com anilina vermelha, Haddad, vai derreter rapidamente.

e pobre Manuela, no crepitar das chamas será muito tarde para lamentar o sequestro e deturpação do movimento #EleNão. embora nascido autêntico como luta das garotas, acabou apropriado e convertido em Cavalo de Tróia para o “pacto civilizatório”.

os lemingues se suicidam? ou cada um deles cai do penhasco empurrado por todos os demais vindos atrás, sem verem à frente o perigo do precipício.

é assim que as portas do inferno se abrem.

“Então, são duas regras: quem ganha leva. Quem leva, respeita as regras do jogo e os direitos dos outros.”

Barroso – 26/09/2018

“A classe dominante não tem uma unidade. Há muita gente envergonhada com o que está acontecendo”

Haddad – 24/09/2018

“Acho que nós viveremos a pacificação do Brasil após a eleições, sobretudo com a eleição do Haddad. […] A radicalização que foi construída a partir do impeachment está chegando ao seu fim.”

Manuela – 25/09/2018

“[…] o fascismo foi a conseqüência de dois fracassos: o primeiro, dos revolucionários, que foram massacrados pelos sociais democratas e seus aliados liberais; o segundo, dos liberais e social-democratas incapazes de gerenciar efetivamente o capital.”  

Fascismo & Antifascismo – Jean Barrot/Gilles Dauvé

“[…] não é possível combater o fascismo senão enquanto capitalismo, senão enquanto forma mais nua, mais cínica, mais opressora e mais mentirosa do capitalismo.

Aqueles que estão contra o fascismo sem estar contra o capitalismo, que choramingam sobre a barbárie causada pela barbárie, assemelham-se a pessoas que querem receber a sua fatia de assado de vitela, mas não querem que se mate a vitela.

Querem comer vitela, mas não querem ver sangue. Para ficarem contentes, basta que o magarefe lave as mãos antes de servir a carne.”

“As cinco dificuldades para escrever a verdade” – Bertolt Brecht

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Redação

9 Comentários

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    1. Ô arkx, você queria o quê?

      Politização nesses torneios televisivos a que se reduziram as eleições? Politização só se produz nas lutas e no trabalho de base, duas coisas “esquecidas” e boicotadas durante a era do lulismo autoimune de autocrítica. Não dá pra fazer politização em um ou dois mezinhos a cada dois anos.

      Se na esquerda já se acumula muita merda, é preciso também reconhecer que na direita rola uma caganeira geral → http://www.ihu.unisinos.br/583067-bolsonaro-nao-controla-mais-o-bolsonarismo 

      O ‘elenão’ é o piriri resultante dessa diarréia, uma substância fétida e inconsistente, um fascismo sem partido de massas para organizar e controlar as massas que mobiliza. O fascismo só conseguiu apaziguar as massas, gerando empregos que o neoliberalismo não tem capacidade de gerar, ainda mais sob regime de austeridade.

      Lembra da palavra de ordem “é sem partido”? Pois os aprendizes de feiticeiro, os proponentes originais do golpe, eraram a mão; pensavam controlar a fauna arrebanhada para o golpe, apenas com seu suporte midiático, mas perderam o controle sobre ela que elegeu seu próprio “líder”, fürher, duce, expulsou os partidos da media de suas mobilizações, sem se constituir em partido, sem um programa, sem um projeto, sem quadros com competência mínima pra administrar qualquer coisa, a começar pela incompetência do duce.

      Assista o clássico “Aprendiz de Feiticeiro”

      [video:https://youtu.be/2DX2yVucz24%5D

      1. Brasil em Transe: as portas do inferno

        -> mas perderam o controle sobre ela que elegeu seu próprio “líder”, fürher, duce, expulsou os partidos da media de suas mobilizações, sem se constituir em partido, sem um programa, sem um projeto, sem quadros com competência mínima pra administrar qualquer coisa, a começar pela incompetência do duce.

        e agora a manada de patos amarelos com a camisa da CBF esbraveja que a Globo é de Esquerda e o Nazismo também.

        Bolsonaro já venceu. cristalizou politicamente a nossa antiga e conhecida barbárie. agora ela caminha soberba pelas ruas e pelas redes.

        e vai ser o “pacto civilizatório” de Haddadinho Paz e Amor que dará conta disto?

        do artigo que vc indicou:

        “O bolsonarismo conformou uma nova aliança de classes no Brasil, uma espécie de exército zumbi hidrofóbico originário de “walkmin dead” e que congrega, no mercado, setores do rentismo, do grande comércio varejista, do pequeno e médio produtor rural e de profissionais liberais ligados ao velho bacharelismo.”

        Bolsonaro não controla mais o bolsonarismo

        .

         

        1. O fascismo desde sempre se cevou do lumpesinato.

          Numa etapa histórica em que o lumpen não se limita mais ao proletário, mas se espraiou, como você constata, para uma lumpenburguesia, a aliança de classes é esse frankstein mesmo, o exército hidrofóbico aí descrito no artigo.

          Também desconfio desse “pacto civilizatório”, tem um odor de uma carta aos “brasileiros”, vulgo banqueiros, requentada. Resta saber se vão aceitá-la.

          A historiadora Virgínia Fontes diz, sobre a atual crise polítitica, que há uma briga de cachorro grande e, como esses cachorros estão articulados supranacionalmente, é difícil ver apenas em nossas instituições, nos jogos internos dos partidos e da imprensa, a localização mais precisa dos interesses conflitantes. 

          A ascenção neofascista, protagonizada por um elenco polêmico de figuras reconhecidas pela aparência de falsos palhaços, é um fenômeno de abrangência mundial. Tal como no passado, o fascismo tem uma extensão internacional, como consequência da crise do capital. Há um apelo de setores dessa classe internacional, a burguesia, para uma tática comum de luta pelo poder, de mobilização de saladas ideológicas do mesmo espectro, de grupos e classes sociais gestado dentro da mesma formação social, o capitalismo de tempos neoliberais. O que são os coxinhas, senão uma versão tropical do Tea Party?

          1. Eu não conhecia esta entrevista.

            Muito interessante o que ela fala a partir de 6:20 → “A burguesia brasileira tem, inclusive, dramaticamente, experiências a ensinar as burguesias externas, em matéria de truculência e em matéria disso que eu hoje falei na mesa, de ser capaz de articular, em seu proveito, de maneira desigual, formas completamente diversificadas, desiguais e desigualizadoras de trabalho e de trabalhadores”.

            Não é de hoje, a aplicação das lições aprendidas era constatada já nos 1990, como a brasilianização do mundo, por Ulrich Beck, que cunhou o termo.

          2. Brasil em Transe: o véu e o tapete

            -> Muito interessante o que ela fala a partir de 6:20

            -> a brasilianização do mundo,

            qdo. assisti o vídeo este trecho tb me chamou a atenção. e ainda dizem que somos atrasados… não somos atrasados nem à Direita e muito menos à Esquerda. o que somos é muito importantes para que a burguesia mundial vacile em deixar florescer por aqui uma sociedade sequer menos desigual.

            .

             

  1. impedição do lula foi a facada final

    A impedição do Lula foi a facada final,agora o PT agoniza sem apoio,eu venho falando isso a meses de que ELES não vão descansar enquanto derrubarem de vez o partido,devemos lutar até o fim,mas convenhamos que os “homens de preto” não vão deixar o serviço pela metade isso é fato,se começaram o golpe com o impeachment podem terminar com a extinção do PT,eu nem considero mais lutar por essa eleição e sim pela existência do nosso partido,NINGUEM está vigilante com isso,estão todos embriagados pelo Haddad que não é o Lula mesmo sendo porta-voz dele,não duvidem que ele pode ser o novo Temer e pular do barco antes que afunde,eu comento isso em todos os videos do youtube e a galera não dá atenção,a Dilma foi pega de surpresa e deu no que deu,se eu fosse conselheiro do PT diria que já deveriamos pensar no governo do ditador pra sermos a pior oposição que um governo já teve,nos próximos 4 anos usar as mesmas armas que eles usaram contra a esquerda desde o golpe,criar uma lava-jato paralela e mostrar aos brasilieros os verdadeiros vilões desse país.

    1. Brasil em Transe: as portas do inferno

      -> não vão descansar enquanto derrubarem de vez o partido

      concordo. mas não se limita ao PT. o foco vem sendo no PT por ser o maior partido de Esquerda, e principalmente pela liderança política de Lula. nem mesmo Ciro Gomes está a salvo. “ELES” simplesmente não querem oposição, querem impor seu projeto seja como for.

      considere também que existe outro modo de neutralizar o PT, e a Esquerda: através de sua domesticação, consentida ou à força por violenta repressão.

      seja como for, algo deveria estar no primeiro plano de todas as campanhas de Esquerda: não há solução fácil e mágica para a situação.

      sem luta, sem organização popular, sem enfrentamento (obviamente não enfrentamento suicida), vamos apenas acumular derrotas.

      aliás, mesmo com luta muitas derrotas ocorrerão. mas fica então a grande vitória a politizaçào e organização da população.

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