Brasil está dividido e dificilmente veremos manifestações como as de 2013 em 2020, diz especialista

Fragmentação no cenário político brasileiro que, segundo Ricardo Ismael, inviabiliza que ocorra em 2020 grandes protestos como o que houve em 2013

Da Sputnik Brasil

Milhões de brasileiros saíram às ruas há sete anos para exigir mudanças em grandes manifestações que ficaram conhecidas como as “Jornadas de Junho”.
Motivadas no início pelo aumento do preço da tarifa do transporte público os protestos de 2013 tomaram proporções inesperadas e terminaram infladas com pautas múltiplas.
No último domingo (14), pelo terceiro fim de semana seguido, manifestantes anti-Bolsonaro fizeram protestos em diversas cidades a favor da democracia e contra o racismo.
Apesar de algumas semelhanças, o cientista político, Ricardo Ismael, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), disse que junho de 2013 e junho de 2020 têm grandes diferenças.
Ismael explica que em 2013 houve uma espécie de divórcio entre entidades políticas tradicionais e a sociedade.
“Havia uma manifestação contrária ao status quo da política, governos e certamente isso teve repercussão inclusive nas eleições de 2018. Havia uma crise de liderança, de representação política e um divórcio de uma certa maneira dos governos e das Casas Legislativas em relação à sociedade”, disse à Sputnik Brasil.
O professor da PUC-RJ diz que mesmo o país apresentando índices satisfatórios de crescimento econômico até então, os governos não haviam conseguido garantir a população o acesso a serviços básicos.
“De uma certa maneira, 2013 mostra que os anos dourados dos governos petistas, principalmente do governo Lula, foram muito mais uma expansão de bens duráveis. A população comprou TV, carro, mas não houve um avanço na questão do saneamento básico, na questão da saúde, da moradia, quer dizer, esses serviços sociais ainda eram muito precários”, afirmou.
Ricardo Ismael diz que o cenário político brasileiro em 2020 está muito mais fragmentado.
“Embora você possa olhar para Paulista e ver lá um grupo que ataca o Congresso e até pede intervenção militar, que ataca o Supremo e o outro lado pedindo por democracia, eu diria que o quadro é mais complexo”, afirmou.
Segundo Ismael, há uma fragmentação interna dentro dos setores que não apoiam o Bolsonaro.
“O país está polarizado, eu concordo que há uma polarização, forças políticas que apoiam o Bolsonaro e forças contrárias, mas começa a surgir a possibilidade de alguma coisa ao centro, que nem está no grupo liderado pelo Lula contra Bolsonaro e nem no grupo que é liderado por Bolsonaro. Começa a haver, não estou afirmando que isso já se concretizou, mas começa a ver uma movimentação dos chamados candidatos de centro. O centro que foi o grande derrotado em 2018”, disse.
O cientista político cita, por exemplo, o movimento criado recentemente chamado de “Somos 70%”, a tentativa de uma união de forças entre todos aqueles que não apoiam o presidente Bolsonaro para se opor ao presidente, em uma espécie parecida com o que ocorreu com o movimento das “Diretas Já”, nos anos 80. Mas segundo Ricardo Ismael, esse movimento não conseguiu adesão.
“O que se comentou era fazer uma campanha semelhante às ‘Diretas Já’, ali sim estava todo mundo junto, Lula, Brizola, Fernando Henrique. Mas agora o próprio Lula já disse que não é ‘maria vai com as outras’, ele simplesmente inviabilizou a ideia de uma frente nesse momento. A própria frente também disse que não aceita o Sergio Moro, então tem aí problemas de formação de uma frente como aconteceu nas ‘Diretas Já'”, explicou.
É justamente essa fragmentação no cenário político brasileiro que, segundo Ricardo Ismael, inviabiliza que ocorra em 2020 grandes protestos como o que houve em 2013.

“Em 2013 o movimento não pertencia a nenhuma liderança, era uma crítica generalizada, portanto o problema hoje é que há interesses políticos que tentam capitalizar as ruas, então é diferente de 2013. Isso dificulta você imaginar alguma coisa como a de 2013”, completou.

Redação

7 Comentários

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  1. Que análise mais furada.

    1) Se as manifestações que ocorreram em 2013 tivessem lastro “popular” efetivo, quando a Economia estava crescendo, desemprego no mínimo histórico, inflação sob controle, etc e tal, agora era para o país estar pegando fogo de manifestações populares. Dá para rejeitar essa afirmação do sujeito aí acima, auto-declarado “Cientista político”.

    2) Certamente aquelas manifestações não foram “espontâneas”. Faixas todas iguais, com a mesma cor de caneta? Quem pagou tudo aquilo? Um mês depois do Joe Biden pedir à Dilma que abrisse o Pré-Sal? E ela recursar. Coincidência? A Cobertura da imprensa golpista não colaborou nem um pouquinho, né? O sujeito ignora o papel da imprensa naquele momento. Como a análise de um Cientista Político ignora o papel da Imprensa em arregimentar novas manifestações populares?

    3) O sujeito é tão fraco que ele mesmo se contradiz em um texto tão curto. “O Lula inviabilizou a frente ampla”. Logo na sequência ele afirma que a tal da Frente Ampla não quis recebe o Sérgio Moro. Pera lá, então não o Lula que inviabilizou a tal Frente Ampla, né?

    4) “De uma certa maneira, 2013 mostra que os anos dourados dos governos petistas, principalmente do governo Lula, foram muito mais uma expansão de bens duráveis.”
    Minhas caçarolas! E o Mais Médicos é bem durável? Cotas nas Universidades é bem durável? É geladeira, fogão, carro na garagem? Tirar o Brasil do Mapa da Fome é bem durável? Reduz os governos PT à ampliação do mercado de consumo. Se fosse “apenas” isso, ô cára-pálida, por que tanto ódio das classes dominantes ao Projeto do PT? Sua frase não consegue explicar o despeito da classe dominante com um nordestino com 5a. séria do SENAI governar melhor que eles mesmos.
    E fazer acordo com o Irã melhor que eles sequer tentariam. Nem os EUA. E o Celso Amorim deu entrevista que eles pediram autorização ao Depto de Estado para irem lá negociar. Não foi voluntarismo barato.

  2. Recordar é viver: o movimento Diretas Já! foi um fracasso. No fim das contas não teve diretas coisa nenhuma, convocaram o colégio eleitoral e elegeram Tancredo Neves e José Sarney, duas figuras do stablishment da ditadura.

    Se Diretas Já! é uma receita, é uma receita pro fracasso.

  3. Ainda preso em 2013? Claro, pra fazer justiça, acho que estamos presos nos “efeitos” de 2013. O resto é análise comparativa formalista e retrospectiva.
    Chega de comemorar o que não foi. Principalmente por essa “esquerda” middle class, que continua cometendo seus erros ou ficando pianinha, covarde.

  4. texto sem logica….2013 foi uma guerra hibrida contra o Brasil….disso sabemos de cor….são 7 anos de desmonte nacional : bom para os EUA, patrocinador do golpe e pessimo pro povo

  5. O país está dividido em dois grupos:

    1-Grupo “maçons criminosos de A a Z” (milicos, milícias, stf, moro, dallagnol etc

    2-Grupo “não maçons acuados”(meia dúzia de ainda políticos+povão desarticulado)

    O grupo dos criminosos roubaram a nação. Subtrairam-na da democracia em curso natural. Foi assalto a mãos armadas (Forças Amadas & Milícias Co. Ltd. Inc.) e subornos / arruaças terroristas / lockouts e etc, de todos os tipos no golpe de 2016 aplicado sobre Dilma Rousseff.

    As “falsas” manifestações maçônicas ocorridas em 2013, bem como outras que seguiram-se e até hoje acontecem, foram, e são, manifestações de patrões e/ou funcionários ameaçados e/ou pagos por patrões… (vale destacar, como triste exemplo, que o cinegrafista da “band saad golpista” que morreu com um tiro de rojão no rosto, foi vítima de seus próprios patrões assassinos que pagaram os moleques que dispararam o rojão… cadê os moleques? alguém sabe onde estão?). Essas manifestações incendiárias (lockouts maçons), com ateamento de fogo em pedágios, falsas greves (patronais maçônicas, como as de ônibus em que os motoristas largavam os ônibus lotados em horário de pico (coisa arquitetada por maçons), totalmente diferente de uma greve verdadeira onde motoristas nem saem das garagens) e etc…
    Essas falsas manifestações maçônicas só tiveram o objetivo de derrubar o PT, e isso ocorre até hoje com dupla finalidade: segurarem-se no poder com o golpe ditadura em curso, bem como para dar continuidade ao desmonte das oposições por inanição imposta pela ocupação dos espaços verdadeiramente legítimos de todo e qualquer tipo de manifestações “trabalhistas”, inclusive a “bala” como foi o que aconteceu com Lula e sua comitiva no ônibus de campanha.
    Resumindo, os criminosos já tomaram de assalto o poder! Hoje não tem mais sentido eles “aplicarem” o golpe com grandes falsas manifestações / greves que de fato são “lockauts” criminosos, a não ser algumas isoladas apenas para inibir as esquerdas acuadas.

    Deus nos ajude a livramo-nos desse maçons golpistas covardes assassinos (nazistas, fascistas, larápios, milicos, policiais, traficantes de cocaína, procuradores, jornazistas, racistas, homofóbicos etc),

    AMÉM

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