Passado o carnaval, ano novo? Ou continuaremos só debatendo legados? O que FHC fez vs o que Lula fez, quereres de uma ou duas décadas atrás,…

Para não atrofiar num mundo cada vez mais rápido e dinâmico, navegar é preciso. Ao invés do “ou isto ou aquilo”, hora de saltar para “o que disto e daquilo”, o que fica para seguir adiante, no novo.

Importante que existam lados, mas estamos muito aquém na construção de novas propostas, visões de futuro, do que pode convergir, das políticas de estado a serem pactuadas por todos, do país que queremos,…

Se soubéssemos para onde ir, independente de quem estivesse no poder, teríamos muito mais força para cobrar as medidas de agora para chegar lá. Só que sem saber onde é lá, todo esse calor político acaba se convertendo em fogo de palha. Assim é desde as ruas de 2013. Talvez por isso a grande maioria das nossas lideranças políticas esteja pouco interessada em despertar os olhares pra frente.

Somos a pátria educadora que bate em professores e estudantes, inclusive menores de idade. Que tributa mais quem tem menos. Enquanto outros reflorestam, seguimos desmatando. Xingamos Cuba quando até os EUA fazem as pazes. Voltamos toda atenção para o petróleo quando o mundo inicia o phase out. Torramos energia para exportar alumínio e importar bicicletas de alumínio. Tomamos de sete da Alemanha. E estamos perdendo para um mosquito.

Muitos cresceram ouvindo o Brasil como “país do futuro”. Era, ainda é ou um dia será?

Menos mal que a história não acabou. Todos países têm seus problemas, têm o que dizer, o que aprender. Até nos atrasos pode-se tirar proveito. Se ainda não fizemos muitas coisas que outros já fizeram, poderemos queimar etapas, já sabendo o que fazer e não fazer, começando com o que há de melhor, mais update e adequado a nossa realidade. O “avançado” não é inimigo do simples, nem precisa vir necessariamente só dos grandes, como o FIB de Butão, o micro-credito de Bangladesh, a economia compartilhada dos que ocupam a base da pirâmide ou nas culturas dos povos tradicionais.

Não teremos futuro enquanto estivermos entre as 10 maiores economias, e ao mesmo tempo entre os 15 mais desiguais. Se país moderno é país de classe média consolidada -os nórdicos são sempre citados- a nossa terá que ter a mesma fome de crescer, massificar para poder clamar mais forte. Uma classe média enérgica como um ímã, que puxa todos que estão fora para ela, que não aceita nem extrema pobreza nem extrema riqueza, que entenda como boa política aquela que faz os muitos abaixo dela subirem e os poucos muito acima descerem.

Apesar dos problemas, somos privilegiados com tantas vantagens comparativas. Resta saber enxerga-las, aproveita-las melhor, para fazer a hora sem esperar acontecer.

Embora ainda tratada como um ônus, nossa diversidade cultural é um grande bônus, cada vez mais necessária na sociedade do futuro. Em plena crise climática global, estamos entre os que mais prestam serviços ecossistêmicos para o planeta, algo que começa a ser valorado. Temos a Amazônia e todo um patrimônio genético, os maiores aquíferos e bacias hidrográficas do mundo. Há luz do Sol e ventos como poucos para geração de energia limpa. Áreas agricultáveis como ninguém para liderar práticas de baixo carbono. E um parque industrial para verticalizar tudo isso, desde que tenha incentivos para focar também nessas vocações “made in Brazil” existentes.

Como detentores de tantas riquezas, condições e potencial até para liderar novos paradigmas por um futuro mais includente e sustentável, aumentam nossas responsabilidades aqui e lá fora para fazer acontecer. Serão nossas escolhas que irão determinar o que vem por aí, para o bem ou para o mal.

“A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”, como bem diz o filosofo Peter Drucker.

Redação

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