Nassif, pessoal todo, recomendo a leitura da excelente entrevista do jovem brasileiro Gustavo Haddad Braga.
Não só por sabermos que ele, que poderia ficar nos EUA ou em qualquer outro lugar do mundo com tanto talento, diz que volta para o Brasil assim que concluir a pós-graduação.
Mas principalmente por ele ter dado uma excelente resposta quando a pergunta antinacional foi lançada.
Confiram:
Bom domingo, abraço geral, Gustavo Cherubine.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidiano/89572-professores-sao-mais-proximos-dos-alunos-nos-eua.shtml
ENTREVISTA – GUSTAVO HADDAD BRAGA
Professores são mais próximos dos alunos nos EUA
Brasileiro entra no conceituado MIT (EUA) após ficar seis meses na medicina da USP, mas diz que quer voltar quando terminar a pós
DE SÃO PAULO
Gustavo Haddad Braga – São bem diferentes. Um ponto marcante é que no modelo americano você não é aprovado para um curso ou departamento, mas para a instituição.
Só depois de cerca de dois anos você se direciona. Eu poderei fazer tanto história quanto engenharia. É legal porque, aos 17 anos, você geralmente não tem ideia do que fazer.
No primeiro ano do MIT, os alunos devem fazer quatro disciplinas. Fiz matérias de ciências da computação, química, equações diferenciais e redação.
Você pode ver que é uma grande diversidade, e eles incentivam isso, até para ajudar depois na escolha de qual curso seguir.
Eu devo ir para ciências da computação e engenharia [é permitido fazer duas “especializações”].
É diferente. No modelo do MIT, primeiro você tem aula em um auditório grande, com até 200 pessoas.
O professor é altamente qualificado, muitos já ganharam o prêmio Nobel. Neste próximo semestre, terei aula de química com um dos caras que sequenciaram o DNA humano.
Depois, há continuidade em grupos de até dez pessoas com os “assistant professors”, que são alunos terminando o PhD [doutorado]. Debatemos tópicos, eles incentivam que façamos perguntas, que cheguemos às próprias conclusões. O relacionamento com esse professor é muito próximo, conversamos com eles no corredor, tiramos dúvidas, saímos para almoçar.
Esse relacionamento próximo é diferente do que temos com os professores na USP, até porque eles têm muitos alunos ao mesmo tempo.
Sim, tem muitas coisas que gostei. As provas são mais frequentes, o que ajuda você ficar em cima da matéria. Gosto de fazer prova, de acordar e saber que terei o conhecimento testado.
O chato nos EUA é que não existem áreas como medicina e direito na graduação.
Você se forma em alguma coisa antes, provavelmente na área de biológicas para a medicina, e depois faz uma pós-graduação na área. Acaba demorando mais.
Não conheço a USP inteira, mas a Pinheiros [faculdade de medicina] tem uma excelente estrutura, não deve nada.
Outro problema lá nos Estados Unidos é que, como as universidades não são públicas, o governo não ajuda nada. Aqui, você tem uma USP, de ponta, sem pagar nada. A alimentação é R$ 1,50.
Nos EUA, mesmo na faculdade, onde é mais barato, os planos são de US$ 10 [R$ 20] por dia, que é caro para um estudante comer.
Nos EUA é legal porque eles olham o candidato como um todo. Tem a prova, o SAT, mas eles pegam seu currículo, a redação em que você mostra seus interesses.
Há ainda entrevistas, cartas de recomendação. É uma avaliação global. Mas tende a ser subjetiva. Aqui, com o vestibular, é mais objetivo.
Os estudantes internacionais são valorizados; 90% das vagas são para os americanos. Sobram 10% para o mundo todo, umas 100 vagas.
Legal. É intensa, sempre saio com amigos, americanos e estrangeiros. Não vi nada de xenofobia.
Primeiro, uma pós-graduação lá. Faz sentido me manter no sistema. Aqui eu teria dificuldades burocráticas, teria de procurar a revalidação do meu diploma.
Depois disso, certamente quero morar no Brasil.
Os EUA são um país legal, mas por um tempo. Visitei outros sete países por causa das olimpíadas.
Aqui é melhor, as pessoas são mais amigas, mais receptivas. Lá, cumprimentar alguém com beijo no rosto, esquece.
Todos os economistas que ouvi discordam disso. E quase a totalidade dos brasileiros que se formam no MIT estão voltando ao Brasil.
O mercado aqui está aquecido, principalmente para as “start-ups” [empresas iniciantes]. O Brasil é a moda.
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