Bucci: a importância de distinguir o exercício da imprensa das empresas jornalísticas

Do Jornal GGN – Colunista de várias publicações e professor da ECA (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo), Eugênio Bucci entende que a indústria do entretenimento engloba várias atividades. Para discutir liberdade de imprensa e outros temas, há que se voltar ao básico e resguardar o que pode ser considerado como jornalismo, disse ele na seção paulista do Seminário “A democracia digital e o Poder Judiciário”, organizado pelo Jornal GGN com apoio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) nacional.

Publicidade, entretenimento e imprensa são incluídas na categoria de mídia. Têm que ter tratamento diferente. “Dentre os meios de comunicação, existe a publicidade, a indústria do entretenimento, dos games, a fonográfica, a cinematográfica e a imprensa. Imprensa não se confunde com publicidade”, diz ele. “Publicidade está subordinada a regras que disciplinam as atividades comerciais daqueles mercados. Por exemplo, não pode divulgar mercadoria de comercialização proibida. Mas tenho toda liberdade de escrever artigo de jornal falando sobre o tema e discutindo tipos de canabis”.

Para Bucci, a imprensa existe como instituição em sociedades que prezam o direito à informação. Sem restrições, ou ele não é o povo capaz de julgar. Quem julga não é a imprensa, é o povo. E o povo julga. É por isso e nada mais que existe o direito à informação”.

O Estado não é capaz de atender o direito à informação. “Imprensa tem essa capacidade porque constituída como instituição que, estando fora do Estado, pode enxergar as imperfeições”.

Bucci distingue o conceito de Imprensa (como instituição) dos veículos que a representam. “Imprensa é maior do que a somatória dos veículos existentes. “A imprensa é o lugar em que a sociedade conversa consigo mesma. Se não conversar consigo mesma, a sociedade compromete o interesse da própria democracia. Daí não tolerarmos a censura prévia”.

Por aí, começa a definir mais claramente a diferença entre o instituto da imprensa e a função das empresas jornalísticas. “Problemas de mercado podem ser regulados com marcos regulatórios: as empresas, não o conteúdo”.

Para ele, é possível discutir-se os demais conceitos, como o direito à intimidade, o sigilo de fonte, os limites entre direito à informação e o direito à privacidade. “Liberdade não é prêmio que se dá à imprensa de qualidade, mas é premissa”, diz ele.

http://www.youtube.com/watch?v=DVLJ6PHg240 width:700 height:394 align:center

Luis Nassif

6 Comentários

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  1. Perguntaria ao sr. Eugênio se

    Perguntaria ao sr. Eugênio se empresas como a Globo, como a Veja e como a Folha, tem capacidade para atender o direito à informação ou se estão mais preocupadas com seus negócios do que com a PLURALIDADE das informações.

  2. IMPÉRIO MEDIEVAL

    No caso do BRASIL é um  IMPÉRIO MEDIEVAL MAFIOSO; formado por cartel de FAMIGLIA TUTTO BUONA GENTE, tipo BERLUSCONI.

    ESPECIALISTAS EM  ASSASSINATOS DE  REPUTACÖES de quem ousa lhes enfrentar.

     

  3. Imprensa

    A imprensa deve existir como voz do povo, com suas imperfeições , seus deslizes, suas falhas em geral  mas , do mesmo modo,  sujeita às sanções da lei. Quando um cidadão calunia  o caluniado tem o direito de exigir reparos de ordem legal.Situação idêntica se aplica à imprensa. No caso específico das ocorrências de “assassinato de reputação”,  devem ser punidas de forma mais rigorosa no intuito de inibir ações irresponsáveis dos profissionais da comunicação.Só isto.

  4. Da BMW para derrotistas: “o
    Da BMW para derrotistas: “o Brasil é um BMW”
    Edição/247 Fotos: Reprodução | Roberto Stuckert Filho/PR:

    Num editorial histórico, publicado nos jornais brasileiros, que hoje exercem um pessimismo militante, a montadora alemã BMW dá uma lição aos fracassomaníacos. “O Brasil passou de mero espectador a vibrante realizador. Deixou de ser aquele sujeito que ficava à beira da estrada, só assistindo aos carros passarem, para virar motor do seu próprio destino”, diz o texto; “Se alguns duvidam do Brasil, nós investimos 200 milhões de euros”; ao que tudo indica, os alemães não se informam pela imprensa brasileira

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