Cada um tem o desastre ambiental que merece.

A economia do Rio Grande do Sul que anda muito mais cambaleante do que a nacional, pois além da crise nacional somada a crise internacional o governo do estado capitaneado pelo “brilhante” governador do estado José Ivo Sartori, que além de propagandear que o estado está falido está fazendo tudo para ampliar a crise com medidas mais recessivas e impopulares, o estado do Rio Grande do Sul recebe o “desastre ambiental” que merece.

Para abastecer a refinaria Alberto Pasqualini na cidade de Canoas próximo a Porto Alegre, há quase meio século atrás foi posta frente as cidades de Tramandaí e Imbé, balneários populares gaúchos, uma boia em alto mar para que os navios petroleiros descarregassem o seu petróleo e por dutos de aproximadamente 90 km levassem este Petróleo até Canoas.

Diga-se de passagem, o lógico seria a colocação da Refinaria junto à cidade de Tramandaí, mas não por problemas ambientais, que na época nem se sabia bem o que era meio ambiente, mas sim por vantagens na arrecadação e na criação de empregos a refinaria foi colocada a 90 km de distância na grande Porto Alegre, porém isto já é outro assunto.

Pois bem, no dia de 6 deste mês (abril de 2016), ocorreu uma pequena barbeiragem na operação do duto que tirava óleo de um navio e uma pequena quantidade de petróleo vazou para o mar. Como o terminal é da Petrobrás, como a imprensa anda sensível a notícias sobre esta imprensa, começou um grande alarde. O prefeito da cidade de Imbé contígua a cidade de Tramandaí, um advogado que deve entender tudo de Petróleo! Alardeou nos meios de comunicação que milhões de metros cúbicos tinham sido derramados no mar.

Com esta notícia alarmante delegados da polícia estadual e seus peritos, redes de TV, rádio e jornais se deslocaram para assistir o dramático desastre ambiental, que mataria a inexistente fauna marítima da costa gaúcha especialmente os inexistentes “abundantes pássaros” que ficariam cobertos de petróleo levando a sua morte por poluição.

Apesar das corretas e abalizadas informações que o engenheiro químico Renato Zuchetti, chefe do departamento de fiscalização da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), forneceu a imprensa (Rádio Gaúcha e outras), a bacharel de ciências Jurídicas e delegada de polícia local e mais uma plêiade de “especialistas” continuaram com o alarde.

Mas como ficar somente em considerações filosóficas sobre o assunto vamos aos dados.

Quando o navio Exxon Valdez naufragou no Alasca ele derramou um volume estimado entre 41.000m³ a 120.000m³ de petróleo na Enseada de Príncipe Guilherme, no desastre da plataforma da BP a Deepwater Horizon no golfo do México estima-se uma quantidade em torno de 600.000m³, todos estes dados controversos, já o imenso vazamento de petróleo ocorrido nas costas gaúchas, pode ser corretamente avaliado, pois era somente o petróleo que estava dentro de uma pequena parte da tubulação foi de 2,5m³. Exatamente dois vírgula cinco metros cúbicos. Ou seja entre 0,006% a 0,002% do que derramou o Exxon Valdez ou 0,0004% do que derramou a plataforma da empresa inglesa de petróleo.

Não querendo minimizar uma poluição, pois mesmo que seja pouco ela sempre polui (evidente), vamos olhar outros dados de poluição na região.

A cidade de Imbé, em que o nosso valoroso prefeito foi rapidamente alardear o desastre ambiental, tem uma população fixa em torno de 18 mil habitantes e durante o período de verão (no RS aproximadamente dois meses e meio) ela tem uma população que no mínimo é multiplicada por cinco (valor conservador), ou seja, tem 18 mil habitantes que necessitam escolas, hospitais e saneamento básico todo o ano e tem ao mesmo tempo aproximadamente 90 mil que pagam IPTU todo o ano e não utilizam do serviço público nada mais do que as ruas da cidade.

Esta cidade, com o seu grande prefeito preocupado com a poluição, têm até o dia de hoje 0% (ZERO) de tratamento de esgoto. Em 2018, se o governador não utilizar as verbas da companhia de saneamento para outra coisa, é que se terminará a primeira estação de tratamento de esgoto da cidade para tratar parcialmente o esgoto, que não é ainda recolhido, e o prefeito já está falando da dificuldade dos moradores em ligar os seus esgotos na rede de coleta.

Até o momento a população ou joga o esgoto “in natura” nos arroios que passam pela cidade ou usam fossas sépticas que provavelmente estão na sua maioria entupidas. Quando chega a época de veraneio, as fossas que ficam durante todo o longo inverno gaúcho (nove meses) paradas, deixam passar para o terreno arenoso que domina a região 100% do esgoto, que sendo a cidade plana e com frequentes chuvas deve se espalhar pelas ruas e calçadas da cidade.

Em resumo, o Rio Grande do Sul, na situação que está, merece o que tem, não um desastre ambiental que atraia o Green Peace a sua costa, mas outro desastre que faz com que o feliz veranista caminhe de pés descalços sobre os esgotos durante as frequentes chuvas da região, se achando mais um Gene Kelly sapateando nas poças d’água do que uma larva de mosquito feliz no esgoto.

Redação

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