Cai o secretário, mas o projeto cultural inspirado no nazismo continua em pé

Alvim sai, mas a semente da "renovação completa", do anseio por "uma nova geração de artistas conservadores", está plantada

Jornal GGN – Que ninguém se engane. Roberto Alvim só foi demitido nesta sexta (17) da Secretaria Especial de Cultura depois que Jair Bolsonaro recebeu uma ligação do embaixador Yossi Shelley, que expressou pessoalmente a indignação da comunidade israelense sobre o vídeo inspirado na estética nazista.

A pressão de comunidades caras ao bolsonarismo derrubou o secretário, mas a ideia que ele representa continua em pé.

Na essência, Alvim e sua “retórica” emprestada do nazismo reflete como ninguém o que o governo Bolsonaro quer para o Brasil. Fato é que ele ascendeu a secretário somente depois de apresentar seu projeto ambicioso de gerar um “bombardeio de arte conservadora” ao presidente.

Bolsonaro foi seduzido pela ideia de uma “cultura nacionalista”, que Alvim prometeu aos brasileiros por meio do vídeo em que reproduz um nazista e ainda usa como trilha sonora uma ópera associada a Hitler (escolhida pessoalmente por Alvim, autoproclamado fã de Wagner).

Em entrevista à Rádio Gaúcha, o ex-secretário até repudiou o flagelo humano provocado pelo nazismo, mas admitiu, sem nenhum pudor, que seu programa para promover o “nacionalismo cultural” guarda “coincidência retórica” com falas e ideias do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels.

E, na tentativa de fazer soar melhor, Alvim ainda disse é possível encontrar belas frases sobre a humanidade na boca dos mais sanguinários assassinos, “como Che Guevara”.

Se tivesse sido mais discreto, talvez Alvim tivesse mantido o cargo e tocado o barco da cultura brasileira rumo à década de 1930 sem maiores problemas. Tombou pela falta de limites.

Antes de cair, ele chamou o Prêmio Nacional das Artes de “maior programa” cultural já encampado pelo governo Bolsonaro. Não em termos de recursos, mas pelo peso ideológico, pela ousadia de querer alinhar a produção artística do País às “transforações intelectuais” e ideológicas que a sociedade vê desde a vitória do bolsonarismo.

Mesmo sem Alvim, essa diretriz continuará firme. O Prêmio Nacional das Artes ainda vai distribuir R$ 20 milhões para produções voltadas para as artes clássicas de perfil conservador, em afago à moral da “tradicional família brasileira”.

O ex-secretário tangenciou perguntas sobre filtros e censuras às propostas que possam destoar do ideário bolsonarista. Segundo ele, haverá um grupo que fará a “curadoria” dos projetos a partir de critérios “artísticos”.

Alvim sai, mas a semente da “renovação completa”, do anseio por “uma nova geração de artistas conservadores”, está plantada.

Redação

6 Comentários

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  1. Nassif: ou esse pessoal da EstrelaDeDavi é extremamente ingênuo (no que não boto fé) ou tem planos muito sinistros para o Brasil. Reclamando de quê? Tudo bem, o secretário foi indiscreto, anunciou publicamente o que era só pra estar nos porões do PalácioDoPlanalto, como nos tempos da DitaMole ou da CasaDoTerror (Petrópolis). Mas já sabiam, desde que resolveram patrocinar aqueles fakenews, de que, dizem, desembolsaram quase um milhão de dólares. A Colônia trabalhou a todo vapor, dentro e fora do Pais. Suspeita-se até compartilharam experiências “especiais” com o pessoal do Queiroz, na “limpeza” daquela que estavam atrapalhando os planos imobiliários no Rio. Verdade ou não, estão atolados até acima do pescoço nessa imundice governamental. Aí vem um secretário indiscreto que anuncia a céu aberto o que se desconfia ocorre pelos socavões do Palácio e casernas. Aliás, essa me parece uma estratégia colossal, um jogo militar de alta relevância. Lançam certos laranjas como boi de piranha. E incentivam a grande mídia, por um de seus jornais asseclas, para agitarem a galera, enquanto os salafrários limpam os cofres públicos. Os corruptos do Congresso devem estar adorando. O Guru espiritual do MessiasDoBras há de indicar outros, para dar continuidade aos mesmos planos, anunciados pelo desinfeliz que se vai. Só os meninos do Bibi não sabem. Inocentes…

    1. Perfeito. O estrago está feito. Exercício de laboratório ou não o resultado da experiência atingiu altos índices de audiência. Esse é o ponto forte de Bolsonaro … Parece uma cópia de Trump … Não importa o resultado oque interessa é o sucesso instantâneo e a liquidação que se faz no caso de dar errado … O budget está garantido e os cofres do governo não temem a desvalorizacao da moeda. Que a esta altura já mudou de nome

  2. Muitos idiotas pensam que Bolsonaro foi bem ao demitir Roberto Alvim.O apologista da tortura e da ditadura foi obrigado a fazer isso, não foi por sua competência, ao contrário foi por despreparo e incompetência, como disse o General pô! Um cara que escolhe Alvim, Damares e Weintraub para ministro ou secretário é mesmo um despreparado.

  3. Em suma…
    Bolsonaro apenas se livrou de uma vestimenta de ocasião que não agradou uns e outros

    pelo que se viu na Hebraica dos sionistas de ocasião, se tivesse usado a da Ku Klux Klan, no problem

  4. Síntese perfeita: “Cai o secretário, mas o projeto cultural inspirado no nazismo continua em pé”
    Já passou da hora dos líderes políticos democratas se reunirem numa mesa REDONDA, sem cabeceira. Quem não quiser participar que aguente as consequências de sua arrogância e sectarismo.

  5. sai o Secretário, continua o modelo.

    sai Bolsonaro, entra Mourão – mameluco que odeia negros e índios.

    sai Mourão e entra Huck…

    e continuamos todos goys.

    o BrasiNazi sempre esteve aqui, o povo superior da “Raça Planaltina”, herdeiro do empreendedorismo colonial dos Bandeirantes, chegando até Eduardo Cunha, recebido com honras de Chefe de Estado no Knesset, e Jair BolsoNazi, batizado nas águas do rio Jordão pelo pastor Everaldo.

    sem esquecer José Alencar, o empresário-amigo sempre monarquista e enfim assumido neopentecostal antes de morrer.

    mais uma vez: olhai para o Chile. especificamente para a “Colonia Dignidad”, o infame centro de torturas e lavagem cerebral durante a Ditadura de Pinochet.
    .

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