Carta Aberta ao Coordenador da “Lava Jato”

Hoje, por duas vezes, tomei conhecimento da opinião do douto Procurador Deltan Dallagnoll sobre a aprovação do seguimento do processo de impeachment da Presidente Dilma na Câmara dos Deputados. Sua Excelência afirmou que a “Operação Lava Jato” é uma operação técnica, que se encontra fora do alcance de ingerências políticas, e que continuará ampliando o rol dos investigados e condenados.

Tendo passado mais da metade da minha vida no serviço público, 06 anos no Exército e 21 na Polícia Civil do RS, além de ter me tornado um especialista em cobertura da mídia desde o processo do “mensalão”, quero auxiliar o coordenador dessa operação a compreender o que acontecerá no dia seguinte a ascenção de Michel Temer ao cargo de Presidente da República.

Senhor Procurador, os vídeos em que Vossa Excelência aparece palestrando em igrejas neopentecostais serão exibidos no Jornal Nacional, onde especialistas dirão que seu comportamento é de um extremista religioso, que esqueceu as leis e resolveu agir de acordo com uma versão evangélica da “sharia”. Comparações com a Al Qaeda, o Taliban e o Exército Islâmico serão a consequencia natural das análises.

Do Juiz Sérgio Moro será recuperado o “paper” em que fala sobre a Operação Mani Pulite. Lá, como se sabe, existem trechos que colidem frontalmente com o ordenamento jurídico brasileiro, principalmente nos trechos em que fala sobre vazamentos seletivos, e o uso de prisões cautelares com o fim de obter confissões. 

Tanto os vídeos quanto o paper serão apresentados pelo aspecto mais negativo possível, ao mesmo tempo que será exigido que os tribunais superiores ponham um fim aos atentados aos direitos individuais dos investigados. Em menos de 30 dias, Vossa Excelência e os demais participantes da “força tarefa”, assim como o juiz condutor do processo, passarão de heróis a vilões, e não haverão mais prêmios e nem convescotes nas empresas de mídia.

Alguns delegados da PF também receberão seu quinhão. No caso deles a situação é mais complicada. Como não tem, como juízes e procuradores, o direito a inamovibilidade, se continuarem achando que tem “autonomia” e “independência” amargarão uma remoção para algum lugar em “dois dedos”.

Para quem não está versado nas gírias policiais, explico que “dois dedos” é delimitado por colocar indicador e médio sobre a linha de fronteiras em um mapa. O que estiver coberto dentro do território nacional é o destino do indigitado.   

Redação

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