CASANDO A MARTA COM O MÁRCIO

 

CASANDO A MARTA COM O MÁRCIO
Texto: Rogério Faria
Leitor: Cláudio Queiroz
Colaboração: Letícia Sales e Helena Maria

Licença peço aqui já
pra contar esse caso ímpar
pode até parecer que é
mas nada aqui pus a criar
não se trata de mentira
é só a história deste par

Aconteceu em Paraibuna
Lar do peixe de água preta
De incríveis e belos causos
ou até de curiosa treta
Não existe quem com as lendas
Daquele lugar se meta

Nosso príncipe encantado
Ele tem por nome Márcio
um talentoso violeiro
A sua arte é sustento e ofício
Branco das canelas finas
Não perde tempo com o ócio

A princesa deste conto
Chama-se Marta Gabriela
Educada com requinte
muito fina sim era ela
Mas a pinga com canela
para ela é uma coisa bela

Tá faltando um personagem
que só trabalha de graça
mas na base da tortura
mesmo assim ele é uma graça
Padroeiro de Paraibuna
É o Santo Antônio na praça

No ano de noventa e seis
Adianto que passageiro
O casal trocou seus beijos
não durou nem um janeiro
No cenário uma goiabeira
na memória ficou inteiro

Então lá em dois mil e sete
O moço voltou à cidade
Trazia seu violão nas costas
E mais nada, de verdade
Hóspede de Luís Ataíde
Se foi cedo, uma maldade

O Luís bateu na janela
Avisou: Pega a bandeira
Márcio todo atrapalhado
foi benzendo a casa inteira
Santo Antônio no estandarte
Corou com a brincadeira

Ele acabou no sofá
Mas o Luís que estava são
Mandou: Vai! Devolve o santo!
O Márcio entendeu, só então
Que a bandeira era esperada
no portão, pela procissão

Foi o cortejo do Itapeva
Chegou um na Vila Modesto
na casa da Tia Conceição
Ele adentrou sem protesto
Para benzer sua sobrinha
Esta parte vos atesto

A Marta dormia no chão
Como uma moça donzela
A tia pediu para o santo
que por favor salvasse ela
“Arranja um bem bom marido
Que tenha fina canela”

Naquela noite de sábado
Ainda era festa do Santo
Márcio quando reviu Marta
Ele quase caiu de espanto
Já vinha a procura dela
Para exercitar seu canto

Marta falou pra as amigas:
“Vejam aquele rapaz
Me deixem aqui sozinha
quero ver se ele é capaz
de dizer o que deseja
ou que ele vá embora em paz”

Márcio se esqueceu da letra
Ele ficara tenso, ora
O amor então acontecia
era aquela exata hora
Quando lembra dessa noite
Hoje esse moço ainda cora

A Marta deixou ele chegar
queria ver ali qual era
Achava dele uma graça
Mas não se viam fazia uma era
Esperando a conclusão
Ela então ficou na espera

Ele chamou para sair
Sem esperar terminar
Um vinho com Almir Sater
Nada de subliminar
Aproveitaram a noite
juntos mas em outro lugar

Este casal ficou junto
E se separar? Jamais!
O infalível Santo Antônio
Novamente foi demais
Ele uniu mais um casal
Mas que não são só um a mais

Eles sabem que essa aliança
Não se trata de bobeira
Não surgiu só uma família
pra passar a vida inteira
viraram várias famílias
cada qual à sua maneira

E são Marta mais o Márcio
São Rebeca e Conceição
Vitor, Júlia, Caui, Tia Célia,
Esquece do Dito, não!
Movimentô, Dona Cida
e mais todos que aqui estão

Essa história não termina
aqui na Beira do Riacho
mas ela segue até quando?
Ora! Para sempre, diacho!
Já chegou na hora do beijo
Ou será que só eu que acho?

Beira do Riacho, 22 de novembro de 2014.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador