Cesar Benjamim está certo: o racialismo estatal serve aos ideais do racismo!, por J. Roberto Militão

Cesar Benjamim está certo: o racialismo estatal serve aos ideais do racismo!

por J. Roberto Militão

CESAR BENJAMIN está certo: também quero que se ferrem os projetos racialistas financiados por milhões de dólares do Departamento de Estado dos EUA, via Foundacion´s, com a Fundação Ford à frente.

Em vez de racializar a sociedade, através de leis de segregação de direitos raciais, precisamos compreender e ensinar a sociedade, os jovens e as crianças que a escravidão não foi decorrência do racismo conforme a maioria acredita no senso comum. O racismo é que decorreu da escravidão.

A escravidão existia através dos séculos e, nas Américas, a partir do século 16.

Em 1551/1552 travou-se o memorável ´Tribunal de Valladolid´ convocado pelo rei da Espanha em que o combativo Bispo de Las Casas, primeiro Bispo de Chiapas (México) denunciava a escravidão dos nativos, cruel e desumana, contrariando a idéia cristã do direito natural, pois Deus criou os homens à sua imagem e semelhança. Na defesa do direito à escravidão debateu o filósofo Jean de Sepúlveda, com a argumentação aristotélica de que os povos nativos seriam ´escravos por natureza´, portanto, escravizáveis. Prevaleceu, então, a lógica de direitos desiguais aos desiguais, a lógica de Aristóteles: se os homens não são iguais, não merecem receber direitos iguais dizia na ´Ética a Nicômaco´. No STF em 2012, tal doutrina constou no voto do relator Ministro Lewandowski na aprovação de ´cotas raciais´ com a expressa citação de Aristóteles: a verdadeira igualdade é tratar desigualmente aos desiguais escreveu o relator e foi aprovado por unanimidade. Conforme dizia Nelson Rodrigues: toda unanimidade é burra!

O racismo foi edificado 200 anos depois, a partir do século 18 em diante, obra justificadora do colonialismo, com a invasão, apropriação e ocupação das Américas, da África e da Ásia, sob o justificativa de uma ´raça superior´ e as demais inferiores.

O nosso desafio contra o racismo é a destruição do conceito de ´raças´. O nosso desafio é a afirmação da unicidade da espécie humana. A crença na existência de ´raças´ implica na presunção original: uma hierarquia racial na qual, a ´raça negra´ seria a raça inferior. FRANTZ FANON, o primeiro grande ativista contra o racismo já afirmava em 1956, a intelectuais africanos: “Numa sociedade com a cultura de raças, a presença do racista será, pois, natural.”;

Não podemos querer conviver com racistas.

As ciências – a biologia e a genética – comprovam cabalmente a unicidade da espécie humana. Os humanos têm cor de pele diferentes, uma dezena de gens, dentre 25.000 gens de nosso DNA. Humanos podemos ser pretos, brancos, amarelos, vermelhos ou pardos (os miscigenados) conforme a presença ou não da melanina uma simples proteína de proteção da pele em face dos raios ultravioletas de certas regiões do planeta terra.

No Brasil temos racismo e discriminações pela ´marca´, ou seja em razão da cor  e não pela ´origem´ racial conforme os EUA, já descrevia em 1953, o pesquisador da USP, Oracy Nogueira. O mestre Florestan Fernandes, nos anos 1960, em ´Raça & Classe´, da mesma escola de Sociologia, documentava que os pretos eram excluídos das oportunidades não pela origem ´racial´ mas por serem herdeiros da condição de ´escravos´, classe reservada aos ´negros´ – daquela raça negra – tida como a raça inferior.

Sergio Buarque de Holanda; Gilberto Freyre; Caio Graco Jr; Fernando Henrique Cardoso; Otávio Ianni, Darcy Ribeiro e Clovis Moura, todos sociólogos conceituados reconheceram o caráter de povo brasileiro, síntese do encontro de três povos: o nativo americano; o africano escravizado e o colonizador europeu, como característica da nação.

O professor Milton Santos, nosso principal pensador sobre a condição humana no desenvolvimento social, em todo o mundo, em sua última entrevista, antes de falecer, nos legava em 2001 uma máxima extraordinária: “Eu me assusto… tenho medo dessa história americana de crescimento separados. É coisa de uma classe média; uma pequena burguesia negra… Acham mais fácil serem inseridos no mundo dos brancos através de uma progressão separada (cotas). Isso a gente nota em vários sintomas dessa tendência. Já há vários estímulos a essa tendência. Como por exemplo vários encorajamento que são feitos a jovens negros para atividades (acadêmicas, bolsas da Fund. Ford etc) diretamente ligadas à ´raça negra´. A própria mídia negra… Isso não será uma boa coisa. A tolerância racial brasileira é algo virtuoso. Ponto de partida para o progresso do povo negro brasileiro. Há uma Nós queremos simplesmente ser brasileiros iguais a quaisquer outros brasileiros…” 

A entrevista em vídeo do prof. Milton Santos, abaixo – são apenas 6 minutos que valem por uma cátedra contra o racialismo estatal fomentado pela inteligência norte-americana. O racialismo denunciado por Cesar Benjamin está conforme o lúcido pensamento do saudoso prof. Milton Santos que tanta falta nos faz nestes debates.

https://www.youtube.com/watch?v=xp9_fPuYHXc

A forma de expressão dele foi um tanto quanto imprópria ao individualizar a fala da artista Taís Araújo, porém, corretamente denuncia a racialização como sendo a vitória dos ideais do racismo.

Inclusive um desses objetivos do racismo é o estado ´racializar´ políticas públicas e conferir identidade jurídica ao pertencimento racial tanto para incluir pretos e pardos pobres como para excluir brancos pobres de oportunidades educacionais ou profissionais. Todos da mesma classe social, da mesma periferia urbana, da mesma escola e até mesmo da mesma família miscigenada. O estado comete uma perversidade de reservar aos pobres uma disputa de direitos raciais. As cotas reservadas em concursos são sempre as últimas colocações nos certames, os mais ricos e mais bem preparados serão sempre os primeiros colocados e nada perderão.

O Brasil trilha o perigoso caminho dos direitos raciais segregados. O senador Sarney foi autor do primeiro projeto de ´cotas raciais´, em 1995. Em 2010 divulgava na sua página de Presidente do Senado Federal, o título de maior defensor da ´raça negra´. Nessa condição comandou as aprovações das leis do Estatuto Racial e das ´Cotas Raciais´, utilizando a ingenuidade do Senador Paulo Paim-PT/RS, para realizar sua obra legislativa. Cumpria os objetivos do Dpto de Estado norte-americano. Tiveram, os senadores, o viciado respaldo de centenas de bolsistas das Foundacion´s, a elite acadêmica adestrada para defender as ´cotas raciais´.

Desde a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, 1948, todos os países subscritores estão vetados de produção de leis baseadas em direitos raciais. Nos anos 1980, nós ativistas contra o racismo, utilizamos a Declaração Universal para exigir da ONU a imposição de sanções e embargos à África do Sul por sua leis de apartação racial.

Conforme Angela Davis: não basta não ser racista. É preciso que seja antirracista ativo!

O Brasil, sob o nefasto comando legislativo de Sarney, caminha na contra-mão da história civilizatória da humanidade. Os afro-maranhenses, sob a dinastia Sarney, desfrutam do pior IDH – Índice de Desenvolvimento Humano dentre todos os afro-brasileiros, IDH semelhante ao de países pobres da África

Essa a obra para a posteridade do Sen.Sarney, o maior defensor da ´raça negra´. Um racialista confesso.

 

Cesar Benjamin afirma que há racismo no País, mas considera mentira que brasileiros mudem de calçada se virem criança negra
BRASIL.ESTADAO.COM.BR
 
 

 

Redação

13 Comentários

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  1. Essa tese da “racialização” é

    Essa tese da “racialização” é de uma tolice sem fim. Como se não houvesse distinção e preconceito racial e os negros – sempre eles – fossem os racistas, a impedir o destino de uma “grande ‘raça morena'” se concretizar (ou qualquer outra coisa equivalente). Como se a escravidão, que deixou marcas indeléveis na sociedade brasileira, não tivesse sido garantida por Lei. Como se o Estado não tivesse atuado para fixá-la nas dimensões mais tenues da sociabilidade, bastando esse mesmo Estado “deixar pra lá” que tudo, num belo dia, se desvanecerá…

    Essa “tioria” foi cerebrinada por brancos aborrecidos com as cotas nas Universidades. Mas foi também abraçada por negros que conseguiram seus diplomas (com todo sacrifício, obviamente) sem a existência das tais cotas, e que, por isso, temem vê-lo desvalorizado.

    Serve hoje até pra “negar” o carater discricionário do aparato policial.

    “Eles que se ferrem”, né?!

    “Chique”! Muito “chique”!

     

  2. Cesar…

    ” O Brasil, sob o nefasto….Afro-maranhense…” este parágrafo foi perfeito. Quanto mais educação, quanto mais cidadania, mais igualdade, democracia e respeito teremos. Não à toa no sul, erroneamente devido à imigração europeía, citado como mais racista ou segregacionista, teve o primeiro governador negro Alceu Collares a atleta de esporte pouco difundido no país, Daiane dos Santos, entre ostros exemplos. Resultado de escolas públicas e verdadeira igualdade. 

    1. ” teve o primeiro governador

      ” teve o primeiro governador negro Alceu Collares”
      João Alves Filho (SE) mandou lembranças. 
      Aliás, o ”sul maravilha” é tão maravilhoso etnicamente e em relação à tolerância racial que lá estão brotando aos montes as células bolsonarianas. Curioso. 

  3. “Cesar Benjamin afirma que há

    “Cesar Benjamin afirma que há racismo no País, mas considera mentira que brasileiros mudem de calçada se virem criança negra”

    Olha, nas ruas dos bairros de classe trabalhadora ou média isso provavelmente não ocorre. Mas a Taís Araújo, como dia o Benjamin para desqualificá-la, é rica e cheirosa, e deve morar em outro tipo de vizinhança. Onde tais coisas talvez aconteçam, quem sabe?

    Em tese, este também é um país em que a torcida (bastante multiracial) de um time (bastante multiracial) como o Grêmio não chama os goleiros dos outros times de “macaco”, e em que ninguém pede a morte de nordestinos por afogamento. E no entanto, o César Benjamin não acredita nessas coisas, pero que las hay las hay.

    Infelizmente o Benjamin é uma dessas figuras que queria muito ser de esquerda, mas que se deixou dominar pelo ódio ao PT num grau tal que inviabilizou o projeto inicial.

    1. Entre os opositores às cotas

      Entre os opositores às cotas também estão o pessoal da esquerda tradicional, ex-comunas, etc. Estes jamais enxergaram a questão do negro a não ser pela perspectiva da classe social. Ou seja, resolvendo-se, superando-se as contradições de classe, automaticamente a do negro também se resolveria, pois tudo estaria submetido à estrutura das trocas de equivalentes. Jamais deram bola para o racismo e o negro

      E o tom irritadinho  desse Benjamin é uma evidencia a mais disso.

      O mais curioso é que outro elemento presente na oposição às cotas – entre os conservadores e reacionóarios –  é que eles as identificam como uma coisa de… esquerda! E aí, sabemos, as reações alérgicas mais variadas desatam.

      1. Seria isso, se o César

        Seria isso, se o César Benjamin não fosse também secretário municipal do Crivella… o desbunde vai muito mais longe do que simplesmente uma “síndrome de anos 50 não desconstruídos”.

  4. Militão de sempre…

    O de sempre!

    Nada de novo, mas fazia tempo que o moço andava sumido daqui…

    Eis que o torturado (até hoje?) césinha beijamin (torturado, assim como a míriam leitão) cantou a pedra e o militão não resistiu…

    O truque dele é dizer que a estrutura de direitos compensatórios reforça a noção de raça, que per si seria uma agressão a chamada unicidade da espécie humana…

    Claro, no mundo ideal de Alice, falar em raças não têm sentido…

    Mas no mundo real, onde a conceito de raça é premissa para exclusão, junto com outras condições de classe (pobre) e de gênero (mulher, por exemplo), o que não faz sentido é dizer que o combate ao racismo (também um fato real) com a inclusão pelo fator que exlui seria racialização…

    Mais ou menos como negar que mulheres precisam de tempo maior para licença (maternidade) ou que portadores de necessidades especiais (transitórias ou permanentes) necessitem de acessibilidade…bastava dar esse direito reconhecendo uma suposta igualdade que nos une enquanto humanos…

    Ou negar que pobres necessitem de renda distribuída (inclusão) partindo da premissa que a desigualdade existe! Seria, para o militão, a pobretização dos pobres…

    Ops, como assim????

    A raiz do “pensamento” militonista se aproxima dos que dizem que políticas e programas redistributivistas são esmolas e viciam o pobre…

    O “pensador” segue sua saga, misturando interesses de fundações estadunidenses (sim, podem ser nefastos, eu sei) e a luta pela inclusão, tendo como corte a cor da pele…

    De certo modo, no mundo da disputa pela “cultura”, todas as lutas de inclusão foram “apropriadas” pelo establishment para que não saíssem do controle…

    No entanto, esse não é problema da ideia em si, e sim da luta política e ideológica pelo controle da narrativa social!

     

    Ora pilordas o fato é que mesmo sendo da mesma espécie humana, guardamos diferenças em vários quesitos, e em algum tempo da História, escolheu-se (sim, por questões econômicas, geopolíticas, logísticas, etc) ocupar a África e expatriar negros como mão-de-obra, a partir da ampliação global de um mercado de escravos que se dava em nível inter tribal…

    Desde então, essa “diferença” (de cor da pele) deu azo a um intrincado sistema de exclusão, que até hoje não conseguiu ser debelado em nenhum país onde habitem negros…

     

    Sim, somos todos humanos, mas há humanos tratados como animais e como carne descartável…e dentre esses descartáveis e indesejáveis, o maior contingente é o de negros…

     

    E como dar conta disso?

     

    Dizendo que incluir por essa categoria (cor da pele) não resolve?

    O “jênio”, por certo, se foi a alguma comunidade pobre não entendeu que ali, mesmo ali, há uma série de clivagens que tornam o negro discriminado entre eles (os mais pobres) e dentre os negros e em relação a todos, são as mulheres negras as últimas nessa hierarquia da desigualdade.

    Ou seja, além de distribuir renda entre pobres, e reduzir as desigualdades, é preciso mais ainda quando se tratam dos negros, porque sobre estes recai duplas e triplas categorias de preconceito e exclusão.

    Mas pelas conclusões do militão basta inserir os negros entre os pobres e pronto: distribuída a renda, alcançarão eles (os negros) a inclusão e o fim dos preconceitos!!!

     

    Claro que o processo dos EUA não foi linear e, de certo modo, “acomodou” uma certa parcela em estratos médios, que no fim, acabaram por se isolar da luta por ampliação de direitos e fim das desigualdades…

    Mas a mistificação do “pensador” coloca, maldosamente, nas costas das políticas afirmativas toda a responsabilidade para resolver problemas que são intrínsecos ao capitalismo e da luta de classes pelo controle do aparato ideológico de estado…

    Isso aconteceu, para nossa surpresa, com as classes D e E, que alçadas a classe C acabaram tão ou mais conservadoras que seus pares das classes B e A, engrossando o coro moralista hipócrita que chocou os ovos do golpe e agora choca os de bolsobosta!

    Mas e aí? Esperamos a revolução e deixamos todos na miséria para gerar as condições ideiais para a ruptura????

     

    Pois é…por mim tudo bem, se ele quer esperar, afinal, sou branco…

  5. Quaquaquaquaquá!
    Enquanto o doutor Militão regurgita suas teses mal cozidas pela enésima vez, os alunos negros e pobres da universidade federal em que leciono expandem a cada dia sua consciência de que o racismo institucional é uma realidade a ser combatida — e lutam como podem contra ele, estudando, escrevendo, dançando, cantando, mobilizando-se, celebrando Zumbi. Eles me chamam para seus eventos e lá vou eu, partilhar minhas experiências e meu otimismo causado por eles. Se o Militão aparecesse por aqui, com seu papo aranha e suas alianças com gente ainda mais esquisita que ele próprio, tomaria uma vaia ensurdecedora, pois nenhum jovem consciente compra a mercadoria estragada que o “nobre causídico” tem para vender.

    1. Aceito o convite!

      Prezado professor CARLOS,

      Caso seja de interesse de vossa universidade aceito de bom grado a oportunidade do debate. Não regurgitarei mas fafei as reflexões em conjunto com os jovens talentos da universidade.

      Quanto a ´vaia ensurdecedora´ , apesar de vossa torcida, prefiro acreditar na inteligência dos jovens cotistas, ao contrário de certos docentes e da maioria racista do Congresso Nacional que lhes deferem as ´cotas de humilhação´,por presumi-los pertencentes à ´raça negra´ aquela que presumem seja a ´raça inferior´.

      Se os cotistas chegaram a ocupar essas vagas na universidade, considerando a trajetória deles, são talentos, e alcançariam as mesmas vagas com o honesto critério de ´cotas sociais´, pois, disputariam em igualdade de condições com outros jovens pobres com a mesma origem e a mesma escola pública com suas deficiências e baixa qualificação.

      O que afirmo é a perversidade da lei Saneyista pegar toda uma geração de jovens talentos, pretos e pardos, e intencionalmente lhes conferir uma pecha injusta e mesquinha de uma presumida inferioridade ´racial´, em vez do simples reconhecimento das condições sociais que lhes impedem a concorrência em igualdade de condições.

      Não substime a inteligência de vossos alunos, prezado professor. As ´cotas raciais´ deferidas por Sarney (o projeto era da Senadora Suplente Abedenice Lobão, pelo PL 73/99, da então Deputada Nice Lobão, ex-Secretária de Educação do estado do Maranhão), pois o que foi aprovado foram os ideais racistas da elite Sarney do Maranhão.

      A aprovação do PL 73/99 decorreu da aliança do PT com Sarney, conforme o relatório do Depl. Carlos Abicalil – PT/MS – em que a aprovação da lei de segregação de direitos raciais foi aprovada: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/330424.pdf – em que foi anexado o PL 3627 do governo Lula,

      Tal substitutivo do Deputado petista CARLOS ABOCALIL foi juntado no Senado a outros projetos, recebendo o número de PLC 180/2008, cuja autoria declinada continua sendo da Dep. Nice Lobão – http://legis.senado.leg.br/legislacao/DetalhaSigen.action?id=588087 – e ao final, aprovado, transformou-se na famigerada Lei 12711/2012.

      E essa aprovação no Senado da República, em agosto de 2012, sob a Presidência do Senador José Sarney, que então, no portal da Presidência do Senado se intitulava: “O maior defensor da raça Negra”. Em 2012, publiquei um artigo sobre o relatório da Senadora do PT – Ana Rita/ES, que foi a Relatora encarregada pelo Sarney para aprovação da lei. https://jornalggn.com.br/documento/cotas-raciais-o-projeto-prejudica-pretos-e-brancos-pobres 

      Portanto, ilustre professor, mesmo que o senhor não queira, a autoria do clã Sarney é matéria vencida, com trânsito em julgado, para usar uma linguagem jurídica do fato consumado.

      E, por fim, compreenda professor. Sei que vossa cultura tem pelno conhecimento, mas preciso deixar público. A elite maranhense tem profundo ódio histórico contra os pretos maranhenses. Desde a ´Guerra da Balaidada´- 1838/1841 – sob comando do líder Cosme Bento – o ´Negro Cosme´ que comandou milhares de pretos libertos, quilombolas e escravos. Ele tinha um projeto para aquela que foi a nossa maior rebelião de escravos: a insurreição contra a escravidão, sem outros projetos políticos de poder. Por onde passava declarava a liberdade dos escravos. Inspirados pela libertação dos escravos do Haiti. 

      Por isso, hoje, os afro-maranhenses sobrevivem com o pior IDH dentre todos os pretos e pardos brasileiros. Graças ao patrono da vossa lei ´benéfica´ aos afro-brasileiros.

      Explicarei isso aos cotistas da vossa universidade. Os professores que eles tiveram até agora, por omissão ou ignorâcia, não lhes ensinaram a verdadeira história do Brasil. Eles compreenderão que a lei do Sarney será, nos futuro, prejudicial a todos os afro-brasileiros.

  6. A boa fé da academia:

    “É preciso buscar [formas de luta] que somente o Estado pode oferecer.” No final do vídeo, Miton Santos faz esta afirmação. Ele não se posiciona em nenhum momento à política de cotas como instrumento de integração dos negros e de inclusão social destes, numa sociedade a qual ele, tanto quanto Florestan, Darcy Ribeiro e outros pretendem que seja de brasileiros iguais, idependente de sua origem. Portanto, para Santos, ao menos, não há nenhuma relação direta entre as políticas de fomentação à inclusão social dos negros feita pelo Estado e aquilo que o autor do texto chama de racialização estatal. Ao contrário, a racialização a qual Milton Santos recusa é justamente aquela advinda das classes intelectualizadas e dos movimentos pretensamente identitários. Em resumo, acho que Milton Santos está mais para Gangazumba do que para Zumbi.

    Como todos sabemos, dentro da escola uspiana de filosofia e pesquisas afins, não há problema algum em se retirar do contexto uma fala de um determinado autor e usá-la como bem entende, parasitando sua credibilidade para teses bastante questionáveis. É legítimo. É parte do papel do intelectual. Quem quiser que preste atenção.

  7. O Pelourinho, Estatística de Turismo, o Negro, de Polícia

    A bacia da qual continuam a jogar fora, junto, a criança “preta” ou “pobre”, acredite, só tem a criança, enquanto uns & outros, mais outros que uns, atacam nesse tempo os pretensos moinhos de dividir-se a água, há seculos, outros erguem sua obra prima, sólida e liquída, a desigualdade, donos das bacias e das almas e remidos patrimonialistas do atraso. 

    Se não entender-se isso, não vai entender-se o meio-de-campo do prezado amigo Afonsinho, “que a perfeição é uma meta, defendida pelo goleiro…”. 

  8. Talvez a corrupção racialista que o imperalismo norte-americano injetou no Brasil não tenha mais cura, como se vê nos lamentáveis comentários aqui que simplesmente ignoram a totalidade dos argumentos do presente artigo, do vídeo, e do artigo de Benjamin, para simplesmente voltar a repetir a mesma cantilena composta pelos racialistas de Harvard e Chicago, bancados pela elite capitalista, como se não fosse justo ela a ter sido desmascarada!

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