Chamem o Especialista

“Todo brasileiro é técnico de futebol”. Claro que a escalação do jogador “A” ou “B” para uma determinada posição nunca será unanimidade. E se o for, corre-se o risco de ser uma “burrice”, como já alertava Nelson Rodrigues.

Um bom exemplo (de unanimidade/burrice) são as “escalações” dos entrevistados pelo PIG. Ao pensar uma matéria, parece que eles buscam “fontes previsíveis”, para não correr o risco de levar bola nas costas (para usar o jargão futebolístico). Aconteceu isso recentemente com a Globonews ao entrevistar um brasileiro sobre a eleição de Obama e ter que engolir, ao vivo, o comentário: “Ele não é nenhum Lula”. Pano rápido, disfarça, pois não era isso que eles “imaginavam” que “deveria ser dito”. Onde já se viu, elogiar o Lula?

Assim, para facilitar, se o tema for a regulação da mídia, ou assuntos que afetem os interesses do próprio PIG, escala-se o Miro Teixeira. Ele é “confiável” (para o PIG, claro). Sobre inflação, crescimento ou quaisquer críticas a decisões econômicas, sempre é bom contar com o Maílson da Nobrega. Certamente que o leitor não se lembrará de que o governo do qual ele fez parte quebrou o país. Isso é detalhe. Sobre o “estado laico”, chamem o Yves Gandra, afinal ele é da “Opus Dei” e seu discurso não trará surpresas.

A lista de “especialistas de plantão” parece que já virou um caderninho que todo repórter ou redação do PIG deve ter sempre à mão. Com isso, evita-se ouvir o povo, representantes da sociedade civil organizada e, nunca, em hipótese alguma, deve-se dar espaço aos movimentos sociais. Afinal, é grande a probabilidade destes últimos fazerem parte dos 80% que aprovam os governos luladilmistas. E ai, todo o trabalho do PIG vai por água abaixo. Como uma cachoeira, se é que vocês me entendem.