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Lourdes Nassif
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As matérias para serem lidas e comentadas.

Lourdes Nassif

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  1. reserva cultural num país mestiço como o Brasil não faz sentido

    http://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/03/cultura/1488551982_697528.html

    P. O debate sobre a apropriação cultural ganhou força nas últimas semanas, desde que uma menina branca com câncer relatou ter sido criticada por usar turbante. O que você opina sobre esse debate? E como ele pode ser aplicado no caso do samba? Argumenta-se, por exemplo, que artistas negros morreram de fome ou foram perseguidos pela polícia, enquanto artistas brancos ganharam dinheiro com o samba.

    R. Acho que esse debate é mais complexo do que como vem se dando. Falar de reserva cultural num país mestiço não faz sentido. A riqueza do Brasil é exatamente sua mestiçagem. A gente não pode querer que uma coisa seja de branco, outra de preto e outra de índio. Ou que algo seja coisa de imigrante ou de japonês. O Brasil é a mistura. Querer definir o que é território especifico de determinados segmentos racial é um pouco limitado. Se é por esse viés, eu que sou um cearense radicado em São Paulo jamais deveria estar falando de samba. Os brancos contribuíram e muito para a evolução do gênero. Basta falar de um nome: Noel Rosa. A história do samba e do próprio Brasil não faz sentido sem esse nome. O que seria do samba sem o papel fundamental de Francisco Alves, o cantor que popularizou e democratizou o samba para as classes médias? Aí tem aquela velha vitimização de dizer que ele roubava ou comprava os sambas e gravava como se fosse dele. Isso era algo que se dava de forma natural. O próprio Cartola dizia que ele, Noel e o Ismael Silva vendiam muitos sambas. Para eles era muito importante. O que não podemos é querer analisar o passado com os olhos de hoje, com os valores de hoje. Hoje parece uma sacanagem o sambista vender seu samba. Naquele momento era uma questão de sobrevivência e mais do que isso. Eles não eram pobres coitados que estavam sendo explorados pelo Francisco Alves. Aquilo era do jogo deles. Eles próprio roubavam sambas entre si, compravam sambas entre si. A questão é sempre mais complicada. E eu procuro mostrar exatamente isso: não faz sentido entender uma manifestação cultural tão rica se você quer transformá-la unicamente em um gênero afro. O samba em sua origem sofreu influências outras. A base rítmica é africana, dos bantus da Angola. Mas aí entram outros elementos, como o fandango, a rabaneira, a polka europeia. Sou radicalmente contra o discurso de purismo. Isso é também uma espécie de higienização. Então vamos limpar tudo que não seja de influência africana ou brasileira? Não existe isso. Se você for relegar qualquer influência externa, tira o violão da história. A rigor nos vai sobrar como autêntico a música ameríndia. Porque tudo o mais é mistura.

    1. Excelente!
      Daqui a pouco vão inventar que henna e kajal também são de uso restrito. Ou senão apropriação indébita. O mundo desmoronando..

  2. Enquanto o Moro e a Globo perseguem o Lula, o Brasil desemprega

    Fronteiras, Piauí: 11 mil habitantes, 500 desempregados, só hoje

    fechadocimento

    A cidade de Fronteiras, no Piauí, junto à divisa com Ceará e Pernambuco, era naquele pobre estado nordestino, o segundo maior PIB per capita.

    A riqueza da cidade, se fosse dividida pelos seus pouco mais de 11 mil habitantes, daria, em 2014, segundo o IBGE era de perto de R$ 20 mil reais.

    Os empregos na cidade eram, naquele ano, 1.365, pagando, em média 2,4 salários mínimos.

    Eram, bem entendido.

    Porque hoje, 480 das pessoas empregadas em Fronteiras, já não estão mais.

    A Fábrica de Cimento Itapissuma, do Grupo Nassau, fechou as portas e mandou todos os seus trabalhadores para o olho da rua.

    Todos, de uma só vez.

    Nada menos que 35% de todos os trabalhadores do municípios que, somados aos 200 que já havia demitidos há 15 dias.

    O que faz, em 15 dias, que a taxa de desemprego de Fronteiras, o desemprego – se ninguém mais tiver sendo demitido, o que é impossível diante da dependência de uma pequena cidade diante de uma grande empresa – tenha atingido a inacreditável taxa de 50%.

    O resto não está desempregado porque segue no eito, brigando contra a seca.

    Mas nas vendas da cidade não vai haver mais quem compre o feijão que sai dos roçados.

    No comunicado em que a empresa os atira na rua, fala-se em queda de 80% nas vendas de cimento.

    O cimento, por suas características de logística é consumido na região Nordeste e não é preciso muito para imaginar o que acontece por lá na construção civil, que multiplica aos milhares do 480 sem-futuro de Fronteiras.

    São, como diz o ministro Henrique Meirelles, os “sinais inequívocos da retomada econômica”.

      

  3.  
    https://www.cartacapital.co

     

    https://www.cartacapital.com.br/revista/941/qual-e-o-plano-do-facebook-para-dominar-o-mundo/
     

    Qual é o plano do Facebook para dominar o mundo?

    Zuckerberg

    Seria de esperar, após a eleição de Donald Trump, alguma autocrítica por parte dos executivos do Facebook, mais eficiente das ferramentas para a difusão dos boatos e mensagens de ódio que contribuem para a ascensão da ultradireita no mundo.

    Foram anunciadas em janeiro ideias sobre consultar agências especializadas na veracidade de notícias e restringir anúncios pagos em publicações de produtores contumazes de falsidades, até agora com poucos resultados práticos, mas faltava uma reflexão mais geral sobre o papel da rede.

    Na quinta-feira 16, Mark Zuckerberg por fim a proporcionou – e o resultado é tão assustador quanto a própria ascensão da extrema-direita. Nesse manifesto de 6 mil palavras, “Construir a Comunidade Global”, exibe-se a pretensão não de aperfeiçoar um produto, mas de substituir os quatro poderes, mídia incluída, e ditar o destino do mundo. Alguns excertos:

    “Nosso próximo foco será desenvolver infraestrutura social para a comunidade – para nos apoiar, para nos manter seguros, para nos informar, para o engajamento cívico e para a inclusão de todos. A história é a narrativa de como aprendemos a conviver em números cada vez maiores, de tribos a cidades e nações. Hoje estamos perto do próximo passo. O Facebook propõe-se a construir uma comunidade global. Questiona-se se podemos fazê-la funcionar para todos e se o caminho é conectar mais ou voltar para trás. Vozes temerosas pedem a construção de muralhas.

    Nosso sucesso não se baseia apenas em se podemos capturar vídeos e compartilhá-los com amigos. É sobre se estamos construindo uma comunidade que ajude a nos manter seguros, que previna danos, ajude nas crises e na posterior reconstrução. Nenhuma nação pode resolver esses problemas sozinha.

    Os atuais sistemas da humanidade são insuficientes. Esperei muito por organizações e iniciativas para construir ferramentas de saúde e segurança por meio da tecnologia e fiquei surpreso por quão pouco foi tentado. Há uma oportunidade real de construir uma infraestrutura de segurança global e direcionei o Facebook para investir mais recursos para atender a essa necessidade”.

    O Facebook, conhecido em toda parte por se esquivar de impostos e de responsabilidades legais e morais, propõe-se a exercer em escala mundial funções típicas de um governo – se não também de uma igreja – e ainda monopolizar o acesso à informação. Se Zuckerberg tivesse anunciado abertamente a intenção de se candidatar à Presidência dos EUA, como chegou a se especular há algumas semanas, seria menos preocupante.

    Ganhar bilhões com convencer as pessoas a desnudar a alma na internet e vender informações sobre elas a empresas e políticos já é ruim o suficiente. Enquanto Hillary Clinton conduziu uma campanha pela tevê difundida ao público geral, Trump baseou-se na rede social para direcionar anúncios a segmentos específicos e testar as reações a pequenas variações.

    Propaganda anti-imigração, por exemplo, foi especialmente direcionada aos fãs de The Walking Dead após se constatar uma forte correlação entre xenofobia e o gosto pelo seriado e escondida de setores (latinos, por exemplo) que a consideravam antipática.

    Com esse manifesto o Facebook propõe-se, porém, não apenas a catalogar identidades, opiniões, preferências, relações sociais e comunidades para lucro financeiro ou político de terceiros, mas a moldá-las e administrá-las conforme a visão da equipe de Zuckerberg, que não presta contas à democracia nem a ninguém, enquanto torna cada vez mais dependente dessa “infraestrutura” a busca de relacionamentos sociais, afetivos e profissionais e até o deslocamento no mundo real: uma viagem à Florida pode hoje depender da abertura de uma conta na rede social às autoridades dos EUA e estas ficarem satisfeitas com o que virem.

    À luz dessa realidade, estes trechos soam ameaçadores: “Em campanhas recentes, dos EUA à Índia, passando pela Europa, vimos vencerem os candidatos com seguidores (no Facebook) mais numerosos e entusiasmados. Podemos estabelecer o diálogo e a prestação de contas diretamente com os líderes eleitos”. Conforme pergunta uma jornalista do Guardian, Carole Cadwalladr, como reagiríamos se Zuckerberg se chamasse Mikhail e sua empresa fosse sediada em Moscou?

    Acrescente-se que, no Brasil, 55% pensam que o Facebook é a internet, assim como 58% na Índia, 61% na Indonésia e 65% na Nigéria, diz pesquisa da revista Quartz de fevereiro de 2015. A maioria dessas pessoas jamais pagará assinaturas físicas ou digitais de jornais e revistas e aceitará a informação como for apresentada na rede de Zuckerberg.

    A possibilidade de descobrir outra coisa nem sequer existe para os mais de 40 milhões de usuários da internet.org, parceria de Zuckerberg com empresas de telecomunicações que oferece conexão grátis limitada ao Facebook e Wikipédia em vários países da América Latina, África e Ásia.

    A seleção dessa informação tem sido baseada em grande parte em usuários dispostos a prestar serviços gratuitos como cobaias, editores e curadores. Os algoritmos sabidamente selecionam o que é apresentado em função de preferências anteriores, pois os usuários permanecem mais tempo ligados e clicam mais anúncios se não forem tirados de suas zonas de conforto.

    Como também é notório, a exclusão de postagens e a suspensão ou expulsão de usuários baseiam-se em critérios ridículos, indiferentes a mentiras, mensagens de ódio e cenas de violência, impiedosos contra imagens de mamilos e nus artísticos e submissos a qualquer grupo organizado disposto a denunciar em massa quem postar mensagens – na maioria das vezes, feministas ou antirracistas – que lhes desagradem. Como será no futuro? 

    Zuckerberg conta com inteligências artificiais capazes de assinalar postagens “ofensivas” e capacitar os usuários a fazer sua própria censura: “Onde está seu limite para nudez, violência, imagens chocantes e obscenidades? Você decidirá suas preferências pessoais. Para quem não tomar uma decisão, a configuração predefinida será da maioria das pessoas de sua região, como em um referendo”.

    Quem morar em uma região conservadora, verá apenas mensagens selecionadas por critérios conservadores. Em tese poderá decidir por outros filtros, mas, se acaso conseguir decifrar o funcionamento dos opacos algoritmos da rede, seu inconformismo logo será óbvio para os demais usuários e as autoridades.

    Ao menos caiu a máscara com a qual o Facebook se apresentava como uma plataforma neutra para mensagens de responsabilidade de terceiros. Admitiu uma agenda política com o objetivo de conformar o mundo ao seu gosto e a um ideal tecnocrático que, tanto quanto o autoritarismo racista de Trump e Le Pen, fede aos anos 1930 e neles foi satirizado por Aldous Huxley em Admirável Mundo Novo. Cabe a quem acredita na democracia desafiá-la e buscar os meios de tirar do monopólio privado os meios de ditar a opinião e o interesse público. 

     

     

  4. O nada e o ódio

    Por engano publiquei no “Fora de Pauta” quando o correto teria sido publicar aqui:

    Mais um belo artigo de Eliane Brum do El País.

    Desta vez, Eliane foca sua atenção, com a sensibilidade que lhe é peculiar, sobre as duas mulheres de quem Lula enviuvou: Maria de Lurdes Ribeiro da Silva e Marisa Letícia Lula da Silva.

    “As mortes de Maria e de Marisa expõem a tragédia de ontem e a de hoje”

    “Acaba de completar um mês da morte de Marisa Letícia Lula da Silva. E na sexta-feira, 3 de março, sua memória era objeto de disputa: o juiz Sérgio Moro arquivou as acusações contra ela na ação penal da Lava Jato que envolve o triplex de Guarujá, como determina a lei em caso de falecimento, mas decretou apenas “a extinção de punibilidade”. A defesa afirmou que vai questionar a decisão porque o juiz deveria ter decretado também a “absolvição sumária”. A disputa não é apenas semântica ou jurídica, mas política. A morte de Marisa, esta que se tornou exposta, revela muito do que se tornou o Brasil. Tanto quanto, mais de 40 anos atrás, a morte de Maria de Lourdes, a primeira mulher do ex-presidente, revelava pelo avesso o que éramos e ainda somos. Há algo que une essas duas mortes para além de Lula. Algo que fala de corpos objetificados e de invisibilidades.”

    Artigo completo em:

    http://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/06/opinion/1488822564_205808.html

      1. Tenebroso
        “…mas esta tragédia diz respeito menos a elas e mais ao que somos e ao que nos tornamos como sociedade.”

        Excelente artigo. Retrato que apavora.

  5. Ele acredita mesmo no que fala ? ou, Não tá nem aí ?

    Ter , 07/03/2017 às 10:54

    País ainda efeitos da recessão, mas começa a crescer, diz Meirelles

    André Ítalo Rocha, Lorenna Rodrigues e Fernando Nakagawa

    O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ressaltou nesta terça-feira, 7, que o Brasil tem voltado à normalidade, não só no ambiente político, mas também na economia, destacando que até mesmo a população, e não apenas os agentes do mercado financeiro, tem percebido a melhora econômica e tem reagido a isso com aumento da confiança.

    Meirelles disse que o País ainda sente os efeitos da recessão, como resultado de políticas do governo anterior, mas destacou que a economia brasileira já começa a crescer. “Isso (a retomada) é resultado de medidas que mudam o horizonte de crescimento e de medidas que buscam assegurar que de, fato, o País saia da crise e venha a crescer a taxas mais elevadas”, afirmou.

    O ministro disse nesta terça que “a retomada da economia, no fim do ano passado, de fato, não foi tão rápida”, em referência ao resultado do PIB no quarto trimestre, que mostrou queda em relação ao terceiro trimestre e na comparação com o quarto trimestre de 2015. Afirmou, no entanto, que até mesmo o mercado de trabalho, que ainda apresenta resultados piores a cada mês, “já reverteu a tendência”.

    Meirelles destacou também, como sinal de retomada da economia, que a confiança da indústria voltou a subir em maio do ano passado, ao perceber que haveria uma troca de governo, e, apesar de uma interrupção do aumento da confiança em agosto e setembro, subiu “fortemente” em janeiro de 2017, o que, segundo ele, reflete o avanço da confiança do consumidor e de outros setores.

    [http://atarde.uol.com.br/economia/noticias/1843967-pais-ainda-efeitos-da-recessao-mas-comeca-a-crescer-diz-meirelles]

  6. O destino de Lula na Justiça está imbricado com o futuro da demo

    O destino de Lula na Justiça está imbricado com o futuro da democracia.

    Por Aldo Fornazieri

    Email07 Mar 2017por :   

     

    sergio-moro-lula

    Publicado no JornalGGN.

       

     

    POR ALDO FORNAZIERI, professor da Escola de Sociologia e Política de São Paulo

    O juiz Sérgio Moro, como se sabe, marcou a data do depoimento de Lula, na condição de  réu, para o dia 3 de maio. Nas últimas semanas Lula voltou a ocupar grande espaço nas mídias de todas as colorações e nas redes sociais, por duas razões: a aproximação do desfecho de sua situação nas denúncias da Lava Jato e as movimentações em torno da sua candidatura. Os dois movimentos terão uma evolução inseparável e, o segundo, embora possa ser temporalmente antecipado, dependerá inextricavelmente do destino do ex-presidente no Judiciário.

    ​É nesse contexto que petistas e progressistas em geral parecem estar embarcando numa nova canoa da ilusão. Não resta a menor dúvida de que Sérgio Moro, pelas suas parcialidades, pelo uso político sistemático de conduções coercitivas, prisões, delações premiadas e vazamentos politicamente orientados fez parte, de forma ostensiva, do golpe que derrubou Dilma. O golpe, com vários interesses agregados, tinha o como objetivo central retomar inteiramente o controle do Estado por parte da elite nativa, aliada ao capital financeiro e transnacional. Para que este controle seja garantido, o golpe se subdividiu em duas etapas, sendo a primeira, a retirada de Dilma do governo e, a segunda, o impedimento da candidatura Lula em 2018.

    A ilusão petista-progressita reside exatamente aqui: a crença de que Moro e as demais forças do Judiciário e do Ministério Público, articuladas com o projeto de afastar os segmentos populares e de esquerda do poder, não terão coragem para prender Lula ou de, alguma maneira, impedi-lo de ser candidato a presidente. Ora, essas forças não teriam pago o preço de destruir a democracia, de aprofundar a crise econômica, de achacar os direitos e o mínimo de bem estar dos trabalhadores para deixar o serviço pela metade.

    O lançamento prematuro da candidatura Lula parece conter dois elementos de estratégia: 1) constranger sua condenação nos processos em que é réu; 2) defini-lo como a bala de prata do PT em 2018 e no futuro próximo, pois sem Lula o partido não será capaz de se recuperar no médio prazo. É duvidoso que esta estratégia seja a mais correta por que: a) o lançamento de sua candidatura estreita e restringe o movimento de sua defesa, e b) a sua possível candidatura deveria vir no bojo de um processo de reformulação programática e de construção de um leque amplo de forças para sustentá-la, com uma concepção voltada mais para enfrentar os desafios futuros do que olhar para o passado.

    Uma estratégia mais sensata e eficaz parece ser a de criar um amplo movimento democrático e progressista de defesa de Lula, denunciando a parcialidade da Lava Jato, a ação persecutória contra o ex-presidente e a inconsistência jurídica das acusações que são lançadas contra ele. Esse movimento deveria se estruturar independentemente das opções de candidaturas para 2018. O lançamento prematuro da candidatura Lula inibe esta opção. Ademais, esse movimento deveria se articular com as lutas populares contra a reforma da Previdência e das demais reformas retrógradas, com a exigência de renúncia de Temer, com a antecipação das eleições gerais e com o combate à corrupção.

    Os testes das esquerdas e a hora da verdade

    A atual conjuntura é marcada pelo seguinte paradoxo: existe uma monumental desmoralização do governo Temer e profunda deslegitimação das instituições em contraste com a clara liderança de Lula nas pesquisas eleitorais e, mesmo assim, as forças populares e progressistas não são capazes de promover manifestações significativas contra o governo e contra as reformas anti-sociais. A desmoralização do governo, do PMDB e do PSDB empurra cada vez mais os movimentos que se mobilizaram pelo impeachment a buscar a construção de uma candidatura de direita e a retomar as mobilizações de rua.

    A hora da verdade das esquerdas e dos progressistas chegará, mais uma vez, por razões históricas. Tome-se como referência apenas três fatos históricos Em 1964 garantia-se a Jango que ele dispunha de sustentação sindical, social e militar para resistir ao golpe. Jango foi derrubado sem que houvesse resistência significativa. Na campanha das Diretas Já, milhões de pessoas foram às ruas defendendo esta bandeira. Na hora decisiva, os liberais conservadores fizeram um acordo com parte da direita e desaguaram o movimento no Colégio Eleitoral sem que houvesse uma reação dos setores populares e progressistas para garantir as eleições diretas.

    Finalmente, no processo de impeachment de Dilma falou-se em “exército do Stédile”, garantiu-se que as forças da CUT “desceriam às trincheiras” para defender a democracia, proclamou-se que “golpistas, fascistas não passarão” etc. No dia 17 de abril de 2016, data efetiva do golpe, quem estava no Vale do Anhangabaú viu algumas milhares de pessoas se retirarem cabisbaixas de desmoralizadas com o acolhimento do impeachment por uma horda de deputados que gerou vergonha e perplexidade no mundo pela sua desqualificação. Não houve nenhuma reação. O próprio comando do governo e do PT errou gravemente de avaliação, pois, dois dias antes da decisão da Câmara, julgava-se que Dilma teria votos suficientes para barrar o impeachment.

    As lições da história mostram que os democratas, os progressistas e as esquerdas não foram efetivos na construção de uma consolidada democracia social no Brasil. Nos momentos críticos em que isto poderia proporcionar uma virada, essas forças foram derrotadas até mesmo quanto o elemento militar não interveio no jogo político. A causa principal dessas derrotas está na incompreensão do fator força organizadapara promover as mudanças. Negligenciar a organização e o acúmulo de forças políticas e sociais significa perder no jogo institucional quando o país passa por momentos críticos e os avanços conquistados podem sofrer graves retrocessos, a exemplo do que ocorre neste momento.

    Se Lula for preso ou impedido de ser candidato o que acontecerá? Esta pergunta não tem uma resposta assertiva. Não basta apenas proclamar que “Lula é meu amigo: mexeu com ele, mexeu comigo”. Esta proclamação só será algo efetivo se existir força organizada capaz de barrar a prisão ou a inviabilização da candidatura de Lula nas ruas.

    Independentemente de se apoiar ou não uma eventual candidatura Lula em 2018 é preciso perceber que o jogo do seu destino na Justiça está imbricado com o futuro da democracia. Por isso, a tarefa agora não é definir candidaturas, mas ganhar esse jogo. Caso contrário, os trabalhadores e movimentos sociais sofrerão uma devastadora derrota histórica e a destruição do Brasil será de tal magnitude que serão necessárias décadas para se recuperar. Afinal de contas estamos diante de um governo que destrói de forma sistemática e organizada as linhas de força que poderiam imprimir alguma significação positiva ao Brasil no futuro. Estamos diante de um governo que faz da humilhação e da degradação do povo o seu método de governar.

    Queira-se ou não, goste-se ou não, o fato é que a realidade impôs uma imbricação entre o destino jurídico de Lula e o destino da democracia, já que a solução desta equação dirá se o golpe sairá inteiramente vitorioso ou parcialmente derrotado. Neste momento parece que a  possibilidade da consumação completa do golpe é maior, pois, de um lado, as esquerdas críticas ao PT não conseguem compreender o que está em jogo e o PT prefere jogar com uma única bala de prata.

     

  7. Análise de Luis Felipe Miguel
    Análise de Luis Felipe Miguel sobre a possível candidatura de Lula em 2018.

    http://grupo-demode.tumblr.com/post/158104109662/lula-n%C3%A3o-pode-ser-a-normaliza%C3%A7%C3%A3o

    Lula não pode ser a normalização
    Luis Felipe Miguel
    Intelectuais e artistas lançaram manifesto pedindo que Lula assuma, desde já, sua candidatura à presidência da República. No tom laudatório e hiperbólico próprio destes documentos, o texto afirma que o retorno de Lula é a única maneira do povo brasileiro recuperar sua dignidade depois do golpe e de todo o retrocesso que o governo Temer promoveu e está promovendo.

    [ilustração de Katarzyna Dyjewska]
    Não há como negar que a performance do ex-presidente nas pesquisas pré-eleitorais é impressionante. Lula é vítima de uma massacre midiático, que vem de muitos anos e se intensificou nos últimos tempos. Sofre uma perseguição por parte do aparelho repressivo de Estado que é a ilustração perfeita do lawfare. Não há boato que seja absurdo demais que não possa ser lançado contra ele e, na ausência de provas, sempre há uma grande convicção para condená-lo a qualquer coisa. Ainda assim, é o favorito para 2018. Uma demonstração de que as políticas iniciadas em seu governo de fato beneficiaram significativamente os mais pobres – por mais que tenham sido apenas compensatórias, acomodatícias, tímidas, incapazes de desafiar a lógica social dominante e todas as outras críticas, muitas delas válidas, que a esquerda lhes dirige.
    A vitória eleitoral de Lula em 2018 é uma possibilidade palpável. Por isso, a direita não abandona a alternativa de torná-lo inelegível, talvez até de prendê-lo. Uma manobra que pode ter um custo alto; afinal, a condução coercitiva decretada pelo capataz Sérgio Moro, em 4 de março de 2016, foi, de todas as ações que antecederam ao golpe, a que gerou maior reação popular. Mexer com Lula, ainda mais quando ele desponta como forte candidato à presidência, pode ser o estopim para acordar a resistência que ainda permanece adormecida. Essa é também uma das razões do manifesto. Quanto mais a candidatura estiver posta, maior o custo de impedi-la.
    Mas essa aposta na vitória de Lula reedita a ideia, que o golpe de 2016 deveria ter enterrado, de que a solução para a crise política se dá por meio da recomposição de uma maioria eleitoral democrática e progressista. Ora, a derrubada de Dilma mostrou exatamente a fragilidade das “regras do jogo”. A maioria eleitoral é impotente se não encontrar, na capacidade de mobilização popular, os meios para se impor.
    Sob certo ponto de vista, a vitória de Lula pode significar o desfecho perfeito para o golpe de 2016. É verdade que o ex-metalúrgico é odiado, que muitos dos que foram às ruas de camiseta do CBF devotam a ele uma raiva insana, parte pelo que fez, parte pelo que simboliza. São pessoas que preferem ver Belzebu no Planalto a encarar Lula como presidente de novo. Mas, como diz um aforismo de autoria incerta, que circula pelas redes sociais, “a classe dominante não tem ódio. Tem astúcia. O ódio ela terceiriza.”
    O realismo político fez Lula aceitar limites muito estreitos para a transformação social no Brasil. O lulismo é a consequência disso: um projeto desmobilizador, para não assustar a classe dominante; inclusivo, mas não igualitário, para não ameaçar os privilegiados; voltado a reduzir a pobreza sem tocar na apropriação privada do fundo público. Foi uma opção de menor atrito para fazer frente às premências da condição de vida da maioria do povo brasileiro, uma opção que pareceu exitosa, mas que a derrubada de Dilma mostrou que atingira seu extremo. Para nossas elites, até um pouquinho de igualdade já é demais.
    Desde o golpe, Lula e o campo majoritário do PT têm emitido sinais ambíguos para a resistência popular. Se sua candidatura representar um lulismo 2.0, isto é, turbinado para se adaptar aos limites ainda mais estreitos que as classes dominantes estão estabelecendo para a expressão do conflito político, uma nova presidência de Lula significará a normalização da nova ordem, mais perfeita do que seria possível sob qualquer político conservador. Um presidente “de esquerda”, mas acomodado a um cenário em que os direitos estão perdidos, a economia está mais desnacionalizada e a Constituição de 1988 foi transformada em escombros. E a luta popular novamente canalizada para as eleições, ainda que se saiba que seus resultados podem ser revistos quando interesses poderosos se unem.
    Os coxinhas podem tremer de ira, mas para o capital um resultado destes estaria longe de ser ruim. É por isso que nunca é demais reiterar: não podemos reduzir a luta política à sua dimensão eleitoral ou mesmo institucional. Não se trata de ignorar as eleições, mas sim de não vê-las como o objetivo principal. A resistência que vier das ruas há de se espelhar nas urnas – mas o polo dinâmico, que imprime a direção, precisa estar sempre nas ruas.
    Qualquer candidatura, para se credenciar a representante do campo popular, precisa incorporar esta percepção. O objetivo não pode ser conquistar um cargo, por mais poderoso que ele possa parecer, e se adaptar a seu exercício nas condições hoje estabelecidas, mesmo que com a intenção de minorar as agruras das classes populares. O objetivo é o desfazimento do golpe, o que requer o enfrentamento às claras com os interesses que o produziram. Se isso não estiver bem nítido, esta candidatura será nossa adversária. Mesmo se for a de Lula.
    (7 de março de 2017.)

  8. IBGE confirma: golpe arrasou a economia

    Brasil 247

     

    IBGE confirma: golpe arrasou a economia

     

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou na manhã desta terça-feira, 7, que o golpe parlamentar perpetrado pela aliança PSDB-PMDB contra a presidente Dilma Rousseff arruinou a economia brasileira no ano passado; Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no ano pelo país, registrou uma queda de 3,6% em relação a 2015, quando o PIB também recuou 3,8%; somatório de riquezas do País ano passado ficou em R$ 6,3 trilhões; apenas no último trimestre, a queda foi de 0,9% em relação ao terceiro trimestre de 2016; comparado com o mesmo período de 2015, o recuo foi de 2,5%

    7 de Março de 2017 às 09:15 // 

    247 – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmou na manhã desta terça-feira, 7, que o golpe parlamentar perpetrado pela aliança PSDB-PMDB contra a presidente Dilma Rousseff arruinou a economia brasileira no ano passado. 

    O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas no ano pelo país, registrou uma queda de 3,6% em relação a 2015, quando o PIB também recuou 3,8%.  

    Somatória de riquezas do País ano passado ficou em R$ 6,3 trilhões.  

    Leia material divulgado pelo IBGE sobre o assunto:

    PIB recua 3,6% em 2016 e fecha ano em R$ 6,3 trilhões  

    Em 2016, o PIB caiu 3,6% em relação ao ano anterior, queda ligeiramente menor que a ocorrida em 2015, quando havia sido de 3,8%. Houve recuo na agropecuária (-6,6%), na indústria (-3,8%) e nos serviços (-2,7%). O PIB totalizou R$ 6.266,9 bilhões em 2016.

    O PIB caiu 0,9% no 4º trimestre de 2016 frente ao 3º trimestre, levando-se em consideração a série com ajuste sazonal. É o oitavo resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. A agropecuária cresceu 1,0%, enquanto que a indústria (-0,7%) e os serviços (-0,8%) recuaram.

    Na comparação com o 4º trimestre de 2015, o PIB sofreu contração de 2,5% no último trimestre de 2016, o 11º resultado negativo consecutivo nesta base de comparação. Houve queda na agropecuária (-5,0%), na indústria (-2,4%) e nos serviços (-2,4%).

    A publicação completa da pesquisa pode ser acessada aqui.

     

    PIB cai 0,9% em relação ao 3º tri de 2016

    A queda de 0,9% no 4º trimestre de 2016 resulta dos seguintes desempenhos: agropecuária (1,0%), indústria (-0,7%) e serviços (-0,8%). Na indústria, houve crescimento de 0,7% na extrativa mineral. A indústria de transformação (-1,0%) e a construção (-2,3%) apresentaram queda. Já a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou variação negativa de 0,1% no trimestre.

    Nos serviços, todas as atividades apresentaram resultado negativo, especialmente os serviços de informação (-2,1%) e transporte, armazenagem e correio (-2,0%), seguidas por comércio (-1,2%), outros serviços (-0,9%), intermediação financeira e seguros (-0,7%), administração, saúde e educação pública (-0,6%) e atividades imobiliárias (-0,2%).

    Pela ótica da despesa, o consumo das famílias (-0,6%) caiu pelo oitavo trimestre seguido, e a formação bruta de capital fixo (FBCF) manteve resultado negativo (-1,6%). A despesa de consumo do governo (0,1%) manteve-se praticamente estável em relação ao trimestre imediatamente anterior.

    Em relação ao 4º trimestre de 2015, PIB recua 2,5%

    Com a queda de 2,5% frente ao 4º trimestre de 2015, o valor adicionado a preços básicos caiu 2,3% e os impostos sobre produtos líquidos de subsídios recuaram em 3,3%.

    A agropecuária apresentou queda de 5,0% em relação a igual período do ano anterior. A indústria teve queda de 2,4%, sendo que a transformação também recuou 2,4% e a construção caiu 7,5%. Já a extrativa mineral se expandiu em 4,0% em relação ao quarto trimestre de 2015, puxada principalmente pelo crescimento da extração de petróleo e gás natural. A atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana registrou expansão de 2,4%.

    O valor adicionado de serviços caiu 2,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, com destaque para a contração de 7,5% de transporte, armazenagem e correio e de 3,5% do comércio (atacadista e varejista). Também apresentaram resultado negativo as atividades de intermediação financeira e seguros (-3,4%), serviços de informação (-3,0%), outros serviços (-2,6%) e administração, saúde e educação pública (-0,7%). As atividades imobiliárias (0,1%) mantiveram-se praticamente estáveis no período.

    Pelo sétimo trimestre seguido, todos os componentes da demanda interna apresentaram queda, sendo que o consumo das famílias (-2,9%) apresentou a oitava queda seguida. Este resultado pode ser explicado pelo comportamento dos indicadores de crédito, emprego e renda ao longo do período.

    Já a formação bruta de capital fixo caiu 5,4%, a 11ª queda consecutiva. Este recuo é justificado, principalmente, pela queda das importações de bens de capital e pelo desempenho negativo da construção neste período. A despesa de consumo do governo variou negativamente em 0,1% em relação ao quarto trimestre de 2015.

    PIB tem queda de 3,6% em 2016

    Em 2016, o PIB sofreu contração de 3,6% em relação a 2015. Essa queda resultou do recuo de 3,1% do valor adicionado a preços básicos e da contração de 6,4% nos impostos sobre produtos líquidos de subsídios. O resultado do valor adicionado refletiu o desempenho das três atividades que o compõem: agropecuária (-6,6%), indústria (-3,8%) e serviços (-2,7%).

    O PIB per capita teve queda de 4,4% em termos reais, alcançando R$ 30.407. O PIB per capita é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela população residente no meio do ano.

    O decréscimo da agropecuária em 2016 (-6,6%) decorreu, principalmente, do desempenho da agricultura. Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da atividade de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, que cresceu 4,7% em relação a 2015. A indústria de transformação teve queda de 5,2% no ano. A construção sofreu contração de 5,2%, enquanto que a extrativa mineral acumulou recuo de 2,9%, influenciada pela queda da extração de minérios ferrosos.

    Dentre as atividades que compõem os serviços, transporte, armazenagem e correio sofreu queda de 7,1%, seguida por comércio (-6,3%), outros serviços (-3,1%), serviços de informação (-3,0%) e intermediação financeira e seguros (-2,8%). As atividades imobiliárias variaram positivamente em 0,2%, enquanto que a administração, saúde e educação públicas (-0,1%) ficou praticamente estável em relação ao ano anterior.

    Na análise da despesa, pelo terceiro ano seguido houve contração da FBCF (-10,2%). Este recuo é justificado pela queda da produção interna e da importação de bens de capital, sendo influenciado ainda pelo recuo da construção. A despesa de consumo das famílias caiu 4,2% em relação ao ano anterior (quando havia caído 3,9%), explicado pelo deterioração dos indicadores de juros, crédito, emprego e renda ao longo de todo o ano de 2016. A despesa do consumo do governo, por sua vez, caiu 0,6%, ante uma queda de 1,1% em 2015.

    Já no setor externo, as exportações de bens e serviços cresceram 1,9%, enquanto que as importações de bens e serviços caíram 10,3%.

    PIB atinge R$ 6,3 trilhões em 2016

    O Produto Interno Bruto em 2016 totalizou R$ 6.266,9 bilhões. A taxa de investimento no ano de 2016 foi de 16,4% do PIB, abaixo do observado no ano anterior (18,1%). A taxa de poupança foi de 13,9% em 2016 (ante 14,4% no ano anterior).

    http://www.brasil247.com/pt/247/economia/283660/IBGE-confirma-golpe-arrasou-a-economia.htm

     

     

  9.  
    http://www.repubblica.it/es

     

    http://www.repubblica.it/esteri/2017/03/07/news/wikileaks_cosi_la_cia_ci_spia-159968008/?ref=RHPPLF-BH-I0-C8-P1-S1.8-T1
     

    Così la Cia ci spia: Wikileaks pubblica migliaia di file riservati sull’Agenzia

    Così la Cia ci spia: Wikileaks pubblica migliaia di file riservati sull'AgenziaE’ il primo sguardo ai segreti più segreti della Cia. L’ultima generazione di sistemi con cui l’Agenzia può entrare nelle nostre vite, trasformando anche un innocuo televisore in un sistema che capta ogni conversazione nel salotto di casa nostra. Entrando nell’intimità dei momenti più privati, penetrando persino i dispositivi smart che formano l”internet delle cose”, il futuro molto prossimo dell’economia mondiale.

    ENGLISH VERSION

    Questi sistemi top secret vengono rivelati per la prima volta da WikiLeaks grazie a 8761 file sulla divisione della Central Intelligence Agency che sviluppa software e hardware per sostenere le operazioni di spionaggio. E ancora una volta, sette anni dopo le rivelazioni di Chelsea Manning e quattro dopo quelle di Edward Snowden, l’intelligence americana si trova di fronte a quella che appare essere una nuova grave crisi, perché secondo quanto afferma WikiLeaks, questi materiali pubblicati oggi sono solo “la punta dell’iceberg”.

    L’organizzazione di Julian Assange potrebbe essere in possesso di migliaia di altri documenti e addirittura delle armi cibernetiche della Central Intelligence Agency: l’Agenzia, infatti, stando a quanto rivela il team di Assange, ha perso il controllo del suo cyber-arsenale.
     
    Repubblica ha avuto accesso agli 8mila file di WikiLeaks in esclusiva mondiale: documenti che appaiono recenti. Il tempo concesso al nostro giornale non ha permesso di completare le verifiche su questi materiali, di natura altamente tecnica, che sono già stati vagliati dagli specialisti dell’organizzazione e che potranno essere verificati in modo indipendente dagli esperti di software di tutto il mondo, ora che sono pubblici.

    Dai documenti affiora anche un riferimento diretto a vicende italiane: l’Agenzia statunitense si è interessata al caso di Hacking Team, l’azienda milanese di cybersorveglianza. Quando nel 2015 la società è stata penetrata da hacker mai identificati, la Cia ha deciso di analizzare i materiali finiti in rete. “I dati pubblicati su internet includono qualsiasi cosa uno possa immaginare che un’azienda abbia nelle proprie infrastrutture”, scrive l’Agenzia, “nell’interesse di apprendere da essi e di usare (questo) lavoro già esistente, è stato deciso di fare un’analisi di alcune porzioni di dati pubblicati”.

    Molti dei file contengono anche le identità dei tecnici della Cia, che WikiLeaks non ha pubblicato e ha omissato. Secondo quanto ricostruiscono Assange e il suo staff, “i file provengono da una rete isolata e altamente sicura situata all’interno del centro di Cyber intelligence di Langley, in Virginia”, dove ha sede la Cia e “pare che l’archivio circolasse tra gli hacker e i contractor del governo americano in modo non autorizzato, una di queste fonti ne ha fornito alcune parti a WikiLeaks”.

    La squadra di Assange ha scelto di pubblicare documenti importanti di questo database, ma allo stesso tempo ha reso noto di non volere diffondere le cyber armi della Cia, almeno fino a quando “non emergerà un consenso sulla natura tecnica e politica di questo programma e su come questi armamenti vanno analizzati, resi innocui e pubblicati”, perché “ogni singola arma cibernetica che finisce in circolazione, si può diffondere nel mondo nel giro di pochi secondi per finire usata da stati rivali, cyber mafie come anche hacker teenager”. WikiLeaks sostiene che, in una dichiarazione fatta all’organizzazione dalla fonte di questi documenti, la cui identità non è stata resa nota, la persona in questione abbia spiegato di “voler innescare un dibattito pubblico sulla sicurezza, sulla creazione, l’uso, la proliferazione e il controllo democratico delle cyber-armi”.

    Taci, la TV ti spia. La preoccupazione era emersa già due anni fa, ma era stata liquidata come una paranoia. E invece non lo è affatto. Siamo seduti in soggiorno a goderci un film. Una tv smart campeggia nel nostro salotto e noi siamo lì nell’intimità della nostra casa, parliamo o ceniamo, ci confidiamo, convinti che nessuno possa scalfire quel momento nostro. E invece no. I file rivelano che fin dal 2014, la Cia è in grado di impiantare software malevolo (malware) nelle tv smart collegate al web. Il modello citato esplicitamente nei documenti è quello di uno dei più famosi marchi. Il malware permette all’Agenzia di catturare le conversazioni che avvengono all’interno della stanza in cui si trova lo schermo. E’ la prima certezza dello sfruttamento ai fini della violazione della privacy dell'”internet delle cose”: la serie di elettrodomestici e dispositivi che usiamo nella vita di tutti i giorni e che non sono più “stupidi” oggetti semplicemente collegati a un filo elettrico, ma hanno sensori e programmi in grado di farli operare in internet. Quella stessa rete che li rende intelligenti, li rende anche vulnerabili alle spie.

    L’anno scorso, in una testimonianza davanti al Senato americano, il capo della comunità dell’intelligence Usa (Director of National Intelligence), James Clapper, dichiarò: “In futuro i servizi di intelligence potrebbero usare l’internet delle cose per identificare, sorvegliare, monitorare e localizzare (gli utenti, ndr)”. Clapper non aggiunse, ovviamente, che le sue spie avevano già messo a punto le tecnologie per farlo. Il programma dell’Agenzia che prende di mira la smart tv di un celebre marchio dell’elettronica si chiama “Weeping Angel”, Angelo Piangente, ed è stato sviluppato tre anni fa dall’unità della Cia che si chiama “Embedded Development Branch” in collaborazione con i servizi segreti inglesi.

    Ma almeno all’inizio, l’Angelo Piangente sembra aver dato non pochi problemi alla Central Intelligence Agency: “L’aggiornamento in rete del firmware”, scrive l’Agenzia nei documenti, “potrebbe rimuovere il software impiantato (non è testato) o porzioni di esso” e un led blu nel retro del televisore sembra avere creato grattacapi alla Cia, rimanendo accesso anche quando il televisore doveva apparire spento, in una modalità che l’Agenzia chiama “Finto spento” (Fake-Off). Quella luce blu poteva rivelare che qualcosa di strano stava succedendo nel televisore hackerato. Secondo i file, l’Agenzia ha cercato di risolvere questo problema nel giugno 2014, in un workshop congiunto con i servizi segreti inglesi dell’MI5. E mentre cercava di superare quella grana, l’intelligence americana già guardava al futuro: catturare non solo le conversazioni che avvengono nella stanza in cui opera la tv, ma anche di fare riprese video e scattare foto istantanee.

    Assalto agli smartphone. L’esame di questi documenti ha permesso di individuare, tra le altre cose, un catalogo completo di sistemi realizzati dai tecnici della Cia o ottenuti da altre agenzie investigative con l’obiettivo di manipolare tutti gli apparati di telecomunicazione più diffusi. A partire dagli smartphone, che vengono hackerati e trasformati in una sorta di “macrospia”, trasmettendo immagini, suoni e informazioni. Un’unità specializzata ha creato diversi malware per penetrare i modelli della Apple, sia telefoni che IPad, e catturare così ogni tipo di dati. Un’altra invece si è dedicata ai cellulari che usano Android, come i modelli di Samsung, Sony e Htc, penetrati grazie a 24 diversi software di spionaggio.

    La caratteristica di questi “cavalli di Troia” è che possono spiare anche WhatsApp, Signal, Telegram, Wiebo e altri canali di messaggi, normalmente ritenuti più sicuri, perché ne aggirano le protezioni crittografiche: riescono a raccogliere audio e testi prima che scatti la difesa della “scrittura segreta”.

    Ma nell’ottobre del 2014 l’Agenzia avrebbe anche studiato la maniera di entrare nei sistemi di controllo che vengono installati sulle automobili e sui camion più moderni. Non è chiaro quale fossero gli obiettivi di questa attività specifica che però – sottolinea WikiLeaks – potrebbe anche permettere di trasformare i veicoli in macchine assassine.

    The Company e il dinosauro. “L’Angelo piangente” è solo uno dei programmi con cui la divisione software dell’Agenzia prende di mira i suoi obiettivi. Snowy Owl, Maddening Whispers, Gyrfalcon, Pterodactyl sono tutti programmi dal nome curioso sviluppati per raccogliere informazioni. Vecchi e nuovi apparecchi vengono presi di mira dalla Central Intelligence Agency, che usa sia software commerciale che open source per sviluppare i suoi prodotti destinati a spiare tecnologie avanzate come l’internet delle cose, ma anche vecchissimi floppy disk.

    Un programma sviluppato dall’Embedded Development Branch e di nome “Pterodattilo” (Pterodactyl), nome singolare che probabilmente fa riferimento a una tecnologia “dinosauro” come quella del floppy, ha l’obiettivo dichiarato di “permettere a un asset di copiare rapidamente e di nascosto un floppy da 3,5 pollici”. Asset è un termine che nel gergo dell’intelligence indica una risorsa umana o tecnica che permette un’operazione di spionaggio: può essere un agente sul campo o anche un informatore che ha un accesso da insider a certo dati.

    Pare curioso che nel ventunesimo secolo la Cia si preoccupi anche dei vecchi floppy disk, che sono tecnologie considerate così obsolete da essere liquidate come un relitto degli anni ’80. E invece l’anno scorso un report del governo americano ha permesso di scoprire che i floppy sono ancora oggi usati per controllare gli arsenali nucleari Usa. Dai missili intercontinentali balistici ai bombardieri nucleari, le armi di sterminio più potenti che la razza umana abbia mai creato sono ancora gestiti attraverso l’uso di dischetti antiquati.

    Tra i requisiti del programma della Cia “Pterodactyl”, che ha come scopo di copiare rapidamente e di nascosto i floppy, c’è “la capacità di offuscamento”: “per nascondere le attività che avvengono nell’apparecchio, quest’ultimo deve comportarsi più normalmente possibile sul filesystem”, scrive l’Agenzia.
     
    Operativo della Cia? Prego, compili il questionario. Le operazioni di intelligence della Cia supportate dal suo gruppo di sviluppo del software non sono identificate nei documenti: questi file non permettono di capire chi sono gli obiettivi da colpire e con quali operazioni. Gli strumenti hi-tech creati da questo gruppo sono usati in modo legittimo per spiare i terroristi? Sono utilizzati per missioni che comportano violazioni dei diritti umani? I documenti non forniscono risposte a queste domande, ma offrono uno spaccato sulle capacità della Cia e sui suoi programmi. Secondo WikiLeaks, l’Agenzia ha creato una sua divisione autonoma che gestisce le attività di hackeraggio in modo da non dover dipendere dalla potente Nsa, l’organismo statunitense di intelligence elettronica, e da non dover rivelare ad essa le sue incursioni top secret.

    Un questionario presente nel database rivela le informazioni che i tecnici della Central Intelligence Agency devono acquisire prima di creare certi strumenti software o hardware utili per le azioni sul campo e come configurarli correttamente. “Chi sarà l’operatore che gestirà lo strumento?”, chiede il questionario, “chi è l’obiettivo della raccolta delle informazioni? L’obiettivo è un asset, un’operazione straniera di (raccolta delle) informazioni? Un’agenzia di intelligence straniera? Un’entità governativa straniera? Un amministratore di sistema o un target tecnico analogo?”. E anche: “quanto tempo hai per prendere di mira l’obiettivo? Meno di un minuto? Meno di 5 minuti? Tra 5 e 10 minuti?”.

    Nel cuore dell’Europa. Mai prima della pubblicazione di questi file era stato possibile guardare all’interno della struttura che sviluppa i programmi di hackeraggio per la Cia. Dai documenti si può desumere che al vertice ci sia un gruppo chiamato “Engineering Development Group” (EDG), che ha molti dipartimenti, come l’Embedded Development Branch (EDB), l’Operations Support Branch (OSB), il Remote Device Branch (RDB), ognuno con i propri progetti e con una propria missione. L’Embedded Development Branch (EDB), ad esempio, ha come missione quella di “essere il laboratorio di primo sviluppo di soluzioni hardware e software progettate ad hoc per la raccolta delle informazioni”.

    Secondo i file, il Centro ingegneristico di Cyber Intelligence Europe (CCIE) si trova in Germania, a Francoforte all’interno della base militare Usa e si occupa di un quadrante che va dall’Europa (e quindi Italia inclusa) al Nord Africa e al Medio Oriente: il fronte caldo della guerra al terrorismo islamico e non solo.

    Quando il personale tecnico dell’intelligence deve viaggiare verso questa destinazione, ha una lista di “hotel pre-approvati dalla base di Francoforte” mentre la copertura da usare per proteggere l’identità reale varia a seconda di chi è il tecnico che viaggia. “Se la tua identità è Cia” allora “la tua copertura (per questo viaggio) è quella di funzionario del Dipartimento di Stato” e “il punto di contatto per il tuo vero lavoro” è “un funzionario della base di Francoforte o il CCIE TIO”. Difficile capire gli acronimi nei documenti, ma secondo il libro “The Wizards of Langley” dell’esperto americano di intelligence Jeffrey Richelson, che ha cercato di far luce sulla Direzione Scienza e Tecnologia della Cia, la sigla “TIO” sta per “Tecnology Investment Office”.

    Queste regole particolari sugli hotel sono state forse introdotte dopo l’indagine della magistratura italiana sul rapimento dell’imam Abu Omar: gli agenti americani furono identificati anche grazie al soggiorno in un albergo trentino dopo il sequestro.

    Nel commentare i file oggi rilasciati, l’organizzazione di Julian Assange ha fatto sapere di aver omissato le informazioni che permettono di identificare decine di migliaia di obiettivi e computer presi di mira dalla Cia “in America Latina, in Europa e negli Stati Uniti” e nel sottolineare la scelta di non diffondere le cyber armi della Central Intelligence Agency, il fondatore di WikiLeaks mette in guardia da questi armamenti: “C’è un enorme rischio di proliferazione legato allo sviluppo delle cyber armi. La diffusione incontrollata di questi strumenti, che scaturisce dalla difficoltà di arginarle e contemporaneamente dal loro grande valore di mercato, è paragonabile al commercio internazionale di armamenti”. 

     

    1.  
      http://ansabrasil.com.br/br

       

      http://ansabrasil.com.br/brasil/noticias/mundo/noticias/2017/03/07/cia-faz-espionagem-por-tv-e-celular-diz-wikileaks_999ed9d5-8bec-4bfa-a166-c606472721d9.html
       

      CIA faz espionagem por TV e celular, diz Wikileaks

      CIA faz espionagem por TV e celular, diz Wikileaks 

      (ANSA) – O Wikileaks anunciou nesta terça-feira (7) em sua conta oficial no Twitter ter iniciado uma nova série de denúncias sobre a Agência Central de Inteligência (CIA).

      De acordo com o comunicado, essa será a maior publicação de documentos secretos da CIA. Os vazamentos levam o nome “Vault 7” (Cofre 7, em tradução livre). Segundo eles, a CIA seria capaz de controlar os telefones de empresas norte-americanas e europeias, como Iphone, da Apple, Google Android e Microsoft, e até mesmo televisores da Samsung, que são transformados em microfones secretos.

      Os arquivos confidenciais são acessados através de um “arsenal” de malware e de ciber-armas. A primeira parte do vazamento “Year Zero” (“Ano Zero”, em tradução livre) é composta por 8,761 documentos e arquivos de uma rede isolada de alta segurança, situada dentro do Centro de Inteligência Cibernética da CIA em Langley, Virgínia.

      “Recentemente a CIA perdeu o controle da maioria do seu arsenal de hackers, incluindo malware, vírus, trojans, ataques exploradores do “Zero Day”, sistemas de controle remoto de malware e documentação associada. Esta coleção extraordinária, que equivale a centenas de milhões de linhas de código, dá ao seu possuidor a capacidade de hackear no nível da CIA. O arquivo parece ter sido distribuído entre antigos hackers do governo dos Estados Unidos de maneira não autorizada, um deles forneceu-o ao WikiLeaks”, lê-se no comunicado de imprensa.

      Até o momento a Agência de Inteligência norte-americana não se pronunciou sobre o caso. Caso seja confirmado que os arquivos são autênticos este será um golpe para a CIA.

      O Wikileaks foi fundado pelo australiano Julian Assange, que está asilado desde 2012 na embaixada equatoriana em Londres. Seu site publicou milhares de documentos diplomáticos desde 2009, entre eles arquivos sigilosos do governo dos EUA, do Departamento de Estado e das Forças Armadas. (ANSA)

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