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As matérias para serem lidas e comentadas.

Redação

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  1. Santayanna: A engenharia brasileira não depende de corrupção

    Do Tijolaço

    Santayanna: A engenharia brasileira não depende de corrupção

     

    metroquito1

    As grandes empresas de engenharia do Brasil, demonizadas pelo Dr. Sérgio Moro, não são escritórios de corrupção montadas por aventureiros. Representam um conhecimento acumulado que é não só uma das principais forças motrizes do desenvolvimento de um país gigantesco, com quase tudo “por fazer” mas, também, um dos braços de nossa economia que se projeta internacionalmente, disputando mercado e fazendo frente às “honestíssimas” empresas do gênero nos países ricos (alguém aí já ouviu falar na Halliburton?).

    Mauro Santayana, a propósito da vitória da Odebrecht – em sociedade com a espanhola Aciona – na disputa de um contrato para a construção da linha 1 do metrô de Quito, capital do Equador no valor de US$ 1,72 bilhão (quase R$ 7 bilhões), mostra o quanto é criminosa a criminalização deste raro setor industrial em que temos – e logo deixaremos de ter, talvez – proeminência mundial.

    Ah, e  a concorrência foi feita por ninguém menos que o Banco Mundial e pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, não por um “amiguinho” qualquer.E sem dinheiro brasileiro, público ou privado, para financiar o ótimo negócio, o que já não se pode fazer para não ser colocado nas listas curitibanas. Os bancos estrangeiros agradecem.

     

    Apesar da Lava-a-Jato, Odebrecht vence licitação para
    o Metrô de Quito, sem um tostão de financiamento nacional

    Mauro Santayana

    Contrariando a tese da Operação Lava-a-Jato, da qual emana o discurso de que houve um conluio para a “criminosa” obtenção de obras para empresas nacionais de engenharia no exterior, com o “criminoso” financiamento do BNDES, para a “criminosa” geração de milhares de empregos, dentro do Brasil, em milhares de “criminosas” pequenas e médias empresas e fornecedores, para a “criminosa” exportação de serviços e produtos, para “criminosas” obras no exterior, como o “criminoso” Porto de Mariel, em Cuba – que os hitlernautas não perdoam a uma das maiores empresas do país – mesmo com o seu principal executivo, preso, há quatro meses, e ameaçado de permanecer indefinidamente na cadeia, a Organização Odebrecht acaba de vencer, em parceria equitativa com a espanhola Acciona, o edital de licitação de construção do “bolivariano” metrô de Quito, no Equador, sem a necessidade de nem um centavo de financiamento de bancos privados ou governamentais brasileiros.

    Como já mostramos em longo texto neste ano, que desmente a tese de “comunistização” da Odebrecht, ou de sua dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social A Odebrecht e o BNDES o Brasil financia menos de 10% de sua carteira de contratos, em todo o mundo; e a Odebrecht, longe de ser “bolivariana” está fortemente implantada em Miami e nos EUA, o país – ao menos em tese – mais capitalista do mundo.

    Isso faz dela, no lugar de uma empresa dependente do governo brasileiro, ou de “consultorias” do PT, ou de ex-presidentes da República, uma organização cada vez mais global, que tenderá a se afastar, também, cada vez mais do país que lhe deu origem, diante do clima de terror absurdo, kafkiano, imposto por uma Justiça e um Ministério Público, algumas vezes inexperientes – e outras vezes com “experiência” demais – messiânicos e seletivos, que se transformaram na matriz midiática de um novo Plano Cohen, marcado pela contaminação de vastas parcelas da sociedade pelo ódio ideológico, o preconceito, a virulência, a discriminação, pelo vira-latismo antinacional, a desqualificação e o vilipêndio de tudo o que for brasileiro, como ocorre também, por exemplo, com a Petrobras.

    http://tijolaco.com.br/blog/santayanna-a-engenharia-brasileira-nao-depende-de-corrupcao/

     

  2. Gaspari abre o jogo: prepara-se um novo Youssef

    Do Tijolaço

    Gaspari abre o jogo: prepara-se um novo Youssef

    aps

    A coluna de Eli Gaspari, que é uma espécie de guru do pensamento da direita brasileira, explicita hoje o que este modestíssimo blog já registrara aqui, há quatro dias: prepara-se, com um picareta velho conhecido e sempre “aliviado” pela Polícia e pela Justiça, um novo “delator premiado”, cuja credibilidade, como a de Alberto Youssef, é fundada na sua própria e longa roubalheira.

    Trechos de sua coluna de hoje, com meus parênteses e grifos:

    “Se a juíza Célia Bernardes, da 10ª Vara Federal de Brasília, estiver no mesmo caminho de seu colega Sergio Moro, a Zelotes se transformará numa Serra Pelada da corrupção. Ela foi o maior garimpo de ouro a céu aberto do mundo.”(…)

    Em 2001, durante o tucanato, teve sua prisão pedida pelo Ministério Público, porém ela foi negada pela Justiça. Nessa época ainda não se popularizara a expressão “pixuleco”, mas no plantel dos mimados por APS estavam parlamentares, secretárias e até o motorista de um assessor do ministro da Fazenda (que tem nome, Pedro Malan, cujo assessor Hugo Braga tinha um motorista contratado por APS)).

    Mudaram os ventos e, em 2006, APS aproximou-se de Fábio Luis da Silva, o Lulinha. Quando ia a Brasília, ele usava uma sala da empresa do doutor. (falta informar que, por servir de informante à Veja sobre este suposto inquilinato, o “Lulinha” o processou a Abril, o jornalista Alexandre Oltramari e o próprio APS,  e obteve sua condenação de todos em segunda instância do TJSP). É dessa época o investimento da Telemar na empresa de jogos de Lulinha.

    Se APS colaborar com as investigações, sua memória poderá causar um estrago em Brasília maior que o de qualquer similar da Lava Jato.

    Claro que toda a picaretagem lobista deste APS que o fez velho conhecido da PF”não virá ao caso”, embora seja imensa, como registrava a Istoé, em fevereiro de 2004:

    APS já foi considerado o lobista mais poderoso de Brasília. Chegou a ter 55 clientes (Carrefour, Pirelli, Johnson & Johnson, McDonald’s…), 60 funcionários e R$ 3 milhões de faturamento mensal, segundo as suas próprias contas. Tinha trânsito livre no plenário da Câmara Federal, por onde entabulava conversas de pé de ouvido brandindo uma credencial fornecida pelo deputado Arnaldo Faria de Sá. Há dois anos, no entanto, ele sofreu um revés e refugiou-se na parte mais escura das sombras brasilienses. Em outubro de 2001, vazou a informação de que APS teria uma fita em que funcionários do Ministério da Saúde tentavam extorquir um de seus clientes, o laboratório suíço Novartis. A história respingou no então ministro José Serra, que ordenou rigorosa investigação. A tal fita nunca apareceu.

    Quem quiser conhecer as relações de APS com o demotucanato, clique aqui.

    Se todo mundo que já recebeu ou conversou um picareta em Brasília for suspeito, eu também sou e boa parte da população da cidade o seria. Não faltam picaretas por lá, bem vestidos, bem postos e, em geral, com representação de algum setor econômico.

    Mas, agora, tudo será apontado como  suspeito e, pior, como razão suficiente para vasculhar cada pedaço da vida de Lula e de sua família, à procura de qualquer molécula de irregularidade.

    Como este exemplo do empréstimo do BNDES à empresa do tal Bumlai, que existe, tem porte e uma atividade compatível com as linhas  de crédito do banco e garantias à sua execução. E que “favorecimento”, se é o BNDES que pede a decretação da falência da empresa e a recuperação dos bens em garantia, aliás já negada uma vez pela Justiça?

    Ou a vergonhosa matéria da Época, com base num vazamento criminoso dos “meritocratas” da Receita Federal, que pega as receitas – todas declaradas e com as empresas que pagaram por palestras de Lula – inclusive a Globo – e soma às despesas, para induzir ao leitor que o volume de movimentação financeira é o dobro. Algo como uma pessoa que ganha R$ 5 mil e gasta os mesmos R$ 5 mil ser apontada com um “movimento” de R$ 10 mil.

    Não se vai enfrentar isso “provando a honestidade” de cada negócio, porque isso não tem fim. Até um dentista sem nota fiscal servirá.

    O enfrentamento é político e tem de ser feito já.

    http://tijolaco.com.br/blog/gaspari-abre-o-jogo-prepara-se-um-novo-youssef/

  3. Mais sobre os abusos da lava jato.

    A difícil correlação entre as medidas anticorrupção e as garantias fundamentais do advogado

    Publicado em 

    09/2015. Elaborado em 09/2015

    .

    O Ministério Público pretende forçar o acusado a celebrar a delação premiada através da prisão preventiva, em total desacordo com a voluntariedade da colaboração.

    Nos dias atuais, tornou-se usual o discurso de combate a corrupção como o principal objetivo a se atingir nessa República. O andamento da famigerada operação “lava-jato” aguçou mais ainda o sentimento de revolta a impunidade na sociedade que, em geral, vem demonstrando menor grau de tolerância a atos de corrupção desde que aderiu massivamente aos movimentos sociais voltados a esse tema, vide a participação maciça da população no movimento “vem pra rua”, que desencadeou tantos outros.

    De lá pra cá, diversas foram as tentativas de resposta que os Poderes constituídos buscaram dar a essa sociedade que clama pelo que entendem por justiça.

    O Poder Executivo lançou seu pacote anticorrupção, o Poder Legislativo passou a discutir a reforma política, a própria Ordem dos Advogados do Brasil lançou seu pacote anticorrupção, Associações Classistas se manifestaram e, mais recentemente, o Ministério Público Federal lançou um pacote de 10 medidas de combate a corrupção amplamente divulgadas pelas redes sociais, mídia social, pelo Procurador Geral da República em sua sabatina de recondução ao cargo e, mais recentemente, no Seminário Internacional de Combate a Lavagem de Dinheiro e ao Crime Organizado ocorrido no Superior Tribunal de Justiça.

    O Ministério Público Federal através de seus procuradores, especialmente o Procurador Geral da República e por aqueles designados para atuar na força tarefa da operação “lava-jato”, lançou seu pacote de medidas que visam combater a corrupção através de uma série de alterações legislativas. Para tanto, pretende por meio de iniciativa popular apresentar à Câmara dos Deputados (art. 62, §2º, CF) projeto de lei.

    Nesse aspecto, é importante destacar que, em que pese a legitimidade da iniciativa popular no processo legislativo, não passa despercebida a nítida participação do Ministério Público nesse processo em um momento propício a atuação desmedida em substituição ao Poder legitimado, uma vez que a competência legislativa pertence a Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, por expressa previsão Constitucional.

    A iniciativa popular, apesar de legítima, não me parece o método mais razoável de se legislar quando se vê um povo revoltado com determinados indivíduos e incapacitados de enxergar que eventual mudança legislativa não atingirá esses que desejam a qualquer custo ver punidos, face a irretroatividade da lei penal, mas, sim, futuros alvos das midiáticas operações penais das quais ninguém pode se intitular imune.

    O que se pode observar é que através de distorções legais, o Ministério Público tem claramente usurpado competências que não possui. Basta se tomar como exemplo o que tem ocorrido nos termos de delação premiada firmados no âmbito da operação “lava-jato” onde a acusação, de forma velada, utiliza a prisão preventiva como forma de indução a colaboração do acusado e, através do acordo pactuado, decide quem terá o direito a responder o processo em liberdade e quem poderá fazê-lo em prisão domiciliar.

    De forma completamente descabida, usurpa-se a competência do juiz natural que tem o único papel de homologar aquilo que já foi negociado e delimitado pela acusação em termo de colaboração premiada firmado com réu preso e suscetível a qualquer tipo de acordo, inclusive, a abstenção do uso de recursos e remédios heroicos contra decisões do juízo.  

    O fato é que as preocupações com esses procedimentos tem sido alvo de inúmeras manifestações de diversos juristas de renome. O que se tenta a qualquer custo resguardar é o mais basilar direito de qualquer acusado, o direito de defesa, consubstanciado na autodefesa e na defesa técnica do acusado.

    Diversas são as inconsistências presentes nas medidas propostas pelo Ministério Público, mas uma delas chama a atenção com destaque por clara afronta a esse sagrado direito de se defender.

    A medida nº 9, prevê uma alteração no artigo 312 do Código de Processo Penal, acrescentando uma hipótese de prisão preventiva, para “permitir a identificação e a localização ou assegurar a devolução do produto e proveito do crime ou seu equivalente, ou para evitar que sejam utilizados para financiar a fuga ou a defesa do investigado ou acusado, quando as medidas cautelares reais forem ineficazes ou insuficientes ou enquanto estiverem sendo implementadas.”

     

    A simples leitura do dispositivo em comento demonstra com clareza as violações a direitos e garantias fundamentais, em especial, o direito de defesa.

    Explico.

    A prisão preventiva que, em tese, pode ser decretada em hipóteses excepcionais e caso sejam insuficientes as demais medidas cautelares previstas no artigo 319 do mesmo Códex, passa a ser manejada também em caso de ineficiência das medidas cautelares reais (sequestro, hipoteca e arresto). As medidas cautelares reais, diferentemente das medidas cautelares pessoais, garantem medidas patrimoniais assecuratórias, ou seja, garantem que o patrimônio adquirido pelo criminoso, de forma lícita ou não, irá reparar o dano causado após a configuração definitiva da culpa.

    Ocorre que a única possibilidade de ineficácia das medidas cautelares reais é caso a ordem de patrimonial assecuratória reste infrutífera, ou seja, não se encontre qualquer lastro patrimonial do criminoso apto a assegurar o dano causado.

    A partir dessa ineficiência das medidas cautelares reais é que o Ministério Público pretende, a partir da medida nº. 9, retirar do acusado o direito de se defender.

    O que pretende o Ministério Público é forçar o acusado a celebrar a delação premiada através da prisão preventiva – prática usualmente utilizada e em total desacordo a voluntariedade da colaboração premiada – e mais, impedir que o acusado constitua advogado de defesa caso a ineficiência das medidas cautelares reais seja incompatível com a atuação do advogado particular em favor do acusado.

    Se o acusado não garante a reparação civil do dano causado e tem sua segregação cautelar decretada, por óbvio é vítima de prisão civil por dívida, há tempos declarada inconstitucional e vedada por Tratado Internacional do qual o Brasil é signatário.

    A proposta do Ministério Público Federal, consegue em uma só medida restringir o direito de defesa, ressuscitar a prisão civil por dívida e afrontar qualquer juízo de proporcionalidade e excepcionalidade das medidas cautelares previstas na legislação processual penal.

    Chegou o tempo de se atentar aos meios utilizados para se alcançar os fins pretendidos. As aparentes boas intenções não podem suprimir direitos e garantias fundamentais conquistadas as duras penas na história, sob pena de nos tornarmos reféns do que um dia acreditamos serem boas intenções.

    Exemplo disso é o Projeto de Lei 500/2015 de autoria do Senador José Medeiros (MT) que prevê obrigatoriedade dos réus em ações de improbidade administrativa e por crimes contra a administração pública a comprovar a origem lícita do dinheiro que usam para pagar seus advogados. A pretensão legislativa percorre a mesma esteira da medida nº. 9 acima tratada.

    Em completo descompasso com o papel indispensável que o advogado exerce à Administração da Justiça, com o sigilo inerente a relação entre advogado e cliente e com o direito constitucional a ampla defesa, tais situações nos revelam que estamos indefesos contra o que o professor Aury Lopes Junior costuma chamar de “a bondade dos bons”.

    Ainda que o momento vivido por essa República exija forte atuação contra os malfeitores da ordem pública, essa caminhada não pode ser trilhada ao arrepio das garantias constitucionais, tolhendo as garantias profissionais do advogado uma vez que de nada adianta o combate a impunidade em inobservância ao Estado Democrático assim como de nada adianta o Estado Democrático sem um efetivo combate a impunidade.

      Assuntos relacionadosTeoria geral da provaPrincípio da ampla defesa no processo penalCorrupção administrativaPrisão cautelarDelação premiadaPrisão preventivaAtribuições do Ministério PúblicoPrisãoProvas no processo penalPrincípios do Processo PenalMinistério Público (Direito Constitucional)Direito Processual PenalDireito AdministrativoDireito Constitucional

    Autor

    Artur Barros Freitas Osti

    Advogado, Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Estado do Paraná – PUCPR, pós-graduando em Direito<br>Penal Econômico pelo Instituto Brasileiro de Ciências Criminais –<br>IBCCRIM em parceria com a Universidade de Coimbra, pós-graduando em Direito Eleitoral e Improbidade Administrativa pela Fundação Escola Superior do Ministério Público de Mato Grosso ([email protected])

    Leia mais: http://jus.com.br/artigos/42615/a-dificil-correlacao-entre-as-medidas-anticorrupcao-e-as-garantias-fundamentais-do-advogado#ixzz3qIkTQkXy

  4. À frente do golpe, Bicudo foi lobista da Alstom

    Brasil 247

    À frente do golpe, Bicudo foi lobista da Alstom

     

    :

    Autor de um dos pedidos de impeachment já rejeitados pela Câmara contra a presidente Dilma Rousseff, o advogado Hélio Bicudo é agora acusado de ter intermediado contratos no setor elétrico, atuando como lobista em favor da Alstom no escândalo conhecido como ‘trensalão’ de São Paulo; furo é do jornalista Joaquim de Carvalho, no Centro do Mundo; em depoimento ao Ministério Público do Estado, Bicudo, embora seja descrito como um homem com pleno domínio de suas faculdades mentais, disse que não se lembra se já teve conta bancária na Suíça; reservadamente, segundo o texto, os procuradores até admitem que, fosse Bicudo mais jovem, poderiam lhe dar alguma dor de cabeça; ‘Mas quem tem disposição para processar um homem de 93 anos de idade?’, questiona Carvalho

    31 de Outubro de 2015 às 17:00

     

     

    247 – Autor de um dos pedidos de impeachment já rejeitados pela Câmara contra a presidente Dilma Rousseff, o advogado Hélio Bicudo é agora acusado de ter intermediado contratos no setor elétrico, atuando como lobista em favor da Alstom no escândalo conhecido como ‘trensalão’ de São Paulo. Furo é do jornalista Joaquim de Carvalho, em texto no Diário do Centro do Mundo (DCM). ‘A considerar o que a Justiça da Suíça apurou sobre a corrupção do grupo multinacional Alstom no Brasil, Bicudo é um moralista sem moral’, diz a publicação. 

    “Bicudo era um intermediário e como tal ele viabilizou em 1971 um importante contrato para a Cogelex no Brasil”, disse um ex-executivo da Alstom no Brasil, o francês Michel Yvan Cabane, em depoimento prestado ao Ministério Público da Suíça, em 2009.

    A Cogelex faz parte do grupo Alstom e, na época em que Bicudo viabilizou o contrato para a empresa, a multinacional ampliava sua atuação no Brasil, com obras, serviços e venda de equipamentos para a Eletropaulo, na época uma empresa pública, e também para Furnas.

    Cabane contou que contratou Bicudo porque ele “era naquela época consultor jurídico de uma parte do governo”. O ex-executivo lembrou ainda que o então procurador de justiça tinha um sobrinho, Mário Bicudo Filho, que era diretor jurídico da CESP, a empresa estatal que cuidava da geração de energia em São Paulo.

    ‘O trabalho dos dois Bicudos em favor da Alstom atravessou a década de 70, permaneceu na década de 80 e ainda se manteve na década de 90. Eles eram tão conhecidos da multinacional francesa que, em anotações apreendidas pela polícia suíça, os executivos se referem a eles como “Tonton” (titio em francês) e Neveu (sobrinho, na mesma língua)’, relata Joaquim de Carvalho no DCM.

    Depois de ouvir Bicudo, em São Paulo, os promotores se reuniram para discutir a hipótese de processar o ex-procurador de justiça, mas concluíram que a ação de Bicudo é anterior à lei de improbidade administrativa, o que tornaria o processo nulo. Em âmbito criminal, eles avaliam que se o caso fosse recente, ele poderia ser enquadrado, no mínimo, pelo crime de advocacia administrativa. “Com certeza, seria exonerado do Ministério Público”, disse um dos promotores, conforme o texto de Joaquim de Carvalho.

    Reservadamente, eles até admitem que, fosse Bicudo mais jovem, poderiam lhe dar alguma dor de cabeça. ‘Mas quem tem disposição para processar um homem de 93 anos de idade?’, questiona o jornalista.

    Hélio Bicudo foi chamado para depor no Ministério Público Estadual, e, embora seja apresentado como um homem com pleno domínio de suas faculdades mentais, disse que não se lembra se já teve conta bancária na Suíça.

    Disse que é possível que tenha tido, já que recebia seus “honorários” por depósitos bancários da matriz. Honorário é como ele chama o dinheiro que recebeu da Alstom. Disse que seu trabalho era o de advocacia – segundo ele, permitido pela lei da época, em caso de licitação internacional.

    http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/203285/%C3%80-frente-do-golpe-Bicudo-foi-lobista-da-Alstom.htm

  5. O responsável pela capa infame da Veja tem nome e sobrenome: Gia

    Do Diário do Centro do Mundo

    O responsável pela capa infame da Veja tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita. Por Paulo Nogueira

     

    Postado em 31 out 2015   por :     Inepto

    Incompetência sorridente

    O responsável pela capa criminosa da Veja desta semana tem nome e sobrenome: Giancarlo Civita.

    Se Lula decidir processar alguém, é Gianca.

     

    Num mundo menos imperfeito, Gianca pagaria por seu crime com uma temporada na cadeia.

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    Mas o Brasil é, infelizmente, muito imperfeito quando se trata de julgar plutocratas como ele.

    Mesmo o diretor de redação da Veja, Eurípedes Alcântara, é um peão diante de Gianca. Eurípedes fazia o que Roberto Civita mandava e, morto este, faz o que Gianca manda.

    Trabalhei com Gianca.

    Gianca é aquele cara que não sabe fazer nada. Boa praça, no dia a dia, mas incompetente na plenitude. Tem aquele tipo clássico de inépcia sorridente.

    Seu pai tem responsabilidade aí. Nunca treinou Gianca. Nunca deu a Gianca uma posição decente na Abril. Nunca acreditou profissionalmente em Gianca.

    Excluído na Abril sob o pai, Gianca tentou alguns empreendimentos sozinho. Num deles, vendia revistas da Abril que comprava a preços de pai para filho.

    Nunca acertou em nada.

    Seu pai achava-o bonzinho demais para funcionar como executivo. “Sweet Gianca”, falava, depreciativamente.

    Gianca sempre teve profundos problemas psicológicos e de afirmação. Uma vez, me disse que detestava revistas. “Meu pai sempre deu muito mais atenção a elas que a mim”, explicou.

    Não as lia, e nem lia nada, muito menos livros.  (Nunca vi um Civita com um livro na mão, aliás.) Gostava de ficar horas vendo desenhos no Cartoon Network.

    A capa criminosa

    A capa criminosa

    Parece que Gianca decidiu descontar seu complexo em Lula. E, a rigor, em todos os petistas. Zé Dirceu é um caso típico. Um colunista da Veja, Roberto Pompeu de Toledo, escreveu certa vez que o mundo se divide entre os que podem fazer implante de cabelo e os que não podem. Dirceu, é claro, estava entre os que não podem. Pompeu disse que Guevara não faria.

    E Gianca, que sumiu uns dias da Abril para fazer o mesmo que Dirceu: está entre os que podem ou não podem?

    No começo dos anos 2 000 Roberto Civita decidiu dar aos executivos da casa um curso de publisher — uma das coisas mais confusas e inúteis que vi em meus longos anos de Abril. Gianca estava na primeira turma, e eu também. No jantar de entrega de diplomas, RC disse aos presentes, em referência a duas novas aquisições da empresa, os especialistas em finanças Maurizio Mauro e Emilio Carazai: “Finalmente temos gente que sabe fazer contas.”

    Quer dizer: na visão paterna, Gianca — como todos nós, aliás — não sabia fazer contas.

    Ninguém nunca o levou a sério na Abril até que a natureza o fez assumir as rédeas, como primogênito de Roberto.

    Roberto, como seu xará Marinho da Globo, não admitia a hipótese de morrer. E por isso jamais preparou Gianca e nem seus outros dois filhos, Victor e Roberta.

    Quando deu entrada no Sírio Líbanês, achava que era uma banalidade. Tinha uma cirurgia na segunda, e manteve na agenda reuniões de trabalho para a quinta, certo de que já estaria de volta à Abril.

    Um imprevisto na cirurgia acabaria matando-o depois de uma prolongada temporada no hospital que custou 6 milhões de reais aos Civitas.

    Gianca, morto o pai, virou presidente executivo da Abril sem saber coisa nenhuma de administração e, muito menos, de jornalismo.

    É a maldição das empresas familiares.

    Sem saber fazer uma legenda, preside o Conselho Editorial da Abril, ao qual a Veja responde.

    Dali, comanda a corrente de ódio que a Veja despeja sobre os brasileiros todos os dias e todas as horas.

    É uma situação absurda e injusta. Os Civitas eram remediados quando se instalaram no Brasil, nos anos 1950.

    Graças ao Brasil, a família se tornou riquíssima.

    E a resposta de Gianca é esta: cuspir no Brasil. Levar os brasileiros a acharem que são o pior povo do mundo.

    Uma família que recebeu tanto dos brasileiros age como se fosse credora, numa aberração sem precedentes.

    Os Civitas se valem de uma estrutura jurídica feita para proteger gangsteres editoriais como eles.

    Repito.

    Num mundo menos imperfeito, esta capa da Veja conduziria Gianca a um lugar: a cadeia.

    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-responsavel-pela-capa-infame-da-veja-tem-nome-e-sobrenome-giancarlo-civita-por-paulo-nogueira/

  6. Juíza que investiga filho de Lula é irmã do prefeito de Blumenau

    Juíza que investiga filho de Lula é irmã do prefeito de Blumenau pelo PSDB

    A leitura do despacho da juíza federal Celia Regina Ody Bernardes Carrer, que determinou a operação de busca e apreensão na empresa do filho de Lula Luiz Cláudio espanta pela contudência. Ela determinou que até pessoas que estivessem no local sofressem revista corporal.

    Além disso, a juíza determinou que os familiares do alvo da operação não tivessem acesso à acusação visando preservar o “sigilo das investigações”, apesar de que tudo foi parar na mídia minutos após seu despacho.

    Diante do ineditismo de uma operação como essa sem que o nome do filho de Lula sequer constasse da operação Zelotes – que seria o objeto da investigação que desembocou na operação no escritório de Luiz Cláudio -, muitos começaram a questionar a atitude dessa juíza.

    Foi o que bastou para a Folha de São Paulo divulgar que Celia Regina seria “de esquerda”, de forma a afastar suspeitas de que sua decisão tenha tido motivação política. Confira, abaixo, coluna de Rogério Gentile na edição de 29 de outubro desse jornal.

    Circula pela internet, porém, informação que o colunista da Folha esqueceu de repassar aos seus leitores. Celia Regina é irmã de Napoleão Bernardes, prefeito de Blumenau desde 1o de janeiro de 2013.

    O site que divulgou a informação reproduziu notícia veiculada pela Rádio Clube de Blumenau, onde Napoleão fez carreira antes de se tornar prefeito da cidade. Segundo a matéria, Napoleão foi a Brasília em 2011 para prestigiar a posse da irmã Celia Regina como juíza federal.

    Como o site que divulgou essa informação postou apenas um print da matéria, o Blog fez uma busca e descobriu que essa matéria foi apagada, mas pode ser acessada em cache – recurso que permite localizar postagens na internet que depois são apagadas.

    Confira, abaixo, o print. Para acessar a página em cache, clique aqui

    Se restar qualquer dúvida, basta acessar o perfil de Napoleão na Wikipedia, onde aparece o nome de sua mãe: Maria Celia Ody Bernardes.

    Há muita coisa na internet sobre Celia Regina que sugere que ela é simpática ao PSDB. Na eleição do ano passado, quando a campanha de Aécio Neves acusou os Correios de atuarem em favor de Dilma, a empresa tentou notificar o tucano por via judicial de que sua acusação era caluniosa e poderia gerar uma ação judicial. Adivinhe, leitor, quem julgou a tentativa dos Correios de notificar Aécio e deu parecer favorável a ele? Ela mesma, Regina Célia.

    Para ler a matéria, clique aqui

    Será que o Conselho Nacional de Justiça tem alguma coisa a dizer sobre a conduta dessa juíza? Pelos seus laços políticos e familiares, ela deveria se declarar impedida de atuar contra o filho de um inimigo político de seu irmão.

    PS: leitor que prefere não se identificar enviou foto da juíza (abaixo) com os irmãos, um dos quais é prefeito de Blumenau pelo PSDB.

    Fonte: http://www.blogdacidadania.com.br/2015/10/juiza-que-investiga-filho-de-lula-e-irma-do-prefeito-tucano-de-blumenau/

  7. A Globo deveria tentar a Chevron como patrocinadora da F.1

    sem pódium

    Petrobras sai das transmissões da Fórmula 1 e piora a crise da Globo

    Fonte: http://www.redebrasilatual.com.br/blogs/helena/2015/11/petrobras-deixa-a-globo-sai-das-transmissoes-da-formula-1-e-piora-crise-265.html

    Por audiência em queda ou por “irregularidades” em contratos, perda do milionário patrocínio é mais um acidente no percurso ladeira abaixo da antes todo-poderosa emissora dos Marinho Por Helena Sthephanowitz, para a RBA publicado 01/11/2015 10:58, última modificação 01/11/2015 12:05  globo / youtube / reprodução © petrobras-f1.jpg

    Transmissões esportivas, novelas e jornalismo perdem audiência e faturamento e abala o império global

    A nova diretoria da Petrobras, sem gente como Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, ex-diretores pegos pela Operação Lava Jato em milionários esquemas de corrupção, cancelou o patrocínio às transmissões da Fórmula 1 pela Rede Globo a partir de 2016.

    Pode ter sido uma decisão técnica devido à audiência da antes todo-poderosa emissora ter despencado. Mas ainda há de se esclarecer se alguma auditoria nos contratos da estatal com a Globo, no âmbito da própria Lava Jato, encontrou algo escuso e que a boa prática administrativa desaconselha, pra dizer o mínimo.

    O direito sobre as transmissões da temporada 2016 da principal categoria do automobilismo mundial só foram garantidas à Globo faltando dois meses para o fim do ano, o que indica que as negociações foram difíceis e faz imaginar um provável rebaixamento no valor da cota de patrocínio, ainda não divulgado.

    A Rede Globo vende seis cotas de patrocínio para o “produto” Fórmula 1. Para a temporada que vem, continuaram a cerveja Itaipava, a Renault, o banco Santander e a TIM. Na cota que foi da Petrobras entra a Unilever. Estas empresas cortaram verbas publicitárias para o veículo Televisão no primeiro semestre deste ano, conforme noticiamos aqui na Rede Brasil Atual. Com a Fórmula-1 não deve ser diferente.

    A sexta cota foi preenchida em 2015 pela Zap Imóveis, empresa relativamente pequena do próprio Grupo Globo. A empresa foi incorporada pelo grupo em 2013, ano em que faturou R$ 60 milhões, com o objetivo de faturar R$ 100 milhões até o fim deste ano. Com esse porte, porém, a Zap não teria cacife para ser uma das patrocinadoras da Fórmula-1, caso tivesse que pagar de fato. Para se ter uma comparação, a empresa fabricante da Itaipava iniciou 2015 com estimativa de faturamento na casa dos R$ 12 bilhões.

    Ou seja, sem conseguir mais um patrocinador de peso, os irmãos Marinho irão patrocinar eles mesmos. A Globo cobre a falta de um sexto patrocinador do peso de uma Petrobras com um subproduto do próprio Grupo Globo, sem receber nada de fato. Ainda que seja rubricado como investimento e contando com o retorno que pode resultar da publicidade, é certo que a operação é na verdade (mais um) rombo no caixa da Globo.

    Mas os problemas da Globo não estão apenas na programação esportiva, o que inclui o futebol brasileiro. Já há um crescente movimento de consumidores e torcedores, descontentes com a imposição pela emissora de jogos às 22h das quartas-feiras e a relação da Globo com a CBF, recheada de denúncias de corrupção e propinas sobre a venda de direitos de transmissão das partidas, já causa impactos na audiência.

    Mas a emissora amarga o fato de que, pela segunda vez em sua história, uma de suas novelas perde para uma emissora concorrente a audiência no chamado horário nobre e, pior, com um produto na qual a Globo sempre foi referência, a novela. Segundo o Ibope, “Os Dez Mandamentos”, a novela bíblica da Record, tem batido diariamente os dois principais produtos da Globo: o Jornal Nacional e a novela das 21h, A Regra do Jogo. Nunca uma novela de outra emissora venceu o principal produto do jornalismo da Globo e a principal novela da “excelência” em novelas do país.

    Na briga pela audiência, a Globo chegou a espichar a edição do último dia 14 do “Jornal Nacional” em 14 minutos, que teve 58 minutos no total, só para a sua novela não começar já apanhando da rival. Mesmo assim perdeu a briga no Ibope.

    Para a outrora ‘vênus platinada’ o ano de 2016 promete. Com a audiência despencando, o faturamento com anúncios e patrocínios também rolam ladeira abaixo. A ver.

     

  8. Verônica Serra: uma cleptocrata que o PIG e a justiça não veem

     E se Verônica Serra fosse filha de Lula?

     
    Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
     Este texto está sendo republicado, dada sua atualidade.

    Um título do site Viomundo, trazido ao Diário pelo atilado leitor e comentarista Morus, merece reflexão.

    E se o filho de Lula fosse sócio do homem mais rico do Brasil?

    Antes do mais: certas perguntas têm mais força que mil repostas, e este é um caso.

    Bem, o título se refere a Verônica Serra, filha de Serra. Ela foi notícia discreta nas seções de negócios recentemente quando foi publicado que uma empresa de investimentos da qual ela é sócia comprou por 100 milhões reais 20% de uma sorveteria chamada Diletto.

    Os sócios de Verônica são Jorge Paulo Lehman e Marcel Telles. Lehman é o homem mais rico do Brasil. Daí a pergunta do Viomundo, e Marcel é um velho amigo e parceiro dele.

    Lehman e Marcel, essencialmente, fizeram fortuna com cerveja. Compraram a envelhecida Brahma, no começo da década de 1980, e depois não pararam mais de adquirir cervejarias no Brasil e no mundo.

    Se um dia o consumo de cerveja for cerceado como o de cigarro, Lehman e Marcel não terão muitas razões para erguer brindes.

    Verônica se colocou no caminho de Lehman quando conseguiu dele uma bolsa de estudos para Harvard.

    Eu a conheci mais ou menos naquela época. Eu era redator chefe da Exame, e Verônica durante algum tempo trabalhou na revista numa posição secundária.

    Não tenho elementos para julgar se ela tinha talento para fazer uma carreira tão milionária.

    Ela não me chamou a atenção em nenhum momento, e portanto jamais conversei mais detidamente com ela.

    Mas ali, na Exame, ela já era um pequeno exemplo das relações perigosas entre políticos e empresários de mídia. Foi a amizade de Serra com a Abril que a colocou na Exame.

    Depois, Verônica ganhou de Lehman uma bolsa para Harvard. Lehman, lembro bem de conversas com ele, escolhia em geral gente humilde e brilhante para, como um mecenas, patrocinar mestrados em negócios na Harvard, onde estudara.

    Não sei se Verônica se encaixava na categoria dos humildes ou dos brilhantes, ou de nenhuma das duas, ou em ambas. Conhecendo o mundo como ele é, suponho que ela tenha entrado na cota de exceções por Serra ser quem é, ou melhor, era.

    Serra pareceu, no passado, ter grandes possibilidades de se tornar presidente. Numa coluna antológica na Veja, Diogo Mainardi começou um texto em janeiro de 2001 mais ou menos assim: “Exatamente daqui a um ano Serra estará subindo a rampa do Planalto”. (Os jornalistas circularam durante muito tempo esta coluna, como fonte de piada e escárnio.)

    Cotas para excluídos são contestadas pela mídia, mas cotas para amigos são consideradas absolutamente normais, e portanto não são notícia.
    Bem, Verônica agradou Lehman, a ponto de se tornar, depois de Harvard, sócia dele.

    O nome dela apareceu em denúncias – cabalmente rechaçadas por ela – ligadas às privatizações da era tucana.

    Tenho para mim que ela não precisaria fazer nada errado, uma vez que já caíra nas graças de Lehman, mas ainda assim, a vontade da mídia de investigar as denúncias, como tantas vezes se fez com o filho de Lula, foi nenhuma.

    Verônica é da turma. Essa a explicação. Serra é amigo dos empresários de mídia. E mesmo Lehman, evidentemente, não ficaria muito feliz em ver a sócia exposta em denúncias.

    Lehman é discreto, exemplarmente ausente dos holofotes. Mas sabe se movimentar quando interessa.

    Uma vez, pedi aos editores da Época Negócios um perfil dele depois da compra de uma grande cervejaria estrangeira. Recomendei que os repórteres falassem com amigos, uma vez que ele não dá entrevistas.

    Rapidamente recebi um telefonema de João Roberto Marinho, o Marinho que cuida de assuntos editoriais. João queria saber o que estávamos fazendo.

    Lehman ligara a ele desgostoso. Também telefonara a seus amigos mais próximos recomendando que não falassem com os repórteres da revista. Ninguém falou, até mais tarde Lehman autorizá-los depois de ver os bons propósitos da reportagem.

    A influência de Lehman sobre João Roberto se deve, é verdade, à admiração que Lehman e seu lendário Grupo Garantia despertavam na família Marinho.

    Mas é óbvio que a verba publicitária das cervejarias de Lehman falam alto também. Um amigo me conta que em Avenida Brasil os personagens tomavam cerveja sob qualquer pretexto.

    Isto porque as cervejarias de Lehman pagaram um dinheiro especial pelo chamado ‘product placement’, ou mercham, na linguagem mais vulgar.

    O consumidor é submetido a uma propaganda sem saber, abertamente, que é propaganda. Era como se realmente os personagens tivessem sempre motivos para tomar uma gelada.

    Verônica Serra, por tudo isso, esteve sempre sob uma proteção, na grande mídia, que é para poucos. É para aqueles que ligam e são atendidos pelos donos das empresas jornalísticas.

    O filho de Lula não.

    Daí a diferença de tratamento. E daí também a força incômoda, por mostrar quanto somos uma terra de privilégios, da pergunta do site Viomundo.

     

  9. Ex-agente duplo conta como a CIA…

    Do Sul21

    Ex-agente duplo conta como a CIA promove ‘guerras não violentas’ para implodir governos

     A missão de Raúl Capote era formar líderes universitários e criar o projeto “Genesis”, com o objetivo de estabelecer em Cuba a estratégia do “golpe suave”, elaborada por autores como Gene Sharp. ( Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    A missão da CIA para Raúl Capote era formar líderes universitários e criar o projeto “Genesis”, com o objetivo de estabelecer em Cuba a estratégia do “golpe suave”, elaborada por autores como Gene Sharp. ( Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Marco Weissheimer

    Entre 2004 e 2011, o escritor e professor cubano Raúl Antonio Capote Fernández atuou, a pedido da inteligência cubana, como agente duplo infiltrado na CIA. Raúl Capote foi contatado muito jovem por pessoas ligadas à agência de inteligência norte-americana e convidado a participar de um projeto que pretendia criar uma “oposição de novo tipo” em Cuba, capaz de, após o desaparecimento de Fidel Castro, iniciar uma “revolução suave” que acabasse por derrubar o governo de Havana. A sua missão era formar líderes universitários e criar o projeto “Genesis”, com o objetivo de estabelecer em Cuba a estratégia do “golpe suave”, elaborada por autores como Gene Sharp.

    Em entrevista ao Sul21, Raúl Capote conta essa experiência, relata como ela fracassou em Cuba e diz que ela já foi aplicada em países como Venezuela, Irã e Líbia e que segue sendo implementada em diversas regiões do mundo. “A ideia da guerra não violenta consiste em ir solapando os pilares de um governo até que ele imploda. O objetivo não é fazer com que um governo renuncie. Se isso acontecer, o projeto fracassou. A ideia é que o governo imploda e que isso cause caos. Com o país em caos, é possível recorrer a meios mais extremos”, assinala.

    Raúl Capote veio a Porto Alegre a convite da Associação Cultural José Martí/RS para participar de uma série de encontros e debates. Ele mantém o blog El Adversário Cubano, onde conta outros detalhes sobre essa história e sobre outras “guerras não violentas” em curso no planeta.

    Sul21: Como é que você começou a trabalhar com assuntos de segurança em Cuba e sob que circunstâncias se tornou um agente duplo, atuando infiltrado na CIA?

    Raúl Capote: Isso começou em 1986. Eu era um jovem inquieto e rebelde que fazia parte de uma organização chamada Associação Hermanos Saiz, que agrupava jovens poetas, pintores e escritores. Esse espírito rebelde para nós era algo muito natural. Fomos ensinados a ser assim. Creio que os serviços especiais norte-americanos confundiram esse espírito de rebeldia com um espírito de possível oposição ao sistema. Eles começaram a se aproximar de nós. Eu vivia em Cienfuegos, no centro-sul de Cuba, uma cidade que tinha uma importância estratégica nesta época porque a revolução queria convertê-la num centro industrial para o país. Havia muitas obras em construção, entre elas uma central Eletronuclear e fábricas de todo tipo. Era uma cidade muito jovem e onde trabalhavam muitos cubanos que tinham se formado na União Soviética e em outros países do campo socialista. Creio que essa conjuntura de ser uma cidade jovem e industrial, com muitos jovens interessados em temas da cultura, da política e da economia, chamou a atenção da CIA.

    "A primeira pessoa que veio falar conosco foi Denis Reichler, um jornalista freelancer da revista Paris Match, que para nós era uma espécie de ídolo do jornalismo esportivo". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “A primeira pessoa que veio falar conosco foi Denis Reichler, um jornalista freelancer da revista Paris Match, que para nós era uma espécie de ídolo do jornalismo esportivo”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Eles começaram a se aproximar de nós por meio de organizações não-governamentais. A primeira pessoa que veio falar conosco foi Denis Reichler, um jornalista freelancer da revista Paris Match, que para nós era uma espécie de ídolo do jornalismo esportivo. O que admirávamos nele era sua atuação como jornalista que havia estado na África e em muitos outros lugares. Era uma referência positiva para se aproximar de um grupo de jovens tão rebelde. Ele nos colocou em contato com organizações não-governamentais que, supostamente, estavam interessadas em financiar projetos artísticos em Cuba. Nos colocou em contato com pessoas que começaram a planejar ajuda econômica e a trabalhar com nós, em um processo de aproximação que buscava ganhar a nossa confiança. Éramos jovens e estávamos começando a fazer literatura ou artes plásticas. Ainda não tínhamos nenhuma obra, só tentativas.

    Era um processo de aproximação feito com muita cautela e sem pressa. Neste período, a Segurança de Estado cubana entrou em contato comigo, me explicou o que estava acontecendo, que aquelas pessoas não pertenciam, de fato, a organizações não governamentais e quais eram as suas reais intenções. Isso me dava três possibilidades. A primeira era seguir trabalhando com eles. A segunda era interromper o trabalho e o contato com eles. E a terceira possibilidade, que me foi proposta pela segurança cubana, era seguir trabalhando com eles, converter-me em um agente da segurança cubana e tratar de decifrar quais eram os planos dessas pessoas no mundo da cultura e das artes, especialmente junto à juventude.

    Sul21: Esse contato com a agência de segurança cubana e o trabalho que se seguiu daí aconteceram ainda em 1986?

    Raúl Capote: Sim, em 1986. Para mim era algo extraordinário. Nos anos 80, existia na sociedade cubana toda uma mística sobre o trabalho da segurança cubana, que sempre foi muito popular. Havia uma história legendária sobre ela, que tinha frustrado planos da CIA contra Cuba. Pertencer a essa organização me pareceu algo maravilhoso. Não avaliava, então, o quão complicado seria o trabalho que eu teria que enfrentar nem a quantidade de renúncias que eu teria que fazer. Eu tinha 20 anos quando comecei esse trabalho. Foi um longo processo. Houve um momento em que ocorreu uma interrupção desse movimento de aproximação feito pelos inimigos de Cuba. Em 1987, houve uma grande denúncia pública. Mais de 30 agentes da segurança cubana expuseram o trabalho de quase 96 oficiais da CIA que estavam atuando dentro do país.

    "Em 2004 começou o processo do meu recrutamento pela CIA. Neste ano, conheci muitos oficiais da agência, inclusive aquele que seria meu chefe mais tarde". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “Em 2004 começou o processo do meu recrutamento pela CIA. Neste ano, conheci muitos oficiais da agência, inclusive aquele que seria meu chefe mais tarde”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Isso fez com que a CIA se tornasse mais cautelosa e tomasse algumas precauções. Passaram-se então alguns anos de contato muito leve por meio de algum jornalista ou de um representante de uma ong. Em 1994 eu fui morar em Havana e passei a trabalhar como organizador do sindicato de trabalhadores da cultura na cidade. Era uma mudança radical em muitos sentidos. Até então eu trabalhava com um universo de 3 ou 4 mil jovens e passei a dirigir 40 mil trabalhadores da cultura. Isso me tornou um alvo ainda mais interessante para a CIA. Eu era líder de um sindicato onde estavam praticamente todos os trabalhadores da cultura – artistas, músicos, escritores. Era um sindicato muito forte. Aí os contatos voltaram.

    Eles passaram a me visitar com um plano mais complicado. Começaram a falar em dar informações sobre como se movia esse mundo da cultura, sobre como os jovens viam a Revolução naquele momento, etc. Esse processo vai se incrementando com o passar dos anos até 2004. Neste período, entramos em contato com associações e fundações mais vinculadas com o governo dos Estados Unidos como a Usaid e a Fundação Panamericana para o Desenvolvimento. Em 2004 começou então o processo do meu recrutamento pela CIA. Neste ano, conheci muitos oficiais da agência, inclusive aquele que seria meu chefe mais tarde.

    Sul21: Conheceu esses oficiais da CIA em Cuba mesmo?

    Raúl Capote: Sim, em Cuba. Em 2004, então, eles me recrutam e eu me converto em um agente da CIA com uma tarefa muito específica. Minha tarefa não era fazer espionagem, até porque eu não tinha acesso mesmo a informações muito importantes, ou praticar ações encobertas ou atos terroristas, como normalmente faziam em Cuba. O meu trabalho era promover a guerra cultural, a guerra no terreno das ideias, que eles definem muito bem ao chamar de guerra cultural. Nós usamos expressões complicadas para isso como subversão político-ideológica ou algo do gênero. Eles simplificam. É guerra cultural mesmo. O que eu não imaginava era chegar a conhecer o quanto de verdade havia no controle real que a CIA tem sobre os meios de comunicação e a indústria cultural nos Estados Unidos e no mundo inteiro. Descobri que isso existe de fato, não é teoria da conspiração como alguns acreditam.

    A CIA utiliza o cinema, as rádios, as televisões os jornais e outros canais a partir de um plano prévio. A agência criou um departamento que se especializou neste tipo de guerra cultural. Eu entrei neste mundo e conheci muitas pessoas que trabalhavam nele. Em 2005, eu me converti em chefe de um projeto específico da CIA em Cuba, chamado de Projeto Gênesis.

    Sul21: Você chegou a ir aos Estados Unidos para fazer algum tipo de treinamento especial ou para reuniões?

    Raúl Capote: Sim, tive contato direto com eles. O Gênesis era um projeto muito bem pensado e que me permitiu conhecer também como a CIA estava trabalhando na América Latina com a mesma ideia de guerra cultural. Esse projeto não foi uma novidade cubana, mas sim o resultado de um trabalho realizado pelos Estados Unidos em muitas regiões da América Latina. Ele começou a ser implementado no processo de transição democrática na América Latina, no Chile e em muitos outros lugares. Essa experiência partiu da constatação de que as universidades latino-americanas tinham sido nas últimas décadas um foco de insurreição e de formação de militantes de esquerda. Eles decidiram mudar isso e converter a universidade latino-americana em um centro de produção do pensamento da direita e não da esquerda. Eles pensavam que o fato de essas universidades terem atravessado um período de repressão muito grande, quando muitos professores e estudantes militantes de esquerda foram mortos, facilitava um pouco esse trabalho de conversão.

    "A ideia era criar uma nova classe dirigente dentro das universidades e, por consequência, nos seus respectivos países". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “A ideia era criar uma nova classe dirigente dentro das universidades e, por consequência, nos seus respectivos países”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Assim, começaram a implementar em toda a América Latina um milionário plano de integração acadêmica. Muitos estudantes e professores foram fazer esse intercâmbio nos Estados Unidos, onde realizaram diversos cursos, entre eles o famoso curso de liderança. A ideia era criar uma nova classe dirigente dentro das universidades e, por consequência, nos seus respectivos países. A quantidade de líderes mundiais hoje que são fruto desses programas é impressionante. Esse processo foi aplicado na Venezuela, por exemplo, com uma ênfase muito forte, a partir de 2009.

    Entre 2003 e 2004 se enviava, mensalmente, um grupo de dez estudantes com um professor para cursos de formação e liderança na antiga Iugoslávia, atual Sérvia, sob a coordenação do antigo grupo de resistência sérvio, onde estava Srdja Popovic e uma série de jovens que contavam a experiência da derrubada de Milosevic.

    Participavam desses cursos também o Instituto Albert Einstein, o Instituto de Luta pela Guerra Não Violenta, criado pelos sérvios, o multimilionário húngaro George Soros que colocou muito dinheiro neste projeto, e o Instituto Republicano Internacional que recebia fundos do governo norte-americano e o aplicavam nestes cursos. Aí se formaram muitos dos líderes da chamada Primavera Árabe e muitos líderes da oposição síria. Criou-se toda uma estrutura para fomentar o uso da chamada luta não violenta e do golpe suave. Estudantes venezuelanos, acompanhados de alguns professores, começaram a fazer esses cursos de forma periódica. O objetivo era repetir esse processo em Cuba, para formar ativistas especializados no manejo da guerra não violenta.

    Eu recebi uma preparação intensa de como se organiza um golpe suave para derrubar um governo, quais são as medidas fundamentais para construir essa estratégia. É claro que, dentro de Cuba, seria muito mais difícil fazer essa formação. A alternativa encontrada foi usar o sistema de bolsas de estudo para promover o intercâmbio de estudantes. A ideia era propor, por exemplo, uma bolsa de estudos de seis meses ou mais em Jerusalém para um estudante de história ou ciências sociais. Ou então oferecer para uma jovem estudante de arte uma bolsa em Colônia, na Alemanha. Escolheu-se universidades muito pontuais, que não fossem norte-americanas e que pudessem ser atrativas para determinadas áreas de interesse. Mas os cursos oferecidos nestas universidades não eram exatamente sobre arte ou sobre história, mas sim sobre formação de lideranças, com cursos de inglês, cursos de táticas de guerra não convencional, sobre como funcionavam as organizações democráticas. O objetivo era que, mais tarde, esses estudantes se transformassem em elementos de mudança em Cuba.

    Sul21: E os estudantes que recebiam essas bolsas, sabiam da real natureza desse intercâmbio?

    Raúl Capote: Não sabiam. O truque da bolsa era que, em geral, oferecia um curso de seis meses. As pessoas supunham que o curso era relacionado com a sua especialidade. Por que não passar seis meses em Jerusalém, Colônia ou outro local, com tudo pago, recebendo um curso de inglês, entre outras coisas? – pensavam. A agência estimava que, se cada dez estudantes, um se convertesse em um futuro opositor, já seria um grande lucro.

    "A estratégia, em resumo, era aplicar a cartilha de Gene Sharp, teórico do golpe suave. A ideia da guerra não violenta consiste em ir solapando os pilares de um governo até que ele imploda". (Foto: Divulgação)

    “A estratégia, em resumo, era aplicar a cartilha de Gene Sharp, teórico do golpe suave. A ideia da guerra não violenta consiste em ir solapando os pilares de um governo até que ele imploda”. (Foto: Divulgação)

    Esse plano começou a ser implementado em Cuba com muita força a partir de 2005, 2006, sem muitos resultados. Para surpresa da CIA, não houve muitos interessados pelos cursos, que não tiveram o impacto esperado junto aos jovens cubanos. Além disso, eu é que estava dirigindo a operação…Era possível que não tivesse êxito…(risos). Outro plano envolvendo a minha atuação como agente era fazer com que eu ocupasse uma posição elevada dentro do Ministério da Educação. Pretendiam me dar todo o apoio possível para tanto, apoio acadêmico e inclusive monetário. A ideia era me converter em uma pessoa imprescindível no sistema de educação cubano por minhas relações e contatos no mundo acadêmico.

    Uma das coisas mais importantes para eles nesta época era o tempo que lhes restava. Estavam muito preocupados com essa questão temporal, pois aguardavam o momento do desaparecimento de Fidel. Avaliavam que muitos dos líderes históricos da Revolução Cubana não estariam mais em condições de assumir o posto de comando quando isso acontecesse. Trabalhavam com um período de dez ou quinze anos, no qual se formaria em Cuba uma nova oposição, que não teria nada a ver com a oposição anterior, que eles próprios consideravam desprestigiada e sem base social. Queriam criar uma oposição de novo tipo.

    Sul21: Como pretendiam fazer isso?

    Raúl Capote: A estratégia utilizada em Cuba se diferenciou um pouco daquela usada em outros lugares. Eles queriam formar uma oposição de esquerda, pois avaliavam que uma oposição de direita não teria êxito em Cuba, pelo enraizamento da tradição e do pensamento revolucionário e também pelo fato que a direita nunca teve uma posição muito significativa junto ao povo cubano. Passaram a tentar criar, então, organizações que fossem supostamente de esquerda. Essa era a estratégia central do projeto Genesis. Para nos auxiliar nesta tarefa, nos deram acesso a modernos meios eletrônicos de comunicação que nos permitiram acessar a internet, as redes sociais e outros espaços. A ideia era nos dotar de uma grande capacidade de mobilização e começar a gerar conteúdo dentro do país. Isso tudo seria feito em segredo, em baixo perfil, nos treinando no uso dessas novas tecnologias.

    "Em 2007, me entregaram um equipamento de comunicação que se conectava por satélite com o Departamento de Defesa e que não podia ser rastreado". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “Em 2007, me entregaram um equipamento de comunicação que se conectava por satélite com o Departamento de Defesa e que não podia ser rastreado”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Em 2007, me entregaram um equipamento de comunicação que se conectava por satélite com o Departamento de Defesa e que não podia ser rastreado. Esse equipamento permitia que eu tivesse comunicação direta com meu chefe em Washington e também criar uma rede em Cuba indetectável. De forma concomitante com isso, se começou outro projeto por meio do qual começaram a introduzir telefones celulares no país. Em função do bloqueio imposto pelos Estados Unidos, Cuba não tinha muitos celulares. Eles começaram a distribuir celulares de maneira gratuita, por diferentes meios, e criaram o programa ZunZuneo, que pretendia ser uma espécie de twitter cubano.

    Essa rede começou a distribuir mensagens de texto principalmente e notícias relacionadas ao esporte, à cultura e às artes. A ideia era criar dentro do país um hábito de consultar essa página e fazer com que as pessoas confiassem neste espaço. Assim, no momento necessário, o site começaria a enviar mensagens para mobilizar ações contra a revolução. Fizeram alguns testes no país, em determinados momentos, que não deram resultado, mas seguiram implementando o projeto. Mais tarde, fizeram alguns aperfeiçoamentos e criaram outro sistema que se chamou Piramideo, parecido com o ZunZuneo, mas com alguns acréscimos fruto de experiências no Oriente Médio, especialmente no Irã, onde foi utilizado como ferramenta de mobilização em determinadas situações dentro do país.

    Sul21: Qual foi o impacto dessas iniciativas na sociedade cubana, especialmente junto à juventude? Elas tiveram visibilidade?

    Raúl Capote: Tudo era feito pensando em um determinado momento no futuro de Cuba onde deveria ocorrer uma mudança de governo. Eles pensavam que isso ocorreria entre 2015 e 2016, que é exatamente o momento que estamos vivendo agora. Neste momento, segundo o planejamento feito, já deveria estar formada uma oposição social de novo tipo, saída da universidade e integrada principalmente por estudantes e professores, mas também por artistas, pequenos comerciantes e representantes de outros setores que apoiassem essa ideia. O surgimento público desse novo movimento político se daria através do lançamento da organização Fundação Genesis para a Liberdade, que deveria se dar em um ano em que ocorressem eleições em Cuba (que ocorrem a cada cinco anos).

    Essa organização até poderia ser considerada uma fundação, mas de “genesis” não tinha nada e de liberdade muito menos. Em primeiro lugar, porque o líder da organização, eu no caso, era um agente da CIA. Em segundo lugar, eu não podia tomar nenhuma decisão sem ouvir o grupo consultivo que era constituído por oficiais da CIA. Então, de liberdade não tinha nada. Por meio dessa fundação, se esperava criar um oi mais de um partido político supostamente de esquerda. O discurso desse novo partido consistiria em dizer que era preciso reformar e modernizar o socialismo cubano. A nossa principal palavra de ordem era esta: modernizar. “Precisamos colocar o socialismo à altura do tempo”, “a época heroica já passou”, “ninguém mais faz isso no mundo”…diríamos coisas assim.

    "O nascimento da Fundação Genesis como organização seria acompanhado por uma grande campanha midiática". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “O nascimento da Fundação Genesis como organização seria acompanhado por uma grande campanha midiática”.
    (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Eles acreditavam que, com o desaparecimento de líderes históricos carismáticos da Revolução como Fidel, esse novo movimento político teria um grande impacto na sociedade cubana levando inclusive a uma fratura na unidade interna do país. O nascimento da Fundação Genesis como organização seria acompanhado por uma grande campanha midiática. Haveria uma coletiva de imprensa com alguns dos mais importantes meios de comunicação do mundo. O passo seguinte seria organizar ações de rua, manifestações, ocupação de espaços públicos de maneira pacífica com o objetivo de causar impacto na sociedade.

    Sul21: Qual era a meta principal dessa tática?

    Raúl Capote: Em resumo, aplicar a cartilha de Gene Sharp, teórico do golpe suave. A ideia da guerra não violenta consiste em ir solapando os pilares de um governo até que ele imploda. O objetivo não é fazer com que um governo renuncie. Se isso acontecer, o projeto fracassou. A ideia é que o governo imploda e que isso cause caos. Com o país em caos, é possível recorrer a meios mais extremos. A meta em Cuba era esta: causar um caos tal no país que fizesse desabar todos os pilares da revolução. Neste cenário, várias possibilidades eram consideradas, entre elas, uma “intervenção humanitária” dos Estados Unidos no país. Outra era a instalação de um governo de transição que levasse a um governo de direita.

    O truque fundamental do projeto Genesis era que tinha supostamente um discurso de esquerda, mas as propostas reais que defendia consistiam em privatizar praticamente tudo, inclusive a saúde e a seguridade social. Era um socialismo anti-socialista e anti-social, com terríveis medidas de austeridade. Eles diziam para não nos preocuparmos, pois o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a comunidade cubana no exterior iriam apoiar a “reconstrução do país”. Mas esse projeto nunca conseguiu ter base social nem conseguiu formar estudantes como pretendia…

    Sul21: E você, na condição de agente duplo, se esforçava na implantação do projeto ou trabalhava contra ele?

    Raúl Capote: Fazia tudo o que podia para que não tivesse resultado. Era um jogo de xadrez muito interessante. Eu tinha que fazer com que eles acreditassem que estava funcionando e, na prática, fazer com que não funcionasse. Era bem difícil. Mas o projeto tinha muitos pontos débeis. Um deles era a crença de que a revolução dependia de uma única pessoa. Acreditar que a Revolução Cubana é Fidel é um erro. Outro erro era acreditar que os cubanos são pessoas ingênuas.

    Em 2006, Fidel anunciou que estava se afastando de suas funções por problemas de saúde e que seria substituído por Raul (seu irmão, Raul Castro). Esse era um momento propício para aplicar a estratégia da Fundação Genesis e eles precipitaram um conjunto de ações. Acreditavam que poderia ocorrer um levantamento no centro de Havana.

    Para tanto, usaram um médico chamado Darsi Ferrer, um contrarrevolucionário desconhecido. No dia 13 de agosto de 2006, data de aniversário de Fidel, ele deveria provocar um levantamento em Havana e convocar uma coletiva para dizer que o país estava mergulhado no caos, que havia militares sublevados e que a população não queria Raul no governo. Planejaram gravar em um estúdio, de modo muito parecido com o que fizeram na Líbia onde filmaram ações que, na verdade, não estavam acontecendo. O plano era filmar cenários de repressão como se os militares cubanos estivessem reprimindo a população, e transmitir essas imagens para todo o mundo. A mim me surpreendeu muito que um oficial da CIA em Cuba tivesse o poder de pautar e subordinar os mais importantes meios de comunicação do mundo. Era isso que estava se planejando ali.

    "Quando essas imagens do “caos” em Cuba tivessem sido transmitidas ao mundo, eu deveria convocar uma coletiva de imprensa e pedir uma intervenção militar dos Estados Unidos para conter as violações de direitos humanos". (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    “Quando essas imagens do “caos” em Cuba tivessem sido transmitidas ao mundo, eu deveria convocar uma coletiva de imprensa e pedir uma intervenção militar dos Estados Unidos para conter as violações de direitos humanos”. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)

    Sul21: E qual era o seu papel neste plano?

    Raúl Capote: Quando essas imagens do “caos” em Cuba tivessem sido transmitidas ao mundo, eu deveria convocar uma coletiva de imprensa e pedir uma intervenção militar dos Estados Unidos para conter as violações de direitos humanos. Eu não era um contrarrevolucionário ou opositor, mas um professor e acadêmico conhecido no país. A credibilidade da minha aparição seria maior. Fiquei com um grande conflito interno neste período. Eu jamais iria fazer aquele pedido de intervenção militar dos Estados Unidos.

    Sul21: O que aconteceu, então?

    Raúl Capote: As coisas começaram a dar errado para eles muito rapidamente. Depois do anúncio do afastamento de Fidel, passaram-se alguns dias e não houve nenhum caos no país, que seguiu funcionando normalmente. Não houve manifestações, protestos, nada. As pessoas seguiram com suas vidas. O outro problema que ocorreu é que o médico escolhido para desencadear o levante ficou sabendo que os principais canais de Miami estavam dizendo que um opositor cubano chamado Darsi Ferrer iria se imolar pela democracia. Aquilo foi uma surpresa total, pois não estava em seus planos colocar fogo no próprio corpo e morrer. Ele ficou convencido que iam matá-lo e, no dia 13 de agosto, ao invés de ir ao lugar escolhido para a execução do plano, sai de casa e inventa uma desculpa para não ir até lá. E o projeto fracassa.

    Sul21: Quando você abandona a condição de agente duplo?

    Raúl Capote: Em 2010, quando a Líbia entrou em situação de guerra civil, o governo cubano me pediu para participar de uma denúncia pública para que as pessoas ficassem sabendo como esse tipo de golpe é tramado. Era uma decisão muito difícil, pois trazia riscos para mim e para minha família. Mas aceitei a proposta e começamos a gravar um conjunto de programas chamado “As razões de Cuba”, onde um grupo de agentes como eu vai à televisão contar o que tinham vivenciado. O programa foi dividido em capítulos. O meu foi ao ar em 4 de abril de 2011, onde contei tudo isso na televisão.

    Sul21: Fora de Cuba, se fala muito da situação de restrição de acesso à internet e às redes sociais na ilha, que haveria controle e a população não teria livre acesso à rede. Qual é mesmo a situação do acesso à internet em Cuba?

    Raúl Capote: Sim, constantemente se acusa o governo cubano de não permitir o livre acesso à internet. É uma grande mentira. Se formos olhar os discursos de Fidel nos anos 90, veremos que a revolução cubana sempre defendeu o acesso livre à internet. O problema é que os donos da internet são os norte-americanos, Cuba está cercada de cabos submarinos de fibra ótica, mas não pode usá-los por causa do bloqueio. Cuba não tem acesso à tecnologia necessária para garantir o acesso à internet para todos os seus cidadãos por que as empresas são proibidas, pelos Estados Unidos, de negociar com Cuba. Em função desse quadro, o acesso à internet tornou-se muito caro para Cuba. E ela é lenta porque é preciso uma infraestrutura que garanta que o sinal chegue em todos os lugares do país. Nós acreditamos que a internet é uma ferramenta para defender e propagar a revolução. Os Estados Unidos não querem que Cuba tenha livre acesso à internet, porque sabem isso significaria que poderíamos divulgar muito mais nossas ideias também.

    É impossível no mundo hoje que uma sociedade se desenvolva sem a internet. Nós temos a Universidade de Ciências Informáticas, que é uma das maiores da América Latina e forma todos os anos milhares de engenheiros criadores de softwares e técnicos nesta área. É uma universidade que se auto-financia com a venda desses softwares. Temos escolas técnicas em todas as províncias que formam milhares de jovens para o uso das redes sociais e das novas tecnologias. Apesar do alto custo que ainda representa, a acesso e uso da internet em Cuba tem aumentado enormemente, apesar de todos os bloqueios que ainda sofremos.

  10. DIA DE FINADOS. TUDO A VER.

    Última loja de partituras no Rio fecha em dezembro

    Músicas Oscar Arany é referência de instrumentistas clássicos há pelo menos 70 anos

    por Helena Aragão02/11/2015 6:30/ Atualizado 02/11/2015 12:27Apaixonado por música, o engenheiro Claus Collatz posa com partituras na sua loja, que ocupa uma sala em prédio da Rua das Marrecas: decisão de encerrar o negócio passa pela crise econômica e pela internet – Fabio Seixo

     

    RIO – A única loja exclusivamente voltada para a venda de partituras no Rio vai fechar as portas no dia 31 de dezembro. A informação, que Ancelmo Gois publicou em sua coluna, provocou uma reação em cadeia: clientes antigos correndo para a Músicas Oscar Arany a fim de aproveitar os preços promocionais de queima estoque, um certo muro de lamentações atingindo certas timelines de redes sociais, com aqueles diálogos sobre “o fim de uma era”.

    — Nada é eterno — diz, pragmático, o dono da loja, Claus Collatz. — E aí é que nem a relação do carioca com a praia: quem quase nunca vai fica feliz em saber que ela está lá, para quando quiser aparecer. O movimento estava muito fraco na loja, mas quando anunciamos a decisão, ficou todo mundo lamentando e estamos vendendo como nunca.

    Engenheiro e músico amante das cordas — toca violoncelo, viola e violino —, Collatz, de 64 anos, dirige uma empresa de telecomunicações e conta com a ajuda de sua mulher, Marta, para administrar o negócio das partituras. A atividade paralela apareceu por acaso em sua vida há quase 30 anos. Frequentador assíduo da loja original nos anos 1970, ele desenvolveu aquela relação de cliente próximo com o dono Oscar Arany (1906-1992). O violoncelista húngaro Arany fugiu do nazismo na Europa em 1938 e, percebendo a dificuldade para se conseguir partituras no Rio, resolveu começar a importar exemplares para revender.

    — Ele foi um dos primeiros músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira. Percebeu logo que era uma cidade carente de material musical. Havia lojas como A Guitarra de Prata, que vendiam algumas partituras populares. Mas de clássico era complicado — conta Collatz, que toca violino na Orquestra Rio Camerata.

    A lacuna preenchida por Arany ajudou na formação de gerações de músicos. Walter Beloch, que conheceu a loja nos anos 1950 com amigos como o pianista Nelson Freire, lembra bem:

    — A loja era frequentada por todos os maiores músicos da época e também pelos estudantes. Foi lá que comprei as sonatas de Beethoven, edição Breitkopf, que anos depois dei de presente a Guiomar Novaes — conta o agente musical que vive em Milão.

    Claus Collatz e algumas das partituras da loja Músicas Oscar Arany – Fabio Seixo / Agência O Globo

    Em 1988, Collatz soube que Arany havia ficado impossibilitado de trabalhar, após um derrame. Sensibilizado com a situação, decidiu assumir o negócio.

    — Encarei como um bom projeto para a aposentadoria. Sempre tive que injetar capital próprio, mas é assim mesmo: tem gente que resolve ter um cavalo na Hípica, ou um barco na Marina da Glória. Minha paixão é a música.

    Em 2008, ele teve que sair do endereço original, na Avenida Nilo Peçanha. Instalou a loja perto da Escola de Música da UFRJ, em um prédio na Rua das Marrecas que já abrigava uma vizinhança e tanto: no mesmo andar há um alfaiate; em cima, um luthier de violinos e a Associação de Canto Coral.

    Como a crise econômica vinha minguando ainda mais o movimento já escasso, o empresário começou a reconsiderar a manutenção do negócio.

    — O primeiro baque deste mercado foi a popularização da xerox, nos anos 1970. Mas ali precisava-se ao menos de um original para copiar — pondera Collatz. — Hoje há sites como Estante Virtual e Amazon e também os dedicados a obras de domínio público.

    ‘Sempre tive que injetar capital próprio, mas é assim mesmo: tem gente que resolve ter um cavalo na Hípica, ou um barco na Marina da Glória. Minha paixão é a música’

    – Claus CollatzDono da loja

    Apesar de se definir com um “ser da antiga, que tem um celular que só fala”, Collatz diz que ele próprio é usuário dos sites de compras que cita como exemplo. A informatização do catálogo para vendas pela web, para todo o país, poderia ser uma opção de sobrevida. Mas acontece que Collatz está realmente pensando na aposentadoria — e se antes a loja era o caminho natural para esta fase, hoje o plano mais concreto é se mudar para a Alemanha, onde vivem seus filhos e netos.

    JOVENS BAIXAM PARTITURAS NO CELULAR

    Se a loja andava vazia até pouco tempo, as “raras pessoas que fazem questão de peças originais” têm dado as caras como nunca nos últimos dias. Valéria Bertoche, professora de piano da Escola Villa-Lobos, é uma delas. Na quinta-feira, ela estava lá para aproveitar os descontos de até 50% e renovar seu estoque de Bach e Chopin.

    — Meu coração doeu quando soube que ia acabar — diz ela. — Frequento a loja desde os tempos do seu Oscar, conheci muita coisa graças a ele. Hoje meus alunos baixam as partituras no celular. Mas a qualidade muitas vezes não é boa.

    Para fazer o contraponto, ela mostra uma partitura da marca Henle:

    — Um bom músico foi contratado para fazer o dedilhado para esta peça de piano. Havia uma sonata que eu tocava de um jeito havia anos, até comprar aqui uma partitura com o dedilhado feito por um pianista que eu adorava. Reaprendi a sonata, foi quase como ter uma aula com ele! — conta ela, para em seguida, num misto de tristeza e resignação, afirmar: — As coisas mudam, que jeito, né?

    Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cultura/musica/ultima-loja-de-partituras-no-rio-fecha-em-dezembro-17942168#ixzz3qLrcm5Xv
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