Clubes enfrentam a CBF e dessa vez podem vencer, por Augusto Diniz

Por Augusto Diniz

A recém-criada Liga Sul-Minas-Rio resolveu encarar a CBF por voltar atrás e informar que para realização de um torneio do grupo no ano que vem, é preciso uma assembleia de ratificação.

A CBF, que antes havia dito que incluiria o torneio no seu calendário e daria apoio arbitral, mudou o discurso e cedeu às pressões das federações associadas – as mais prejudicadas, já que as datas das partidas da Liga são no período dos campeonatos estaduais.

O problema é que a CBF está bastante fragilizada, com seu presidente à beira de ser formalmente acusado de corrupção.

E a Liga, integrada por grandes clubes do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Rio de Janeiro, vê, com isso, momento de se livrar, no primeiro momento, dos estaduais, cujos maiores beneficiários são as próprias federações e os times controlados por empresários de jogadores – e os que menos ganham são os clubes da elite e os times pequenos sérios (muitos centenários) dependentes dos estaduais para sobreviver.

O rompimento cria um imbróglio da Liga com a TV Globo, que aguardava um desfecho positivo na CBF para fazer proposta de direitos de transmissão do torneio.

Não se sabe qual será a postura da emissora com o impasse, mas caso aceite fazer acordo com a recém-criada Liga, o movimento deverá ser visto como um desalinhamento da Globo à CBF depois de anos de parceria. A Liga já estudava propostas de transmissão do torneio da Record, Fox e Esporte Interativo.

O fato é que a Liga não está enfrentando apenas o modelo de competições, e os arranjos permanentes da CBF com as federações sem atender primeiramente aos interesses das equipes.

Mas também a forma de negociação da confederação com patrocinadores e diretos de TV – já apontados pela Justiça norte-americana como suspeitos e que, por isso, levou o ex-presidente Marin à prisão. Os clubes estão convencidos que contratos assinados entre a CBF e empresas e emissoras de televisão, além de suspeitos, os engessam.

No fundo, a Liga quer protagonismo nas decisões e também independência. Se aproveitar o momento de decadência da CBF, o grupo pode suplantar suas ideias e, quem sabe, impor um modelo menos autocrático de gestão do futebol.

8 Comentários

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  1. Quando o Augusto Diniz fala

    Quando o Augusto Diniz fala que contratos de CBF,  empresas e emissoras de televisão além de suspeitos, os engessam, deixa clara sua parcilidade na análise dos fatos. Senão vejamos: foram esses mesmos clubes que acabaram com o Clube dos Treze  criado exatamente para enfrentar a CBF e a TV Globo ( viu Diniz, não tem essa história de emissoras de TV, é só a Globo a assinar com os clubes), de outras parte, quem garante que ao sair da corrupta CBF, os clubes não irão cair nas mão de outra quadrilha, agora composta por dirigentes da Liga que se pretende criar? Seria muita inocência achar que gente que apoiou a CBF até ontem e participou do grande banquete que tem sido nosso futebol, de uma hora para outras vá se converter em franciscanos com voto de pobreza. Faltou explicar igualmente o que quis dizer com engessamento dos clubes e citar que as demais emissoras de TV sempre estiveram nas negociações dos contratos para transmissão dos campeonatos brasileiro e estaduais, somente sendo derrotados graças aos esforços não apenas da CBF, mas também de dirigentes dos clubes que agora pretendem formar a nova Liga. Para finalizar, me expliquem como é que se pretende formar uma liga, semente de uma grande organizaão nacional,  sem a presença da maioria dos grandes clubes brasileiros e formada por equipes quase sem torcida nacinal, como os clubes de SP e Rio. Aliás, só para citar um dos menores em torcida, o Botafogo, reúne no País mais torcedores do que os quatro de SC juntos e possivelmente os do Paraná. Até um cego enxerga que a idéia é apenas ua tentativa de manter o poder de alguns pilantras históricos que não querem mais dividir o bolo com os corruptos da CBF.

    1. Ao Carlos Afonso

      Não defendo os clubes. A implosão do Clube dos Treze os enfraqueceu nas negociações com a CBF e a TV. A maioria perdeu poder de negociação e somente poucos ganharam. Agora tentam nova virada – o momento é propício. Dirigentes de futebol, como argumenta, não são nada confiáveis. Mas a Liga tem força sim, por contar com o Cruzeiro, Atlético-MG, Inter, Grêmio, Fluminense e Flamengo. Subestimar isso é que é ser cego. 

    2. Sim e Não…

          Quadrilhas existem nos dois casos, mas a questão de torcida é muito relativo, pois a torcida atual do Rio e SP ocorre pela transmissão obrigatoria na TV destes times. Então se houve “igualdade” na transmissão pelo país atraves do Nordestão, Liga e outras. Vc verá a diminuição do numero destas torcidas.

       

  2. “…mudou o discurso e cedeu

    “…mudou o discurso e cedeu às pressões das federações associadas”

     

    Em algumas federações como a catariense, por exemplo, havia apoio à liga. Em outras, havia certo mal-estar como a gaúcha, a paranaense e a mineira, mas um acordo que evitaria um choque direto com os clubes. Porém a porca torceu mesmo foi porque a FERJ partiu para o tudo ou nada contra flamengo e fluminense. Acho que a CBF fez uma grande besteira ao comprar essa briga contra os clubes ao lado da FERJ.

    1. bfcosta

      Tenho pra mim que a FERJ está encabeçando o protesto junto a CBF por ter mais força entre todas que envolvem clubes da Liga – a Federação Catarinense apoia a Liga por questões óbvias, já que coloca os times do Estado em patamar de igualdade com grandes clubes do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio; as outras federações, como a gaúcha e a mineira, só perdem com o provável esvaziamento dos estaduais – e elas já até demonstraram preocupação com a Liga.

  3. Uma liga Sul-Minas-Rio só

    Uma liga Sul-Minas-Rio só serveria para enfraquecer uma emissora (Globo). Mais nada!

     

    O problema é que nos daria um “torneio” limitado e elitizado “NÃO nacional”!
    Como um Clube campeão desse torneio será considerado? Campeão Regional? Já que não disputará com todos os melhores clubes do país?

    Como um torcedor de Atlético MG, Inter, Cruzeiro, Grêmio, Flamengo, Fluminense aceitará que seu Clube se recuse a sonhar naquele ano da possibilidade de ser campeão nacional? 

    Seremos o país sem campeonato Nacional!

    E mais, quais seriam os critérios para  um clube acessar a este campeonato? Quem decidiria? Teria outro campeonato clssificatório? Como um clube participaria deste campeonato? Teria outro campeonato? e outro? e outro? Ou a exigência seria $$$? 
    Aí voltamos a estaca zero!

    Os cartolas destes clubes (Flamengo, Grêmio, Cruzeiro, Inter, Atlético, Fluminense) que são tão ou mais suspeito que os cartolas da CBF estão se propondo a montar uma nova “CBF”, com outro nome, e mais lucrativa! Lucrativa prá quem? Pro torcedor é que não! Que receberá em seu colo a única opção de sonhar com um campeonato regional. 

    O torcedor do Santo André, Vitória da Conquista, Vila Nova, Juventude, Joinville e Maringá saem felizes? 

    1. Campeonato Brasileiro

      Vale lembrar que o Campeonato Brasileiro da Série A hoje é realizado quase igual ao número de estados representantes da Liga recém-criada. A Liga conta com clubes do RJ, MG, SC, PR e RS – o Campeonato Brasileiro tem estes estados com representantes e mais SP, GO e PE.

      1. Mas o Campeonato Brasileiro

        Mas o Campeonato Brasileiro atual é democrático no sentido de permitir que qualquer clube brasileiro consiga o acesso a Série A. Foi assim com a Chapecoense, era um clube de 4ª Divisão até 4 anos atrás, foi subindo e hoje está se mantendo na elite. 

        O simples fato de um campeonato estar aberto a qualquer clube brasileiro participar caso alcance as vitórias necessárias, já desperta o sonho de todo torcedor. 

        Sou colorado, mas no final deste campeonato o torcedor corintiano gritará aquilo que todos os outros torcedores dos outros clubes sonham gritar quando o campeonato acabar: “somos os melhores do Brasil”! 

        A Liga tirará esse sonho de todos os torcedores, inclusive dos torcedores dos Clubes que permanecerão no Brasileirão, pois ninguém estará enfrentando todos os Grandes Clubes. 

         

         

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