CNBB pede que “se deponham as armas de ódio” nas eleições 2018

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: CNBB
 
Jornal GGN – Após reunião dos bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defendeu a importância de se manter a justiça e a paz social neste segundo turno das eleições 2018.
 
Em nota publicada nesta quarta-feira (24), o Conselho defendeu que a democracia seja respeitada e pediu que “se deponham as armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira”.
 
“O Brasil volta às urnas para eleger seu novo presidente e, em alguns Estados e no Distrito Federal, seu governador. Fiel à sua missão evangelizadora, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de seu Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunido em Brasília-DF, nos dias 23 e 24 de outubro, vem ratificar sua posição e orientações a respeito deste importante momento para o País”, introduziu.
 
Lembrou, ainda, que “cabe à população julgar, na liberdade de sua consciência, o projeto que melhor responda aos princípios do bem comum, da dignidade da pessoa humana, do combate à sonegação e à corrupção, do respeito às instituições do Estado democrático de direito e da observância da Constituição Federal”.
 
A CNBB também reforçou seu compromisso com a defesa de questões sociais, econômicas e políticas, sem estar relacionado a ideologias, mas à “exigência do Evangelho que nos manda amar e servir a todos, preferencialmente aos pobres”.
 
Citando o trecho da Mensagem ao Povo de Deus, de 19 de abril deste ano, reafirmou: “Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada”.
 
“Toda atitude que incita à divisão, à discriminação, à intolerância e à violência, deve ser superada. Revistamo-nos, portanto, do amor e da reconciliação, e trilhemos o caminho da paz! Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus para o povo brasileiro”, concluíram.
 
Leia, abaixo, a íntegra da nota:
 

Por ocasião do segundo turno das eleições de 2018

Jesus Cristo é a nossa paz! (cf. Ef 2,14)

O Brasil volta às urnas para eleger seu novo presidente e, em alguns Estados e no Distrito Federal, seu governador. Fiel à sua missão evangelizadora, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de seu Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunido em Brasília-DF, nos dias 23 e 24 de outubro, vem ratificar sua posição e orientações a respeito deste importante momento para o País.

Eleições são ocasião de exercício da democracia que requer dos candidatos propostas e projetos que apontem para a construção de uma sociedade em que reinem a justiça e a paz social. Cabe à população julgar, na liberdade de sua consciência, o projeto que melhor responda aos princípios do bem comum, da dignidade da pessoa humana, do combate à sonegação e à corrupção, do respeito às instituições do Estado democrático de direito e da observância da Constituição Federal.

Na missão de pastores e profetas, nós, bispos católicos, ao assumirmos posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, o fazemos, não por ideologia, mas por exigência do Evangelho que nos manda amar e servir a todos, preferencialmente aos pobres. Por isso, “a Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada” (CNBB – Mensagem ao Povo de Deus – 19 de abril de 2018). Inúmeros são os testemunhos de bispos que, na história do país, se doaram e se doam no serviço da Igreja em favor de uma sociedade democrática, justa e fraterna.

A CNBB reafirma seu compromisso, sobretudo através do diálogo, de colaborar na busca do bem comum com as instituições sociais e aqueles que, respaldados pelo voto popular, forem eleitos para governar o País.

Exortamos a que se deponham armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira. Toda atitude que incita à divisão, à discriminação, à intolerância e à violência, deve ser superada. Revistamo-nos, portanto, do amor e da reconciliação, e trilhemos o caminho da paz!

Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus para o povo brasileiro.

Brasília-DF, 24 de outubro de 2018

Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador
Presidente da CNBB em exercício

Dom Guilherme Antônio Werlang
Bispo de Lajes
Vice-Presidente da CNBB em exercício

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

 

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

5 Comentários

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  1. Como demoraram… Mesmo assim, fazendo tao pouco

    Citar nomes nem pensar, né? Ou mesmo exemplos concretos localizáveis. Continuam em cima do muro.

  2. Na missão de pastores e profetas…

    João disse a Jesus: «Mestrevimos um homem que expulsa demônios em teu nomeMas nós lhe proibimosporque ele não anda conosco».  Jesus lhe disse: «Não lhe proíbamPoisquem não está contra vocêsestá a favor de vocês.» ” (Lc 9,49-50) e (Mc 9, 38-40)

     Jesus não quer que o grupo daqueles que o seguem se torne seita fechada e monopolizadora da sua missão. Toda e qualquer ação que desaliena o homem é parte integrante da missão de Jesus. 

    http://www.paulus.com.br/biblia-pastoral/_PW8.HTM#F2F8

    “Na missão de pastores e profetas, nós, bispos católicos, ao assumirmos posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, o fazemos, não por ideologia, mas por exigência do Evangelho que nos manda amar e servir a todos, preferencialmente aos pobres. Por isso, “a Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76).”

  3. Manifesto fraco, insípido e covarde

    Manifesto chapa branca mostra que há divisionismo dentro do CNBB. Ainda mais, nestes tempos onde há muita perda de freguês para as igrejas evangélicas. A CNBB parece manter há anos um “manifesto padrão” para eleições costumeiras PSDB contra PT e não perceberam que agora a luta caiu para temas abaixo da linha da cintura, justamente num momento onde a igreja católica está meio fragilizada com a pedofilia.

     PS – Quando li os sobrenomes dos assinantes do manifesto achei que era uma turma nazista do Sul do Brasil.

  4. Circunstância

    Com enorme atraso, a direção da CNBB se esmera em dizer obviedades com pompa, na clara intenção de se eximir de responsabilidade no desastre que pode acontecer, para o qual colaborou  por omissão e até ação de  gente da hierarquia. Diria o Conselheiro Acácio, que parece admirarem, que “as consequências vêm sempre depois”. E a mensagem tardia não redime ninguém  do pecado da omissão.

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