Os estágios de desenvolvimento, que transformaram a China na segunda economia do mundo, são conhecidos:
1. Primeiro, ampliação da educação básica no período Mao Tse Tsung.
2. Depois, a montagem de empresas para a fabricação terceirizada de produtos estrangeiros, especialmente de alta tecnologia. Uso da desvalorização da moeda para dar competitividade à produção chinesa.
3. Envio de chineses para estuar nos principais centros tecnológicos do planeta.
4. Criação de plataformas de exportação.
5. Transformação do Estado em grande comprador, garantindo o nascimento e a expansão de uma nova geração de empreendedores, em geral provenientes da agricultura.
6. Uso do mercado interno como fator de barganha para a transferência de tecnologia estrangeira para o país.
Atingindo um estágio excepcional de exportações, a China decidiu deslocar o polo dinâmico da economia para o mercado interno. Especialmente no momento em que a guerra fria com os Estados Unidos cria obstáculos à expansão do comercio internacional.
Ontem, o presidente Chines Xi Jinping, presidiu um simpósio sobre o trabalho econômico e social no país, visando fornecer subsídios para o 14o Plano Quinquenal da China, valendo para o período 2021-025.
Há duas formas da China desenvolver seu “soft power”. Uma delas são os investimentos maciços em países amigos, da chamada rota da China. A outra, é aumentar ainda mais as importações de outros países, dentro do modelo de desenvolvimento do mercado interno.
Um dos objetivos da China é se tornar um imã ainda maior para commodities e recursos internacionais. Segundo Xi, a intenção é tornar o ciclo econômico doméstico o esteio, promover uma complementação com o ciclo internacional.
Não se trata de um ciclo econômico doméstico fechado, explicou Xi, mas de uma “circulação dupla:, aberta, com os mercados doméstico e internacional se complementando.
Há um conjunto de reformas em andamento do lado da oferta, para melhor equilibrar com a demanda doméstica.
Uma das preocupações centrais é a elaboração de um novo plano para o desenvolvimento econômico e social da China, a fim de torná-lo mais justo e eficiente, sustentável e seguro, salientou ele. E também muita atenção aos riscos internacionais, em vista das mudanças trazidas pelo Covid-19.
Uma das principais ferramentas será a inovação tecnológica. Enfatizou a necessidade de acelerar a inovação tecnológica independente em tecnologias chaves.
Para tanto, diz ele, o país deve aproveitar ao máximo “as marcantes vantagens do sistema socialista de mobilização de todos os recursos disponíveis” visando transformar as conquistas científicas e tecnológicas em atividades produtivas, para elevar o nível das cadeias industriais.
A inovação deve estar associada à abertura e deve-se aumentar o intercâmbio e a cooperação internacional em ciência e tecnologia.
A tecnologia deve ser a chave para elevar o nível de abertura da China, paa uma economia aberta e de alto nível, diz ele, criando novas vantagens na cooperação e competição internacional.
Finalmente, pediu medidas para melhorar a governança social, construir sistemas mais fortes de saúde pública e controle de doenças, e mais oportunidades de emprego para manter a estabilidade social.
Trata-se de um desses paradoxos. Enquanto a pátria do capitalismo moderno, os EUA, debate-se com um ultraliberalismo que queimou a capacidade do Estado dinamizar a economia, uma industrialização de última geração, em um país comunista, aprende a trabalhar as ferramentas de uma economia de mercado.