Começam os Jogos Mundiais Indígenas

Da Agência Brasil

Dilma assiste à festa de abertura dos Jogos Mundiais Indígenas em Palmas

Por Marcelo Brandão

A presidenta Dilma Rousseff assiste à cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indigenas e saúda os participantes Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com a presença da presidenta Dilma Rousseff, que não discursou, uma vibrante cerimônia abriu oficialmente os primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas (JMPI) na noite de hoje (23), em Palmas (TO). O público presente na Arena Verde testemunhou um espetáculo de cantos, danças e luzes durante cerca de três horas, nas quais uma efervescência cultural prendeu a atenção de todos e arrancou muitas palmas. A festa terminou com todas as etnias se misturando em várias danças simultâneas, com muitas cores e alegria.

As apresentações artísticas começaram com um contagiante número de forró. Um grupo de dançarinos animou o público ao som do Xote das Meninas, de Luiz Gonzaga, tocada por dezenas de sanfoneiros. O clima de festa estava devidamente instalado na Arena. Às 20h10, o Fogo Sagrado, aceso no dia anterior  chegou à Arena Verde.

Dois indígenas, um homem e uma mulher, deram uma volta olímpica com a tocha nas mãos. Tochas se acenderam ao redor de toda a arena e as delegações indígenas brasileiras começaram a entrar, uma a uma. Cantando em suas línguas, cada etnia mostrou como o Brasil é rico em culturas e tradições.

Todas as 24 etnias ocuparam a areia em Palmas, sob aplausos do público. Mesmo em um momento extremamente tradicional, um fato não passou despercebido. Muitos indígenas que já haviam entrado filmavam com smartphones a entrada de seus “parentes”, como chamam os índios de outras etnias.

Palmas (TO) – Cerimônia de abertura dos Jogos Mundiais dos Povos Indígenas Marcelo Camargo/Agência Brasil

Em seguida, foi a vez das delegações internacionais entrarem, acompanhadas de palmas do público e dos maracás dos índios brasileiros, emoldurando as areias da Arena Verde. Outro belo momento foi a execução do hino nacional em duas partes, sendo que a primeira foi cantada em língua indígena. O acompanhamento ficou a cargo do violonista Robson Miguel e dos maracás tocados por um grupo de indígenas brasileiros.

Ainda houve tempo para uma demonstração da corrida de tora, que empolgou os presentes. Indígenas kanelas e gaviões correram com toras de até 100 quilos no ombro. Ao final, todos se uniram dançando, cantando e celebrando o momento.

Na tribuna de honra, estavam presidenta da República, Dilma Rousseff, o governador do estado, Marcelo Miranda, e outras autoridades. Após quase uma hora de atraso para o começo da cerimônia, o articulador do evento, Marcos Terena, falou com o público presente, agradecendo a presença de todos e da chuva, que caiu forte na noite anterior, amenizando o forte calor que durou a semana toda.

Então, Terena chamou a presidenta da República, Dilma Rousseff, para ficar a seu lado. Nesse momento, uma mistura de aplausos e vaias foi ouvida nas arquibancadas, seguida de uma resposta de Terena: “Eu sei que o que vocês fazem é de coração”.

Em seguida, o líder dos indígenas canadenses presentes aos jogos, Willy Littlechild, leu uma mensagem do secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, para os jogos.

“Esses jogos mostram como o esporte pode unir os povos e promover a paz. Nessa oportunidade, eu chamo os governos e a sociedades para o desenvolvimento das agendas dos povos indígenas”, disse Littlechild.

Um atraso na chegada das etnias que fariam a apresentação provocou um momento de improviso na cerimônia. A madrinha dos jogos, a cantora Margareth Menezes, cantou a capela a música Um Índio, de Caetano Veloso.

Redação

6 Comentários

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  1. A imprensa golpista só

    A imprensa golpista só destacou algumas vaias ocorridas quando do anúncio da Presidenta. Não registrou os aplausos.

    Pior que tudo: não fez a cobertura dos jogos pois, para ela, o povo indígena é invisível.

    Ainda bem que não somos a Alemanha Nazista, onde Hitler era aplaudido por 100% do público.

    1. Aplausos não é notícia visto

      Aplausos não é notícia visto que é fato normal e corriqueiro em apresentações e discursos. Vaia é notícia pois não é o esperado, foge do script. Cão morde o dono e dono morde o cão.

      Essa matéria é da Agência Brasil. A Agência Brasil é golpista?

       

  2. Absolutamente repugnante

    Absolutamente repugnante a presença pretensiosa, arrogante, sem noção da Dilma neste evento.

    Tanto ela como Lula consolidaram, de forma sistemática, disposições políticas de Estado que subsidiaram um dos momentos de maior afronta à integridade e sobrevivência dos povos indígenas brasileiros no curso da história do país desde sua independência.

    Trata-se de uma equação bastante simples: o modelo neodesenvolvimentista, em seu fundamento extrativista e reprimarizador da economia, é intrinsecamene genocida com os povos e comunidades cuja sobrevivência só é garantida por meio do respeito à sua ocupação territorial tradicional.

    Os impasses políticos mais recentes em governos bem mais progressistas que os do PT, como o de Evo Morales na Bolívia e Rafael Correa no Equador, demonstram que esse modelo está conduzindo a última e capenga experiência progressista latino-americana ao paroxismo, à contradição absoluta, enfim, ao esgotamento.

    O progressismo latino-americano de conciliação, ou seja, aquele que recusa tanto a confrontação com o establishment quanto a reforma profunda da estrutura de direitos, está encontrando, sobretudo em países de forte presença indígena e campesina, o horizonte instransponível das suas contradições.

    No Brasil, esse horizonte já foi sinalizado há algum tempo. Se aqui não foram os índios, foram os jovens suburbanos de metrópoles asfixiadas pela carência de (e vilipêndio dos) direitos que começaram a cantar a pedra em junho de 2013.

    A presença demagógica e cínica de Dilma nos jogos indígenas soa, para qualquer um que conheça o estado de coisas da política indigenista brasileira atual, como uma forma de tripúdio sujo e repugnante sobre aqueles que ela mesma massacra.

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