Por Regis Mesquita
Do Caminho Nobre
Sobre como os desejos produzem a maldade
Regis Mesquita
Um dos objetivos do blog Caminho Nobre é usar situações do cotidiano para explicar conceitos chaves para a vida humana que evolui.
Abaixo segue uma explicação sobre os motivos pelos quais os desejos podem se tornar grandes geradores de maldades.
Ao ler o texto abaixo peço que lembrem que vivemos numa sociedade consumista, na qual os desejos possuem grande poder. Lembrem também do aumento generalizado da agressividade e do egocentrismo disseminado por todo o planeta.
Joana queria muito um peixe.
Seus pais queriam vê-la feliz.
Compraram o peixe.
Eles queriam realizar o desejo da filha. Ela queria ter um peixe.
Ninguém queria cuidar decentemente do peixe.
Onde existe tanto querer, tanto desejo, alguém vai sofrer.
Joana ficou muito feliz com seu peixinho.
Depois de algumas horas esqueceu-se dele.
Ela passou a desejar outro brinquedo.
Os pais olharam para o peixe e tiveram muita vontade de sumir com ele.
O peixinho ficou isolado em um canto.
Desprezado pela Joana, sentindo suas condições de sobrevivência piorar.
Ele podia ser feliz e bem cuidado.
Estava sozinho, caminhando para a morte precoce.
A Joana agora desejava outras coisas.
Os pais não queriam mais trabalho (desejos geram trabalho).
Para cuidar bem do peixe teriam que aprender a tratar, comprar equipamentos e todos os dias ter o trabalho de mantê-lo com conforto e bem estar.
Um desejo, para não ser a origem da maldade, gera trabalho e esforço por um longo período.
Este esforço direcionado é a oportunidade de aprendizado.
Por exemplo: aprender a cuidar de um peixe com respeito pela sua vida e bem estar.
É a oportunidade de exercitar o amor, a disciplina e expandir conhecimento.
Por um longo período o peixinho seria parte da família.
Bem cuidado, respeitado e valorizado.
Se o desejo refluir e der espaço para o esforço, aprendizado e dedicação, nenhuma semente do mal irá germinar.
Mas, se o desejo continuar mandando na mente da garotinha a maldade irá espalhar.
Os desejos são positivos apenas quando são poucos.
O oposto do desejo é o usufruto do aqui e agora.
O aproveitar o que é e o que possui.
O desejo é o desperdício. É o desprezo pelo que é real.
O desejo eventual ajuda a ter metas.
Estas metas somente se concretizam ao longo do tempo.
A mente deve se manter no objetivo; aprender e desenvolver habilidades para atingir o objetivo.
Mas, se a mente continua a desejar e a criar outros focos, ela passa a se boicotar.
Um desejo vem, e logo é substituído por outro.
Joana e seus pais substituíram o desejo pelo peixinho por outro objetivo qualquer.
Desprezaram a conquista, desprezaram o objetivo.
Maltrataram o peixe.
Joana aprendeu a ser cruel, impulsiva e com pouco usufruto.
Um dia ela cresceu e seus pais se perguntaram onde foi que erraram.
Eles acreditavam que deram tudo do melhor para ela.
Mas, na realidade, elas transformaram sua filha numa máquina de desejos.
Ela se boicotava, por isto estava sempre buscando algo e esquecendo-se de usufruir o que possuía e o que era.
Ao longo dos anos muita maldade aconteceu.
Porque a mente que muito deseja gera maldade, mesmo que não perceba.
O amor gera continuidade, permanência.
A maldade destrói, e abre espaço para mais e mais desejos.
Alguns dias depois o peixinho morreu.
Os pais ficaram aliviados.
A garotinha nem notou.
Estava ocupadíssima com alguma novidade que seu desejo exigiu.
Novidade que logo ficaria velha, esquecida e desprezada.
Esta novidade ( pessoa, animal ou objeto) também será desprezada, esquecida, maltratada.
É a maldade que o desejar contínuo espalha.
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O texto eh superbo, Regis.
O texto eh superbo, Regis. Nao esta claro se eh baseado no budismo:
http://en.wikipedia.org/wiki/Noble_Eightfold_Path
Uh… eh que eu nao conheco nada de budismo mas lembrei do nome “caminho nobre”.
Não é budismo, mas tá perto
Acho que o autocontrole e o compromisso com as decisões tomadas é fundamental para gerar uma sociedade mais justa.
abraço,
Muito legal.
reproduzirei em
Muito legal.
reproduzirei em meu blog, com sua permissão.
Parabéns, Regis
Fico feliz
Assis,
fico feliz que queira reproduzi-la.
Abraço,
Estava pensando mais ou menos
Estava pensando mais ou menos nisso ao ver a dificuldade de algumas pessoas, homens e mulheres, que desejam (às vezes nem tanto, mas a familia margarina esta ai para isso) ter filhos e depois, se sentem frustrados, submersos pelo trabalho que gera uma criança. E da trabalho mesmo. Não da para deixar para depois.
Conheço crianças autoritarias ( que estão claramente pedindo limites) e os pais, para não terem trabalho em efetivamente educar, dizem sim a tudo o que a criança quer. E como tornam-se chatas essas crianças ultra-mimadas.
Excelente texto. Tudo a ver
Excelente texto. Tudo a ver com que estou passando com minha filha mais velha…
Excelente
Antes de tudo, excelente.
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“O desejo é o desperdício. É o desprezo pelo que é real.”
Devo comentar que nao necessariamente o desejo orienta-se pelo irreal.
Pode-se muito bem desejar o real.
Desejar o que se tem é desejar o real, nao é verdade?
De resto, vale citar: “cuide bem dos seus desejos pois eles cuidarão de você”
Att
Ditado clássico
“Cuidado com o que deseja, você pode conseguir!”
Scott Flanagan
A menina Joana e seus pais
A menina Joana e seus pais deveriam ter soltado o peixinho no ralo.
Lá certamente ele fluiria para suas origens, já que todas as aguas correm para o mar.
Reencontraria os irmãozinhos e priminhos e seria feliz no caminho nobre
Até o dia em que encontrasse a lula e virasse petista
Seu mundo então seria o ódio e preconceito
Pois todos os que não fossem vermelhos como ele
Seriam considerados inimigos dos peixes