O recente lançamento de um pacote de incentivos à economia da China levou a um aumento de mais de 15% na cotação das principais ações do país, principalmente por ter trazido algum alívio sobre a disposição do governo de tomar medidas ousadas.
Em artigo publicado no site Project Syndicate, o professor da Columbia Business School Shang-Jin Wei explica que o pacote em questão lembra o estímulo no valor de US$ 568 bilhões adotado ao final de 2008 para lidar com a crise financeira de 2008/2010.
“Esse pacote anterior fez com sucesso da China uma das únicas grandes economias que não sofreu uma recessão severa e, de fato, elevou o crescimento real do PIB da China para 10% em 2010”, pontua o economista, destacando o impulso na demanda global por outros países.
Já o novo pacote vai depender de uma série de fatores, incluindo seu tamanho e alcance, seu êxito em impulsionar o crescimento doméstico e a força dos laços econômicos com outros países.
Fundamentos do novo pacote
Wei explica que o novo pacote de incentivos está estruturado em três pontos-base:
- Aumentar a liquidez por meio da redução da taxa básica de juros em 20 pontos-base, das taxas de hipoteca em 50 pontos-base e a taxa de reserva exigida dos bancos comerciais em 50 pontos-base.
- Reavivar o setor imobiliário ao reduzir o pagamento inicial mínimo em compras de casas novas. Isso é complementado por medidas adicionais de governos locais para impulsionar a demanda por compras de imóveis.
- A adoção de novas medidas fiscais a serem colocadas em vigor em breve, e que provavelmente irá incluir transferências de dinheiro para famílias de baixa renda e famílias com crianças pequenas.
“A julgar pelas reações do mercado financeiro, acredita-se que o pacote de estímulo aliviou as preocupações sobre a disposição e a capacidade do governo de tomar medidas ousadas para estimular o crescimento econômico”, pontua o articulista.
Embora o mercado de ações mostre mais confiança com a possibilidade de um crescimento mais forte, a China e o mercado global precisarão esperar para ver se tal percepção se traduz em maior confiança do consumidor, investimento real por empresas privadas e estatais e um ressurgimento do investimento estrangeiro direto nos próximos meses e anos.
Na visão do economista, o pacote anunciado é um passo importante para retomar o crescimento, mas o país também precisa realizar mais reformas estruturais para conseguir manter o crescimento consistente no longo prazo.
Tais medidas incluem a melhora no clima de negócios para todas as empresas, em especial as não estatais e estrangeiras – o que iria encorajar empreendedores a investir e as famílias a gastar mais.
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