Como se diferenciar em um mundo onde todos têm tudo?

 

 

A algum tempo, uma socialite, colunista de um grande jornal afirmava que ir a Paris tinha perdido um pouco do glamour, da graça, afinal corria o risco de encontrar o seu porteiro por lá, a afirmação por si só já é extremamente preconceituosa, que demonstra como uma parcela da nossa elite, a maior, vê o mundo e o que espera dele. Mas nada é tão ruim que não possa ser piorado, e ela complementa: o bom era ter coisas exclusivas e que se todo mundo “fosse rico, a vida seria um tédio”. “O problema é: como se diferenciar do resto da humanidade se todos têm acesso a absolutamente tudo, pagando módicas prestações mensais?”.

Filhos da filosofia do consumismo, onde você não é pelo que “é”, mas pelo que “tem”, quão vazio é um ser que acredita que o único meio de se diferenciar de outro é apenas pelo que pode comprar, alugar ou usar?

Daí, lembrei-me que também a alguns anos, tive uma conversa com uma amiga arquiteta, e ela lamentava o conceito de sucesso que existe hoje, onde você só é uma pessoa de sucesso se você mora no melhor bairro, tem o melhor carro ou ocupa um importante cargo numa grande empresa. No entanto, aquela pessoa que leu os melhores livros, que luta pelas causas mais nobres, pelos direitos humanos, fim da desigualdade social, por comidas mais saudáveis, pelo fim de pesquisas com animais, enfim, por mais humanidade entre nós, essas pessoas não são vistas como diferentes, mas estranhas e nunca como pessoas de sucesso. Que essa mesma pessoa, ainda que tenha acesso a todas essas tentações materiais, decidiu seguir um outro caminho, fazer algo mais significativo, não para conseguir ter cada vez mais coisas, mas para ajudar cada vez mais pessoas, para tornar o mundo um lugar mais agradável, mais justo.

Talvez seja essa a forma de se diferenciar num mundo onde todos têm tudo, preencher sua mente de atividades mais humanas, que contribuam para uma sociedade mais ampla, sustentável e inclusiva.

Alimentar sua mente e difundir seus conhecimentos, isso também pode ser um excelente meio de se diferenciar e, provavelmente, o mais eficaz, uma vez que bens, sempre terá alguém que poderá comprar um igual ou maior e mais caro, ainda que haja a tal “exclusividade”, no mundo do consumismo, isso não é absoluto, teve dinheiro, sempre poderá comprar mais e mais.

Então, o que nos diferencia, num mundo igualitário, onde todos têm tudo (materialmente falando)? 
Na verdade é o oposto do que é material, é tudo que é intangível, como seus princípios (valores), suas ideias, suas posturas, sua educação e seus objetivos de vida.

 

https://medium.com/@robsonlopes/como-se-diferenciar-em-um-mundo-onde-todos-t%C3%AAm-tudo-2a683175896e#.aqgt3qz3h

 

Redação

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