Conspiração pró-Temer avança nos três poderes, por Hélio Doyle

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Por Hélio Doyle

No Brasil 247

Há em Brasília um movimento clandestino que envolve importantes figuras da República, dos três poderes. Seus participantes não falam sobre seus objetivos e agem com muito cuidado. Nas reuniões, geralmente à noite, os celulares são deixados fora da sala. Há extrema cautela nas conversas com jornalistas, para que nenhuma pista seja involuntariamente dada.

O que quer o movimento clandestino, do qual participam até ministros de Estado e de tribunais, é dar à crise política e econômica a solução que convém a seus participantes: o afastamento da presidente Dilma e a ascensão do vice-presidente Michel Temer. Que, elegante e inteligente, não participa de nenhuma conversa nesse sentido. Caso o objetivo dos clandestinos seja atingido, Temer simplesmente cumprirá sua função constitucional – jamais poderá ser acusado de ter conspirado em causa própria.

Para o grupo, Temer na presidência é a melhor alternativa. A convocação de eleições para presidente, depois do por eles desejado afastamento da presidente, fatalmente criaria um clima de beligerância política e social ainda maior do que o já existente. A campanha seria uma guerra e o ambiente econômico seria inexoravelmente deteriorado. Melhor que Temer assuma. Ele fará a convocação de um grande pacto contra a crise. Teria imediato apoio de todos os partidos, PMDB e PSDB à frente, com adesão, no desenho do grupo, do indefinido PSB e até dos hoje governistas PDT e PSD. Uma grande coalizão, e, como no governo de Itamar Franco, apenas o PT e partidos menores de esquerda ficariam fora. 

A opção de instaurar o parlamentarismo também não é considerada boa pelos clandestinos. Dilma continuaria presidente e o primeiro-ministro seria indicado por ela e aprovado pelo Congresso. Não poderia ser, claro, nem Eduardo Cunha, nem Renan Calheiros, nem outros com fichas não exatamente limpas. Os partidos teriam de fazer uma ampla coalizão para mostrar maioria e pressionar a presidente a escolher quem eles quiserem, mas a luta interna pela indicação poderia colocar tudo a perder. Sequer o PMDB e o PSDB têm unidade interna. Em vez de estabilidade, haveria mais instabilidade e o desgaste ainda maior dos parlamentares perante a população.

O grupo pró Temer trabalha para que a situação de Dilma se torne cada vez mais insustentável. A estratégia inclui sabotar o ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy, rejeitando no Congresso as medidas que levem a aumento de receita e corte de gastos e, em sentido contrário, aprovando mais despesas do governo. Um subproduto dessa ação, no entender dos clandestinos, poderia ser a renúncia de Levy, criando-se assim mais um problema para a presidente. Quanto pior, melhor.

O ponto forte da estratégia, naturalmente, é a exploração ao limite máximo das acusações de corrupção contra o governo. A tática é fazer com que as denúncias cheguem o mais perto possível de Dilma e de Lula. Da presidente, para facilitar sua derrubada. Do ex-presidente, para anular qualquer possibilidade de reação. Isso não quer dizer que os investigadores da Lava Jato estejam participando do movimento. Podem desejar o afastamento da presidente, mas não estão na conspiração.

A decisão do Tribunal de Contas da União, se contrária ao governo, seria o empurrão para justificar o impeachment. Para o grupo, o ideal seria que tudo isso levasse à renúncia de Dilma, para evitar mais comoções. Não é à toa que é grande a pressão sobre os ministros do TCU, que chegam mesmo a tentativas de chantagem. Até porque há alguns bem vulneráveis.

Assim, com ajuda de segmentos da imprensa, está criado o ambiente político para que a sociedade deseje a queda do governo e apoie os que o sucederem. Os conspiradores apostam nas manifestações planejadas para 16 de agosto para o sucesso do movimento.

O roteiro não é complicado. E está sendo executado.

Hélio Doyle é jornalista, foi professor da Universidade de Brasília e secretário da Casa Civil do governo do Distrito Federal

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

32 Comentários

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  1. A Presidenta Dilma já disse

    que não precisamos nos preocupar , porque estamos combatendo a corrupção doa a quem doer(o problema é que esse combate desde 2003 parece que só dói no PT , mas os Governos do PT e principalmente o ministra da justiça não enxergam assim) , e também ela disse que nós , o povo , temos o controle remoto para nos defendermos e defender o Governo caso ele precise.

    Então , está tudo tranquilo.

  2. Os russos
    Nem precisa combinar com os russos, no caso com a Presidenta, porque ela parece ter simplesmente desistido de fazer qualquer coisa para mudar essa confusão toda.
    Isso inclui todo o esforço feito anos atrás para baixar a SELIC e trazer os juros bancários para níveis civilizados.
    Puxa vida, outro governo Itamar ou Sarney? Ninguém merece.

  3. E vão ter sucesso por que a presidenta

    não conversa com ninguém… Ou melhor só com Zé Cardozo e Mercadante, i.e. de fato ninguém…

  4. Com que facilidade se fala em

    Com que facilidade se fala em depor uma Presidenta honesta nesse País,os imbecis que não param de falar em golpe acreditam que não existirá reação.Tentem Canalhas!

  5. Esses golpistas podem tentar

    Esses golpistas podem tentar o que quiserem, mas antes de por em prática, é melhor, por uma questão de segurança, combinar com 54 milhões de brasileiros.

     

  6. Mais uma versão para o

    Mais uma versão para o “golpe”.

    Logo, logo vou desenvolver uma nova versão também, dessa vez envolvendo iluminatis, extra-terrestres e o projeto HAARP.

     

  7. Baile da Ilha Fiscal

    Enquanto isso, Zé Cardozo, Mercadante e Edinho, atarefadíssimos, organizam a lista de convidados para o Baile da Ilha Fiscal, o último da monarquia. 

  8. tentar não custa

    Se assim for é segredo de jardim de infância. Os inconformados são os de sempre desde sempre, in primis o Gilmar Dantas Mendes, este não engana ninguém, seguindo outros estadistas do mesmo nível, José privataria tucana Serra, FHC complicado exuma-lo, os pendurados CUnha e Calheiros na lava jato, a imprensa vulgo globo e outros inomináveis.

    A casa grande bastante assanhada, momentaneamente excluída do governo usa o argumento que tem desde Pedro Álvares Cabral: não se deve mexer o que por direito divino é nosso.

  9. O autor do artigo é secretário da casa civil do DF

    O autor do artigo é secretário da casa civil do DF cujo governador é do PSDB.

    Fala sério!

    1. PSB

      Prezado:

       

      O governador do DF é do PSB.

      O Hélio Doyle é uma pessoa insuspeita neste caso. Ele nem é mais chefe da casa civil e quem conhece sua história sabe que ele não ia se queimar por um texto desses.

    2. É brincadeira divulgarem esse lixo

      Pior que a maioria dos blogs estão veiculando esta fofocada de comadres. Como diria aquele locutor: Que faaaaase ! Qualquer terrorismo encontra espaço, até em blogs de esquerda, é lamentável.  Não há uma informação concreta, é só de “ouvi dizer”.

  10. Engracadinho mesmo eh que o

    Engracadinho mesmo eh que o Temer mal tem pique pra ser VICE presidente, ainda mais presidente!

    Advinhem…  supondo que a coisa toda for verdadeira, Temer esta pra ser engabelado em um PAPEL de presidente enquanto conspiradores sabotam o Brasil.

  11. A prisão do Almirante Othon fecha o cerco à soberania nacional

    Qualquer pessoa que queira entender minimamente sobre o funcionamento do poder numa sociedade precisa considerar os seguintes postulados:

    1. O poder não se orienta por interesses morais, religiosos ou emocionais;

    2. Os interesses elementares que estão na base das ações dos poderosos são econômicos, políticos e estratégicos;

    3. E, o poder é exercido por grupos organizados.

    Portanto, não nos enganemos com o discurso moralista que promotores, delegados da PF e o juiz Sérgio Moro utiliza para tentar legitimar a Operação Lava-Jato. Isso serve para saciar a fome de catarse das massas, isto é, de purificação por atos “impuros” e sofrimentos através do auto-sacrifício ou do sacrifício dos outros. Mas este discurso não expõe as entranhas do poder, os interesses concretos por trás do grupo de poder que a comanda.

    Em termos concretos, os principais interesses que comandam a Lava-Jato são:

    1. Em termos políticos: o interesse do PSDB e a direita mais conservadora do Brasil, remanescentes do escravismo, de voltar ao comando do executivo nacional.

    2. Em termos econômicos: os interesses das grandes empresas petrolíferas norte-americanas e europeias de se apropriar do Pré-Sal, assim como das corporações de construção civil europeias e norte-americanas de se apropriar do gigantesco mercado de construção civil do Brasil.

    3. Em termos geopolíticos: o interesse norte-americano de inviabilizar o avanço no desenvolvimento de tecnologia nacional de ponta em diversos setores, como o de tecnologia de defesa, de química (petroquímica) e cibernética.

    4. Ainda na dimensão geopolítica, há a necessidade de fragilizar econômica e politicamente o Brasil para fragilizar os BRICS, único bloco geopolítico que surgiu nos anos 2000 com a proposta de contestar a ordem mundial monopolar norte-americana.

    5. A fragilização do governo de centro-esquerda do Brasil também é parte de uma estratégia geopolítica para retirar do poder um grupo de viés nacionalista e que, em várias frentes, nacionais e internacionais, posicionou-se contra a hegemonia dos interesses imperialistas norte-americanos.

    6. A prisão do Almirante Othon faz parte da estratégia de inviabilizar o avanço na tecnologia de defesa através do ataque ao programa nuclear brasileiro, aí incluído o domínio de toda cadeia de enriquecimento de urânio e a tecnologia do submarino nuclear.

    O grupo de poder que comanda a tal Operação e as táticas utilizadas por este grupo não deixam margem para dúvidas sobre o que estou falando. Sobre isso, considere-se:

    1. Este grupo de poder, representado pelo PSDB, grandes empresas de mídia (Veja, Globo, Folha, Estadão) e partidos de oposição, como o DEM, é, historicamente, herdeiro da política colonial cujas linhas gerais são:

    a) Alinhamento político, estratégico e econômico incondicional aos interesses norte-americanos e europeus;

    b) Entrega substancial das riquezas nacionais mais importantes e estratégicas aos países imperialistas do norte do globo.

    2. A operação não atingiu nenhum membro do PSDB e outros partidos de oposição, como DEM e PPS, mesmo com material indicando a participação de membros destes partidos (José Serra, FHC, Aécio Neves, Geraldo Alckmin etc.- em esquemas de corrupção na Petrobras.

    3. A operação não foi a fundo nas investigações, buscando elucidar as raízes recentes dos esquemas de corrupção montados na estatal, que remontam ao governo FHC/PSDB.

    4. Os Estados Unidos e países europeus têm se manifestado por meio da sua justiça oferecendo todo apoio à elucidação destes esquemas de corrupção na Petrobras, mesmo que, internamente, nestes países os esquemas de corrupção sejam bem maiores.

    5. A proposta de Lei do senador tucano José Serra no Senado que retira o monopólio estratégico da Petrobras sobre o Pré-Sal, o que significa dividir ou, mesmo, entregar o controle estratégico desta imensa riqueza com/aos conglomerados norte-americanos e europeus.

    Não há muita margem para dúvidas: a Operação Lava-Jato é um tiro mortal sobre a soberania nacional porque afeta, fundamentalmente, os interesses nacionais mais estratégicos tanto em termos econômicos quanto políticos e geopolíticos.

    1. Perfeito…

      Perfeita colocação Válber.

      Leitura Brilhante sobre o cenário atual. 

      Acrescentaria no item 3, dos principais interesses que comandam a Lava-Jato, nas tecnologias de defesa, o programa nuclear brasileiro.

      Bem como no item 3. das outras considerações – A operação não foi a fundo nas investigações, buscando elucidar as raízes recentes dos esquemas de corrupção montados na estatal, que remontam ao governo FHC/PSDB. Inclusive a época da DITADURA MILITAR, financiada e instalado com o apoio Norteamericano, onde as empresas envolvidas começaram a crescer e enriquecer ás espensas do dinheiro público.

       

       

  12. É engraçado. Será que os

    É engraçado. Será que os boçais golpistas se recordam que houve uma eleição e que o playboyzinho desequilibrado perdeu no voto apesar de todo o apoio da mídia e até de setores que atuam de maneira não-institucional? Isto é golpe a as coisas não serão tão simples quanto os habitantes do palácio de versalhes de higienópolis ou leblon acreditam. Enfim, algumas pessoas neste país estão pedindo pra serem consideradas alvos legítimos.

  13. Trocar 6 por meia dúzia
    Não resolve nada, tira um governo sem Norte, sem Estrela e sem Rumo, para colocar outro sem Norte, sem Estrela e sem Rumo.

    No que um governo, que tem de governar, pois o Brasil precisa produzir mais, com mais economia, mais eficiência e melhor gerenciamento, poderia mudar trocando a presidente pelo Temer?

    Um acordão com o congresso não têm este poder, nem esta eficácia, quando muito darão um waiver nas propinas e adiarão umas votações incomodas, não é a solução, nem aqui, nem na China.

    O senhor Temer têm suas qualidades, não se há de negar, mas são do campo Jurídico, governar não é a praia dele, nunca ocupou um cargo no executivo, têm experiencia zero na área e nunca demonstrou qualquer aptidão para o tema.

    Para dizer que fiquei sem dar um palpite, logo eu, o palpiteiro mor, colocaria o Senador Requião para ajudar a Dilma, ai sim levo fé numa melhora nas relações com o congresso, com o PMDB e também com a administração pública federal.

  14. A mentira na boca da serpente!

    Prezados,

    Sendo o autor deste post, um secretário de governo do PSDB, deve ser tratado no minimo com uma tarja preta, ou com a credibilidade de uma bolinha de papel!! Sem mais comentários.

     

  15. É mesmo?

    O incrível é pensar na possibilidade de que eles não estejam contando com uma violenta, e incontrolável reação.  Os mais notórios golpistas vão ter que viver nos subterrâneos. Chopinho e cocaína no Bracarense? Nem pensar.

  16. “Clandestino aonde ? “

      Nem precisa ir a Brasilia, o caminho da Pça. Villaboim até a Pça. Panamericana, via Rua Oscar Freire, passando pela Alberto Faria, Banibas e os “indios”: Orobó, Capepuxis, Açare, Massacá, Barajuba, estão fervendo.

  17. Esse post deveria ter o

    Esse post deveria ter o alerta “em observação”, Nassif. Está com cara de fofoca,. O 247 apesar de ter bons colunistas como a Cruvinel e o PML, gosta de matérias bombãsticas para ter audiência.

    Nãoa credito que tenha uma conspiração articulada desse jeito, o que há é o golpismo do psdb. Não acredito que essas figuras que nem nomes tem no artigo, queiram encher a bola de atos de revoltados online, nem forçar que o escandalo se aproxime da presidenta.

    Mas claro que alguns devem discutir qual seria a melhor saída, caso a Dilma se mostre incapaz de ficar a frente do governo. Mas fazer um “governo de coalizão” isolando o PT, que ganhou as eleições, é golpe, e isso não é solução que impeça o confronto, como parece querer os tais conspiradores

  18. Interessante como a pauta do

    Interessante como a pauta do 247 as vezes bate com a Istoé, quem será que financia estes dois veículos, uma Mariola para quem souber e responder.

  19. Olha o Português aí gente…

    O golpe não é contra a Dilma e o PT,  é a favor de Temer e o PMDB.  Ah! bom, aí fica tudo mais fácil de se entender!

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