Cônsul da China, em carta aberta, questiona Eduardo Bolsonaro por tuítes ofensivos

"Neste momento crucial da cooperação bilateral no combate à pandemia de Covid-19, seria mais prudente não criar mais confusões", diz a carta.

Jornal GGN – O Cônsul da China no Rio de Janeiro, Li Yang, em carta aberta, chama a atenção de Eduardo Bolsonaro, filho Zero03 de Jair Bolsonaro e deputado federal. O deputado, mais uma vez, chama o novo coronavírus de ‘vírus chinês’ nas redes sociais, interferindo nas relações da China com o país. O insensato deputado filho de Jair esquece de seu papel como parlamentar e confunde a presidência da República com local de churrascão, onde o tiozão fala bobagem e os comensais riem. Isso é muito sério.

Na carta, o Cônsul pede respeito à China e às relações construídas ao longo de anos. Pergunta se Eduardo é ingênuo ou ignorante, ao publicar seus delírios, desconhecendo talvez que pandemias são causadas por vírus, inimigos comuns dos seres humanos, e que a comunidade internacional assim trata a questão.

Este problema se estende desde 18 de março, quando o deputado Zero03 postou sandices afirmando que o vírus era plano de dominação da China. Ficou quieto um dia, mas não se contém, e continuou disparando contra um país tão importante para as relações do Brasil, inclusive na compra de materiais para enfrentamento da pandemia.

Não bastasse Eduardo Bolsonaro, o Brasil atualmente tem o auxílio luxuoso do Chanceler Ernesto Araújo, terraplanista e seguidor de Olavo de Carvalho, para atrapalhar as relações construídas ao longo de governos.

Coincidência ou não, um carregamento de respiradores foi interceptado esta semana e ficou com os Estados Unidos. Material comprado pela Bahia foi entregue aos Estados Unidos, aliados de sempre da família Bolsonaro.

Leia a carta a seguir.

Valorize as Relações China-Brasil, Deputado Eduardo

Deputado Eduardo, no tuíte que você postou no dia 1 de abril,  chamou o Covid-19 de “vírus chinês”, o que se trata de mais um insulto à China que você fez depois de ter postado tuítes em 18 de março para atacar maliciosamente a China.

Você é realmente tão ingênuo e ignorante? Como deputado federal da República Federativa do Brasil que possui alguma experiência em tratar dos assuntos internacionais, você deveria saber que os vírus que causam pandemia são inimigos comuns do ser humano, e a comunidade internacional nunca chama os vírus pelo nome de um país ou região para evitar a estigmatização e a discriminação contra qualquer grupo étnico específico. A Organização Mundial da Saúde seguiu esta regra do direito internacional para chamar o novo coronavírus de “Covid-19”. Além disso, ainda está por confirmar a origem deste vírus. O surto de Covid-19 em Wuhan não significa necessariamente que Wuhan foi a fonte inquestionável do novo coronavírus. O diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos já reconheceu que, durante a chamada “epidemia de gripe” nos Estados Unidos, no ano passado, algumas pessoas teriam morrido por Covid-19. Isso justifica que, muito provavelmente, os Estados Unidos foram a fonte de Covid-19. Mas podemos batizar o Covid-19 como “vírus norte-americano”? Não! Do mesmo modo, ninguém no mundo pode chamar o Zika como “vírus brasileiro”, apesar do fato da epidemia de Zika ter acontecido e ainda acontecer casos frequentemente no Brasil.

É por causa do seu ódio à China que ataca frequentemente à China? Mas de onde vem esse ódio? A aproximação entre a China e o Brasil é resultado de um desenvolvimento histórico com alicerce natural. Tanto a China como o Brasil são grandes países emergentes com território e população gigantes, com culturas ricas e coloridas e povos simpáticos e amigos. Ambos os países possuem planos grandiosos para promover a prosperidade e riqueza nacionais, bem como ambição para salvaguardar a paz e justiça internacionais. É ainda mais importante o fato de que não há divergências históricas nem conflitos atuais entre os dois países que já se tornaram parceiros estratégicos globais. O povo chinês sempre abraça o povo brasileiro com sincera amizade, tratando o Brasil como nosso país irmão e parceiro. O respeito recíproco e a cooperação de ganhos mútuos de longo prazo entre os dois países trazem benefícios pragmáticos para os dois povos. Por dois anos consecutivos, dois terços do superávit do comércio exterior do Brasil vieram da China, o seu maior parceiro comercial! É por isso que tanto a geração do seu pai como a da sua idade estão todos se dedicando a promover a cooperação amigável sino-brasileira. Em resumo, os seus comportamentos remam contra a maré e não só colocam você no lugar adverso do povo chinês de 1,4 bilhões, mas também deixam a maioria absoluta dos brasileiros com vergonha, bem como criam transtornos ao seu pai, que é o Presidente da República. É realmente uma prova de ignorância a respeito do tempo atual!

Será que você recebeu uma lavagem cerebral dos Estados Unidos e quer ir firmemente na esteira deles contra a China? Os Estados Unidos eram realmente um país grande e glorioso. No entanto, neste ponto crítico do avanço da civilização humana, os EUA perderam sua posição histórica e o sentido de desenvolvimento, tornando-se quase totalmente causadores de problemas nos assuntos internacionais, e uma fonte de ameaça à paz e segurança mundiais. Os líderes atuais norte-americanos já se esqueceram dos ideais dos fundadores do país de assegurar a justiça. Ademais, tornaram-se monstros políticos cheios de preconceitos ideológicos contra os outros países e sem capacidade de governar, o que pode ser justificado pelo desempenho horrível no combate à pandemia de Covid-19 nos EUA. Por outro lado, sendo uma potência cheia de vitalidade e em ascensão, o Brasil deve e é capaz de fazer contribuições importantes para o progresso da civilização humana, desde que tenha sua própria visão estratégica, possua sua perspectiva correta sobre os assuntos internacionais e desempenhe seu próprio papel construtivo. O Brasil não deve tornar-se um vassalo ou uma peça de xadrez de um outro país, senão o resultado seria uma derrota total num jogo com boas cartas, como diz um provérbio chinês.

Deputado Eduardo, há pelo menos uma semelhança entre a cultura confucionista chinesa e a cultura cristã brasileira que é a crença em que sempre existe a causalidade em tudo, razão pela qual a gente tem que pensar nas consequências antes de fazer qualquer coisa. Como não é uma pessoa comum, você deveria entender melhor essa razão. O que é o mais importante para o Brasil agora? Sem dúvida, é salvaguardar a vida e a saúde de centenas de milhões de pessoas, e reduzir ao mínimo o impacto da pandemia na economia do Brasil, da China e do mundo, através da cooperação China-Brasil no combate ao Covid-19. A China nunca quis e nem quer criar inimizades com nenhum país. No entanto, se algum país insistir em ser inimigo da China, nós seremos o seu inimigo mais qualificado! Felizmente, mesmo com todos os seus insultos à China, você não conseguirá tornar a China inimiga do Brasil, porque você realmente não pode representar o grande país que é o Brasil. Porém, como é um deputado federal, as suas palavras inevitavelmente causarão impactos negativos nas relações bilaterais. Isso seria uma grande pena! Contaminaria e poluiria totalmente o ambiente saudável que China e Brasil conquistaram até aqui.

Portanto, é melhor ser mais sábio e racional. Você pode não pensar na China, mas não pode deixar de pensar no Brasil. O demônio do Covid-19 chegou finalmente à maravilhosa terra brasileira. Neste momento crucial da cooperação bilateral no combate à pandemia de Covid-19, seria mais prudente não criar mais confusões. Ainda mais importante, seja um verdadeiro brasileiro responsável, ao invés de ser usado como arma pelos outros!

Li Yang

Cônsul-Geral da República Popular da China no Rio de Janeiro

Redação

7 Comentários

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  1. Posto que o zero alguma coisa é analfabeto funcional, é óbvio que o cônsul chinês escreve para alguém com um mínimo de responsabilidade em alguma instância pública: “Parem de manter idiotas que só dizem estultices o tempo todo”.

    A trupe bozozóica é repleta deles. Alguém vai resolver?

    Hmmmmm.

  2. Ao menos o Brasil se livrou da vergonha de serem estas palavras, não apenas de um deputado federal pelo estado rico do Brasil, um Bolsonaro, filho do presidente. Mas ainda pior seria se fosse do embaixador brasileiro nos EUA. Uma vergonha e peso difíceis de serem retirados. Que o deputado se lembre e que nunca o deixem esquecer de quantos poderiam ter sido salvos, se o Brasil não tivesse sido pirateado e roubado pelo presidente a que ele não se avexou de fazer campanha ao ponto absurdo de tirar fotos com o boné de campanha. E que a dificuldade que foi criada pelas suas tolices em rede social. Tivéssemos um STF decente e esta gente seria impedida pelos próximos 10 anos de terem contas próprias em redes sociais.

  3. Lamentavel a perda de tempo do representante de um grande país com um desarrumado que defeca descontroladamente bela boca depois de beber uns traçados no botequim da esquina.
    Um imbecil, um demente, que precisa ser colocado numa camisa de força antes que f^ de vez o Brasil em sua relação com a China, sendo claro que do jeito que instiga a meia duzia de celerados que o seguem na rede, nao demora e será noticiado o linchamento de alguns cidadãos/cidadãs chineses, agravando de vez nossa relação com a maior economia do mundo.
    Toda esta crise têm colocado as graves suspeições sobre esta familia em segundo plano, e emendar alguma outra é tudo o que estes individuos querem para gastar tempo e continuar no foco sem fazer porra nenhuma pelo pais, a não ser afunda-lo ainda mais no esgoto.

  4. Agora imaginem se esse emblógio fosse criado por um filho ou alguém que tivesse ligação com LULA. A imprensa toda estaria falando nisso diuturnamente. Como é da direita, todos colocam os rabos entre as pernas e ficam mudinhos. São tão canalhas quanto!

  5. “Ave VerdeSauvas, morituri te salutant”, Paródia.

    Nassif: você acha que se não tivesse costasquente pelos VerdeSauvas o Bananinha arriscaria esse tipo de provocação? O que quer governo e milicos é justificar perante o dono do Quintal onde moramos (sabujos como são) que, apesar dos gringos impedirem de chegar ao Brasil material de combate ao Coronavirus, são leais serviçais…

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