Coronavírus: resposta britânica é “a maior falha de política científica de uma geração”

Editor da revista médica The Lancet, Richard Horton critica sistema de saúde pública do Reino Unido e diz que resposta do país foi “lenta e complacente”

Dr. Richard Horton, editor-chefe da revista médica The Lancet. Foto: Reprodução/Wikipedia

Jornal GGN – Crítico do que vê como aquiescência do establishment médico ao governo do Reino Unido, o editor da revista médica The Lancet, Richard Horton, afirma que o gerenciamento do coronavírus pelo país foi “a melhor falha de política científica de uma geração”.

Em entrevista publicada no jornal britânico The Guardian, Horton fala de seu novo livro, estruturado com base em suas colunas escritas no The Lancet nos últimos meses. Além de criticar a forma como o país lidou com a Covid-19, Horton ataca o Grupo Consultivo Científico para Emergências (Sage) por se tornar “a ala de relações públicas de um governo que falhou com seu povo”, chama a atenção médica. A Royal Colleges, a Academia de Ciências Médicas, a Associação Médica Britânica (BMA) e a Saúde Pública da Inglaterra (PHE) por não reforçarem o alerta de emergência de saúde pública da Organização Mundial da Saúde (OMS) em fevereiro.

Horton ainda classifica a resposta do Reino Unido como “lenta e complacente”, revelando um governo “claramente despreparado” e “um sistema quebrado de cumplicidade político-científica obsequiosa”.

“Não estou criticando indivíduos, mas o sistema foi um fracasso catastrófico”, disse Horton, que ainda não entende por que os consultores científicos do governo não consultaram seus colegas na China, sendo que todos conhecem os responsáveis por coordenar a resposta do governo chinês.

“São pessoas para as quais eles poderiam literalmente enviar um e-mail ou atender o telefone e dizer:‘ Ei, lemos seu artigo no Lancet, pode ser tão ruim assim? O que está acontecendo em Wuhan? ‘E se eles tivessem feito isso, teriam descoberto que isso era realmente tão ruim quanto descrito”, explica Horton.

 

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Redação

4 Comentários

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  1. Os britânicos também tem o seu Bolsonaro, que teve que contrair a doença e ser internado para mudar a orientação do governo.
    O ideal seria que todo governante negacionista fosse obrigatoriamente contaminado como o vírus e aí ver se continuaria a negar sua gravidade.

  2. A decadência da velha Albion desde a revolução industrial, a perda do império, da nefasta dominação das finanças e do valor absoluto do dinheiro sobre as vidas e solidariedade está manifesta nesta crise. Num mundo que demanda conceitos opostos aos atuais pelos limites dos recursos e as sua iníquas distribuições, estamos constatando a vetusta rainha e seus cupins de sangue azulado no capitulo derradeiro e ainda acreditando que turismo das pompas e desfiles inúteis fora dos tempos para consumo de ingênuos tem futuro, mas é The End.

  3. Tantas mortes causadas única e exclusivamente por inépcia de governantes exigem a abertura de um tribunal internacional para julgar os responsáveis. Sem isso,Nuremberg será considerado mera retaliação.

  4. por coincidencia os governos de direita Trump Bolsonaro e o do Brexit foram os que mais mataram e nada a ver com numero de habitantes: foi desastre de gestao mesmo e falta de vontade politica e negacionismo

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