Crise exige que equívocos sejam superados, diz André Lara Resende

Em artigo, economista que ajudou a formular Plano Real defende investimento produtivo do Estado e financiamento do Tesouro por parte do Banco Central

Jornal GGN – A crise gerada pela pandemia do coronavírus está próxima de se tornar uma catástrofe econômica e social. Por conta disso, o Estado pode – e deve – investir de maneira produtiva, superando falsas premissas relacionadas a políticas monetária e fiscal, e rever a proibição de emissão de moeda para financiar o Tesouro.

A afirmação é do economista André Lara Resende, em longo artigo publicado no jornal Folha de São Paulo. “Qualquer pessoa de bom senso concorda que o Estado deve gastar o que for necessário na saúde e na ajuda assistencial aos que estão sem emprego, sem renda e sem alternativas”, diz.

Considerando que a arrecadação tributária está em queda, e não se pode aumentar encargos em um momento como esse, e as despesas emergenciais vão aumentar o déficit das contas públicas, restam duas alternativas: a emissão de moeda ou o aumento da dívida.

“Quando o Estado gasta, necessária e inevitavelmente, aumenta o seu passivo consolidado, mas se opta por financiar seus gastos com emissão de moeda, ou seja, com aumento do passivo monetário do Banco Central, não há aumento da dívida pública”, explica o articulista. “Substantivamente, não há qualquer diferença, o passivo consolidado do Estado irá aumentar, mas o aumento não será expresso na dívida pública”.

Diante de uma crise como a atual, Resende afirma que é preciso entender que o Estado pode, e deve, investir de maneira produtiva – mas isso não é o mesmo que defender um Estado que seja refém de interesses clientelistas.

“A moeda é endógena, acompanha o ritmo e os humores da economia, e é emitida tanto pelo Banco Central como pelo sistema financeiro. O aumento do crédito, seja ele público ou privado, sem contrapartida de investimento real, produz bolhas especulativas, mas não leva ao crescimento”.

 

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Redação

1 Comentário

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  1. Gostaria muitissimo que o André fizesse um comentário. Até porque, salvo engano, ele vem batendo nesta tecla há muito tempo. Ele deve ter os artigos catalogados.

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