Cuidado com o “candidato do centro”

Definir Lula e Bolsonaro como equivalentes extremos esconde estratégia para fortalecer candidato das reformas 
 
Foto Agência Brasil
 
Jornal GGN – O discurso do “candidato do centro”, capaz de aglutinar forças “moderadoras” está ganhando força no debate eleitoral deste ano. Em recente artigo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) reforçou essa linha falando na necessidade de união das “forças não extremas” como alternativa aos líderes da pesquisa de intenção de voto. Ou seja, jogou o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na extremidade de uma régua onde quem ocupa o outro lado é o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). 
 
O tema é levantado de maneira acadêmica no artigo à seguir, da BBC Brasil. A discussão é importante porque revela lances para minar Lula, indicando o ex-presidente como fator da virulência nos debates políticos que, na verdade, se aprofundam em dois momentos: jornadas de junho de 2013, de onde surgem movimentos que surfam na onda como Movimento Brasil Livre (MBL), e em 2015, nas manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff. 
 
Lula, na verdade, não deveria ser considerado no espectro político da extrema-esquerda, e alguns analistas concordam com isso como por exemplo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Em recente entrevista ao Valor, o consultor avaliou, na verdade, que os votos para Lula representam um repúdio aos retrocessos sociais deflagrados pela política econômica adotada a partir de 2015. “O Lula é um mediador” entre as pontas mercado e movimentos sociais, ponderou. 
 
Do outro lado, outros partidos que trabalham para lançar candidaturas estão se definindo como “centro”, apresentando-se para a população uma “alternativa” a Bolsonaro – que já vem sendo desmistificado nos últimos dias pela imprensa -, e Lula. Nessa lógica, se fortalecem as alianças para levar ao Planalto um nome que manterá as reformas que diminuem as funções do Estado brasileiro. 
 
BBC
 
O que é o centro na política brasileira e quem quer ocupar esse espaço na eleição
 
Mariana Schreiber 
Busca-se um candidato de centro: a nove meses da eleição presidencial, a viabilização de uma candidatura que aglutine forças “moderadas” tem sido tópico frequente do debate político brasileiro.
 
Os que defendem isso dizem ser necessária a união das “forças não extremadas” (termo usado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, em artigo recente) como alternativa aos dois líderes nas pesquisas de intenção de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL). Nomes identificados com o liberalismo econômico, uma bandeira tradicionalmente de direita, têm postulado essa posição.
 
É o caso do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), com longa carreira no mercado financeiro até se tornar presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2010), do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
 
Já Marina Silva, que buscou se apresentar como “terceira via” entre PT e PSDB em 2014 e agora é pré-candidata da Rede, tem sido menos citada, mas foi lembrada no artigo de FHC como outro nome possível.
 
Tal discussão levanta questionamentos: o que, afinal, seria o centro na política brasileira? E Lula representaria um radical de esquerda, exato oposto do radical de direita Bolsonaro?
 
Centro, lugar indefinido
 
Para analistas políticos ouvidos pela BBC Brasil, o “centro” é um lugar dinâmico que se define dentro da disputa eleitoral, a depender de quão à esquerda ou à direita estão os candidatos.
 
Nesse sentido, o fato de Lula e Bolsonaro no momento polarizarem as intenções de voto abre caminho para que outros concorrentes usem o espaço “entre” eles como estratégia eleitoral. Isso não significa, porém, que os dois ocupem os “exatos opostos” do espectro político, nem que nomes como Alckmin, Meirelles e Maia estejam no “centro exato” entre os dois.
 
“A estratégia desses nomes (que se colocam como centro) é radicalizar e reificar o que significa Lula e Bolsonaro. É muito mais uma resposta racional à estrutura da competição atual do que propriamente uma consistência ideológica”, afirma o cientista político Rafael Cortez, da Consultoria Tendências.
 
Em recente entrevista ao jornal O Globo, Maia defendeu que “o centro não é um ponto entre direita e esquerda, ou seja, um meio do caminho entre o Bolsonaro e o Lula. (…) Centro é onde vai se dialogar com a sociedade”.
 
O que é esquerda e direita?
Cortez considera que há dois eixos principais que servem de termômetro para o quão um candidato é de esquerda ou direita – os candidatos de centro são aqueles entre os que tendem mais claramente para um dos polos.
 
Um desses eixos identifica o posicionamento em relação à “questão redistributiva”.
 
No extremo à esquerda, está a visão de que a melhor forma de gerar igualdade é por meio da atuação do Estado, que deveria corrigir as injustiças criadas pelo mercado. Já no outro extremo, da direita, ficam os que acreditam que o mercado é a melhor mecanismo de regular a distribuição de bem-estar, de acordo com as decisões e méritos individuais, evitando que grupos dentro do Estado capturem recursos para si. Continue lendo…
 
Redação

7 Comentários

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  1. leiam o processo

    Reinaldo Azevedo

    “Dois casos evidenciam que a análise política anda coberta pelo véu nada diáfano da pusilanimidade: o julgamento, pelo TRF-4, do recurso de Luiz Inácio Lula da Silva e a liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, disciplinando a condução coercitiva. Conhecíamos o chamado “argumentum ad hominem”, que consiste em abandonar o objeto de debate para pôr em descrédito o debatedor. Eis que surge uma novidade no terreno das falácias: o “argumentum ad Lulam”.”

    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/reinaldoazevedo/2018/01/1949903-com-medinho-de-moro-e-da-ficha-limpa-os-covardes-dao-a-luz-o-argumentum-ad-lulam.shtml

    1. Reinaldo Azevedo está

      Reinaldo Azevedo está descobrindo que a sua audiência não vinha da sua “prosa irrepreensível” ou de seus “argumentos inteligentes”, mas apenas porque ele dizia o que os donos do poder queriam que ele dissesse. Agora que ele é voz dissonante em relação ao julgamento do Lula, está pregando para o deserto.

  2. O Brasil deve ser o único pais da galaxia

    que tem “centro” político golpista.

    O “jornalismo” poítico brasileiro é uma piada de mau gosto.

  3. Mãe Dinah revisitada

    Segundo 57, grande bidú da cidade de Santos, SP, o verdadeiro candidato da direita será Ciro Gomes. Não aparece com grande freequência na mídia PLIMPIG porque está sendo poupado para quando o carnaval chegar! Quando o povo ver esse candidato na tv, fantasiado de “machão das esquerdas”, entenderá.

    Outras previsões certeiras do phuturólogo 57: Em 2038 é ÇERRA45 vice fegacê…viiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiixe!

    Em 2042 será a vez de Osmarina Silva vice Cristovam Buarque…Danôôôôôse!

  4. cuidado….

    Cuidado com Eleições Obrigatórias. Cuidado com Urnas Eletrônicas, esta aberração que consumirá numa única eleição R$ 550.000.000,00 (Quinhentos e cinquenta milhões de reais). Cuidado com Biometria, outra aberração que está levando mais R$ 180.000.000,00 (Cento e oitenta milhões de reais). Cuidado com Justiça Eleitoral, outro curral da Capitania Hereditária que consome R$ 20.000.000.000,00 (Vinte bilhões de reais). Cuidado com Horário Eleitoral Obrigatório e Fundo Partidário, que levará sem nenhum controle R$ 1.700.000.000,00 (Hum bilhão e setecentos milhões de reais). O problema do Brasil, que você vê todo dia na TV (falta de salários no RJ ou RN) é porque não tem dinheiro? Esta conversa fiada já dura 40 anos redemocratizantes? Enquanto isto a Catalunha decide suas eleições, seu futuro, se espanhol ou novo país, nuns baldinhos plasticos feitos para urnas, em cédiulas de papel, de forma livre, facultativa, soberana. Num dia de semana em horário comercial? E ainda estamos discutindo o porque do país mais rico da Terra ter uma das Sociedades mais miseráveis? Somos inacreditáveis !!      

  5. Na foto abaixo podemos ver o

    Na foto abaixo podemos ver o que o pig conseguiu até agora em sua tentativa de achar o candidato “de centro”. 

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