…De uma sociedade tornada selvagem, fanática, bestial…

…De uma sociedade tornada selvagem, fanática, bestial…
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À época da eleição assisti estarrecido o vídeo em que uma multidão ensandecida pelo ódio aplaudia, enquanto dois animais, um deles eleito deputado federal, Daniel Silveira, o outro, deputado estadual, Rodrigo Amorim, ambos do partido do inominável, falavam frases do tipo: “Acabou, PSOL, acabou, PC do B, agora é Bolsonaro, vamos sentar o dedo nesses vagabundos!…”
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O governador eleito no Rio, Witzel, filmava a cena e aparece sorrindo ao lado da dupla, enquanto a multidão grita: “Mito!”, exaltando o ícone desse tempo insano e quase inacreditável que vivenciamos em nosso país.
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A grande mídia é a maior responsável pela mais drástica transmutação já ocorrida na sociedade brasileira. Em cinco anos, nos tornamos, provavelmente, a nação mais mergulhada em doenças mentais e sociais, mergulhados na intolerância, nos preconceitos, na ignorância tosca e rasa que apenas repete mantras e memes de modo paroxístico e irracional, as pessoasd tornadas em feras (des)humanas!
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Sei que não são todos iguais, que uma parte do eleitorado de Bolsonaro apenas “seguiu a onda social”, acreditando que alguma mudança viria nesse país que causa a impressão de estar perdido e confuso, e porque acreditaram estar “livrando o país” do “MAL”, do kit gay, da mamadeira de piroca, do ensino nas escolas primárias do homossexualismo e tantas outras barbaridades multiplicadas exaustivamente via WhatsZapp em uma operação criminosa que envolveu milhões de reais pagos por grandes empresas. Mas apesar disso, não dá para contornar o fato de que essas pessoas, no fundo, OPTARAM por esse ódio explícito, essa selvageria, cheguei a ver pessoas cultas, estudadas, de ótimo nível social questionando a existência do ódio na campanha de Bolsonaro e nas falas e ações dele, seus familiares e apoiadores…. Como se ele não tivesse feito exatamente isso por toda a sua vida.
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A verdade é que o antipetismo atingiu um nível tão denso de enfermidade psíquica nas pessoas, que muitas preferiram mesmo a besta selvagem que representa o bolsonarismo como um todo, a colocar na Presidência um homem com otodas as virtudes de Haddad, por se tratar de um “petralha”.
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Viramos a sociedade que comemora o câncer de Lula e Dilma e deseja a sua morte.
Viramos a sociedade que agride verbalmente pessoas ligadas ao PT, até nos Hospitais, mandando-os “para Cuba”, entre ofensas pesadas.
Viramos a sociedade em que uma mulher jovem ri de uma manifestante que ficou cega por um tiro de borracha em um dos olhos, e debocha, agradecendo ao policial porque “a petralha tinha perdido o olho esquerdo, quem sabe não passa ver as coisas melhor com o olho direito…?”
Viramos a sociedade, que se uma pessoa sair com uma camiseta exaltando Lula ou o PT nos bairros ricos do Rio ou São Paulo, fatalmente será agredida verbalmente (no mínimo!…) do modo mais agressivo o possível.
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Viramos a sociedade em que estes e tantos outros exemplos, tornaram-se cotidianos e “normais”, já estão assimilados como algo quase “natural” – como passou a ser “natural” um dia, cuspir nos judeus na Alemanha nazista….
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Conheço uma multidão de pessoas que não são assim, nem capazes de tais comportamentos. Mas entre eles, infelizmente, nunca vi um sequer que criticasse com veemência, publicamente, esses “excessos”. Como fazem parte do grupo “antipetista light” (sic….), isentam-se de culpa e responsabilidade pelo clima de fraturas sociais horrendas e o ódio que contamina a nação brasileira. Sentem-se assim, isentos, porque apenas “apoiaram o antipetismo”, apoiaram o “Fora Dilma, fora PT, Lula na cadeia”, mas como “não cuspiram nos judeus”, sentem-se limpos, confortáveis.
São como aqueles que marcham ao lado das pessoas que estão mergulhadas no rio do esgoto dos preconceitos, do fanatismo e do ódio, mas elas “são diferentes”, porque marcham ao lado das pessoas que andam dentro do rio, porém elas “não molham os seus pés no esgoto”, são “cúmplices apenas dos objetivos, mas não dos métodos…” – (sic…..).
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O ódio é um câncer invencível em uma sociedade, até que cesse, que se esvaneça…. Porque a presença do ódio cria a intolerância em seu viés máximo e violento. E elimina, portanto, qualquer possibilidade de diálogo, de convivência entre as diferenças. Jamais poderemos dialogar com Bolsonaro e seus apoiadores. Gente assim tem que ser combatida e tirada do poder, como se tenta fazer em uma ditadura qualquer.
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O diálogo tem que nascer entre os DEMOCRATAS, as pessoas não contaminadas pelas diversas enfermidades mentais e sociais que dominam a nossa sociedade.
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Se esses brasileiros, de Lula a Bresser Pereira, de Cláudio Lembo a Boulos, não se unirem contra o fascismo, a besta selvagem que hoje domina o país e sua cultura social, sucumbiremos trágica e definitivamente enquanto projeto de uma sociedade civilizatória.
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Redação

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