Decisão de Fachin prejudica Temer, confirmam investigadores

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]


Foto: Eraldo Peres / AP
 
Jornal GGN – A decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, de não incluir Michel Temer no inquérito contra os caciques do PMDB na Câmara dos Deputados foi “até melhor para o ritmo da investigação”, apontaram investigadores ouvidos pela Folha de S. Paulo, confirmando o que adiantou o GGN em reportagem desta quinta-feira (10).
 
Uma primeira análise feita pelo jornal, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ainda não trazia expectativas de apresentar a segunda denúncia contra Temer na Câmara, mesmo com o inquérito por obstrução à Justiça pronto e finalizado pela equipe da Polícia Federal, indicava que o PGR apenas aguardava a decisão de Fachin.
 
Isso porque Janot precisava de uma resposta do ministro que relata a Operação Lava Jato no Supremo: se Fachin incluísse o atual presidente nas acusações de organização criminosa, dentro do inquérito no STF que mira o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), não haveria a necessidade de tal apontamento na denúncia que enviará à Câmara, restringindo-a apenas aos fatos relacionados à obstrução.
 
Reportagem da Folha do início de agosto indicava que a medida iria favorecer a estratégia de Janot, livrando o procurador-geral de alargar o inquérito já concluído contra Temer por obstrução, no caso relacionado às acusações da JBS de que o mandatário consentia em comprar o silêncio de Cunha e do doleiro Lucio Funaro, enquanto presos na Lava Jato.
 
“Se Fachin aceitar o pedido de Janot, o inquérito da JBS deverá gerar denúncia pelo único crime que continua em apuração ali, o de obstrução da Justiça. Já o do PMDB da Câmara prosseguirá, com Temer, Padilha e Moreira Franco formalmente investigados”, indicava o jornal.
 
Na matéria, as apurações junto a procuradores da República davam conta de que não há tempo suficiente para prolongar a investigação por participação de Temer em organização criminosa para incluir na peça, antes que acabe o mandato de Janot frente à Procuradoria-Geral, no dia 17 de setembro.
 
Entretanto, na reportagem O que há por trás dos despachos de Fachin que ‘beneficiam’ Temer“, o GGN trouxe outra análise que contrariava a interpretação da Folha de S. Paulo do início do mês:
 
A decisão de Fachin abre a possibilidade de mais desgaste para o presidente da República: Uma peça específica por obstrução à Justiça deve ser enviada, nos próximos dias por Rodrigo Janot. E outra, ainda que com o fim do mandato do PGR, deve ser encaminhada para investigação e, posteriormente, pode se configurar em uma terceira denúncia contra Michel Temer.
 
Tal fato se configurará em mais desgaste para a gestão de Michel Temer na Presidência da República, enquanto que os próprios aliados na Câmara não confirmam que manterão por muito tempo o apoio de engavetar outra ou outras denúncias que devem chegar nos próximos dias (Leia aqui).
 
A conclusão foi confirmada em nova reportagem do jornal paulista nesta sexta (11), após ouvir os próprios investigadores: “se o ministro tivesse incluído Temer no inquérito do “quadrilhão”, disseram, a defesa poderia recorrer ao plenário do STF, o que atrasaria a apresentação de uma nova denúncia”, publicou.
 
Assim, os próximos passos para a denúncia contra Michel Temer, na estratégia de Janot, são de que o PGR apresentará a denúncia por obstrução, a partir das acusações e provas levantadas com as apurações da JBS. Em junho, a Polícia Federal indicou em relatório que o presidente cometeu o crime de travar e interferir nos avanços da Operação Lava Jato.
 
Em outra frente, os procuradores devem dar continuidade à apuração de organização criminosa, seja conforme o avanço de outro inquérito já tramitando na Suprema Corte, que envolve também os ministros de Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco, seja em apuração paralela a ser remetida à Câmara dos Deputados. 
 
 
Assine
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

1 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Ah, Tivéssemos na Matriz…

    Nassif: discordo dessa linha de raciocínio. Nadica que se diga o faça na República Brazil das Bananas atinge o Mordomo, nesse filme de terror que o foi o golpe.

    E não é só o Congresso de bandidos e ladrões que assim decide. No Çu-premo o pensamento se assemelha.

    Não pode ser atingido agora porque quando (segundo Odebrecht-JBS) roubou a Nação e o erário público não era presidente, era vice. E vice, tirando Aureliano, que falava, não apita.

    E não pode, mesmo quando presidente, segundo Joesle, porque os do bando não deixam.

    Fazer o quê?

    O relator e o procurador (aquele que foi escarrado) até que tentaram. Mas os serviços de inteligência, com soldados de alta patente e perícia, descobriram umas pontinhas soltas aqui e ali por este mundão de meu Deus e mandaram um recado ao segundo, com sinalização ao primeiro —quem tem telhado de vidro não atira pedra no vizinho! Os caras até que eram fortes. Mas não de ferro…

    E enquanto o do Fazenda enche a burra, dele e da corja que o conduziu e o consagrou no cargo, Don Raton passa férias em Palmas, não essa, reduto dos Caiados, mas a de Mallorca, pertinho do covil na Catalunha…

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador