Deltan usou Twitter para criticar Toffoli e insinuar conivência com corrupção

Procurador insinuou, diversas vezes, que políticos como Dirceu, Mantega e até Maluf ficam "impunes" graças às cortesias do ministro do STF, que não teria rigor compatível com a Lava Jato

Jornal GGN – Além de incentivar e tentar obter informações sobre investigações abertas com a intenção de atingir o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, o procurador Deltan Dallagnol, da Lava Jato em Curitiba, também adquiriu o hábito de usar o Twitter para atacar publicamente o magistrado e insinuar que ele é conivente com corrupção e se comporta como um obstáculo à punição rigorosa de políticos como José Dirceu, Guido Mantega e até Paulo Maluf.

Até as decisões de Toffoli que não têm relação direta com a Lava Jato eram expostas e duramente criticadas por Deltan diante de seus milhares de seguidores.

Quando o ministro manteve, por exemplo, a votação da eleição para o Senado em sigilo, Deltan tuitou: “Decisão de Toffoli favorece Renan [Calheiros, que estava com dificuldade de obter apoio para concorrer contra Davi Alcolumbre, que acabou vencendo], o q dificulta a aprovação de leis contra a corrupção, pois a presidência do Senado decide pauta (o que e quando será votado). Diferentemente d juízes em tribunais, senadores são eleitos e têm dever de prestar contas. Sociedade tem direito de saber.”

Quando Toffoli, em outro processo, manteve preso um réu que furtou uma bermuda de R$ 10,00, Deltan logo fez paralelo com José Dirceu, que “desviou milhões e também tem mais de uma condenação em seu histórico, [mas] foi solto pelo mesmo Ministro, que foi subordinado ao réu na Casa Civil.”

Dirceu é citado em várias mensagens contra Toffoli, sempre colocando sob suspeição o ministro por ter atuação em governos petistas.

Para Deltan, Toffoli também merecia ser culpado por “sepultar” a Lava Jato, votando a favor de que os processos envolvendo caixa 2 fossem julgados pela Justiça Eleitoral, e não pela Justiça comum.

“Decisão de Toffoli pode sepultar Lava Jato. ‘Mecanismo’ = loteamento de cargos p/ arrecadar propinas p/ enriquecer e financiar campanhas. Se a corrupção conjugada c/ caixa 2 eleitoral deve ser julgada pela Justiça Eleitoral, Lava Jato toda pode ser anulada”, escreve o procurador.

O coordenador da Lava Jato divulgou em sua conta uma série de artigos assinados pelo jornalista Josias de Souza, que igualmente criticam as decisões de Toffoli. Um deles fala sobre a “impunidade de [Guido] Mantega”. “Em 10 tópicos, Josias esmiúça como decisão do Ministro e sua demora em autorizar o prosseguimento da ação penal impedem o julgamento de Mantega por corrupção”, denunciou Deltan.

O procurador faz questão de usar uma linguagem que coloca em xeque a conduta dos ministros do Supremo, usando verbos como “salvar”, “livrar” para se referir a decisões tomadas sobre políticos.

“Hoje, contra o Min. Fachin, relator dos casos, os Min. Toffoli e Gilmar soltaram Adriana Anselmo, salvaram Beto Richa de investigação e livraram de se tornarem réus o senador Benedito de Lira e os deputados Arthur Lira, Eduardo da Fonte e José Guimarães”, denunciou Deltan em outra mensagem.

Na guerra contra o foro privilegiado, Deltan também ensinou a seus seguidores que eles não devem depositar a esperança no Judiciário ou na classe política. “55 mil pessoas têm foro privilegiado no país. Com o pedido de vista do Ministro Toffoli, talvez o caminho mais curto para acabar com o foro na #LavaJato esteja nas suas mãos: não reeleja aqueles contra quem pesam provas de corrupção e influencie outros a fazer o mesmo. #ForaForo”

Em outro tuíte, Deltan reforçou que Gilmar Mendes teria sido alvo de impeachment porque prometeu “interceder a favor” de um investigado junto a Toffoli, que era relator do inquérito.

Na via oposta, Deltan tece elogios a Luiz Roberto Barroso, um dos ministros do STF mais alinhado publicamente com a Lava Jato. “Enquanto o Ministro Dias Toffoli manobra para impor sua visão individual sobre os 11 ministros por meio de um pedido de vista, o Ministro Barrosos elegantemente responde que não é bem assim que as coisas funcionam.”

No episódio envolvendo Maluf, Deltan escreveu: “Como disse ANTES de o Min. Toffoli mandar Maluf p/ casa, temos uma justiça lenta que promete, mas não entrega. É a Justiça que estaremos condenados a ter por muito tempo se o STF proibir a prisão depois da 2ª instância.”

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Redação

9 Comentários

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  1. Uma justiça rapida sr deltan poderia complicar uma certa familia de grileiros que há décadas vem se envolvendo em negociatas com terras nas regiões N e NE.
    Torça pra justiça continuar lentinha chefe..

  2. Quem esse moço acha que é para se meter assim em política? Enviado de Deus? O próprio Deus? O que esse está fazendo que se mantém no cargo? Quem será que está dificultando sua expulsão do MPF? E porque estão fazendo isso? Não se trata só de medidas administrativas mas esse criminoso precisa ir para a cadeia, exemplarmente.

    Bom… é óbvio que o MPF não vai expulsar alguém que, como vingança, pode denunciar outros procuradores, além de juízes, maçons, fazendeiros, policiais e delegados. Já pensou se Dallagnol abre seu sigilo telefônico? Quem mais, além de Toffoli, estava na mira de Dallagnol e Moro? Teori Zavaski, por exemplo? E os outros juízes das três instâncias, quem mais é cúmplice de Dallagnol? Qual o tamanho desse buraco? As pessoas precisam saber a realidade de como o bonde anda.

    E outra: que negócio é esse de que juiz não tem que prestar contas à sociedade? Assim ele está entregando procedimento criminoso, por exemplo, de Sérgio Moro. O que permite manter Moro no crime é que no nosso ordenamento jurídico juiz não é cargo eletivo… se bem que Moro não é mais juiz.

    1. Respostas esclarecedoras:
      1-Sim, o deltan em gotas é o enviado do senhor, aliás, o próprio senhor, tem procuração pública, passada em cartório do céu.
      2-O que deltan está fazendo para se manter no cargo?
      R- Oração, jejum e safadeza.
      3-Quem está dificultando o chute no rabo que ele merece?
      R- A fé.
      4-Por que estão fazendo isso?
      R- Porque está todo mundo de rabo preso e com muito medo da língua de gravata do procurador remédio.

  3. O pangaré da Tijuca disse que vai surpreender a todos com a nomeação do novo PGR. A mim não surpreende nada se o nomeado for este criminoso. Currículo para isso ele tem e vai aumentando o seu cacife a cada dia que surgem novos vazamentos, pois este e o critério para nomeação dos seus ministros e ocupantes de altos cargos neste governo.

    Se a doginha e os demais ocupantes da lista tríplice quiserem ter alguma chance, tem cassar o Dallangnol o mais rápido possível.

  4. Esses comentários são públicos. E eles são brancos, não são ? Que se entendam ! Mas o que esse “bobinho” fez, na calada da noite, e do dia, e do lusco-fusco, ele tem que se entender é conosco, brancos, pretos, pardos, verdes, azuis… . Nada de violência, tudo na forma da Lei. Tipo assim, supondo que tivesse havido provas de que Lula cometeu os crimes a ele atribuídos e recebeu pena de 12 anos, 120 anos estaria de bom tamanho para o “procurador” pop star. Tem mais, com todo o direito de questionar as provas do Intercept, é só entregar o celular. Não sou juíz mas o que sugiro não está razoável ?

  5. Criticando foro privilegiado de juízes quando o MP e MPF tá no mesmo balaio. Sendo q a situação do MP e MPF é mais periclitante, pois se utilizam do cargo para perseguir desafetos com investigações clandestinas e abertura ou não de inquérito quando lhes convém.

  6. O nosso querido DDallagnol parecia ter como meta a liderança do clã familiar, e quase conseguiu.
    Tios e parentes diversos foram, ou ainda são proprietários de vasta área em MT, além de larga experiência em desmatamento, loteamentos ilegais e sabe-se lá o que mais. Desta maneira, em círculos, o clã conseguiu indenizações impressionantes junto ao Incra, algo que nunca foi incomum naquela autarquia.
    E deltanzinho resolveu que iria colocar toda a parentada no bolso, daí o esforço certamente significativo para ficar, numa forma de convênio prá ingles ver, com a administração daqueles R$ 2,5 bilhões, operação que renderia 6% aa, ou seja, R$ 150 milhões nos primeiros doze meses. Menino experto, este deltanzinho.
    Uma pergunta que o menino experto não irá responder – quantas empresas no país chegam ao final do exercício de 12 meses com lucro igual ou superior a R$ 150 milhões?
    Diante deste descalabro, não seria injusto classificar deltanzinho como criminoso de altíssima periculosidade, persona que foi capaz, com toga e tudo o mais, de ser bem mais danoso ao país que quaisquer daqueles que foram punidos pela gangue da vazajato.
    E aqueles inocentes úteis que discutiam, defendiam aquela operação fajuta com unhas e dentes, cadê a turma de crédulos ( prefiro chamá-los de burros) que tinha adoração pelo juiz tosco como ele só, marginal até debaixo dágua?
    Por muito menos, qualquer mortal já estaria preso pelos próximos 30 anos, mas o Judiciário, ah!! o Judiciário.

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