Derrubar Bolsonaro passa por “entender a política das metrópoles”, diz cientista político

"Há um mundo novo. Os jovens que chegam ao ensino médio são menos brancos, mais religiosos, estão trabalhando em um mundo mais desorganizado do que aquele que a esquerda operava"

Foto: Agência Brasil

Jornal GGN – Para ser reeleito, Bolsonaro não precisa entrar na “cidadela petista”, ou seja, ganhar o Nordeste. Ele venceu em 2018 sem esse eleitorado. Derrotá-lo em 2022 exige recuperar a parcela de bolsonaristas moderados e, para isso, a oposição terá de entender mais do novo Brasil real e menos de nichos digitais. É essa a avaliação do cientista político Jairo Nicolau, entre entrevista ao El País.

Segundo Jairo, impedir a reeleição de Bolsonaro “passa por recuperar a política das metrópoles. [Que] É a política de um mundo que não é mais o industrial, mas sim expresso pelos entregadores e que a política tradicional talvez ainda não tenha conseguido modular o discurso.”

Para ele, “há um mundo novo. Os jovens de hoje que chegam ao ensino médio são menos brancos do que os de 30 anos atrás, são mais religiosos, estão trabalhando em um mundo de serviço muito mais desorganizado do que aquele que a esquerda operava, que era o do trabalho, das grandes corporações, dos bancos, da indústria metalúrgica. Se não retomar as grandes metrópoles, não ganha eleição”, disse.

Ele também avaliou que erra quem trata todo bolsonarista como “fascista”, pois há milhões de “pessoas comuns”, que votaram em Lula e no PT, e que enxergam em Bolsonaro um líder conservador e autêntico. “Há, claro, um contingente de extrema direita que são hiperconservadores, que preferem a ditadura, que adoram militares, que odeiam a esquerda. Mas esse grupo é pequeno.”

Para Jairo, a imprensa e alguns analistas fazem uma leitura precipitada e sem respaldo em dados quando dizem que o eleitorado de Bolsonaro está crescendo, e que isso é graças ao auxílio emergencial.

“Os dados que vi mostram que a base do Bolsonaro de hoje ainda é muito parecida com a de 2018. (…) Uma outra obsessão da imprensa é medir o teto do bolsonarismo, mas não dá para medir isso.”

Ainda na visão do analista, Bolsonaro preciso ser admitido “como o primeiro líder de direita popular desde a redemocratização do Brasil. (…) O bolsonarismo mexeu com a política brasileira de uma maneira muito forte. Não sei se veio para ficar, não sei se ficará por muito tempo. Bolsonaro é uma liderança inequívoca. É um Lula da direita.”

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Redação

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