Descoberta de desaparecidos políticos na vala de Perus corre risco

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Jornal GGN – Pode estar em risco o trabalho iniciado há dois anos pela Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Unifesp e pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos para identificar 37 homens e 5 mulheres perseguidos pela ditadura nos resquícios encontrados na vale clandestina de Perus, na zona norte de São Paulo. A informação é do Jornal Gazeta.
 
Isso porque o Grupo de Trabalho (GTP) que atua incansavelmente na revelação dos mortos e desaparecidos políticos teme que a mudança dos comandos no governo federal, agora com Michel Temer, e no municipal, com João Dória, podem paralisar as atividades.
 
Os pesquisadores têm a expectativa de encontrar 11 dos 42 desaparecidos políticos. Mas além da importância da tarefa na busca dos resquícios da ditadura do regime militar, o trabalho indica outras sistemáticas: o desaparecimento forçado para esconder práticas de violência do Estado. 
 
“Existem indícios de perfuração de crânio e de ossos por arma de fogo. Existem indícios claros e contundentes desses outros [tipos de mortes] por armas contundentes, com a possibilidade de pessoas assassinadas ou pela ditadura ou por esquadrões da morte ou algum tipo de grupo de extermínio”, relatou um dos membros do GTP, Javier Amadeo.
 
Entre 2014 e 2015, o Jornal GGN acompanhou os avanços do Grupo de Trabalho de Perus na difícil tarefa de identificar os mortos e desaparecidos políticos abandonados na vala clandestina. A produção resultou no documentário “Ossadas da Vala Clandestina de Perus, de 1970 a 2015“.
 
Para entender todos os níveis e impactos da proposta, conversamos com o então secretário de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili, com a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, com a presidente da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, Eugênia Gonzaga, a ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, e outros atores decisivos neste marco histórico.
 
As reportagens especiais produzidas pelo GGN foram reunidas no mutirão “Ossadas de Perus: A Difícil Transição” e documentário pode ser acompanhado aqui:
 
https://www.youtube.com/watch?v=6NIGV3Mbrbg height:394]
 
O projeto é formado por arqueólogos, antropólogos, historiadores, geneticistas, médicos legistas, e outros profissionais e conta com investimentos da esfera municipal, com a intermediação da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania e do governo federal, por meio de repasses do Ministério da Educação à Unifesp e o Ministério da Justiça para arcar com cerca de R$ 3 milhões de gastos por ano.
 
Ainda que na fase final da investigação, em que o grupo se prepara para comparar o material genético das ossadas com o DNA de parentes, a etapa deve necessitar mais dois anos. Entretanto, parte dos contratos vencem no fim deste ano, precisando ser renovados em janeiro – o que é uma incerteza para a conclusão do trabalho.
 
Abaixo, a reportagem produzida pela Gazeta:
 
[video:https://www.youtube.com/watch?v=X-NLaIftLv4 height:394
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

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