Desinformação é gargalo na gestão de resíduos

Todas as etapas do gerenciamento de resíduos sólidos exigem soluções conjuntas entre os governantes e a sociedade. Após analisar a política de coleta em cinco grandes cidades, pesquisadora conclui que desinformação é gargalo significativo no desempenho do setor.

Dentre as estratégias apresentadas na área de gestão de resíduos, para minimizar a produção de lixo, existe o chamado 3Rs: Redução, Reutilização e Reciclagem. Processos que, invariavelmente dependem da participação do consumidor que deve preferir produtos com embalagens retornáveis, reutilizáveis, recicláveis, evitar desperdícios de matérias primas, insumos e demais bens de consumo, além de encaminhar seus resíduos para recuperação.

A autora do estudo “Coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos: aspectos operacionais e da participação da população”, Jacqueline Bringhenti, para o Departamento de Saúde Pública da USP, afirma que a “mobilização da comunidade para participar pode ser considerada uma das etapas mais importantes e complexas na implantação de programas, projetos e ações que envolvem mudanças nas rotinas e/ou nos hábitos dos indivíduos”.

Dados mais recentes do Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE – 2002) apontam que apenas 3,5% dos 5.561 municípios brasileiros implantaram algum programa de coleta seletiva, ou seja, 192 cidades. Já pesquisa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDE), publicada no mesmo ano, destaca que o principal problema das prefeituras é a falta de desinformação entre as pessoas.

Nos municípios onde há política de coleta seletiva, Bringhenti verificou que os principais enfoques adotados em relação a atividade são:
1 – Coleta Seletiva com Resgate de Cidadania – com foco principal no aspecto social, deixando no segundo plano princípios técnicos e econômicos;
2 – Coleta Seletiva como Estratégia de Marketing – onde o foco é a divulgação da entidade que promove o programa. “Também, nesse caso, princípios técnicos e econômicos dos gerenciamentos podem ficar em segundo plano”, completa a pesquisadora;
3 – Coleta Seletiva como Instrumento de Gerenciamento Integrado de Resíduos – visão que pressupõe o envolvimento da sociedade e a integração da coleta a um sistema amplo onde todos os resíduos são trabalhados de forma integrada.

Bringhenti avalia que, na prática, a maioria das iniciativas dos programas de coleta seletiva desenvolvidos no país adota os enfoques 1 e 2, “o que dificulta, e até pode comprometer, o alcance da sustentabilidade desses programas”.

Foram avaliados os sistemas de São Bernardo do Campo e Santo André (do estado de São Paulo), Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Florianópolis (Santa Catarina), e Vitória, no Espírito Santo.

Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.

Redação

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