Deu Chelsea, uma vitória contra o neonazismo

Silêncio, racistas e intolerantes!

Cresce o neonazismo no mundo, na Europa mais ainda. A conjuntura econômica e social contribui com uma crise há muito não vivida. Milhões de desempregados, a memória do sofrimento do período  entre-guerras se aguça trazendo de volta antigos fantasmas e sombras. Velhos, antigos e distantes anátemas voltam a ser ouvidos, assimilados e proferidos. Agora não só contra judeus, neste momento estão lá, atraídos pelo discurso da felicidade e conforto da sociedade de consumo, de uma Europa pós-guerra ansiosa por mão-de-obra barata, africanos, asiáticos, muçulmanos, hindus, latino-americanos, negros, não muito negros e não brancos. Todos a experimentar o veneno de uma fala que os desqualifica e desumaniza. Uma peçonha atirada por Anders Behring Breivik, na Noruega, em julho do ano passado, contra jovens inocentes e indefesos. O terror está de volta na Grécia, Itália, França, Espanha e onde mais o sofrimento com as medidas neoliberais avança. Onde o pensamento único sobrevive, mesmo quando inabilitado por sua própria prática infantil, o desejo pelo desejo.


É neste contexto que se dá a vitória do Chelsea. Um time formado por grande número de negros africanos e de outras paragens, como o latino-americano negro Ramires, vencedores do principal torneio europeu de futebol, a Champions League. Lutaram e derrotaram a racionalidade e força alemã, assim como Jesse Owen já o havia feito em 1938, na Olimpíada de Berlim, o homem negro que Hitler se negou a cumprimentar.
 Para aumentar ainda mais a satisfação de africanos, asiáticos, muçulmanos, hindus, e tantos outros diferentes no continente branco e cristão o melhor jogador da partida e do torneio foi um negro da Costa do Marfim, Didier Drogba, que para comemorar a já lendária vitória, corria de um lado para o outro do campo. Com seu corpo atlético, focalizado por 38 câmeras de televisão diferentes, fora os cliques de fotógrafos de todo o mundo, aquele homem negro talvez não tenha a exata dimensão do feito de sua equipe e dele mesmo. Estavam vencendo não só um torneio de futebol, mas o medo e o terror representado pelo neonazismo. Um ectoplasma ultrapassado, depreciado, uma matéria sem vida a nos atormentar com a memória do horror e da irracionalidade.
Hoje, mais uma vez o ser humano sorri, não definitivamente, porém, não deixa de festejar. É mais uma vitória sobre os bárbaros, contra a ameaça aos valores que a humanidade vem aprendendo a cultivar ao longo dos séculos. Solidariedade, tolerância, cidadania, direitos humanos, e mais outras tantas palavras e expressões, que determinam a vitória da vida sobre a morte, do céu de brigadeiro contra o terror da noite infinita. Claro que existem contradições, o dono do Chelsea, de quem não queremos falar agora, representa-as, é no marco do capitalismo que estamos, mas, para além de tudo isso não foi esta a preocupação dos não-brancos e não-cristãos europeus. Hoje eles gritam felizes: Chelsea, Drogba, Ramires… Chelsea, Drogba, Ramires… Chelsea, Drogba, Ramires…
Redação

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