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Dia do Trabalhador(a) em 2021: a Educação Brasileira diante da Pandemia Covid-19?

“É absurdo a forma como estamos permitindo que os professores causem tantos danos às nossas crianças na continuidade da sua formação. O professor não quer se modernizar, não quer se atualizar. Já passou no concurso, está esperando se aposentar, não quer aprender mais nada”, disse Barros em entrevista à CNN Brasil.

Diante deste pronunciamento, penso que as mortes não são apenas pelo Covid-19 mas, pelo  vírus da cegueira coletiva, como bem escreveu o grande  literato  Saramago. Por exemplo, essa Vossa Excelência do pronunciamento acima deveria se preocupar com os gastos do Brasil com a dívida pública.  A título de informações, no ano de 2020, os gastos com a dívida pública cresceram 33%, fato que provoca no governo ultraliberal que ele é líder na Câmara Federal os cortes com Educação, na Saúde, Moradia, na Infra-estrutura e na Cultura.

Então, meus colegas de trabalho neste dia 01/05/2021, temos de unir as nossas forças e energias para ocuparmos o nosso espaço na sociedade brasileira. Ao invés de ficarmos aceitando, ouvindo transeuntes com esse deputado federal votando no congresso nacional cortes, ajustes e dizendo que nós não trabalhamos. Mas, sejamos atentos. Esse tipo de vozes escoam dos abismos da ignorância congênita em várias escalas municipais e estaduais e nas instituições privadas.

 Desde quando paralisaram as aulas presenciais há vários colegas que literalmente pagam para trabalhar de forma remota em nossas casas. Passamos a usar a nossa energia, o nosso espaço doméstico, a nossa internet, os nossos móveis, o nosso computador, entre outros.  Além disso, muitos de nós buscamos cursos de aperfeiçoamento “Design didático online” para melhorar a qualidade das nossas aulas para os estudantes do Ensino Básico e Superior.

Desse modo, ter de ouvir esse transeunte e várias ressonâncias deste tipo de fala (discursos) e ações nas diversas escalas do setor público e privado é um verdadeiro desaforo para com a nossa categoria na véspera deste do dia do trabalhador(a). 

Convoco a todos(as) para atentarmos para esse tipo de desrespeito à nossa categoria na maioria dos municípios brasileiros. Há um grupo de transeuntes no legislativo federal, estadual e municipal que desconhecem (ou não querem ver, discutir e legislar) a realidade da Educação e da sociedade brasileira diante da Pandemia, Covid-19. Parece-me que vivemos tempos em que os homens e mulheres públicos podem propagar mentiras, calúnias e ofensas à classe de trabalhadores da Educação e de outras categorias.

Perante esta convocação, irei contextualizar com a nossa realidade caótica aqui na região Oeste da Bahia. Há rumores que o único hospital da região – HO – já não suporta a demanda por UTI devido às altas taxas de transmissão do Covid-19 nos municípios desta região. Há várias mortes acontecendo. Há municípios aprovando leis para os professores voltarem às aulas presenciais. Há municípios forçando a equipe pedagógica a se reunir presencialmente. Há grupo de donos das escolas particulares com liminar na justiça para voltar às aulas. Todavia, o que não falta são  transeuntes nas câmaras de vereadores, na gestão das escolas públicas e privadas para pressionar a volta às aulas.

Que interessante, parece que o vírus mudou a mentalidade em prol da educação? Dentro de pouco tempo de pandemia a educação presencial que era duramente criticada pela falta de condições, pela falta de qualidade, passa agora ser reivindicada enquanto serviço essencial!

Há momentos que fico preocupado com tanta hipocrisia.  No Brasil em que a Educação nunca foi prioridade das políticas públicas e das famílias brasileiras (em sua maioria), se torna pauta nacional. Precisamos refletir: Será quais são os verdadeiros objetivos de voltar às aulas? Será que estão preocupados com a qualidade do ensino presencial? Quais as razões que muitos municípios ficaram mais de um ano sem buscar iniciativas diversas para não deixar as crianças e adolescentes sem aulas? Será que existem outros interesses em transformar a educação em serviço essencial? Cadê a essencialidade do MEC, do Estado da Bahia e dos municípios? Cadê a essencialidade das instituições privadas?

Há discussões, burburinhos e evidências em várias escalas que revelam: a Educação enquanto serviço social não é apenas uma perda de direito constitucional mas, uma manobra de um bando de transeuntes empoderados politicamente, apenas querendo limitar o direito de greve dos trabalhadores da Educação, bem como querendo saquear os seus recursos. Infelizmente, há poucos preocupados com a vida dos profissionais da Educação (estudantes, professores, porteiros, merendeiras, diretores(as), coordenações pedagógicas e técnicos administrativos). 

Aqui na mesorregião do Extremo Oeste da Bahia não foge à regra. Há transeuntes e simpatizantes. Há gestores de municípios da região que forçando os professores(as) trabalharem três dias da semana, há escolas particulares, há cooperativas educacionais, redes municipais de ensino que não obedecem os decretos municipais e ficam pressionando os profissionais da educação a voltarem a ministrar as aulas presenciais.

Além disso, há rumores que essa sangria de retomar as aulas não é pelo grau de importância que os nossos gestores dão à Educação Pública de qualidade mas, para colocar em operação a corrupção estruturada por meio dos sistemas educacionais (pelo transporte escolar, merenda escolar, reformas escolares, compras de materiais didáticos e até corrupções na base das escolas), exceto alguns poucos municípios.

Tudo isso, diante do contexto da Pandemia do Covid-19. Por exemplo: O Estado da Bahia ainda com taxas altas de transmissão e com 18.298 mortes, segundo informações oficiais. Esse mês totalizou quase 900 mil pessoas contaminadas. Dentro deste mesmo cenário, aqui em Barreiras, as taxas de ocupação dos leitos de UTI e leitos clínicos há semanas estão com 100% de ocupação. O número de isolamento domiciliar já ultrapassa 891 em 28/04/2021 e o número de óbitos é de 170 pessoas.

Vivemos um luto coletivo. O Brasil quase completou 400 mil mortes pela Covid-19. O lema dos transeuntes é gritar “volta às aulas” a “.educação é essencial”, mas, pensar que essencialidade gritamos: às universidades públicas têm sofrido cortes que chegam a 25%, dificultando o funcionamento, a assistência estudantil e a formação de novos professores(as).

Por último, espera que de fato a CPI da Saúde possa seguir para a CPI da Educação de forma transparente e politicamente correta. Afinal, a Educação é um direito constitucional e há de ser um serviço essencial para uma CPI dos gastos durante a Pandemia.  Caso ela, não seja efetivada vai ficar nítido que o projeto de lei 5595/2020 no qual propõe que a Educação seja serviço essencial durante a grave crise sanitária brasileira é apenas uma peça de ficção da cegueira proposital dos transeuntes de discursos e ações “fascistas” para usurpar os direitos dos trabalhadores da Educação da nossa Constituição Federal.

Parafraseando o grande mestre Paulo Freire, Educação exige respeito aos professores(as) e aos saberes dos estudantes. Viva o dia do trabalhador(a) da Educação! Viva todos os trabalhadores(as). Viva o dia do trabalho! Para ensinar é preciso estarmos vivos!

Valney Dias Rigonato. Licenciado, mestre e doutor em Geografia. Presidente da Academia Barreirense de Letras.

A opinião do artigo não necessariamente reflete a opinião do Jornal GGN.

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