Dilma tem chance de vitória no Congresso

Dilma tem chance de vitória no Congresso

 

Os vetos de Dilma Rousseff ao novo Código Florestal revelam uma presidente bem mais próxima dos ambientalistas do que a antiga ministra da Casa Civil do governo Lula. Claro que a decisão desagradará à ex-senadora Marina Silva, expoente do grupo que defendia um veto total. Segundo Marina, um veto parcial seria “para inglês ver” na Rio+20.

No entanto, é justo reconhecer que houve, sim, uma inflexão a favor dos ambientalistas no modo de pensar e agir da presidente. Há o contexto da Rio+20 a estimular essa nova cor verde e algo esquerdista.

A presidente também procurou fazer vetos que possam se sustentar politicamente no Congresso. Ou seja, evitar que sejam derrubados.

Os ruralistas vão chiar. O texto aprovado do Senado, que ganhou tonalidade conservadora ao ser votado na Câmara, também sofreu desidratação, que ficará mais clara quando se analisar os detalhes da medida provisória que preencherá as lacunas dos vetos ao novo Código Florestal.

Basicamente, Dilma cumpre o compromisso de não dar anistia aos desmatadores. Os pequenos agricultores contarão com regra mais branda, mas também terão de recuperar, ainda que parcialmente, o que foi destruído.

Num país em que o agronegócio é um dos motores da economia, sobretudo num ano em que o Brasil vai crescer menos do que esperava o próprio governo, Dilma tomou o cuidado de adotar uma decisão moderada. Ela deixa uma porta aberta para que ruralistas mais moderados se deem por satisfeitos.

O governo espera que o veto seja bem aceito pela opinião pública nacional e internacional. Com isso, avalia que poderá criar uma clima mais positivo para vender o Brasil como um país em desenvolvimento que se preocupa com o meio ambiente. Resumindo: encontra um discurso para a Rio+20, a conferência das Nações Unidas que vai se realizar no Rio no mês que vem.

Como o Congresso terá um mês para analisar o veto, o tempo da decisão favorece Dilma politicamente. O Legislativo brasileiro terá dificuldade para derrubar a decisão presidencial bem na hora da Rio+20. Houve cálculo político em aguardar até hoje (25/05) para tornar públicas as tesouradas.

Nos próximos dias, saberemos se a estratégia do governo dará certo. O êxito dependerá do apoio que a decisão vai colher na sociedade civil, da rejeição dos radicais ambientalistas e do reflexo no Congresso do tamanho do dano aos ruralistas. Parece haver boa chance de Dilma sair vitoriosa de uma guerra na qual perdeu batalhas.

Kennedy Alencar

Kennedy Alencar escreve na Folha.com às sextas. Na rádio CBN, é titular da coluna “A Política Como Ela É”, no “Jornal da CBN”, às 8h55 de terças e quintas. Na RedeTV!, apresenta o “É Notícia”, programa dominical de entrevista, e o “Tema Quente”, atração diária com debate sobre assuntos da atualidade.

Redação

0 Comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador