Dirceu na Comissão da Verdade, por Paulo Moreira Leite

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
[email protected]

Por Paulo Moreira Leite, na IstoÉ

Dirceu na Comissão da Verdade

Num país que levou mais de 40 anos para constituir uma Comissão da Verdade para apurar os crimes do passado do regime militar, talvez seja o caso de pedir a abertura de um novo item de sua pauta para investigar ataques aos direitos humanos que tem sido cometidos nos dias de hoje. O primeiro nome é José Dirceu.

O caso é exemplar. Embora nunca tenha recebido, em forma definitiva, uma sentença em regime fechado, o esforço para impedir Dirceu de respirar  o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado. Tudo se move para impedir que ele possa sair  à rua, caminhar como uma pessoa durante oito horas por dia,  trabalhar como um cidadão, conversar com homens e mulheres que não são nem carcereiros, nem advogados, nem parentes tensos, de olhos úmidos, nas horas tensas de visita.

Como se fosse um delírio, assistimos a um ato de terrorismo que não ousa dizer o seu nome, mas não pode ser definido de outra forma.

Ou como você vai definir um pedido de grampo telefônico que envolve o palácio da Presidência da República, o Congresso?  Vamos fingir que não é um ataque à privacidade de Dilma Rousseff, constranger 513 parlamentares, humilhar onze ministros, apenas para  maltratar os direitos de Dirceu?

Vamos encarar os fatos. É  um esforço — delirante? quem sabe? — para rir do regime democrático, gargalhar sobre a divisão de poderes, atingir um dos poderes emanam do povo e em seu nome são exercidos.

Pensando em nossos prazos históricos, eu me pergunto se vale à pena deixar para homens e mulheres de 2050 a responsabilidade de coletar informações para apurar fatos desconhecidos  e definir responsabilidades pelo tratamento abusivo e injusto que tem sido cometido contra Dirceu.

Sim, Dirceu foi um entre tantos combatentes que a maioria de nós não pode conhecer pelo nome nem pelo rosto, lutadores corajosos daquele Brasil da ditadura.

Depois de ajudar a liderar um movimento de estudantes que impediu, por exemplo, que o ensino brasileiro fosse administrado por pedagogos do governo norte-americano, Dirceu tomou parte da vitória do país inteiro pela democracia. Sem abandonar jamais uma ternura pelo regime de Fidel Castro que ninguém é obrigado a  partilhar, mostrou-se um líder político capaz de negociar com empresários, lideranças da oposição e governantes estrangeiros.

Hoje ele se encontra no presídio da Papuda, impedido de exercer direitos elementares que já foram reconhecidos pelo ministério público e até pelo serviço Psicossocial. Trabalha na biblioteca. Já se ofereceu para ajudar na limpeza.

Sua situação é dramática mas ninguém precisa esperar até 2050 para tentar descobrir que há alguma coisa errada, certo?

Basta caráter. Em situações políticas determinadas, este pode ser o  dado decisivo da situação politica. Pode favorecer ou pode prejudicar os direitos das vítimas e também iluminar a formação das novas gerações. Os direitos humanos elementares, as garantias sobre a vida e a liberdade, costumam depender disso com frequência.

Vejam o que aconteceu com o general José Antônio Belham. Em 1971, ele exibia a mais alta patente na repartição militar onde Rubens Paiva foi morto sob torturas.

Quando precisou explicar-se, 43 anos mais tarde, Belham afirmou que não se encontrava ali. Estava de ferias. Acabou desmentido de forma vergonhosa. Consultando suas folhas de serviços, a Comissão da Verdade concluiu que o general não era verdade. Ele não só estava lá como recebera os proventos devidos pelo serviço daqueles dias.

Esse é o problema. Ninguém é obrigado a ser herói. Como ensina Hanna Arendt, basta cumprir seu dever. Caso contrário, a pessoa se deixa apanhar numa situação que envergonha a mulher, os filhos, os netos – sem falar nos amigos dos filhos, nos amigos dos netos. Nem sempre é possível livrar-se do vexame de prestar contas pela própria história.

Lembra daquele frase comum em filmes de gangster, quando o herói recebe uma advertência criminosa: “você vai se arrepender de estar vivo?”  Isso também pode acontecer com pessoas que não tem caráter.

Imagine como vai ser difícil, para homens e mulheres de 2050, explicar seu silêncio diante de tantos fatos que envolvem o tratamento dispensado a Dirceu. Ele foi cassado em 2005 por “quebra de decoro parlamentar”, essa acusação que, sabemos há mais de meio século, é tão subjetiva que costuma ser empregada para casos de vingança e raramente serviu para fazer justiça —  porque dispensa provas e fatos, vale-se apenas de impressões e convenções sociais que, como se sabe, variam em função de tempo e lugar, de pessoa, de geração e até classe social.

Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe  mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.

Pensa que o Estado brasileiro pediu desculpas, numa daquelas solenidades que nunca receberão a atenção merecida, com as vítimas dos torturadores do  pós-64? Pelo contrário. O sofrimento imposto a Dirceu aumentou, numa forma perversa de punição.

Numa sequencia da doutrina Luiz Fux, que disse no STF que os acusados devem provar sua inocência, coube-lhe tentar provar o que não falou ao celular com um Secretário de Estado da Bahia.

Foi invadido em sua privacidade, desrespeitado em seus direitos humanos. Para que? É um espetáculo didático.

Como cidadão, tenta-se fazer Dirceu cumprir a função de ser humilhado em publico – ainda que boa parte do público não se dê conta de que ele próprio também está sendo ultrajado. Através desse espetáculo, tenta-se enfraquecer quem reconhece seu papel político,  quem reconhece uma injustiça – e precisa ser convencido de que não adianta reagir para tentar modificar essa situação.

Não poderia haver lição mais reacionária, própría daqueles homens que fogem da Comissão da Verdade com mentirinhas e desculpas vergonhosas.

Não se engane: o esforço para inocular um sentimento de fraqueza em cidadãos e homens do povo é próprio das ditaduras. Fazem isso pela força — e pela demonstração de força, também.

Outra razão é política. Tenta-se demonstrar que o sistema penitenciário do governo do Distrito Federal – cujo governador é do PT, como Dirceu e todos os principais réus políticos dessa história, você sabe — não é capaz de cuidar dele, argumento sob medida para que seja conduzido a uma prisão federal, onde não poderá cumprir o regime semiaberto.

Este é o objetivo. Vai ser alcançado? Não se sabe.

Animal consciente dos estados de opressão, o que distingue os homens dos vegetais – e de alguns animais inferiores – é o reconhecimento da liberdade.

O que se quer é encontrar uma falta disciplinar grave, qualquer uma, que sirva como pretexto para revogar os  direitos de Dirceu. Pretende-se obter uma regressão de sua pena e conseguir aquilo que a Justiça não lhe deu, apesar do show – o regime fechado.

Isso acontece porque o projeto, meus amigos, é o ostracismo – punição arcaica, típica dos regimes absolutistas. Você lembra o que disse Joaquim Barbosa: 

“Acho que a imprensa brasileira presta um grande desserviço ao país ao abrir suas páginas nobres a pessoas condenadas por corrupção. Pessoas condenadas por corrupção devem ficar no ostracismo. Faz parte da pena”.

  Imagine a maldade que é deixar tudo isso para os homens e mulheres de 2040. Imagine as páginas nobres da imprensa, dos jornais, das revistas. Pense como vai ser difícil, para os leitores do futuro,  entender o que Joaquim Barbosa quis dizer com isso.

Mais uma vez teremos uma página horrenda da história e cidadãos perplexos a perguntar: como foi possível? O que se queria com tudo aquilo?

E, mais uma vez, num sinal de que se perdeu todo limite, vamos pedir desculpas. As futuras gerações merecem um pouco mais, concorda?  

Não precisam encarar esta derrota colossal de todos que lutaram  com tanta coragem pela democracia. 

Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

30 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. Justiça(?) brasileira de cabeça pra baixo

    Enquanto lideranças que lutaram contra a carniceira ditadura estão injustamente presos, degenerados torturadores continuam zombando de todos nós .

    Eis o depoimento de um oficial do exército (minúsculo mesmo) confirmando torturas, mortes e esquartejamentos de presos políticos durante o período da ditadura  :

    [video:http://youtu.be/gCTbylNBX14%5D

     

  2. Talvez ele pudesse explicar o

    Talvez ele pudesse explicar o que fazia direitinho no seu “aparelho” e quantas vítimas foram feitas por seu grupo. Que tal?

      1. Não lhe dou 5 estrelinhas,

        Não lhe dou 5 estrelinhas, porque já tem.

        Mas você MERECE, pelo seu comentário, a VIA LÁCTEA inteira.

  3. Dirceu é um general calejado

    Dirceu é um general calejado pelos sucessivos combates. Poderíamos nos perguntar porque ele não entrou ainda com um habeas corpus, por exemplo, ou com uma petição na Corte Interamerica de Dir. Humanos. Não nos enganemos, porém, pois essa submissão passiva às arbitrariedades fazem parte de sua estratégia, e certamente alguma ele tá preparando, e para isso o tempo possa ser fator determinante. Nesse terreno pantanoso, qualquer passo em falso é fatal. 

  4. Tortura praticada contra Dirceu.

    A acrescentar sobre o texto de Paulo Moreira Leite somente que ele é perfeito. Triste democracia em que vivemos, que dá “direitos”  não legai para juizes condenarem sem provas, mas com permissão da litratura, de agravarem penas de condenados com uso de descabidas informações da midia partidária, da mídia ‘PiG’ atentar contra governos legalmente constituidos com uso de sua liberdade de imprensa, desta mesma midia com uso de inprmações de autoridades polciais ou do MP, legalmente protegidas por sigilo atentar contra cidadãos através de linchamentos morais como no caso da escola de base, mar de lama de getúlio emuitos outros de maior relevância. 

  5. Verdade nao tem lado né?
    É a

    Verdade nao tem lado né?

    É a expressao de um fato

    As supostas comissoes da ” verdade ” instrumentalizadas pela esquerdalha sao comissoes da OPINIAO (deles) sobre o que convem ser esclarecido ou nao… 

  6. Um vagabundo, como o

    Um vagabundo, como o sociopata, que BATIA na ex-mulher, que fez ameaças, usando como pressão o cargo de promotor que ocupava, para tirar o filho dela, é capaz de qualquer crime. É um sujeito desprezível.
    O herói espancador da oposição que costumeiramente humilhava a ex-esposa. 

  7. Até quando?

    E o duro é que, com tudo isso, nada acontece. Não existe nem uma pessoa ou instituição que brade contra essas arbitrariedades. Só podemos nos indignar, é isso?

  8. “Em 2012, não se encontrou

    “Em 2012, não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT. A necessidade de garantir sua punição de qualquer maneira explica a importação da teoria do domínio do fato. Inventaram uma quadrilha porque era preciso condenar Dirceu como seu chefe  mas o argumento não durou dois anos. Depois que o STF concluiu que não havia crime de quadrilha, ficou difícil saber qual era a atuação real de Dirceu nessa fantasia.”

    Hehehehehe

    Nêgo recebia dinheiro muito depois da eleição e Paulo Moreira Leite, sem vergonha de mentir, afirma que era um “esquema de arrecadação e distribuição de recursos financeiros para as campanhas do PT”.

    Arrecadavam e distribuíam recursos financeiros para as campanhas do PT dando altas somas de dinheiro a deputados líderes de partidos da base governista, que votavam no Congresso Nacional e davam sustentação ao governo.

    Estava arrecadando dinheiro para campanhas eleitorais que sequer tinham ainda começado. É uma tese realmente sem pé nem cabeça rsrs.

    Mas eu concordo que Dirceu tinha que estar cumprindo a pena no regime pelo qual foi condenado.

    Só que não precisa mentir para defender isso.

    1. Nada a ver

      Sr. Argola, nada a ver mesmo, o dinheiro arrrecadado se destinava a quitação de débitos da campanha eleitoral, o PT nunca negou isso, os empréstimos feitos junto a rede bancária seguiram as regras das leis brasileiras, tais empréstimos foram pagos, não houve enquirecimento ilicito, nem prejuizo a quem quer seja, se faça de tolo

      1. Ama Pau Lá

        O dinheiro desviado da Visanet mediante pagamento de propina alimentou a compra de apoio político no Congresso, já que não se quita débitos de campanha eleitoral em período não eleitoral e muito menos fazendo pagamentos a líderes dos partidos que integravam a base aliada do Governo Lula. Isso é corrupção em qualquer lugar do mundo.

        1. No Brasil, qualquer Partido

          No Brasil, qualquer Partido pode repassar recursos para outros, em qualquer época, desde que identifique a origem e o destino dos recursos e comunique à Justiça Eleitoral.

          O engraçado, nessa estória do “Mentirão”, é que a Justiça não se interessou em investigar quem foram os deputados comprados para votar nas Reformas da Previdência e Tributária, amplamente apoiadas pela oposição.

          Argolo: você sabe ?  

          1. Claro, claro

            O problema é que membros do partido do governo repassaram dinheiro ilegalmente obtido para líderes dos partidos que integravam a base aliada. Isso é corrupção.

            O fato de políticos da oposição terem supostamente votado em projetos apoiados pelo governo não significa que não houve corrupção mediante pagamento de propina aos líderes dos partidos da base aliada. Esse argumento é notoriamente falacioso. Os parlamentares da oposição não receberam altas somas de dinheiro, como as que foram pagas aos líderes da base aliada, para começo de conversa. Só isso afasta a validade dessa comparação. E não dá para negar que político da base aliada que recebe dinheiro de membros do partido que está no poder, apenas e tão-somente pelo fato de receber o dinheiro solicitado ou ofertado, já foi sim corrompido para apoiar o governo. Isso é bastante óbvio. Os pagamentos são claramente caracterizadores de corrupção passiva e ativa, concomitantemente.

            Ninguém lúcido, em nenhuma parte do mundo, vai achar “normal” que membros do governo paguem dinheiro aos líderes dos partidos da base aliada. De novo e mais uma vezes: isso é corrupção em qualquer lugar do mundo.

            Portanto, da premissa (parlamentares da oposição votaram em projetos de lei apoiados pelo governo) não se segue a conclusão (não houve a corrupção de parlamentares da base aliada, máxime a dos líderes dos partidos, como restou provado por meio dos pagamentos de altas somas em espécie).

            Tampouco o patético argumento, que diz que parlamentares da base aliada não precisariam ser corrompidos para votar no governo, pois eles já seriam “aliados” e apoiar o governo é o que aliados fazem, tem alguma força para afastar a corrupção. Aliás, esse é um dos mais toscos argumentos dos defensores dos mensaleiros. Como se o apoio não fosse dependente precisamente da corrupção.

            É aquilo a que chamamos de lógica formal, a qual é diuturnamente estuprada pelos defensores dos ladrões do mensalão na Internet. O mensalão foi corrupção praticada com recibo.

            Jorge Vieira: você sabe?

      2. Não jogue pérolas aos porcos!

        Querida Ana Paula, não jogue pérolas aos porcos nem alimente os trolls.  Eles vivem disto e disto precisam para disfarçar sua indigência moral e intelctual.

    2. A tese de JB é que o dinheiro

      A tese de JB é que o dinheiro “arrecadado e distribuído” teve origem em um contrato da DNA com o BB e que era dinheiro público. Essa tese é lixo puro, é uma mentira descarada. Foi inventada, oportunísticamente, porque o Diretor de Marketing do BB era do PT.

      A tese já foi totalmente desmascarada. O dinheiro da Visanet não é público, o contrato foi totalmente realizado e Pizzolato, mesmo assim, foi condenado por desvio de dinheiro público, mas todos sabem que é inocente desse crime.

      Então, qual a origem do dinheiro ? JB e o PGR trabalharam para esconder o verdadeiro doador ou, quem sabe, os recursos vieram mesmo dos empréstimos do PT junto aos bancos ?

      Quando PML diz que “não se encontrou nenhuma prova capaz de envolver Dirceu no esquema”, ele se refere a esse esquema fantasioso de desvio de dinheiro público do BB.

      Se Luis Gushiken, que era a ligação do Governo com Pizzolato foi inocentado, José Dirceu, que nunca teve nenhuma ligação com Pizzolato, jamais, também, poderia ser responsabilizado por algo que sequer existiu.

      Quanto ao crime de corrupção ativa que sobrou para José Dirceu, depois que a engenhosa denúncia de formação de quadrilha foi derrubada, se você sabe de alguma prova encontrada nos autos, seria interessante que você nos relatasse pois não conheço ninguém que a conheça.

      O que se conhece é a estranha Teoria do Domínio do Fato, importada da ideologia nazista que, em suma, pode ser resumida no seguinte: se não há provas contra você, você será condenado assim mesmo pois eu quero retirá-lo do meu caminho (do caminha da oposição).

      Argolo: Por que você não enfrenta o desafio de provar que Pizzolato desviou recursos públicos do contrato da DNA com o BB ou de onde vieram verdadeiramente os recursos que alimentaram o tal esquema ? Isto seria mais digno do que ficar invocando a Teoria Nazista do Domínio do Fato para condenar José Dirceu.

      1. Já me referi às provas zilhões de vezes aqui e no outro site

        Perdi as contas de quantas vezes me perguntaram sobre provas e eu falei aqui.

        Os argumentos são sempre os mesmos. Todos errados, inválidos, incorretos. A insistência de negar a natureza pública dos recursos da Visanet ilegalmente liberados é patética. Como se ser público ou privado afastasse o crime de peculato previsto no Código Penal brasileiro. Puro desconhecimento da lei. Por outro lado, a DNA Propaganda fazia jogatina financeira com os recursos liberados mediante corrupção passiva de Pizzolato, o foragido, buscando embaralhar ou confundir as fontes (mesclagem, uma técnica de lavagem de dinheiro em que Marcos Valério se notabilizou).  Você não sabe porque não conhece o caso, notoriamente.

        Pizzolato é um corrupto comprovado e condenado pelo STF por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

        Liberou ilegalmente dinheiro para a DNA Propaganda, recebendo inclusive propina para fazer isso, conforme testemunhou um amigo dele da Previ. Isso a testemunha disse nos autos do mensalão. Recebeu o dinheiro a pedido de Pizzolato e entregou a ele. Poucos dias depois, uma das seis liberações ilegais que ele fez para a DNA Propaganda foi efetivada. Mera “coincidência”, claro. Os defensores dos mensaleiros não vêem nada demais nisso. Já perderam a noção do ridículo faz tempo.

        Não fiscalizou os recursos do Banco do Brasil como deveria. Por exemplo, permitiu apropriação ilegal de bônus de volume por parte da DNA, que pertenciam, por lei e pelo contrato, ao BB, e por aí foi.

        1. Argolo:
          Ninguém está dizendo

          Argolo:

          Ninguém está dizendo que o Pizzolato é um anjinho Você também não é. Percebe-se, claramente, pela tua argumentação que de santo você não tem nada.

          Eu também não sou santo mas, entretanto, só acredito em provas. Eu imaginava que, nesse blog, você era um dos poucos que atacam o Governo Federal, o PT e os petistas com quem se poderia dialogar

          A tua tentativa de me desqualificar como defensor de “mensaleiros” é ridícula. O que me importa é a verdade factual. Se Pizzolato não tivesse sido impedido de exercer o direito ao duplo grau de jurisdição, a oportunidade para surgir uma outra versão teria-lhe permitido desmontar a mentira do STF e a conspiração contra o PT.

          Eu concordo que o fato da natureza dos recursos da Visanet ser pública ou privada não afasta o crime de peculato.

          Entretanto, você há de concordar comigo que os recursos são privados. Existem documentos da Visanet que comprovam claramente isto e que foram omitidos por JB. Se os recursos pertencessem ao BB, teriam que estar no orçamento ou a sua contrapartida na contabilidade do Banco. E não estão.

          Assim sendo o julgamento já começou errando por aí. Por que a insistência em caracterizar recursos privados como recursos públicos ? Para escandalizar a opinião pública afirmando que os dirigentes do PT desviaram recursos públicos. Armação midiática pura e conspiração contra o PT.

          Sim, é fato que houve antecipações à DNA e que ela deve ter aplicado os recursos no mercado financeiro. Porém, que provas existem de que Pizzolato autorizou essas antecipações ? Apresente as provas. Pizzolato não era gestor desse contrato junto à Visanet. O gestor do contrato era um outro funcionário do BB. Isto está comprovado. Pizzolato era Diretor de Marketing do BB e, portanto, gerenciava o orçamento da Diretoria de Marketing no qual não constava os recursos da Visanet 

          Eu até posso admitir que ele possa ter feito gestões junto ao gestor do contrato com a DNA para que essas antecipações fossem realizadas, mas onde estão, pelo menos, depoimentos de testemunhas quanto a isto. O que existe é que estas antecipações sempre aconteceram em contratos anteriores do BB com a DNA, durante o governo tucano e continuaram acontecendo no governo petista, mesmo porque o gestor do contrato não mudou na transição de governo. Pizzolato não precisava agir para que essas antecipações ocorressem.

          Isto me leva a crer na possibilidade de que Pizzolato recebeu dinheiro do esquema de Marcos Valério, retirado em agência de banco no Rio de Janeiro, para entregar ao Diretório do PT no Rio.

          Quando você diz que Pizzolato “permitiu apropriação ilegal de bônus de volume por parte da DNA, que pertenciam, por lei e pelo contrato, ao BB,” você finalmente reconhece que, pelo menos, parte dos recursos não foram desviados, pois se houve apropriação de bônus de volume é porque houve aplicação desses recursos em produção de peças de publicidade, houve aplicação desses recursos na contratação de empresas de mídia para veicular essas peças de publicidade. Como é que se aceita, sem nenhuma contestação, a mentira descarada de JB de que houve desvio da totalidade dos recursos do contrato da DNA com o BB ?

          Por outro lado, é praxe no mercado publicitário o pagamento desse bônus de volume, por parte das empresas de mídia às empresas de propaganda, como prêmio por ter escolhido determinada empresa de mídia.

          Até as pedras sabem que agora, neste momento, essa prática está ocorrendo, assim como o caixa 2 continua ocorrendo em todos os partidos e como a maioria dos políticos e jornalistas de política estão recebendo algum dinheiro por fora para fazer este ou aquele lobby, defender esta ou aquela posição em benefício dos interesses mais diversos da oposição ou situação. 

          Auditorias do BB atestam que todo o contrato foi realizado. Auditoria privada conseguiu reunir documentos contratuais, notas fiscais, etc que comprovam despesas realizadas que somam 75% do valor do contrato. O restante da documentação se encontra em poder da PF, da Visanet e outros órgãos. Como se deu o desvio se a totalidade dos recursos foi aplicada em peças de publicidade e mídia ? Até um Seminário, no qual compareceu o próprio JB, foi patrocinado com recursos desse contrato DNA x BB.

          Argolo: as tuas tentativas de condenar no grito serão inevitavelmente desmascaradas.

           

          1. No Brasil, também é praxe matar gente, roubar e ser corrupto

            Mas essa praxe não faz nada disso deixar de ser crime.

            E as notas fiscais forjadas pela DNA Propaganda foram julgadas espúrias, frias, falsas, mentirosas, como ladrões como os que integravam o núcleo publicitário do mensalão costumam fazer.

  9. O2

    “de respirar  o oxigênio que só se encontra fora de uma prisão foi reforçado”

    Pelo que sei, dentro ou fora da prisão, a fórmula do oxigênio continua a mesma: O2.

    Ou será que a prisão de Dirceu é um evento tão singular que alterou a própria constituição da atmosfera?

  10. O que o PML falou é justo e

    O que o PML falou é justo e urgente mas…o PML deve estar com dor na consciência…no Roda Viva que entrevistou o J.Dirceu pela ultima vez, ele só faltou cortar a garganta dele.

    1. Não há razão para dor de

      Não há razão para dor de consciência; percebeu a tempo que havia pego o bonde errado, saltou e embarcou no correto. A dor na consciência e a vergonha ficarão com os que, por arrogância, vaidade, orgulho e interesse, mesmo sabendo que estão cometendo uma brutalidade insistem em posar de moralistas, acreditando que a instalação da exceção legitimará sua posição atual. Que, principalmente, os partidos ditos de esquerda e mesmo setores do PT, possam se dar conta disso, antes que seja tarde demais.

  11. Nosso STF e suas maçãs podres

     

    No centro do nosso STF, tal qual um cesto de maçãs, elementos podres cumpre o seu papel inevitável.

    E a democracia brasileira ao contrário do fruticultor não tem mãos capazes  de retira-los antes que apodreçam todo o cesto.

    Triste democracia brasileira que caminha para despejar no lixo da história em absoluto estado de decomposição,  a rica safra que colheu nos últimos anos.

  12. O juiz responsável pela

    O juiz responsável pela execução penal de Luis Carlos Prestes era reconhecidamente um animal.

    Por isto, ele submetia Prestes à condição prisional similar a de um animal enjaulado.

    Depois de várias tentativas frustradas de amenizar a prisão de Prestes utilizando-se das leis dos homens, Sobral Pinto teve a ideia de valer-se da Lei de Proteção aos Animais e, então, obteve êxito.

    O juiz-animal, finalmente, entendeu a petição de Sobral Pinto, pois tratava-se de algo inteligível para ele.

    Não seria o caso do advogado de Dirceu valer-se da Lei de Proteção aos Animais para fazer-se entender perante os animais que o mantém preso em cárcere privado (regime fechado há seis meses) quando ele tem direito ao regime semiaberto.

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador