Discussão sobre Escola sem Partido é novamente suspensa na Câmara

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Comissão especial da Câmara discute projeto de lei Escola sem Partido – Marcelo Camargo/Agência Brasil

A Comissão Especial da Câmara que analisa o projeto de lei sobre a Escola sem Partido se reúne para discussão da matéria.

da Agência Brasil

Discussão sobre Escola sem Partido é novamente suspensa na Câmara

Debates entre parlamentares e entre manifestantes foram acalorados

Por Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil  Brasília

Após discussões acaloradas entre parlamentares e entre manifestantes, foi novamente suspensa a reunião da comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa o projeto Escola sem Partido.

Uma manifestante favorável ao projeto chegou a tentar dar um tapa em outro que é contra a proposta quando este tentou pegar um cartaz dela que estava no chão. Ele alegou que o cartaz onde estava escrito: “Maconha, não” era ofensivo, pois no contexto apresentado dava a entender que os professores eram drogados. O cartaz pedia ainda exame toxicológico de docentes.

A reunião foi suspensa há pouco por causa do início da ordem do dia no plenário.

Segundo o presidente da comissão, Marcos Rogério (DEM-RO), a discussão será retomada quando terminar a ordem do dia. Os integrantes de grupos contrários e favoráveis ao projeto continuaram no local e os ânimos se exaltaram, com as pessoas gritando umas com as outras.

“A esquerda queima a bandeira do Brasil e troca pela bandeira vermelha”, afirmou uma manifestante que apoia o projeto. “Eu sou professora, vocês me respeitem”, disse outra, contra o Escola sem Partido.

Marcos Rogério chegou a pedir a intervenção da Polícia Legislativa: “Vou pedir que a segurança intervenha. Convidados são convidados a permanecer no ambiente de respeito mútuo entre os manifestantes e os parlamentares, não cabe manifestação, discurso”, apelou. Os seguranças se posicionaram entre os manifestantes, mas as agressões verbais continuaram.

O deputado Delegado Éder Mauro discute com manifestantes durante reunião da Comissão Especial da Câmara que analisa o projeto de lei sobre a Escola sem Partido.
O deputado Delegado Éder Mauro faz gesto imitando o uso de uma arma – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando manifestantes favoráveis ao Escola sem Partido fizeram gestos que imitavam o uso de armas, a deputada Alice Portugal  (PCdoB-BA) reclamou: “Está incentivando a violência. Estamos num ambiente educacional”.

Durante a reunião, houve bate-boca entre os parlamentares. O relator da proposta, deputado Flavinho (PSC-SP), chamou de mentirosa a deputada Erika Kokay (PT-DF).. “Não seja dissimulada e mentirosa. O projeto criminaliza professor? Não seja mentirosa!”, disse Flavinha depois que Erika manifestou-se contra o projeto.

Caso o substitutivo do deputado Flavinho seja aprovado na comissão e não haja pedido para que seja analisado em plenário, o projeto Escola sem Partido poderá seguir diretamente para o Senado Federal. O texto ainda não começou a ser lido.

Projeto

Manifestantes contra o projeto de lei sobre a Escola sem Partido protestam durante reunião da Comissão Especial da Câmara que discute a matéria.
Leis atuais já impedem abusos por parte dos professores, dizem críticos do projeto – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pelo projeto em discussão, as escolas deverão apresentar cartazes com deveres do professor. Um deles é o que proíbe o professor de usar sua posição para influenciar os alunos politica, ideológica ou partidariamente. O professor também fica proibido de incitar os alunos a participar de manifestações e deverá indicar as principais teorias sobre questões políticas, socioculturais e econômicas.

Outros princípios incluídos na proposta são o respeito às convicções do aluno, de seus pais ou responsáveis, dando precedência aos valores de ordem familiar sobre os da educação escolar nos aspectos relacionados à educação moral, sexual e religiosa.

Outros projetos de lei com conteúdo semelhante ao do Escola sem Partido tramitam tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado.

Os defensores da proposta dizem que professores e autores de material didático vêm usando suas aulas e obras para tentar obter a adesão dos estudantes a determinadas correntes políticas e ideológicas.

Já os críticos do projeto afirmam que as leis atuais já impedem qualquer tipo de abuso por parte dos professores e que um projeto como o Escola sem Partido vai gerar insegurança nas salas de aulas e perseguição aos docentes.

Edição: Nádia Franco
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

4 Comentários

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  1. Esse é o tipo de projeto

    Esse é o tipo de projeto falta de assunto… nunca vi nenhuma escola com partido, isso é algo de quem quer vê fantasma dentro do espelho…

  2. Boçal
    Nem vou perder tempo procurando o nome desse parlamentar boçal, canalha e outros adjetivos mais eloquentes, que fez o gesto da arma apontada e se ñ me engano sob o olhar cínico do filho do coiso ao lado (tive impressão de ver isso na foto que enoja de olhar e por isso me abstenho de voltar a ela).
    Porém quero lembrar a esse energúmeno que será a imagem dele para que seus descendentes avaliem de qual linhagem vieram: um boçal criminalizando professores em uma atitude de ameaça do uso de bala, para implantar uma vergonhosa proposta de censura.

  3. IMBECILIZAÇÃO

    O “projeto” é mais uma excrecência parlamentar… Os professores ficarão impedidos de ensinar aos seus alunos todos os fundamentos da escola grega… principios como tese, antitese e sintese não serão aceitos… Deve passar somente verdades incontestáveis para os aprendizes, como conformação, humildade, servidão, e outros pontos que os impeçam de realizar exercícios mentais – na opinião dos mentores do projeto, um grave risco das populações de baixa renda terem a presunção que serão capazes de ascender socialmente, devendo conformarem-se com seu baixo padrão de vida… principalmente através de programas sociais custeados pelo governo… tais idéias podem ser utilizadas para gerar tensões na sociedade, perturbando a paz social vigente… nobres propósitos dos parlamentares apoiantes desse “projeto”… Se contrariarem as normas gerais estabelecidas, os professores serão  demitidos e não poderão nunca mais atuar na função…  

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