É importante manter e divulgar registros detalhados sobre o apoio de políticos, jornalistas, magistrados, empresários e até militantes de redes sociais ao golpe parlamentar contra Dilma Rousseff. Contribuir para essa memória equivale a manter a chama da resistência nos tempos sombrios que se anunciam.
Haverá muitas oportunidades para que a conta seja cobrada. Durante a escalada arbitrária dos justiceiros ideológicos, a consumação da impunidade dos corruptos não-petistas, a dilapidação do patrimônio público, o desmonte de programas sociais.
Sabemos que os mais cínicos tentarão forjar espanto e salvar suas reputações. Pois serão desmascarados. Ninguém pode fingir inocência diante da natureza e das consequências do impeachment, que estiveram muito claras desde o início.
Um lugar de honra na galeria de horrores será ocupado pelo Supremo Tribunal Federal. A corte desperdiçou todas as chances de barrar o avanço do golpe, evitando o circo midiático da Lava Jato e punindo os corruptos que elaboraram o impeachment.
Mais do que as outras instituições antidemocráticas do país, o STF desempenhou papel decisivo na farsa. Repetindo a vergonhosa atuação no golpe militar de 1964, deu verniz de legitimidade a um escândalo jurídico de porte mundial.
Talvez a próxima Comissão Nacional da Verdade não seja tão condescendente com os nobres ministros quanto foi no balanço que fez sobre a ditadura e suas anistias. Mas o acerto viria tarde, soterrado por manipulações oficiosas da mídia e amenizado pela ausência póstuma dos algozes.
A força dessa memória reside em seu resgate imediato, constrangedor, provocativo. Como admite o próprio golpista Michel Temer, o governo ilegítimo está preocupado com a narrativa em torno do impeachment. Já conhecemos o seu ponto fraco.
http://guilhermescalzilli.blogspot.com.br/2016/09/divida-historica.html
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