Do dia em que a nação rubro-negra sentiu orgulho em uma derrota, por Eduardo Ramos

Quantos times no planeta, enfrentariam esse conjunto de dificuldades, impondo ao Liverpool a trabalheira imensa que o Flamengo impôs com seu futebol e garra, por cento e vinte minutos?

Em sua entrevista coletiva após o jogo em que o Flamengo perdeu a disputa pelo título mundial de clubes para o Liverpool, o técnico Jorge Jesus comentou sobre uma frase que todo torcedor rubro-negro gostaria de dizer aos jogadores: “Hoje, eu me senti orgulhoso de ser o treinador de vocês!” – Como cada um de nós – e mesmo os torcedores brasileiros de outros times, não fanáticos, poderiam dizer igualmente… – certamente, falaria as mesmas palavras: “Hoje, eu sinto orgulho desse time e do que fez pelo futebol brasileiro!”
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O futebol traz em seus paradoxos, essa humana e linda possibilidade: O orgulho, mesmo na derrota, quando a disputa é épica, a entrega dos jogadores é total, absoluta, e o adversário, mesmo sendo nitidamente superior na parte técnica, no conjunto da obra, ainda assim leva sustos, é agredido, sua e sofre para não tomar gols e só conquista seu triunfo na prorrogação – tendo que correr e lutar até o último segundo do jogo, porque do outro lado, ninguém se entrega, ninguém desiste.

Ver, com toda a clareza, o Flamengo envolver o Liverpool e incomodá-lo, deixar vários de seus jogadores tensos, preocupados, em alguns momentos ao longo dos cento e vinte minutos, não é pouca coisa! Um time de massas como o Flamengo, jamais jogará “por si”. Representa o que já ficou conhecido justamente como “a nação rubro-negra” – são 40 milhões de “adeptos”, como diriam os amigos portugueses, agora que conhecemos melhor algumas de suas expressões futebolísticas. Quando o Flamengo não se acovarda, ao contrário, sem complexo algum em relação à factual superioridade técnica e tática do adversário, se lança ao jogo de peito aberto, defende-se e ataca sempre com o máximo de jogadores que pode em cada disputa, deixa a alma em campo, cumpre o refrão do hino que nos embalou a todos nesse tempo (“dá-lhe, dá-lhe, dá-lhe Mengo, Pra cima deles, Flamengo!…”). Esse brio, essa ATITUDE, e a forma como o Flamengo o fez – na parte tática e técnica do jogo – eis o que enche de orgulho o torcedor da nação!

Não houve omissão, covardia, não houve um “abaixar a cabeça” diante da seleção interplanetária que se transformaram os gigantes do futebol europeu e seus bilhões de euros. Davi enfrentou Golias com a cara limpa, perdeu num lance magistral do adversário e porque “a bola do jogo” no último segundo, caiu nos pés do “menino-craque-em-formação”, Lincoln, incapaz (seria desumano exigir isso dele…) de dominar os nervos e pensar com mais calma como bater na bola, naquele passe açucarado que Vitinho lhe concedeu. Faria alguma diferença em relação aos motivos do nosso orgulho?

Foram seis meses de trabalho em conjunto, contra cinco anos do Liverpool. Foi a diferença do banco de reservas, onde nossos atacantes – Renier e Lincoln – jamais podem ser comparados aos “cascudos” de Liverpool. Foi a quase inacreditável perfeição tática que Jürgen Klopp fez seu time alcançar ao longo desse tempo. Foi a presença do, talvez, mais afinado e refinado trio de ataque do futebol mundial. O que são Mané, Salah e Firmino juntos, jogando como uma mini orquestra?!?

Cabe a pergunta: quantos times no planeta, enfrentariam esse conjunto de dificuldades, impondo ao Liverpool a trabalheira imensa que o Flamengo impôs com seu futebol e garra, por cento e vinte minutos…?

Obrigado, diretoria, comissão técnica, jogadores, obrigado, Flamengo!

Hoje é um dia especial, de vermos após o jogo, todo o potencial do futuro que nos espera.

É um dia, entre tantos, do orgulho de ser rubro-negro!

Redação

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