Documento da CIA reaviva debate sobre Lei da Anistia

Lourdes Nassif
Redatora-chefe no GGN
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Foto Agência Brasil
 
Jornal GGN – O documento da Cia, produzido em 1974 e divulgado recentemente, reabriu o debate sobre a revisão da Lei da Anistia. A certeza de que Geisel, que governou entre 1974 e 1979, colocou como condição o aval do Planalto para o assassinato de adversários trouxe de volta a discussão. Segundo o Painel, da Folha, o ex-ministro da Justiça José Carlos Dias que que a Comissão da Verdade prepare texto sobre os papéis liberados pelo Departamento de Estado dos EUA para cobrar do STF a rediscussão do perdão dado a agentes da ditadura.
 
José Carlos Dias coordenou o colegiado em 2013, e prepara a reunião dos integrantes da Comissão da Verdade para a próxima semana. Entende ele que, além da revisão da anistia, outros pontos sejam abordados pelo documento a ser produzido.

 
“Ficou demonstrado que a tortura era uma política de Estado, comandada pela Presidência, e que Geisel foi coautor dos homicídios praticados”, disse ele. “Neste momento em que corremos o risco de voltarmos à ditadura pelo voto, é importante demonstrar o que ela foi no Brasil.”
 
A família do jornalista Vladmir Herzog, morto em 1975 pela ditadura, quer obter outros documentos sobre o regime que possam ainda existir em Washington, e colocam o Instituto Herzog nesta mobilização.
 
Na outra ponta, o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, também fez seu comentário relevante sobre o memorando da CIA. O defensor da tortura e ditadura se posicionou de forma a minimizar o problema. “Errar, até na sua casa, todo mundo erra. Quem nunca deu um tapa no bumbum do filho e depois se arrependeu”, disse ele.
Lourdes Nassif

Redatora-chefe no GGN

3 Comentários

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  1. documento esquisito

    Nassif,

    Este documento da CIA não foi lançado por acaso, fica evidenciado o interesse de USA sobre o que virá a ocorrer no patropi.

    Se, depois de destruir o eficiente setor da engenharia nacional, programa nuclear, o pré-sal, conseguir a fantástica concessão de domínio do espaço aéreo e também a base de Alcântara, sobretaxar o aço e logo adiante adquirir o controle da energia elétrica e, por consequência natural, o controle da água doce, US ainda continua preocupado ao ponto de soltar a papelada sobre o período da ditadura, o que ainda é capaz de incomodar o nosso “patrão” ?

    Com Lulalá trancafiado não existirá eleição legítima, ele estando solto é imbatível, uma provável eleição indireta ( até agora, o TRE não chamou o pessoal que trabalha nos dias de votação para aquela espécie de ensaio que sempre ocorre) também não será capaz de legitimar o fulano escolhido, tamanha a desconfiança na classe política, logo, a possibilidade de revolta popular mais adiante é bastante plausível para o ainda, apesar de todo o saque, maior país da região.

    O buraco criado pela dupla fantástica HMeirelles & Ilan destruiu a economia brasileira, os investimentos externos inexistem ( quem pode acreditar numa economia comandada por um bando de gatunos da pior espécie, num país que adquiriu como hobby rasgar a Constituição a todo o momento?), o investimento interno segue o externo na impressionante crise de confiança, o investimento do governo chegou ao mesmo nível de 1958, o desemprego continuará em alta enquanto os direitos trabalhistas permanecerão em baixa, isto aqui foi transformado numa bomba-relógio.

    Passará a existir algum fio de esperança, quando não mais disserem à população que um botijão de gás derrubou um prédio com mais de 20 pavimentos, ou seja, quando começarem a demonstrar algum respeito à inteligência das pessoas.

  2. 1.Não é “documento da CIA”, é

    1.Não é “documento da CIA”, é um informe  remetido pelo “residente” no Brasil (station chief) para que o diretor da agencia faça seu relatorio anual sobre paises, uma rotina burocartica da agencia. O relatorio do diretor William Colby estava no arquivo disponivel para o publico desde 2015, foi “achado” por um pesquisador brasileiro que em recente livro cometeu serios erros

    sobre as relações do governo Bush com o PT, de que já tratei aqui em varios artigos.

    2.´É estranho que um agente da CIA tenha acesso a conversas a portas fechadas entre generais do alto comando do Exercito

    onde pela logica não há testemunhas, a ponto de saber que o Presidente Geisel iria pensar no assunto no fim de semana, tipo de informação de conhecimento restrito aos participantes e da qual não se faz notas escritas

    3.A CIA tem longo historico de erros factuais de captura de informações e sua elaboração, o mais conhecido é informar o Presidente Bush Jr. que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa, motivo da invasão do Iraque, informação que se revelou falsa e foi obtida de um vigarista iraquiano morador dos EUA, Agmed Chalabi, que vendeu a informação a CIA.

    O diretor William Colby da CIA foi demeitido a pedido do Secretario de Estado Kissinger por problemas de informação na guerra do Vietnam onde a CIA errou muito causando graves danos às operações militares e à diplomacia.

    4. O governo Geisel teve como eixo a luta contra a “linha dura” com embates frontais contra um grupo contrario à democratização e punição aos agentes e comandos que tinham relação com execuções. O comportamento de Geisel nao [está em linha com o descrito nesse informe, como a Historia registrou na demissão do Gal.Ednardo DÁvila Mello por execuções na area de seu comando.

     

    1. O mais espantoso é o escarcéu

      O mais espantoso é o escarcéu feito em torno de um documento ao qual sequer se teve acesso direto e tem várias partes censuradas, inclusive, provavelmente, o nome do suposto delator das conversas. E a informação sequer é nova, está no livro de Elio Gaspari, “A ditadura derrotada”, de 2003. Por que esse escândalo agora? De repente, a gravissima crise nacional é relegada ao segundo plano e o assunto passa a ser o regime de 1964. A quem interessa isso? 

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