Dossiê contra antifascistas é “inauguração de linha de perseguição”, diz membro da Comissão Arns

Ação sigilosa do Ministério da Justiça pode colocar em risco a vida de opositores, avalia Belisário dos Santos Júnior

Foto: Alan Santos/PR

Da Rede Brasil Atual

O Ministério da Justiça elaborou um dossiê contra servidores estaduais e federais que identificam como “antifascistas”. A ação sigilosa do governo Bolsonaro listou um grupo de 579 pessoas, com nomes e, em alguns casos, fotografias e endereços de redes sociais das pessoas monitoradas.

De acordo com o advogado e membro da Comissão Arns, Belisário dos Santos Júnior, a ação do governo federal remete aos tempos da ditadura civil-militar. “Oficialmente, o ministro da Justiça inaugura uma linha de perseguição às pessoas que se intitulam antifascistas. O governo quer prevalecer pela força, marcando as pessoas, como os nazistas marcavam os judeus”, afirmou, em entrevista a Talita Galli e Rafael Garcia, no Brasil TVT.

Segundo reportagem do Uol, o documento lista o ex-secretário nacional de direitos humanos e relator da ONU sobre direitos humanos na Síria, Paulo Sérgio Pinheiro. O dossiê é elaborado pela Secretaria de Operações Integradas (Seopi), uma das cinco secretarias subordinadas ao ministro da Justiça, André Mendonça.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns divulgou nota, na última sexta-feira (24), cobrando explicações do ministro a respeito da elaboração do dossiê.

Perigos

O documento foi endereçado, de acordo com o Uol, a órgãos públicos como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Casa Civil da Presidência da República, Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Força Nacional e administrações públicas estaduais.

Vindo a público, o dossiê contra antifascistas, somado ao discurso de ódio presente da sociedade, pode colocar em risco a integridade física das pessoas listadas, avalia Belisário. “Estamos vendo doentes de covid-19 pedindo o remédio diagnosticado pelo presidente. Agora, imaginem os defensores de ditadura com a posse de indícios de pessoas com pensamentos contrários aos delas. Portanto, é possível vermos reações com condutas violentas”, aponta.

A Comissão Arns pede que o ministro da Justiça venha a público explicar-se sobre a notícia. “Estando vedada a utilização do argumento do ‘sigilo’, mecanismo legal para proteção da democracia e da sociedade, não podendo acobertar ações insidiosas contra o Estado de Direito e os que o defendem”, finaliza a nota.

 

Redação

3 Comentários

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  1. Confesso, estou com inveja dos integrantes desta lista pois, fazer parte dela é uma honraria muitissimo maior do q qualquer comenda outorgada pelo nosso “bravo” exercito ou camara ou senado.

  2. “No plano econômico, o ministro da economia desdenha dos pequenos empresários, responsáveis pela maioria dos empregos no País, privilegiando apenas grandes grupos econômicos, concentradores de renda e os grupos financeiros que nada produzem.” (Da carta dos bispos)

  3. Os estudos deles, ao que tudo indica, são outros, vindos de escritos com raízes no passado…
    comprovam que em momentos de crises, 70% dos brasileiros se apegam ao autoritarismo, à ditadura

    é por isso que não estão resolvendo nada, piorando cada vez mais…………apenas destruindo ou desmontando o que estava funcionando bem

    Quanto mais caos, descontrole, fome, desordem, injustiça, criminalidade, saúde precária, etc,
    melhor pra eles.

    Notem que Bolsonaro já começou a culpar governos passados, recentes

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