Dossiê do Intercept pode expôr parceria da Globo com a Lava Jato

É impensável que Moro continue como ministro da Justiça ou em outro cargo público, porque agora todos nós sabemos que ele vai quebrar qualquer regra de ética que quiser para realizar os objetivos dele, diz jornalista do Intercept

Jornal GGN – Em entrevista à Agência Pública, divulgada nesta terça (11), o jornalista e fundador do The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, deu a entender que o dossiê sobre a Lava Jato vai expôr provas de relação íntima entre a Rede Globo e a força-tarefa de Curitiba.

“Eu não posso falar muito sobre os documentos que ainda não publicamos porque isso não é responsável. Precisa passar pelo processo editorial mas, sim, posso falar que exatamente como disse hoje, a Globo foi para a força-tarefa da Lava Jato aliada, amiga, parceira, sócia. Assim como a força-tarefa da Lava Jato foi o mesmo para a Globo”, comentou.

Greenwald também ressaltou que em nenhum momento ele ou outros profissionais do Intercept comentaram sobre a procedência do dossiê sobre a Lava Jato ou forneceram qualquer pista sobre a fonte que entregou os documentos ao site.

O comentário rebate a campanha de Moro e Deltan Dallagnol, em conjunto com a Globo, para dar destaque a uma suposta atuação criminosa de um hacker, numa tentativa de abafar o mérito das conversas de Telegram que mostram o conluio entre Ministério Público e o ex-juiz.

Na entrevista, Greenwald também fez uma análise crítica da cobertura que a grande mídia fez dos 5 anos de Lava Jato. Pare ele, não foi por incapacidade de investigação que a maioria dos veículos tradicionais embarcou na operação, mas por querer incentivar o combate à corrupção. O problema começou quando o incentivo transformou Moro em um herói nacional que não merece o título.

“(…) quando a grande mídia transforma Moro e a força-tarefa em deuses ou super heróis, se torna inevitável o que aconteceu. Os jornalistas pararam de investigar e questionar a Lava Jato e simplesmente ficaram aplaudindo, apoiando e ajudando.”

Para Greenwald, o papel de crítica e análise sobre as ações da Lava Jato ficou por conta da Folha de S. Paulo e de “muitos jornalistas independentes”, ressalvou.

O jornalista também comentou a reação de Moro – um “arrogante” – às revelações do Intercept e acrescentou que é “impensável” sua manutenção em “qualquer cargo público, muito menos ser ministro da Justiça”, porque agora todos sabemos que “ele vai quebrar qualquer regra de ética que quiser para realizar os objetivos dele”.

Leia a entrevista completa aqui.

Redação

13 Comentários

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  1. …”é “impensável” sua manutenção em “qualquer cargo público, muito menos ser ministro da Justiça”, porque agora todos sabemos que “ele vai quebrar qualquer regra de ética que quiser para realizar os objetivos dele”.”

    E os objetivos dele são meramente políticos, partidários e ideológicos.

    Ainda ia se alguém mostrasse que em algum lugar ou tempo esse capitalismo desregulado que vem a reboque da opção político-ideológica-partidária de Sérgio Moro, Dallagnol, Bolsonaro, Guedes etc., proporcionou o que é mister a qualquer estado – o bem estar geral, a justiça e a prosperidade democrática. Mas não, a História nos ensina que todas as vezes, sem exceção, em que se tentou esse projeto, ocorreram desigualdades. Desigualdades são o natural para a iniciativa privada mas são o oposto para estados democráticos: uma catástrofe. Nem nos EUA nem no reino Unido e nem em nenhum lugar do mundo o capitalismo solto fez bem às pessoas, de forma democrática e geral, só a pequenos sub-grupos sociais. Basta ver a pobreza geral que grassa solta nos EUA, por exemplo. Há outras organizações mundiais que seguem prosperando mas os EUA só fazem agredir, hostilizar, ameaçar e aterrorizar a troco de tentar manter-se “a nação que manda”. Mas aí já é outra história…

    1. Então o problema não é o capitalismo, mas a falta de regulação?

      Oh, Lazzari, você tá igual aos Jatoeiros e Burrominions, os quais acham que o problema não são os crimes do Moro mas a suposta invasão de seu celular e a publicação das suas podridões.

      1. Não vejo como evoluir para regime socialista, caro Rui, se não passarmos pelo capitalismo. O que temos vivido é apenas chamado de capitalismo mas, na verdade, é barbárie.

        Ao mesmo tempo, uma vez que permitamo-nos viver um capitalismo regulado, sua evolução para um regime civilizado, justo e democrático, minimamente socialista (a turma gosta de chamar de social-democracia ou “welfare state”) virá mais tarde do que desejamos mas antes do que pensamos.

        Porque vc acha que essa corja do dólar não quer o Capitalismo e sim a barbárie? Porque o Capitalismo inevitavelmente evolui para o Socialismo.

      2. E desculpe se não cito seu ser pessoal, se não o comparo ou classifico, mas não acho que “ad hominem” ajude muito em assuntos coletivos.

  2. Como não crer que Moro e a Lava-Jato estão, de fato, a serviço dos EUA? A casa caiu e Lula pode sair do episódio mais forte do que nunca. Mas há um risco: Palocci, Eduardo Cunha, Gedel e companhia também podem ser beneficiados com a exposição do que todos nós já sabíamos. O “xerife” Moro e sua patota da Lava-Jato têm lado e tudo já estava sendo articulado para a ultradireita e os militares tomarem o poder. O exibicionismo, autoritarismo e pirotecnia de Moro inflado pela espetacularização do poder judiciário na mídia caíram por terra. E a Globo, que economicamente agoniza com sua audiência que despenca, pode tombar junto com sua ânsia golpista.

  3. :
    : * * * * 04:13 * * * * * Ouvindo A(s) Voz(es) do BraSil e publicando no GGN :

    Viva Lula 2019 ! ! ! !

    #LulaLivre

    #AssangeLivre #FreeAssange

    #VivaLulaLivre2019

    :.:

  4. – Sobre o papel da Globo eu pergunto: quem não sabia?
    – Sobre a posição da Folha: nauseante a opinião do Greenwald. Folha também fez parte da trama e nunca praticou jornalismo nessa história. Se pulou fora é porque atende a interesses da burguesia paulista;
    – Sobre a fonte: esclarecedora a matéria com o Pepe Escobar, que pode ser vista na TV 247;
    – Sobre minha dúvida: continuo tendo a convicção (quase certeza) que tudo foi planejado nos USA e bem que queria ver isso exposto.

  5. Muito elegantemente e condescendentemente, Greenwald afirma aqui que o jornalismo brasileiro (como exceção para os jornalistas independentes e para a Folha de São Paulo), deixou de questionar a operação Lava Jato, deixou de investigar a notícia, para apenas apoiar o heroísmo falastrão do qual tanto gostamos( lembrar do Collor)
    Por outro lado, é muito elevado o nível de aproximação entre algumas mídias tradicionais e a Lava Jato, tanto na promotoria quanto aos juízes envolvidos direta ou indiretamente( também há crime contra a constituição dentro do STF– a justiça brasileira já está condenada a ser totalmente revisada num futuro pacto social; agora não vale mais nada, muito menos à base de “igrejinhas” que querem professar isenção parcial -local e etc, foi esse sistema de “igrejinhas” locais e regionais que moldou o autoritarismo judicial brasileiro, hoje capaz de proteger um tipo como Aécio Neves). A justiça brasileira, como diria Paulo Freire, não é reflexão, é reflexo.
    A nossa pequena capacidade cidadã e republicana não vai conseguir remendar mais nada do sistema jurídico brasileiro, que por este escândalo revelado e por tantos outros exemplos já perdeu totalmente a sua credibilidade, isto também é parte da nossa crise política, infelizmente.
    Já a globo e a veja tiveram acesso aos vazamentos imorais e ilegais, considerados “maravilhosos” no conceito mesquinho de poder da mentalidade brasileira, os interesses são comuns e recíprocos entre as partes, como um contrato sem cartório, um pacto secreto, uma conspiração, que certamente envolve muitos políticos da direita brasileira.

  6. Uma questão para Nassif colocar em um de seus “Xadrez”: Se os telefone celulares que foram hackeados são do Ministério público, fornecidos pelo Governo, então não houve invasão de privacidade. O que é público não pode ser secreto, tem que haver total e irrestrita transparencia.

  7. Já passou da hora do povo saber o que a Globo representa. Por mais que a mídia alternativa tenha denunciado suas manobras espúrias, com esse escândalo é possível que as coisas mudem e finalmente seja revelado o que a emissora representa.

  8. Por falar em jornalismo, Ex-Moradores de Rua realizam sonho de casar na Igreja. Só faltou convidar o Boris Casoy para ser o padrinho do casamento.

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