“É pra colocar medo nas pessoas”: Sara Winter e os planos da extrema-direita no Brasil

Cintia Alves
Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.
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Sem poder usar armas para defender Bolsonaro, ativista faz "treinamento" de militantes de direita e incentiva escrachos contra autoridades: "Compra 20 quilos de estrume e joga na casa do Gilmar"

Publicada originalmente em 14 de maio de 2020

Jornal GGN – A ativista Sara Winter afirmou que o acampamento “300 pelo Brasil” é só o primeiro passo de um projeto maior de organização da militância de extrema-direita, com a finalidade de “ocupar as ruas” e “colocar medo nas pessoas” que contrariam o bolsonarismo.

Numa live no Youtube, Sara falou em tom de lamento que os brasileiros não portam armas de fogo, como nos Estados Unidos, para defender suas ideologias, e incentivou escrachos com direito a “estrume na porta” do ministro Gilmar Mendes, da Suprema Corte, e outras autoridades.

Sara virou alvo do Ministério Público do Distrito Federal nesta semana, por organizar e liderar um acampamento em Brasília em plena pandemia de coronavírus, quando as recomendações sanitárias são para evitar aglomerações. A Justiça do DF rejeitou pedido do MP para desmobilizar o grupo, alegando que a saúde pública, neste caso, ainda não se impõe ao direito à liberdade de expressão.

Na transmissão ao vivo, no canal do blogueiro de direita Oswaldo Eustáquio, Sara chamou os promotores do DF de “meninos criados com pera e leite com ovomaltine” e negou a acusação de encabeçar a organização com pretensões paramilitares, apesar de ostentar um discurso inflamado sobre “treinamento de guerra” para lutar contra o “comunismo” e a “ditadura em curso” no Brasil.

“É [um treinamento] em guerra não violenta, ou seja, não utiliza armas de fogo, utiliza armas ideológicas, econômicas, táticas e culturais, que são uma outra maneira de mudar as coisas”, defendeu.

Sara afirmou que no dia 2 de maio aconteceu o treinamento do grupo acampamento perto do Congresso, “com os melhores do Brasil na área de estratégia, geopolítica e investigação.”

Ex-ativista do grupo feminista radical Femen, “formada na Ucrânia”, Sara deu aos bolsonaristas algumas instruções sobre “técnicas de ação não violenta e desobediência civil, para organizar a direita para começar a colocar medo nas pessoas.”

“A gente entende que se faz mudança por vias do respeito ou por vias do medo”, justificou. “Foi isso que eu aprendi na Ucrânia e é isso que estou ensinando aqui: como conseguimos derrubar uma ditadura em curso mesmo sem utilizar armas [de fogo].”

Na visão da bolsonarista, “é impossível conseguir a mudança, o respeito das instituições por vias respeitosas. A gente vai agir de forma violenta? Não, mas existe uma coisa chamada coerção popular. É quando o povo levanta e começa a encurralar essas autoridades de maneira que elas já não têm mais para onde ir, e vão ser obrigadas a fazer o que nós estamos pedindo.”

Para ela, “aqui no Brasil há uma ditadura em curso porque todas as instituições estão aparelhadas e organizadas numa ideologia de esquerda que impossibilita a governabilidade do presidente.”

Quando questionada pelo blogueiro sobre ações envolvendo “o endereço dos presidentes da Câmara e Senado, e dos ministros do STF em Brasília”, ela respondeu: “Pô, aí você vai dar spoiler das minhas ações.” Na sequência, acrescentou que possui alguns endereços e instigou os seguidores a praticarem atos de escracho contra autoridades. “Compra 20 quilos de estrume e joga na porta do Gilmar Mendes, na porta do Doria, do Witzel. Merda se joga na merda. Lixo se joga no lixo.”

ARMAS DE FOGO

No começo do bate-papo, Sara insistiu que não há militarização no acampamento. Mas lamentou que os brasileiros não tenham porte de arma de fogo como nos Estados Unidos, para defender seus ideais.

“Muitas das bizarrices políticas que existem no Brasil, elas não existem nos EUA porque as pessoas não vão permitir, justamente porque elas podem carregar armas. Só que nosso caso, não podemos. Então temos que construir outra maneira de fazer revolução ou, no nosso caso, a contrarrevolução.”

A contrarrevolução, segundo ela, começa emulando as “estratégias da esquerda” de organização da militância de base, com sinais trocados.

“Pela primeira vez a direita começou a organizar uma militância de rua, a base da governabilidade do nosso presidente. Esse é o primeiro start de muito que vem por aí”, prometeu a ativista.

 

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Cintia Alves

Cintia Alves é graduada em jornalismo (2012) e pós-graduada em Gestão de Mídias Digitais (2018). Certificada em treinamento executivo para jornalistas (2023) pela Craig Newmark Graduate School of Journalism, da CUNY (The City University of New York). É editora e atua no Jornal GGN desde 2014.

11 Comentários

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  1. Aconselharia a esta “ativista pró estrume” a, antes de começar sua “contrarevolução” (seja lá o que ela quer dizer com isso), primeiro se alfabetizar, depois ler sobre a história do Brasil e, por fim, procurar autopromoção por outros meios, seus atributos físicos e intelectuais são bem fraquinhos para quem deseja ser uma “MUSA DO FASCISMO TUPINIQUIM”.

  2. Nassif, seu blog está contribuindo para dar visibilidade a esse grupo. É uma matéria preguiçosa que apenas reproduz as falas da ativista. Não há contraponto e a fotografia é favorável a ela. Ela deve estar comemorando o fato de ocupar espaço tão generoso num blog progressista. Lamentável!.

    1. Tem que dar visibilidade! Para vencer uma proposta nefasta como a que ela está expondo, é preciso conhecer mesmo e divulgar, mostrando principalmente a insensatez e o fascismo de suas ideias!

    2. Duas armas de brinquedo apontadas para a própria cabeça. Exponham sim. Quero ver como é um idiota, para saber como lidar com ele. E se for ver a história, ela nem está cercada nem por 30, quem dirá por 300? Nem os Bolsonaros estão protegendo ela, o Olavo e os seus blogueiros, até por que as queixas deles é que estão sendo largados para trás. Expor isto faz com que os demais se ressabiem e um sinal é o esvaziamento das manifestações a cada dia.

    3. Tem semanas que a meia duzia de 300 é assunto e agora que a moça que o encabeçava é presa, tem de noticiar. É o que fazem agora e com destaque os principais portais, sites e jornais do país.

  3. É essa galera aí que fala que vai “exterminar os esquerdistas”, mas não aguenta dez minutos de trocação de soco com a Gaviões?? Pfff… patético.

  4. “A que ponto o medo ensandece os homens!. O medo é a causa que origina, conserva e alimenta a superstição” (prefácio do TTP de Espinosa) Também cita que Alexandre, o GRANDE, tão poderoso, com medo, recorreu a superstição para não morrer e nao resolveu.

    Quando, em dificuldades, o medo invade as pessoas que recorreram ao uso da força e do medo para comandar, elas apelam pra tudo antes de caírem, daí a coerção, os ritos, as profecias,e etc., é uma reação e não uma revolução. Usam de tudo isso para defender o mito que idealizaram na sua mente ensandecida.

  5. Sara também tem medo, senão existiria necessidade de pedir o asilo, já negado, aos EUA? É mais uma das tantas personalidades perturbadas pelo psiquismo adoecido, que politiqueiros e marqueteiros com índole maléficas estão cada vez mais se aproveitando. Expo-los e penalizá-los conforme a lei, é uma forma de proteger estas pessoas de fazer mal a si mesmos. Pelo perfil que o UOL trouxe, agrega a estas trazidas aqui de que Sara sofre por desestruturamento emocional e afetivo. O próprio irmão fez até questão de criar um canal para atacá-la. Nota-se que ela está há anos em busca de uma causa para abraçar. Ao vê-la abordando os polícias ontem (há vídeos) de modo desrespeitoso e agressivo, indica-se que ela faz parte deste batalhão de jovens que vem perdendo esperança num bom futuro. Particularmente acredito que, seja com tonalidades esquerdistas e direitistas o batalhão de frustrados só aumentará. O modus operandis de “esvaziamento” da frustração apenas difere como esvaem o ódio resultante: para dentro ou para fora?
    Os mais introvertidos, costumam esvair para dentro: pessimismo, depressão, gastrites e pânico são modos correntes.
    Os extrovertidos, esvaem mais comumente o ódio no externo: desrespeito ou agressividade às pessoas, instituições e normas. O que também alimenta o pessimismo, depressividade e aumento da tensão.

    Com o acréscimo corriqueiro do medo (consciente ou inconsciente), não é sensato esperar bons frutos disto.

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