É Tempo Para Uma Nova Agenda

EDITORIAL


 Presidente Obama tentou, nessa Segunda Feira, restaurar a cadente confiança dos investidores, insistindo que os Estados Unidos continuam sendo um país triplo-A, independentemente do que a Standard & Poor possa pensar. Não funcionou com os mercados de ações, que afundou novamente, pois essa ação não tranqüilizou o mais importante dos acionistas: o americano comum que vive apenas de seu inconstante salário, preocupado com seu trabalho ou pensando como irá repor aquele pagamento que perdeu.

Qualquer pessoa faminta por uma visão robusta que revigore a economia e aumente o emprego continua faminta.

Ninguém se surpreendeu com o fato do Presidente se sentir ferido pela queda de categoria da nação na avaliação da S. & P. Na míope lógica da máquina republicana, a culpa foi de Obama, pois ocorreu no seu tempo de governo (Essa é uma hipocrisia de tirar o fôlego, do partido que fabricou a crise do teto da dívida). O rebaixamento é um golpe para o prestígio e a credibilidade americana. Isso teria que ser uma das razões da Wall Street ter tido seu pior dia desde o inicio da crise em 2008, embora o crescimento estagnado venha prejudicando os mercados muito antes do rebaixamento. 

A decisão sobre o crédito colocou uma etiqueta de preço na agenda da disfunção que os republicanos impuseram a Washington, onde desnecessárias crises foram criadas para atingirem suas metas de redução do governo e humilhar Obama. Quando alguém de qualquer dos dois partidos políticos anuncia sua disposição em deixar a nação declarar a moratória, S & P  apenas disse: aqueles que emprestam o dinheiro não podem mais acreditar que haja racionalidade entre os legisladores. Independente de qualquer falha que possa existir na aritmética da S & P, esses legisladores fizeram, e muito, por merecer essa repreensão.

Tendo passado muito tempo regateando as margens da agenda republicana para reduzir o déficit somente com cortes de gastos, o presidente precisa mudar para um diferente conjunto de prioridades. Ele pode começar a levantar a idéia de que é tolice concentrar a atenção exclusivamente sobre a dívida do país, o que os republicanos querem, e, em vez disso dirigir todos os recursos disponíveis para geração de empregos.

Se ele parecer entusiasmado sobre a capacidade do governo em pensar criativamente numa reviravolta, ele justamente poderia inspirar alguns americanos – alguns deles legisladores – para se juntarem a ele. Se ele se prender na agenda árida dos republicanos, a economia continuará tão dormente como seu discurso da segunda feira, que é exatamente o que seus rivais esperam que aconteça até novembro de 2012.

As três propostas que ele mencionou são úteis, mas apenas como um começo. Aumento do investimento em infra-estrutura, renovando o corte dos impostos na folha de pagamento e estendendo os benefícios de desemprego são vitais para evitar mais retrocesso. A inação com o imposto sobre salários e benefícios do desemprego poderia causar a queda de alguns pontos percentuais no crescimento do ano que vem. 


Onde, porém, está a visão mais ampla? 
Obama não disse nada sobre a criação de empregos diretos. Ele não mencionou que o desemprego entre os graduados em curso médio com menos de 25 anos está beirando 21,5 por cento. Ele não disse nada sobre aumentar a ajuda aos proprietários de casas que estão sufocados, com regras menos duras de refinanciamento que ajudaria muitos mutuários, com baixo custo aos contribuintes. Ele poderia apoiar vigorosamente o projeto de lei no Senado que reduz os impostos nas transações comerciais, perdoando dívidas aos estados que reabastecerem seus fundos de desemprego. 


Os derrotistas podem dizer que é impossível considerar programas como estes em um momento quando os republicanos encontrarão uma maneira de matar qualquer idéia valiosa da Casa Branca, especialmente aquelas que podem exigir alguns gastos no curto prazo. Mas as algemas forjadas pelos legisladores republicanos só podem ser quebradas com o poder das boas idéias.

Se Obama estiver preocupado com sua reputação como um gastador, ele poderia lembrar ao público que ele apenas concordou com um enorme pacote de cortes que perdura há uma década. Ele agora está livre para deixar para trás esse acordo, e traçar planos muito mais ousados para uma reviravolta. Então ele poderia desafiar os republicanos – com suas deturpadas visões de caranguejo sobre o papel do governo – para ficarem em seu caminho.

Redação

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