Eleito como o “novo” da política, presidente do Senado é alvo de investigações e polêmicas

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
[email protected]


Foto: Agência Brasil
 
Jornal GGN – Elogiado pelo governo de Jair Bolsonaro, o novo presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM-AP) foi eleito sob a bandeira incendiada do “novo” contra a “velha política” materializada no concorrente Renan Calheiros (MDB-AL). Mas por trás do véu de uma figura desconhecida, o parlamentar já é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
 
Na Corte, o parlamentar eleito para liderar o Senado e que, segundo as expectativas do atual governo, deve atender a interesses de Bolsonaro na Casa Legislativa, tem como alvo as suspeitas de irregularidades nas contas de sua campanha eleitoral de 2014, ano em que foi eleito senador pela primeira vez.
 
Para combater o nome de Renan, ele conseguiu o apoio do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, o braço direito de Bolsonaro, em uma disputa para fortalecer o DEM dentro da atual legislatura. 
 
Mas apesar de conquistar o posto com essa imagem do “novo” contra o “velho” da política, a mesma bandeira defendida pelos eleitores de Bolsonaro nas eleições 2018, o senador é acusado pela Suprema Corte de crimes eleitorais, contra a fé pública e pelo uso de documento falso na prestação de contas da campanha de 2014.
 
Os casos começaram a ser investigados na Justiça Eleitoral, mais especificamente pelo Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), aonde foram arquivados. Em 2016 e em 2018, contudo, a Procuradoria-Geral da República pediu a retomada da investigação ao Supremo, o que foi aceita, tramitando hoje sob a relatoria da ministra Rosa Weber.
 
Uma das suspeitas é a emissão de notas fiscais falsas, pela L.L.S Morais – ME, para a prestação de contas de 2014. Na apuração, a PGR pediu a quebra do sigilo bancário da empresa e do contador Reynaldo Antônio Machado Gomes, que atua também em sua empresa R.A.M. Gomes.
 
Neste mesmo caso, os investigadores apontam a ausência de comprovantes bancários e para a prestação de outros serviços, além de datas que não coincidem com as eleições, supostamente ocorrendo já ao fim do pleito eleitoral. Em fase de diligências, quando uma investigação ainda demanda a juntade de provas, o processo não tem prazo para ser concluído.
 
Outra acusação tramita em segredo de Justiça e não é possível verificar os detalhes da ação.
 
Ainda, de acordo com levantamento feito pela rádio CBN, a campanha de 2014 de Alcolumbre registra doações de R$ 138 mil da JBS, grupo investigado por esquemas de corrupção. Coincidentemente ou não, o senador foi presidente da CPI do BNDES, que apurou irregularidades na empresa.
 
Outras polêmicas relacionadas a gastos foram expostas pelo jornal: Alcolumbre gastou R$ 1.746.000,00 na cota de seu gabinete no Senado, entre 2015 e 2018, sendo boa parte (R$ 761 mil) apenas com a divulgação de atividade parlamentar. Outra quantia significativa (R$ 459 mil) foram destinados a hospedagem, alimentação, veículos, entre outros gastos do senador.
 
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

  1. …parece-me que o brasileiro
    …parece-me que o brasileiro morre de tédio se o país ultrapassar a barreira dos 30 anos com estabilidade, democracia e bem-estar social: a zelotes vende a falácia do mar de lama e cai nisso:o partido regressista que tomou de assalto o poder em 2016 sempre sonhou com a volta do Brasil Colônia, da roubalheira e da escravidão: conseguiu

Você pode fazer o Jornal GGN ser cada vez melhor.

Apoie e faça parte desta caminhada para que ele se torne um veículo cada vez mais respeitado e forte.

Seja um apoiador