Elogios de Temer à Dodge embaraçam autonomia da nova PGR

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Foto: Reprodução NBR
 
Jornal GGN – Mesmo após as palavras para tentar suprir as expectativas criadas sobre a nova gestão de Raquel Dodge à frente da Procuradoria-Geral da República, de que exercerá a sua função, de que conta com o apoio dos colegas procuradores e de que sabe que o brasileiro “não tolera a corrupção”, a imagem da nova procuradora-geral foi novamente polemizada com o discurso do mandatário que a nomeou ao posto.
 
Durante o evento de posse, o presidente Michel Temer aproveitou para fazer críticas ao que considera como “abuso de autoridade”, após Dodge comentar que fará juz à Constituição. “Foi um prazer extraordinário, doutora Raquel, que eu ouvi dizer que, em outras palavras, que a autoridade suprema não está nas autoridades constituídas, mas está na lei. Ou seja, toda vez que há o ultrapasse dos limites da Constituição”, disse.
 
O peemedebista assumiu rapidamente o microfone, por cerca de seis minutos, mas usou o tempo para críticas indiretas ao ex-procurador-geral, Rodrigo Janot, que não estava presente na cerimônia. Segundo Temer, a nova procuradora deu uma “aula” dos “princípios regentes” no Brasil, como exercer a Justiça com seriedade e imparcialidade.
 
Sem citar como negativo ou positivo, o mandatário disse que “não há dúvida” de que atualmente o Ministério Público Federal se posiciona como uma espécie de “Poder de Estado”. Destacou, por outro lado, a contribuição do MPF para a harmonia entre os Poderes.
 
Apesar de tentar ressaltar as qualidades de Raquel Dodge, os elogios de Michel Temer à sucessora de Janot não repercutiram como valores: o peemedebista é investigado e alvo de boa parte das acusações de executivos da JBS, além de ter sua cúpula de governo na mira de outras delações em vigor, como a da Odebrecht.
 
Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

8 Comentários

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  1. “Elogios” de Temer sao igual

    “Elogios” de Temer sao igual a amizade da minha gata, que quando estava viva -e nao eh o caso de Temer- me mostrava o cu pra mostrar sua amizade.

    Eu nao quereria ver o cu de Temer nem pintado de ouro.

    Nao conte com o “embarasso” autonomico da nova PGR ainda, Nassif.  Apezar de Janot ela tem uma chance muito boa de ainda reconhecer cus estrelados quando os ve.

  2. Cuidado, Dra. Raquel

    Desculpe, Dra. Raquel, mas como assim “o brasileiro ‘não tolera a corrupção'”? O brasileiro, pelo que é perceptível no dia-a-dia, está apenas começando a abrir mão de privilégios obtidos com corrupção. E com bastante relutância. É difícil crer que filhos de privilegiados históricos abandonem hábitos ensinados por seus pais, tanto quanto é difícil crer que a sociedade brasileira deixe de ser uma sociedade baseada em privilégios.

    Não é difícil que o irmão do delegado tenha os papéis burocráticos para a abertura de sua pizzaria correndo com muito mais agilidade do que os paéis dos não-irmãos de delegados. Dificilmente um policial desliga o giroflex durante o simples trajeto entre sua repartição e sua casa, dificilmente deixa de usar o atalho da conversão proibida mesmo fora de qualquer missão. Médicos e dentistas ainda perguntam se o paciente prefere com recibo ou sem. E quando não perguntam, é o paciente que sugere. E por aí vão os privilégios indevidos de autoridades… Ainda ontem uma juíza livrou o filho traficante flagrado da cadeia, lembra? E isso falando apenas dos centros urbanos e sem entrar na questão “Dinheiro: quem mais tem, mais pode. E quem mais pode, chora menos”. Ou a Sra. acredita mesmo que latifundiário parou de matar impunemente a nativos? Que procurador ganha “por fora” dando palestra remunerada a empresário? E que palestra assim, a empresário,  pode ser considerada atividade pedagógica-acadêmica? Como procurador, que não está na faixa econômica chamada de “vulnerável” consegue comprar imóvel de programa social? Ou, para ser exato, imóveis? Até que ponto a iniciativa privada pode financiar convescotes de juízes em hotéis de luxo? Até que ponto deve, eticamente falando?

    Não se muda a cultura de um povo por decreto e menos ainda em poucos anos.

    É preciso, além da punição, um intenso trabalho de educação. E mais urgente ainda, ter consciência de que, desde Getúlio Vargas e até antes disso muita gente tem usado o discurso “acabar com a corrupção” não apenas para fins espúrios como para que a corrupção seja mantida, tem usado e abusado da Justiça para fazer política.

    1. Ótimo, Lazzari

      Falta mais do que tudo vontade.

      Vontade de cortar na própria carne os privilégios viscerais arraigados.

      Sede e vontade da justiça com a venda sobre os olhos.

       

  3. O Renato  ..pra quem vc ta

    O Renato  ..pra quem vc ta falando ?

    Esta sra se encontrou com Temeroso, depois do expediente  ..as escondidas  ..no JABURU

    2018 já era  ..agora só o PT vai pro saco (de novo)  ..o resto pra debaixo do tapete como manda o figurino

    Janot ? Janot foi um ponto fora da curva engolido pela própria ira, vaidade e megalomania

    em tempo – 70% dos magistrados e promotores no BRASIL (MT leva a média pra baixo) ganham acima do teto constitucional, art 37, par.11  ..precisa dizer mais ?  ..No BRASIL, com esta turma no Judiciário, NUNCA haverá lei que dê conta 

  4. Alguém sabe me dizer se OAB,

    Alguém sabe me dizer se OAB, ABM, MPF, Associação Brasileira dos Médicos  ou qq outra Instituição  vai propor o IMPEDIMENTO do juiz Valdemar Claudio de Carvalho que deu liminar apoiando o “tratamento para a cura gay”  ..sinceramente, esse cara ta de miolo MOLE  ..situação incompatível para o exercício da profissão  ..né não ?

    1. Sinceramente não achei nada

      Sinceramente não achei nada demais a decisão do cara.

      Ele não mudou a resolução do conselho de pscicologia.

      Apenas pontuou que o tema pode sim ser discutido. E se o paciente/cliente quiser discutir isso com o pscicólogo, não pode ? Que conversa fiada é essa ?

      O conselho de pscicologia deveria se preocupar muito mais com outros pontos, como a confidencialidade de informações, o conflito de interesses nos atendimentos a membros de mesma famílias, as relações (seduções) entre cliente e profissional, etc…

  5. O maior problema da esquerda é levar na cabeça e não aprender…

    O maior problema da esquerda é levar na cabeça e não aprender…

    Estamos na maior crise política da nossa história tendo sido o principal pivô o fato do MPF correr solto e colocam na manchete “embaraçam autonomia da nova PGR”

    Tem que ter autonomia por que meu caro pequeno burguês???

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