Em defesa da imprensa livre, por Roberto Amaral

Patricia Faermann
Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.
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Por Roberto Amaral

Em defesa da imprensa livre

Democracia e monopólio ideológico são termos que não se conciliam, como igualmente incompatíveis são democracia e ditadura do pensamento único, que se expressa, entre nós, por intermédio do monopólio ideológico dos meios de comunicação de massa.

Um monopólio a serviço do atraso, do conservadorismo, do antinacional e do anti popular. A chamada mídia, que começa a controlar, inclusive, as redes sociais, é, no Brasil, o grande partido da direita e do golpismo, papel, aliás, que sempre exerceu em momentos de crise.
O outro lado, é o massacre imposto à imprensa popular, ou meramente não alinhada ao projeto de desconstrução nacional, cujos veículos são levados à inviabilidade financeira. O governo ilegítimo que se instalou com o golpe de 2016 empreende, com a inefável ajuda de setores majoritários do empresariado, uma política de cerco e aniquilamento cujo objetivo é destruir a imprensa progressista.

A revista Carta Capital é vítima dessa urdidura e sua sobrevivência está seriamente ameaçada, com as consequências óbvias para os interesses de nosso país e de nosso povo.

Precisamos resistir salvando a Carta Capital da debacle ameaçadora.

Para discutir as soluções possíveis ao impasse, um grupo de leitores e colaboradores da revista está convocando os que concordam com este enunciado para uma reunião no próximo dia 16 DE OUTUBRO, ÀS 18:30HS, NO AUDITÓRIO (7º ANDAR) DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA-ABI, AQUI NO RIO (RUA ARAÚJO PORTO ALEGRE, 71 – CENTRO, METRÔ CINELÂNDIA). Nesse encontro discutiremos um programa de trabalho que visa à defesa política e financeira da revista. Entre as ideias em pauta está a fundação de uma ‘Sociedade dos Amigos da revista Carta Capital’ (cuja proposta de Estatuto segue em anexo), mas, evidentemente, estamos abertos a toda e qualquer colaboração. Não há nada fechado ou pré-decidido.

O debate será aberto com uma intervenção do economista, professor e jornalista Luiz Gonzaga Belluzzo.

Rio de Janeiro, 11 de outubro de 2017

ASSINAM ESTA CONVOCAÇÃO:

ADILSON ARAÚJO, ANA DE HOLANDA, BENEDITA DA SILVA, BETE MENDES, CARLOS LESSA, CELSO AMORIM, CLÓVIS DO NASCIMENTO FILHO, DARC COSTA, FRANCISCO CARLOS TEIXEIRA, GLAUBER BRAGA, ISABEL LUSTOSA, JANDIRA FEGALLI, JESUS CHEDIAK, JOÃO PEDRO STÉDILE, JORGE FOLENA, JOSÉ GOMES TEMPORÃO, LEONARDO BOFF, LINCOLN PENNA, LINDEBERG FARIAS, LUÍS FERNANDES, LUÍS FERNANDO TARANTO, LUIZ ANTONIO ELIAS, LUIZ CARLOS BARRETO, MARCELO LAVENERE, MÁRIO NOVELLO, NELSON ROCHA, OLIMPIO ALVES DOS SANTOS, OTÁVIO VELHO, PEDRO CELESTINO, ROBERTO AMARAL, ROBERTO SATURNINO BRAGA, SAMUEL PINHEIRO GUIMARÃES, SÉRGIO SÉRVULO DA CUNHA, SILVIO TENDLER, TARSO GENRO, THEOTÔNIO DOS SANTOS, VIVALDO BARBOSA.

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Roberto Amaral é escritor e ex-ministro de Ciência e Tecnologia

Patricia Faermann

Jornalista, pós-graduada em Estudos Internacionais pela Universidade do Chile, repórter de Política, Justiça e América Latina do GGN há 10 anos.

7 Comentários

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  1. Defesa da Imprensa Livre…..

    Paulo Pontes, demitido 1 dia depois de fazer 21 anos de Jovem Pan: “A lei (na rádio) era criticar o PT e abafar o resto…” O Brasil se explica. E se lamenta. 

  2. Já vivi esse filme em
    Já vivi esse filme em 1986.

    Eu, fumcionario de base do sind. Dos bancários de São Paulo e o Mino liderando o lançamento de um jornal diário, se não me engano, chamado Diário da República.
    Comprei algumas cotas e incentivei companheiros a fazerem o mesmo, pois tinha clareza já naquela época de uma imprensa fora do eixo de influência dos Marinho.

    A circulação diária do jornal não durou uma semana e sua periodicidade foi se estendendo até desaparecer melancolicamente.

    Tinha clareza dos riscos do investimento que fiz a época e também tenho certeza que muito do fracasso do
    projeto se deveu a falta de empenho e compreensão das esquerdas, que já se sabia, não se une nem na cela, as vezes no câncer, mas nunca no enfrentamento do monopólio midiático, pois quando se ensaiam uma aproximação, ela, a grande mídia nos atiram uma tirinha e a gente abandona os companheiros.

    Ainda guardo entre as tranqueiras os títulos de posse daquele projeto e as lembranças de sua assembleia destituinte na Rua do Teatro Cultura Artística, presidido pelo Bravo Mino.

    Mas, se tivesse grana ainda, começaria tudo de novo.

    1. mas tb. é importante dircernir o que seja arte ou não

      é assunto polêmico. Affonso Romano de Sant’Anna tem vários artigos sobre arte contemporânea (e tem que ter questiona-mentos, senão vira um catequese, o que não é o caso). Gombrich, o historiador de arte, inicia seu livro dizendo que não existe arte, só artistas, e por aí vai. Maravilhoso é Cartas A Um Jovem Poeta, de Rilke.

      E, claro, o genial Oscar Wilde, “toda arte é inútil”, num de seus inúmeros aforismos (curtíssimas frases pra provocar reflexão, virando pelo avesso o senso-comum, as convenções morais, sociais, as modas) seja num Prefácio (escrito por ele mesmo) , seja no decorrer de peças, do único romance, de palestras, de contos de fadas, de ensaios. Fundamentais pra qualquer pessoa que venha a se apresentaar a uma obra (será de arte? será picaretagem com muito marketing, e o medo de não sermos tidos como insensíveis? – uso estes termos porque são também usados numa linguagem mais solta e mais direta, mais clara pra gente toda).

  3. se nascemos, crescemos numa sociedade autoritária escravocrata

    nem sempre é possível sermos coerentes com liberdade de expressão. Tive experiência com um jornalzinho heterodoxo radicalmente pluralista, tiragem pra toda a base sindical de Porto Alegre, na categoria, que era claramente boicotado pelo patronato e… pelo Sindicato dirigido por pessoas de esquerda (sendo claro: uma certa esqeurda estreitíssima). E recebemos apoio, sem pedirem a mínima troca direta nem indireta, nem sutil, pela Federação tida como pelega. O mundo dá voltas, e alguns daqueles dirigentes, claro todos de um partido de centro-esquerda (ou esqeurda dentro da realidade brasileira) se bandearam pro conseervadorismo. Ainda bem que éramos fraternos e plurais: PCB/PT local/Anarquistas/PCdoB/PDS/sem partidos, e até veiculamos artigo de um então colega questionador do holocausto. Fundar jornaizinhos heterodoxos, plurais sem exceções, foi uma utopia que conseguimos. Por onde passei, fundei tais modelos de jornaizinhos, enquanto os panfletos sindicais ortodoxos eram jogados na cesta ou ignorados. Uma obs: Assim como o PCB local (do local de trabalho) , o pessoal do PT local, etc relativizávamos muito as nossas siglas, e não éramos obedientes a linha nenhuma. Nova obs: éramos fichados, carteirinhas. As primeiras edições foram clandestinas até que o patronato, as chefias viram o amplo apoio que obtínhamos. Sim, no início, houve 1 ou 2 oposições ortodoxas contrárias ao radical pluralismo que consideravam pouco sério… Evoluíram e o mais brilhante deles (cujo falecimento o GGN chegou a divulgar) mudou de opinião, um elogio e dizendo aprendizado, me deixou faceiro. Digo esse longo post porque por aí pode-se perceber um pouco de mim, do meu estilo, um horror, né?…

  4. A voz do povo
    Imagino que a luta é imensamente injusta, já que a imprensa popular não compactua com casamentos do tipo SENAC, com assinaturas de órgãos e escolas públicas; com parcerias do tipo IDP, FIESP, FIRJAN, etc.
    A imprensa popular, imagino, não pode contar com a segurança do sistema jurídico e muito menos dos órgãos que representam a própria classe.
    A imprensa popular sofre e é caçada diariamente por praticar o jornalismo que a população faz jus e merece.
    Honestidade, verdade, isenção, imparcialidade, competência, combate e denúncia com provas. Essa é a nobre e digna missão da imprensa popular, que jamais deverá se curvar ao dinheiro, ao poder e a qualquer facilidade que a faça se desvirtuar do seu compromisso de honra, de ética e de moral com seus leitores.

  5. A voz do povo

    Imagino que a luta é imensamente injusta, já que a imprensa popular não compactua com casamentos do tipo SENAC, com assinaturas de órgãos e escolas públicas; com parcerias do tipo IDP, FIESP, FIRJAN, etc. A imprensa popular, imagino, não pode contar com a segurança do sistema jurídico e muito menos dos órgãos que representam a própria classe. A imprensa popular sofre e é caçada diariamente por praticar o jornalismo que a população faz jus e merece. Honestidade, verdade, isenção, imparcialidade, competência, combate e denúncia com provas. Essa é a nobre e digna missão da imprensa popular, que jamais deverá se curvar ao dinheiro, ao poder e a qualquer facilidade que a faça se desvirtuar do seu compromisso de honra, de ética e de moral com seus leitores.

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